Moeda de Troca escrita por Miss Siozo


Capítulo 14
Clima de trégua


Notas iniciais do capítulo

Olá! Estava com saudades de atualizar esta fanfic. Ainda estamos em um arco de transição da história, ele tem sua importância, pois teremos informações para entendermos melhor os próximos desdobramentos.

Sem mais enrolações, boa leitura!



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Ikki estava a poucos passos da Mansão Kido. A fênix estava a caminho do Santuário localizado na Grécia, mas pode sentir o cosmo de Athena no Japão. Ele ainda estava ressentido com ela, ao mesmo tempo que se sentia resignado. O sacrifício de seu irmão caçula não foi justo e nada poderia tirar isso de sua cabeça. No entanto, saber que de certa forma Shun estava “bem” ao lado do antigo inimigo o consolava um pouco. 

 

Ele precisava voltar em algum momento, pois havia feito um juramento quando se tornou um cavaleiro. Em contrapartida, não confiava mais em Saori como antes. Esse elo já estava rompido. O leonino orgulhoso retornou como um modo de não trazer mais problemas. Gostaria de ter uma vida normal como a que o imperador Hades havia permitido ao irmão, mas sabia que precisaria estar alerta o tempo todo por causa dos inimigos que coleciona. Queria estar perto de Shun, porém tinha ciência de que a proximidade o afetaria. 

 

— Senhor Ikki! — o porteiro estava surpreso ao vê-lo, já que não costumava entrar na mansão do jeito convencional há muito tempo — Já vou abrir. A senhorita Saori disse que o aguardava.

 

— Ótimo! — esperou o portão abrir e seguiu caminhando devagar. Sua mente pensava sobre como seriam os rumos que a prosa tomaria. Precisaria domar o próprio temperamento.

 

Ele cruzou o hall principal e caminhava em direção ao cosmo da deusa. Tatsumi iria dizer algo grosseiro, mas mudou de ideia quando cruzou o olhar com Ikki que estava sério, diferente do “ar sisudo” de costume. Bateu de leve na porta e abriu. Saori o esperava de pé atrás de sua mesa de escritório. Ela emanava um cosmo acolhedor, mas sua expressão era indecifrável. Ambos pareciam que estavam em um campo minado e qualquer movimento poderia levar a uma guerra.

 

— Bom dia, Ikki.

 

— Olá, Athena — curvou-se levemente em respeito.

 

— Não precisamos de tanta formalidade. Por favor, sente-se, a conversa não será breve — ambos se sentaram — Eu pude sentir seu cosmo próximo à Roma. Creio que quisesse ir em direção ao Santuário, por isso o guiei para cá.

 

— Realmente. Eu estava a caminho do Santuário. Tenho noção do tempo que passei fora e não quero ser visto como um desertor.

 

— A minha vontade era de ter te contatado antes, mas permiti que tivesse seu espaço para processar tudo o que houve.

 

— Que tipo de notícia tem para me dar? Alguma missão?

 

— Não tem relação com missões. O assunto é outro, as mudanças que passei a estabelecer no Santuário — soltou o ar ainda tensa — Creio que tenha ouvido falar sobre o “milagre” nas calotas polares e o trabalho que eu e Julian Solo estamos realizando “pró-verde”.

 

— Eu ouvi alguma coisa. Foram vocês que restauraram aquilo?

 

— Sim, junto com nossos “soldados de gelo”, uma colaboração entre exércitos. 

 

— Consigo imaginar quem participou disso.

 

— No momento o plano é o seguinte, uma parte de vocês ficará pelo Santuário para a própria proteção do local e continuarão com os treinos. Já outra parte de vocês terá um pouco mais de autonomia e ajudará os locais que mais precisarem de vocês com discrição.

 

— Não compreendi.

 

— Todos terão direito a uma vida civil, mas não poderão se desligar completamente de mim e do Santuário. É isso em resumo. Quem estiver atuando fora da Grécia se comunicará comigo diretamente caso note alguma movimentação estranha, um trabalho mais investigativo e poderá agir sem a minha permissão caso ocorra alguma emergência.

 

— E de qual grupo farei parte?

 

— O do Santuário. Alguns cavaleiros de ouro estão fora treinando com seus pupilos. Você ficará treinando no Santuário com Aiolia de Leão e se reportará a Shaka de Virgem que é o meu representante temporário na Grécia. Alguma pergunta?

— Posso passar o final de semana aqui antes de partir?

 

— Claro. Creio que a viagem foi cansativa.

 

— Sim. Obrigado.

 

— Ikki — foi atrás dele que se levantou — Sobre o Shun, eu…

 

— Ele está bem — limitou-se a dizer — Enquanto eu tiver essa certeza estarei mais tranquilo.

 

— Então o viu?

 

— Sim. Não posso entrar em detalhes, o sigilo foi a condição que encontramos para esse encontro ter sido possível — recordava-se de Paris — Não conversamos sobre nada que pudesse comprometer ambos os deuses. Tivemos um momento de irmãos e me atualizei sobre o estado de saúde dele.

 

— Compreendo — disse pensativa — Ele se recuperou totalmente?

 

— Ainda não, o processo é lento, principalmente com o cosmo.

 

— Confesso que já o procurei pelo cosmo, mas já faz algum tempo que não consigo localizá-lo. Parece que sumiu e não está mais no Submundo. Eu fiquei preocupada.

 

— Bom, eu contei o que pude e espero que isso te tranquilize — abriu a porta — Senti o cosmo de Seiya aqui, quero falar com ele.

 

— Tudo bem, pode ir.

 

 

Na Fortaleza Submarina, Poseidon recebeu uma visita inesperada de seu irmão Hades. Era fato que os deuses se comunicavam pouco. Cada um estava muito ocupado com as obrigações de seus próprios domínios, o que era bastante comum para eles. O senhor dos mortos via a oportunidade para ver de perto seus espectros, além de retomar por definitivo seu vínculo com o irmão mais novo. O que o deus dos mares não esperava era que o teor da conversa ficasse “pessoal” demais.

 

— As coisas por aqui estão funcionando muito bem, meu irmão.

 

— O empréstimo de seus espectros é de muita valia. O que precisava ser reconstruído já está novamente de pé. A parte dos treinamentos que é mais demorada.

 

— Isso de arranjar pessoal é chato demais. Meu exército é o mesmo há eras, mas como seus corpos humanos perecem, suas almas passam a habitar novos corpos.

 

— Uma eternidade de servidão… Isso soa um tanto exaustivo. Eles se recordam de tudo de suas vidas anteriores para voltarem a lhe servir?

 

— Uma grande parte sim, outros sentem o meu chamado e são guiados para o Submundo, onde são treinados novamente  — pensava — Acha que a vida de meus subordinados é tão exaustiva assim?

 

— Nós somos deuses, o nosso conceito de cansaço é diferente dos humanos — acompanhou-o até seus aposentos privados — Vivemos por tanto tempo que tentamos achar algo para passar o tempo. Guerras são um ótimo exemplo disso. Tentamos dominar o outro lado, eliminar ou subjugar os inimigos como uma grandiosa demonstração de poder.

 

— Acho que estou começando a entender o seu raciocínio.

 

— Eu co-habito um corpo com uma alma humana. É um jogo que cada hora um lado precisa ceder — sentou-se no sofá e fez um gesto com a mão para Hades fazer o mesmo — Julian é um jovem que tem sua vida e não posso privá-lo disso, apesar do juramento da família dele, o próprio não tinha conhecimento do fato. Eu posso fortalecê-lo, mas não posso ir contra os limites dele.

 

— Tenho noção de como funciona essa coisa com receptáculos…

 

— O seu último lhe deu trabalho pelo que soube, tanto que teve que voltar a pisar neste mundo com seu próprio corpo.

 

— Realmente. Ainda fui destruído e precisei ser reanimado por Zeus. Isso sim foi humilhante!

 

— Sei que teve seus problemas com nosso irmão mais novo, mas agora está no passado.

 

— Tem certas coisas que precisam ficar para trás, mas outras são difíceis de não pensar.

 

— Ainda pensa em Perséfone?

 

— Não exatamente. Nossa história teve um fim, mas não a desejo mal.

 

— Algo está o incomodando, tenho certeza — sorriu — Hades, você se afundou tanto no trabalho e nas guerras nos últimos séculos que momentos de visita como este vão para além da raridade.

 

— Difícil ter algo que não passe por ti, meu irmão — suspirou — Eu precisava de uma mudança de ambiente para pensar melhor. Também precisava de uma opinião imparcial, como a que deu sobre os meus espectros. Nos últimos meses estive repensando sobre tantos assuntos que estão me afetando.

 

— Quem está te fazendo repensar sobre suas máximas?

 

— Como?

— Para você que tem fama de inflexível em seus conceitos, apenas algo que vá contra seus maiores preceitos o afetaria tanto.

 

— Tem razão. Talvez eu tenha sido pego pela minha própria jogada — riu de si mesmo — Está falando com Athena?

 

— O básico, coisas da aliança. É sobre ela que quer falar?

 

— Na verdade não dou a importância que ela provavelmente pensa que a dou, mas é sobre alguém que se relaciona diretamente com ela.

 

— O cavaleiro que tomaste dela? Falando nisso, o que fez a ele? O prendeu ou o puniu? Afinal, ele foi o receptáculo mais rebelde que tive conhecimento.

 

— É sobre ele. Pelo contrário, eu o deixei mais próximo a mim. Creio que até demais, mas não posso tomar outra atitude — checava as mensagens recebidas de Pandora, mesmo que o sinal só voltaria ao celular quando estivesse novamente na superfície — O rapaz não é um rebelde, apenas foi até o fim em sua convicção e seu juramento perante nossa sobrinha. Havia algo em sua personalidade que me chamou atenção e seria um desperdício deixá-lo sofrer em uma masmorra.

 

— Conviveu por muito tempo entre os seus. Todos concordavam com o seu modo de pensar ou não manifestaram o oposto. Esse Shun trouxe algo que o Submundo não via desde a partida de Perséfone.

 

— Um olhar diferente… — divagava sobre seus pensamentos — Creio que esteja certo, mas por hora eu o afastei.

 

— Estou curioso sobre a razão. Precisava de um tempo longe da influência que o jovem estava a causar?

 

— Não exatamente. Foi para o bem da saúde dele — limitou sua explicação — Entender a mente humana é muito complicado, Poseidon.

 

— Deveras! É um exercício que me propus a fazer desde que voltei, mas confesso que é confuso — refletia — Há humanos preocupados em dominar um território ou pessoas. Já outros pensam em sobreviver e ainda há um grupo que está completamente alheio à realidade, seja porque é conveniente crer nisso ou é necessário.

 

— Percebi algo do tipo durante meus julgamentos. Algumas almas eram simplesmente ignorantes, sobreviventes e algumas mesmo acumulando estas características eram bondosas. A régua usada em meus julgamentos se tornou ultrapassada. Pior é ter que admitir que um garoto que mal saiu das fraldas estava certo sobre isso.

 

— A vida se tornou mais complexa. Estava irado com a poluição em meus territórios e quis punir toda a humanidade, mas depois vi nos noticiários, como as famílias depois de meses que perderam tudo tentam sobreviver e buscam pela esperança de continuar eu entendi.

 

— Que nem todos são culpados pelo mal que os acometem.

 

— Exato. Julian fez algumas doações generosas. Creio que seja para isso e para desfrutar de algum conforto que o dinheiro tem serventia — depois se recordou sobre como o assunto havia surgido — Voltando para o assunto do ex-cavaleiro. Falava sobre a saúde dele. Por acaso está tão enfermo assim?

 

— Fisicamente está melhor, só precisa se cuidar mais. Quanto ao cosmo, sentia apenas uma presença fraca, sabe?

 

— Ele passou por um processo doloroso ao se desvincular de Athena, pelo o que soube. É natural a recuperação ser lenta, mas ele voltou a treinar?

 

— Não. Há uma teimosia enorme da parte dele de não continuar como guerreiro — revirava os olhos.

 

— Sobre isso é compreensível. Por mais que ele não deva lealdade para Athena, não é como se ele desejasse enfrentar seus próprios amigos em um cenário de guerra.

 

— Isso eu entendi. O problema é que inevitavelmente batalhas hão de aparecer pelo caminho. Nem digo isso por não botar fé em Athena, mas o mal está espalhado pelo mundo. Não somente os deuses que são capazes de cometer atrocidades.

 

— É preciso estar preparado para se defender. Está esclarecido o seu ponto — sentia que havia algo a mais ali — Tem algo a mais na história desse garoto que você ainda não me contou. Posso sentir isso.

 

— O afastamento dele do Submundo ocorreu mais devido a uma questão de saúde mental — estava se familiarizando com o termo — Não sou bom explicando este tipo de coisa, meu irmão. Só posso dizer que ele tem questões a resolver e não serei eu a atrapalhar o processo. Assim como estou aqui, pois precisava de um tempo, creio que ocorra o mesmo com ele.

 

— Só que, em seu caso, não dá para se ausentar de seus afazeres por tanto tempo assim.

 

— Verdade — deu um sorriso mínimo — Acho que depois do nosso bate papo, algumas coisas se esclareceram.

 

— Mesmo? Estou curioso sobre suas reflexões.

 

— Apenas posso dizer que estou no caminho certo. O restante há de se ajeitar com o tempo e não irei me cobrar tanto por isso — levantou-se — Verei a questão dos espectros também. Sua visão me ajudou um pouco.

 

— Fico feliz em saber disso! — foram em direção a porta — Qualquer dia desses, eu retribuirei a visita.

 

— Estarei à espera. Adeus!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo!

Vou deixar um aviso aqui que irei dar um tempo das plataformas de fanfics. Tentarei escrever minhas fanfics para retornar com as postagens em momento oportuno. Muitas coisas estão acontecendo e preciso priorizar a minha saúde no momento. Peço e agradeço desde já a compreensão de vocês.

Até breve!



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