Checkpoint - Love Is a Laserquest (Percabeth) escrita por pixxieme


Capítulo 8
Capítulo 8 - K.


Notas iniciais do capítulo

boa noite genteee
capítulo mais curtinho, apenas para fechar o raciocínio do anterior
esse aqui me deu uma inspirada meio filosóficakkkkkkk sei la porra endoidei!!!
espero que vocês gostem ainda assim, eu gostei bastante!
Boa leitura



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“We had made love earlier that day 

With no strings attached 

But I could tell that something had changed 

How you looked at me then 

I’ve been waiting for you.” 

Desde que era criança Annabeth sabia que pensava muito, talvez até um pouco demais. O que acontece com a vida de alguém que escolhe nunca mais mentir? O que teria acontecido consigo se tivesse pais diferentes? Se morasse em um lugar diferente? O quão bom é o bom homem que não se questiona de sua virtude? E que se por sua vez o faz, quão puras são suas intenções, se o faz apenas para provar ser bom?  

Por vezes quando andava de ônibus, carro, ou qualquer veículo que tivesse uma janela, Annabeth observava a vista e conseguia ver engrenagens rodando em sua cabeça, como numa cena de filme em que demonstravam como um gênio funcionava. Annabeth não se considerava nada muito próximo a um gênio, mas por vezes se perguntava se era capaz de entender e ver coisas que a maioria não percebia. Não pensando em suas habilidades com matemática, ou em engenharia e arquitetura. Mas sua conexão com o mundo, perspectiva. A forma que era capaz de compreender os outros e seus medos e desleixos, onde qualquer dor alheia dos que eram próximos a si a deixava doente. Chorava com relatos de outros, mas suprimia as emoções quando o assunto eram seus próprios problemas. Mataria qualquer um que tivesse a ousadia de ferir seus amigos, mas nunca sentia agia sob a raiva que sentia dos próprios inimigos. Morreria pelos que amasse, cada um deles. Entretanto se pegava também, em outros momentos, em devaneios sobre como talvez fosse simplesmente orgulhosa e narcisista demais em pensar que só ela conseguia sentir essas coisas. 

Mas se estava errada e, na verdade, todo mundo tinha essa mesma falha empática, por que ninguém a havia demonstrado isso?  

— Annabeth? Você está bem? - A voz longínqua e sedosa de Percy a tirou de seus delírios. Não sabia exatamente onde estavam, mas estava deitada em cima de um casaco que pousava na grama do topo de uma colina e a única coisa que conseguia ver era as estrelas sob eles. Percy estava deitado ao seu lado, ele a observava com os olhos cintilantes, um tom de verde tão característico que a garota não seria capaz de imaginar nem se pensasse muito. Sabia que não estava sóbria, pois o mundo ainda parecia muito mais colorido do que normalmente era, mas se sentia melhor.  

— Você morreria por alguém? - Disse de repente. O rosto do garoto atravessou todos os tipos de emoções diferentes antes de conseguir elaborar uma resposta.  

— Oi?! Mas que tipo de pergunta é essa? - Disse, alarmado. Mas parecia estar achando graça da situação. 

— Não sei, pensei agora. Você morreria por alguém?  

— Ah, não sei. Morro de medo de morrer, mas acho que sim. - disse depois de uma pausa. 

— Por quem seria? 

— Minha família e meus amigos, com certeza. Sem pensar duas vezes. - Annabeth assentiu em silêncio. - E você?  

— Eu? - Perguntou, olhando novamente para as estrelas. Levantou uma das mãos na direção do céu, como se pudesse colhê-las – Às vezes tenho a impressão de que morreria por qualquer pessoa que já me deu um bom dia. 

— Como assim? Por alguém que você não conhece?  

— Acho que não, né? - A loira fez uma careta – Deve ser o tipo de coisa que você imagina de um jeito, mas quando chega na hora não é a mesma coisa. Mas tenho a impressão de que tivesse que escolher entre a minha vida e a de todas as pessoas que já conheci, pelo menos cogitaria o sacrifício.  

— Entendi, eu acho que seria mais fácil matar por alguém do que morrer por alguém.  

— Engraçado, acho que isso eu não conseguiria fazer.  

— Ah, é? Por quê?  

— Tenho medo de sangue. - A resposta da loira fez com que Percy risse.  

— Você é engraçada bêbada. 

— Concordo, mas acho que sou mais engraçada sóbria.  

— Está se sentindo melhor? Achei que ia te levar pra tomar uma glicose na veia.  

— Sim, na verdade. O mundo ainda está cambaleando um pouquinho, mas não gira mais.  

— É um ótimo sinal. - Percy fez uma pausa, e a encarava fixamente como se estivesse juntando coragem pra fazer alguma coisa. 

— Não pergunte.  

— Oi? 

— Não pergunte o que você quer perguntar. Sim, aconteceu alguma coisa. Sim, vou ficar bem e não, não quero falar sobre. Preferia até que esquecesse o que aconteceu ali, se puder. - O garoto ficou em silêncio por alguns minutos. 

— Bem, okay. Você quer ir lá pra casa?  

— Não posso, cabeça de algas. Sua prima vai me encher o saco com perguntas.  

— Ela não tem que saber, você pode dormir comigo – Annabeth o deu um olhar mortal – Ei, sem malícia, sua maluca! Você claramente tem alguma coisa e não quer voltar pra casa, estou te oferecendo uma cama confortável e um lençol. - A loira o analisou por alguns segundos. Estava cansada, com dor de cabeça e com fome. Que mal faria, afinal?  

— Okay, suponho que minha melhor opção é confiar em você. 

— Ih, tá fudida mesmo. - O garoto brincou, Annabeth o encarou de novo – Estou brincando, é brincadeira – disse com os braços levantados em rendição.  

— Você tá muito cheio de gracinha pra quem tem medo de morrer.  

— E você muito violenta pra quem tem medo de sangue! - Os dois riram por alguns segundos. Quando pararam, Annabeth percebeu que estavam se encarando. Sentiu-se ficar tontade novo. 

Percy era reconfortante, leve, caloroso. Não tinha vontade de esconder quem era e sinceramente, nem estava tentando. O garoto sorriu e afastou o cabelo dela do rosto, a loira sentiu o coração acelerar. Ele acariciou seu rosto tão delicadamente que parecia acreditar que a garota quebraria se fosse mais ríspido com o toque. Annabeth teve vontade de ruir ali mesmo, ceder ao carinho e deixar-se sentir. O jeito que ele a olhava era totalmente desconcertante, como se o mundo todo coubesse no verde daqueles olhos. Sabia que ele queria beijá-la, e também sabia que o deixaria caso ele tentasse. Mas o sentimento não era o mesmo que antes, o calor que emanava do corpo era além da luxúria, parecia quase melancólico. Tinha a impressão de que desmontaria caso ele a beijasse naquele momento, se sentia tão emocionada por motivo nenhum. Alguma coisa havia mudado, aquele beijo seria diferente. Não sabia dizer o que exatamente mudaria, mas era certo que ia.  

Aquela incerteza a deixava nervosa, não sabia se queria essa mudança. Percy se aproximou, então Annabeth forçou-se a sair de seu transe. 

— Acho que devemos ir, não? - Disse, com um sorriso nervoso nos lábios. O garoto franziu a testa lentamente, parecia confuso, como se tivesse acabado de sair de uma hipnose.  

— Er... SIm, claro. Acho que sim. - O garoto balançou a cabeça de leve e se levantou, oferecendo a mão para Annabeth. A garota aceitou, trazendo consigo o casaco que forrava o chão.  

— É seu?  

— Sim, pode vestir se quiser, está meio frio e suponho que esse vestido não deva estar te ajudando muito. - A loira olhou para baixo, averiguando o estado de suas roupas. Fora uma mancha muito proeminente de algum líquido vermelho, estava intacto. De repente viu-se um pouco envergonhada de estar usando aquilo, sentia que não combinava nada consigo. Não achava ter os quadris desenhados o bastante, ou a cintura esculpida ou os seios fartos para o decote.  

— Dá pra ver que esse vestido não é meu? - Perguntou, retirando algumas graminhas grudadas na perna.  

— Acho que sim, você parece desconfortável - Ele disse a dando um sorriso caridoso. Annabeth suspirou, vestiu o casaco e o fechou – Mas não me entenda errado, seja com esse ou com qualquer outro vestido você teria sido facilmente a garota mais linda naquela boate. - Ele piscou e começou a andar. A loira o seguiu, com um sorriso no rosto.  

Enquanto andavam chegaram a sincronizar os passos durante um pedaço do percurso, gargalhando por entre as ruas vazias e silenciosas de Manhattan. Percy também estava em silêncio, mas não parecia estar pensando em nada em particular. Annabeth, por outro lado, havia resgatado uma memória de um acontecimento mal resolvido e perambulava entre maneiras de iniciar a conversa. Decidiu que seria direta, afinal, tinha o dinheiro daquela resposta.  

— Percy, qualquer mal-entendido negado, mas, quem... Quem era a garota com você no bar? - O garoto mordeu o lábio e fez uma careta. 

— Estava esperando que você não fosse perguntar sobre isso, não acho que vai gostar da resposta. - O coração da loira acelerou de repente. Seria possível que era realmente a namorada dele? Estava sendo feita de amante. Ele a respondeu antes que a garota pudesse formular uma pergunta nova - É Calypso, minha... Ex-namorada.  

— Ah. - Annabeth tentou não parecer incomodada, mas quando se tratava de ciúmes era praticamente impossível de esconder. - Entendi. - Os dois continuaram andando em silêncio.  

— Eu... Suponho que você queira saber o que eu estava fazendo andando por aí com minha ex? - Percy quebrou o silêncio.  

— Não é da minha conta. - A garota disse, apesar da sua incessante e infindável vontade de dizer “sim”.  

— Eu sei, mas não me importo de falar sobre. - Ele fez mais uma pausa – Ficamos juntos por quatro anos – Headshot. - Desde que tínhamos 15 – Double Kill. - Calypso foi uma grande parte da minha vida. Nos conhecemos desde os 9 anos, então ainda somos próximos de alguma forma – Triple Kill.  

— Hm... Entendi. Faz sentido. - Annabeth umedeceu os lábios, não fazia ideia do porquê estava tão incomodada, tinha a total consciência de que os dois não tinham nada sério, se quer tinha direito se se irritar. - Posso perguntar o porquê vocês terminaram?  

— Eu suponho que não faz sentido contar a história pela metade. Há uns dois meses atrás estávamos chegando do casamento de uma prima dela, ela voltou de lá calada, estranha. Quando chegamos em casa tivemos uma briga gigantesca, ela começou a se questionar se eu queria estar com ela, dizia que eu não... A tratava do jeito que ela esperava. E que eu nunca... Havia dito que a amava, nos anos em que estávamos juntos. - Ele suspirou, parecia cansado da história que contava - Então ela me pressionou pra dizer. -  O garoto a deu um sorriso amarelo, junto com um dar de ombros – No fim não fui capaz de dar o que ela queria.  

— E... Por que você não disse? - Percy suspirou mais uma vez, os olhos pareciam ter escurecido nos últimos minutos. 

— Não mentiria sobre isso. Claro, não teria passado tanto tempo com ela se não amasse. - Os dois já estavam na frente da casa, a luz do poste iluminava o espaço entre eles.  

— Então por que seria mentira? - Percy a encarou. Seus olhos correram cada centímetro do rosto apreensivo de Annabeth.  

— Ela queria que eu a desse um tipo de amor que eu nunca senti por ela. Nunca tinha visto Calypso como uma hipótese romântica até o dia em que ela se declarou pra mim. Mas ela era a minha melhor amiga e eu a amava, então não vi muito que pudesse dar errado. 

— Você... Você se arrepende? Digo, de ter tentado? - Percy sorriu melancolicamente, mas não disse nada. Annabeth franziu as sobrancelhas, não conseguia parar de pensar no quanto a história parecia com a dela e Luke. De repente, se sentiu feliz com o fato de que o amigo havia quebrado seu coração. Não suportaria nunca se Luke tivesse se tornado um estranho cujo a risada ela reconheceria em qualquer lugar.  

— Vamos entrar? Está realmente frio aqui fora, não quero que a gente fique doente. - A loira assentiu. Percy segurou sua mão e a conduziu até entrarem na casa. Andaram em passos silenciosos e lentos. Ninguém parecia estar acordado, para a felicidade deles. - Vem, deixa eu tirar seus sapatos. - O garoto se abaixou mais rápido do que ela conseguiu raciocinar. Ele deslizou as mãos pela perna esquerda dela, a levantando de leve e então retirou o coturno delicadamente. Fez o mesmo com o outro e então procedeu em tirar os que usava. Deixou o par dele ao lado da entrada e carregou os de Annabeth com a mão livre.  

— Ei, eu posso carregar! - A loira protestou em sussurro.  

— Shh, fique quieta. Venha. - O garoto a puxou pela mão de novo. Subiram as escadas devagar, com a garota se assustando a cada rangido que a escada fazia. Dobraram o corredor em direção ao quarto de Percy, o garoto vasculhou por suas chaves no bolso e começou a destranca-la.  

— Perce? - Uma voz sonolenta soou do outro lado do corredor. Percy se apressou em abrir a porta e empurrou Annabeth para dentro. Thalia se aproximou coçando os olhos, o cabelo estava completamente bagunçado. - Que susto, achei que estavam invadindo a casa.  

— Boa noite Thalia, tchau Thalia. - O garoto disse, a segurando pelos ombros e a conduzindo na direção pela qual chegara.  

— Eii... Rude! Boa noite pra você também. - Ela cambaleou até o próprio quarto, fechando a porta atrás de si ao entrar. Percy soltou a respiração que não percebeu estar segurando, a mão por cima do coração acelerado. Annabeth abriu a porta de leve, colocando metade do rosto na frecha que formara. 

— Oii... - Sussurrou - Não quebrei o braço com o empurrão que você me deu, caso queira saber – O garoto riu e empurrou a porta, adentrando o lugar. Usou a chave que tinha usado antes para trancar a porta e então olhou para Annabeth.  

— Sinto muito, Thalia apareceu no corredor. Eu te machuquei de verdade? - Ele puxou o braço da loira com delicadeza, mas a garota o afastou. 

— Eu estava brincando, não se preocupe. - A garota sorriu e entrelaçou os braços na frente do corpo. Não havia pensado no quanto ficar num quarto sozinha com Percy a deixaria nervosa, principalmente porque eles teriam que dormir ali.  

— Bem, sei que você já esteve aqui, mas bem-vinda ao meu quarto. - O garoto caminhou até a cama e sentou-se olhando fixamente para Annabeth, o que não a ajudou muito quanto ao seu nervosismo. Ela respirou fundo e fingiu não estar completamente desconcertada, os olhos correndo pela dimensão do lugar. Da última vez que esteve naquele quarto não havia notado o quanto tinha mudado. As paredes estavam azuis e cheias de cartazes e fotos, as duas camas de solteiro foram substituídas por uma de casal com uma colcha dor de areia e agora havia uma pequena fonte no canto esquerdo. Também havia plantas no parapeito, assim como uma rede de descanso bege. Quando se aproximou da cômoda na direita, notou alguns adereços também diferenciados. Pequenas conchinhas num vaso de cerâmica, um colar de contas, uma prancha de surf apoiada entre o móvel e o guarda-roupa. Era como se ao passar pela porta tivesse entrado numa capsula de teletransporte e a máquina a tivesse levado para uma casa na beira da praia. Tocou a extensão da prancha, parecia um pouco gasta.  

— E onde você surfa em Manhattan?  

— Ainda não surfei, mas dizem que Long Island é uma boa ideia!  

— Não sei, nunca vi muita gente surfando por lá. Mas também, só fui uma vez... No inverno... - Percy sorriu. Annabeth rodou o pé no chão algumas vezes, acanhada. Não se sentia confortável para se aproximar do garoto, e ele parecia perceber isso.  

— Bem, você pode dormir aqui na cama. Como eu disse, não tenho segundas intenções. 

— Ué, e você?  

— Tenho um colchonete dentro do guarda-roupa, não se preocupe.  

— Mas não faz mais sentido eu dormir nele então? A cama é sua, afinal.  

— Não fale besteiras – Ele disse ao se levantar. Andou até o armário e tirou de lá sua cama provisória, era bastante fina e um pouco gasta. O garoto a arrumou no chão e o cobriu com um lençol levinho. -Viu? Perfeitamente adequado. - Percy sorriu animadamente, mas Annabeth não se convenceu muito. - Você quer uma roupa emprestada? Suponho que não deve ser muito confortável dormir com esse vestido. 

— Ah, não precisa. Eu trouxe um pijama e algumas outras roupas! 

— Você trouxe uma mala pronta pra... Uma boate?  

— Não estava nos meus planos ir pra lá, mas sim. Geralmente saio de casa com uma muda de roupas. 

— Mas... Por quê? 

— Ué, nunca se sabe. Posso usar seu banheiro pra me trocar rapidinho?  

— Claro, tem uma toalha limpa no armário embaixo da pia e uma escova de dente também.  

— Okay, obrigada Percy. 

— Por nada, Sabidinha. - O garoto a deu um sorriso simpático ao qual ela correspondeu. Apanhou a mochila perto da porta e se trancou no banheiro.  

Soltou um suspiro ao se encostar na porta fechada atrás de si, sentia-se um pouco menos nervosa agora que não precisava mais olhar para Percy. Deu uma olhada no espelho para averiguar sua situação. Estava surpreendentemente bonita. A maquiagem havia borrado de uma maneira meio chique, a pele tinha um visco de saúde. Tocou o casaco que estava vestindo, ficava do jeito que ela gostava, nem muito folgado, nem muito apertado. Talvez um pouco longo demais, Percy era mais alto do que ela, afinal. Retirou a peça e a cheirou, antes de dobrá-la em cima do balcão. Tinha o cheiro dele, maresia. Quando ser olhou novamente, percebeu o quão fundo era o decote do vestido. 

— Santo Zeus, quase paguei um peitinho. - Sussurrou para si mesma. Depois virou-se e constatou que de fato, como Thalia diria, a peça “faz milagres pela bunda”. Riu consigo mesma ao pensar naquilo. A loira tomou um banho rápido, deixando os cabelos secos. Ela retirou a maquiagem e passou alguns produtos para pele que sempre carregava consigo, escovou os dentes em sequência. Vestiu o pijama que havia trazido, se tratava de um conjunto um pouco velho, uma blusa de botões estampada com coelhinhos e um short com a mesma estampa, mas que ficava um pouco curto demais agora. Desejou ter escolhido um outro pijama. Saiu do banheiro um pouco acanhada, tentando abaixar um pouco o short, mas Percy não estava lá. Confusa, a garota prosseguiu em arrumar as coisas num cantinho do quarto. Deixou cair um dos cremes no caminho, então colocou a mochila ao lado dos coturnos, apanhou o que estava no chão e se curvou na frente da mochila para guardá-lo. Na mesma hora, a porta se abriu. Annabeth deu um pulo de onde estava, mas quando se virou, percebeu que era apenas Percy. O garoto a olhou de cima abaixo com um sorriso malicioso nos lábios. 

— Boa noite, coelhinha. - disse. A loira travou o maxilar ao olhá-lo. Percy usava uma calça de moletom cinza, uma toalha branca que estava usando para secar os cabelos e nenhuma camisa. 

— Pelo amor, você é que nem o Jacob do crepúsculo. Eu te empresto uma blusa se você estiver precisando. - O garoto deu uma risada e pendurou a toalha num varal no parapeito. Quando voltou, o sorriso ainda escancarava seu rosto. 

— Tem sorte de que eu tive a decência de colocar uma calça, porque geralmente eu durmo pelado. - Annabeth arqueou as sobrancelhas – Ah, vai. Você poderia pelo menos fingir um pouquinho melhor que não está gostando, coelhinha. - Ele se aproximou e tocou a ponta do nariz da loira.  

— Você realmente cria os piores apelidos.  

— Você me inspira. - A loira revirou os olhos e andou até a cama. Percy deu uma risada abafada atrás dela.  

— E eu posso saber do que você está rindo? 

— É que... Você está reclamando do fato de eu estar sem camisa, usando esse pedacinho de pano? - O sorriso dele aumentou, Annabeth bufou.  

— Boa noite, Perseu. - Disse raivosamente.  

— Boa noite, Sabidinha. - O garoto disse entre risos. A loira se cobriu com a manta da cama, era bastante quente, o que era ótimo pois o quarto estava um gelo. Fechou os olhos e esperou que o sono viesse.  

Mas o sono não vinha. Ao invés disso, o silêncio estava fazendo Annabeth pensar. De repente o dia terrível que tivera se reprisou em sua mente. A memória do olhar gélido da mãe parecia deixar o quarto ainda mais frio. Agora que havia sido deixada sozinha com seus pensamentos, todos os sentimentos que evitou durante o dia estavam voltando brutalmente. Todos ao mesmo tempo, a afogando como se estivesse num tanque fechado. Sentiu o coração palpitar, a garganta fechar e a respiração ficou irregular. Não sabia se era uma crise de pânico, ou se somente todo o estresse em seu corpo de repente não conseguia mais se estocar, também não sabia o que fazer. 

— Annabeth? - A voz de Percy soou na beira da cama. Ele estava segurando a mão dela e a olhava como uma bomba prestes a explodir. Annabeth engoliu em seco e puxou a mão dele para si, fazendo com que ele se aproximasse. O garoto subiu na cama e deitou-se ao seu lado, envolvendo a garota em seus braços, a cabeça dela acomodada em seu peito. - Você está tremendo, Sabidinha, pelos Deuses. - O garoto puxou as cobertas, envolvendo o corpo da loira. Annabeth não conseguia falar, mas segurava a mão dele com firmeza. O calor do corpo dele a acalmava, assim como o enlaçar de seus braços. Percy acariciava seus cabelos delicadamente e em silêncio. A garota apreciou a falta de perguntas. Passaram alguns minutos assim, até que finalmente se acalmasse. Annabeth teve coragem de levantar o rosto, apenas para encontrar o garoto a encarando.  

Ele acariciou a bochecha dela, o rosto carregado de preocupação. Ainda assim, nenhuma pergunta. Estavam tão próximos e estava tudo tão silencioso. Os olhos dele brilhavam até mesmo naquela escuridão. Queria saber se ele estava sentindo aquela mesma sensação esquisita, de que caso se beijassem ali, estariam selando algum tipo de pacto. Annabeth não se importava mais com o que mudaria, ou se algo mudaria. Quando o beijou, sentiu vontade de chorar. Foi um selar de lábios tão quieto, tão secreto, quase melancólico. Confuso, entretanto tão certo. Quando se separaram, Percy a puxou para perto novamente para o mesmo abraço. A loira conseguia sentir o coração dele pulsando, se perguntava se ele também conseguia sentir o dela. E se sim, se seus corações batiam pela mesma razão.  

Não demorou muito para que caíssem no sono, então.  

 


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Notas finais do capítulo

aiiiii como amo o amor
até o próximo capítulo gente!!! beijos



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