Checkpoint - Love Is a Laserquest (Percabeth) escrita por pixxieme


Capítulo 6
Capítulo 6 - Good For You.


Notas iniciais do capítulo

oiiiiiiiiii gente
como que passaram o carnaval? estão todos bem? espero que sim
esse capítulo tá um pouco mais curtinho, mas prometo que o seguinte vai ser maior, até porque vai abordar muito mais tópicos!
Espero que vocês gostem!



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“I just wanna look good for you 

Let me show how proud I am to be yours 

Leave this dress a mess on the floor” 

As 14:27 da quarta-feira, Annabeth já havia se olhado no espelho mais vezes naquele único dia do que no ano passado inteiro. Por algum motivo estava com essa mania irritante nas últimas semanas. Sempre que via qualquer resquício de seu semblante refletir no espelho, ela se via na obrigação de fazer sua inspeção novamente. Não era necessariamente uma análise negativa, mas sim em maioria um ato de curiosidade. A garota deslisava as mãos pelo colo, as vezes contornava o quadril com os dedos, como se nunca o tivesse reparado antes. Certamente nunca havia sido muito atenta a esses detalhes seus.  

Parecia estranho, mas Annabeth não conhecia tão bem o próprio corpo. Óbvio, sabia dizer quando estava com dor, ou a maneira que gostava que acariciassem seus cabelos, mas não se conhecia mais intimamente. Nunca se encontrara com seu lado libidinoso. Era algo que a mãe a tinha ensinado, talvez uma das únicas coisas. O bem mais valioso de uma mulher era sua virtude: a pureza. Claro, Annabeth em sua consciência ativa sabia que isso não era verdade. Todas aquelas amarras eram ideias caluniosas inventadas por conservadores para controlar o povo. Em outras palavras, sabia que a luxúria era um sentimento normal e lícito, embora seu subconsciente estivesse programado para pensar de outra forma. Talvez por isso tivesse passado toda a juventude contendo seus desejos e talvez por isso também as vezes ela se sentia “diferente” de suas amigas, apesar de ter consciência de que era um pensamento desprezível causado pelo seu senso de inferioridade.   

A loira não sabia do que gostava. Não sabia como ser tocada.  

Claro, como todo jovem a flor da pele, fantasiava com cenários delirantes, fantasiosos. Mas não sabia como eram esses sentimentos e por tanto, não sabia se gostaria de senti-los. Podia confirmar que havia gostado de tudo que Percy a havia feito sentir até agora, isso era um fato. Entretanto, não conseguiria o dizer o que fazer, como fazer. Por algumas poucas vezes até sentiu a famosa culpa obsoleta quando estava com ele, se perguntava se o sentimento reapareceria se chegassem a transar de fato. Ela suspirou, passando as mãos pelo pijama surrado que usava desde os 14 anos. Tinha vários bichinhos estampados e estava pequeno demais agora. A garota se viu andando até seu guarda-roupas, encarando suas peças de roupas mal organizadas. As peças não eram exatamente conservadoras, mas suas blusas eram de maioria gola alta, as roupas de banho quando não eram maiôs, pareciam fraldas e como esperando, não era possível encontrar um resquício de renda em suas roupas íntimas. Essas coisas nunca a haviam incomodado, era mais confortável e prático. Muitas vezes até mais barato.  Até porque se fosse ser muito sincera, nunca pensou em alguém a vendo naquelas vestes fora Thalia e seus amigos próximos. 

Bem, nunca até agora. 

Ela não achava que Percy se importava com aquelas coisas, afinal, a vez em que recebeu a maior quantidade de seus elogios estava usando algo tão impressionante quanto uma blusa dele poderia ser. Ainda assim, sentia esse anseio de impressioná-lo. Mais que isso, queria se sentir tão confiante e sensual que o deixasse perturbado. Aquele era um sentimento que nunca a ocorrera antes. Quanto mais pensava sobre, mais a impressionava do quão diferente ela se sentia com Luke. Durante o tempo em que pensou ainda ter uma chance com Luke, a garota costumava pensar que esses sentimentos tinham uma sequência. Primeiro a paixão, depois a intimidade e então o amor. A luxúria deveria se encaixar em algum lugar no centro, nunca antes do começo, nunca depois do final.  

As coisas aconteciam diferente com Percy, entretanto. Sem ordem e imprevistamente.  

Nada era da maneira que ela esperava, se via cogitando em fazer coisas que nunca havia sonhado em fazer antes. Pensava sobre o dia inteiro, a enlouquecia que não pudesse conversar com ninguém sobre aquilo. Os devaneios da loira foram interrompidos pelo soar eminente de seu celular. Ela se sentou na cama, pegando o aparelho e lendo a mensagem. 

?: “O que está fazendo?” 

Era um número não salvo e ela não reconhecia a sequência. Resolveu salvar para que aparecesse a imagem de perfil. Não ajudou, a foto era uma silhueta masculina, mas não identificável.  

A: “E eu deveria responder isso a...?” 

?: “Não me reconheceu, Sabidinha? Uma pena, achei que já estivesse obcecada por mim nesse ponto.” A loira sorriu, só havia uma pessoa que a chamava daquele jeito.  

A: “Trocou de número?” 

P: “Peguei o meu de volta, aquele era um temporário até esse chip chegar. Fui assaltado uns meses atrás.” 

A: “Vish, que sorte. Pelo menos recuperou o número.” 

P: “Eu suponho. Mas não respondeu minha pergunta, o que está fazendo?”  

A garota estava digitando a mensagem quando mais uma dele chegou mais rápido. 

P: “Posso te ligar? A mensagem fez o coração dela palpitar. Não gostava de receber ligações no geral, mas estar em uma com ele parecia tentador. Ela passou as mãos nos fios loiros, como se ele fosse vê-la pelo áudio.  

A: “Pode.” Ele não demorou para fazer a ligação. Annabeth não sabia por que estava tão nervosa, era só um telefonema, ela já tinha o conhecido e falado com ele pessoalmente. Respirou fundo e atendeu. 

— Alô? - disse quase num sussurro. 

— Oi, sabidinha. Por que está sussurrando? Está se escondendo? - A voz dele estava rouca e mais grave do que o comum, parecia ter acabado de acordar. Annabeth suspirou.  

— Você estava dormindo a essa hora? Que voz de sono. 

— Estava, mas posso garantir que por bons motivos. 

— E Thalia não está aí por perto? 

— Não estou em casa. - A loira franziu a testa. Então ele havia acabado de acordar e não estava em casa? Sentiu o estômago embrulhar um pouco, não seria possível que ele a estava ligando da casa de outra garota. 

— E como você acabou de acordar? - Ela o ouviu rir levemente. 

— Você está muito curiosa hoje, mas não me responde nenhuma das minhas perguntas.  

— E você continua dizendo coisas confusas, então tenho que perguntar. - Ele riu mais uma vez. 

— Me diga, o que você está fazendo?  

— Nada demais, estava pensando em ir ao shopping comprar umas roupas. 

— E não me chama? 

— Pra Thalia aparecer por lá e nos ver juntos? Não, muito obrigada.  

— Sem graça, fugir dela seria a melhor parte. 

— Eu não acho que você se divertiria muito comprando roupas comigo. 

— Aí que você se engana, Sabidinha. Ficar vendo você se exibir na minha frente parece um paraíso, infelizmente não estou nem Manhattan, se não te obrigaria a me chamar pra ir com você. 

— Uma pena, talvez eu te deixasse ficar no provador comigo. - A loira o ouviu rir nasalmente, o som a fez sorrir satisfeita. Se pensasse sinceramente, Annabeth não fazia ideia de onde tirava coragem para dizer aquelas coisas. Era como se fosse um reflexo automático dela provocá-lo, algo que surgia naturalmente, apesar de ainda sentir o coração acelerar sempre que o fazia.  

— Annabeth Chase... Muito cuidado com suas palavras. 

— Não faço ideia do que você está falando. 

— E ainda se faz de desentendida? Você é muito perigosa.  

— Nunca fiz mal a uma mosca! - A loira fez uma pausa, os dois ainda rindo levemente. Se perguntou se tinham uma relação em que ela poderia perguntar a pergunta seguinte - Onde está se não é em Manhattan? 

— Está com tanta saudade assim de mim? 

— Cale a boca, cabeça de alga. 

— Estou em São Francisco, vim visitar minha mãe. - São Francisco, quanto tempo Annabeth não pensava naquela cidade.  

— Ah, entendi. Boa viagem pra você então! 

— Não vai pedir pra eu mandar um beijo pra sua sogra? 

— Me poupe, Perseu. Tchau. 

— Tchau, Sabidinha. Ah! Minha cor favorita é azul, só pra caso você precise. - Ele disse antes de desligar. 

— Idiota – murmurou olhando a tela do celular. Ela jogou o aparelho em algum lugar da cama. Decidiu que de fato iria ao shopping. Afinal, realmente precisava dar uma repaginada no guarda-roupa. Annabeth tomou um banho e vestiu um de seus vestidos casuais com estampas pequenas de florezinhas. Não queria ir sozinha e sabia que precisaria de ajuda naquela missão. Digitou o número da pessoa mais indicada.  

— Annabeth Chase, a que devo a honra dessa ligação? - A voz aveludada de Silena soou do outro lado. 

— Preciso de ajuda. 

— Senhores dos céus. Annabeth Chase você está... 

— SILENA! Não ESSE tipo de ajuda. 

— Deuses, que alívio. Sempre achei que você seria a primeira, sabia? As certinhas são sempre as piores. 

— Eu vou fingir que você não disse isso. Quer ir ao shopping comigo?  

— Shopping? Ah não, loira. Não vou pra outra daquelas convenções malucas de maquete, não. 

— Não é uma convenção, eu quero... Comprar umas coisas. Preciso da voz da experiência. 

— Rapaz... Você tem que apresentar esse gatinho do Tinder logo, quero saber o que diabos ele fez pra você ficar assim – Annabeth bufou, sentiu as bochechas enrubescerem.   

— Ok, vou procurar outra pessoa pra me ajudar.  

— EI! Estou brincando. Me encontre lá daqui uma hora.  

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Quando tivera a ideia de sair com Silena, Annabeth não se tocara de que seria uma saída com Silena. Já haviam entrado em praticamente todas as lojas femininas do prédio de mais de três andares. A loira estava exausta e ainda não havia comprado nada além de duas camisetas e uma legging. 

— Silena, você pode por favor parar de tentar me enfiar coisas que eu não quero? Só vim comprar umas calcinhas e sei lá, blusas. 

— Annabeth, você me liga dizendo que quer fazer compras no shopping e não quer que eu faça compras no shopping?  

— Sim, na verdade.  

— Se você me chamou é porque quer minha ajuda, então deveria começar a aceitar! Nós vamos entrar nessa loja de roupas lindinha e você vai comprar uma minissaia, ouviu? 

— Mas eu odeio usar minissaia. É vulgar e eu não tenho bunda pra isso. 

— Eu estou usando uma minissaia, Annabeth. 

— É, mas você tem uma bunda linda! 

— Você é maluca! Como que diz que quer fazer uma mudança no seu guarda-roupa e compra as MESMAS COISAS? 

— Ah, mas... De cores diferentes! - Silena suspirou fundo, as unhas recém feitas chamaram a atenção da loira quando a garota passou a mão na testa. 

— Nós vamos comprar roupas lindas pra você, roupas adoráveis, ouviu? Adoráveis! - A loira mordeu o lábio inferior, apreensiva. 

— Silena, essas coisas não combinam comigo. Eu sei que eu disse que ia fazer isso, mas acho que desisti. 

— Annabeth do que Hades você está com tanto medo? De que descubram que você é linda? Pelo amor dos deuses, isso já é óbvio!  

— Pare, Silena. Eu não sou como você ou Thalia.  

— A única coisa que te diferencia é a falta de confiança. Vamos, deixe eu te ajudar a escolher, eu vou respeitar seus limites. Você não gosta de usar decote? Ok, mostraremos suas pernas. Não gosta de vermelho? Não tem problema, azul sempre foi sua cor de qualquer forma. Você vai dizer que não ficou linda naquele vestido que te dei? - Annabeth sentiu as bochechas enrubescerem - Tá vendo? Vai, me deixe trabalhar! - A garota olhou para a morena, Silena parecia tão ansiosa que os olhos amendoados brilhavam de excitação. Era muito difícil dizer não pra ela.  

— Ok, vou confiar em você. 

— ISSO! - Ela disse, dando um pulo minúsculo do lugar em que estava. - Pois bem, vamos começar os trabalhos. - A garota entrelaçou o braço com o da loira, a arrastando pelos corredores.  

Não era de se admirar que Silena queria ser uma estilista. Desde que se conheceram aquilo era um fator de destaque na sua personalidade. Ela sempre estava bem-vestida, até quando estava de pijama. Certamente tinha tirado aquilo de sua mãe, Afrodite. A mulher costumava ser modelo antes de engravidar, foi muito bem-sucedida nos anos 90. Ainda era uma das mulheres mais lindas que Annabeth já colocara os olhos, além de muito doce. Silena era praticamente uma cópia dela, assim como Piper. Apesar de McLean ter um estilo diferente uma personalidade mais arisca.  

A garota era tão rápida em escolher as peças que deixava Annabeth um pouco tonta. Talvez o perfume de baunilha que Silena estava usando também tivesse alguma culpa. Estavam numa loja de departamento que vendia todos os tipos de roupa, a loira carregava um carrinho pequeno onde Silena depositava as roupas, sapatos e lingeries.  

— Bom, acho que já temos o bastante pra você provar. 

— PROVAR? Você quer que eu prove TUDO ISSO?  

— Mas é claro? Você quer gastar dinheiro pra chegar em casa e não te servir? Vamos, vamos. Para o provador. - Annabeth bufou e arrastou-se com o carrinho até os fundos da loja. Aproximadamente vinte e sete peças de roupa foram colocadas e tiradas de seu corpo até que tivesse provado tudo. Além dos sapatos e sutiãs, claro. Para sua surpresa, a loira tinha gostado muito da maioria das peças. Como a amiga tinha prometido, apesar de diferentes de suas escolhas usuais, ainda a complementavam bem. Separou as favoritas e deixou as demais no cesto de despejo, pagaram pelas peças e saíram da loja. - Me sinto revigorada, adoro um banho de loja.  

— Você tem problemas de consumismo, sabia? Você sabia que está deixando o capitalismo te consumir?  

— É mesmo? E você é quem, Karl Marx? Lênin?  

— A revolução é a única solução, Silena. 

— Ok, mas até lá continuarei dando dinheiro pra lojas que me provém roupinhas adoráveis. - A garota sorriu enquanto Annabeth balançava a cabeça negativamente. - Quer tomar um sorvete?  

— Na real não, mas pode ir pegar o seu, vou no banheiro. Nos encontramos na saída, pode ser? - A morena assentiu e saiu na direção da sorveteria, deixando a loira sozinha. Annabeth foi ao banheiro com certa dificuldade pela quantidade de sacolas que carregava, mas não demorou. Secou as mãos e saiu, arrumando o cós da calça que usava. Andava em passos curtos e breves pelos corredores do shopping, ansiosa para sair do lugar logo. Acabou por perder a atenção na vitrine de uma loja ao lado do Game Center. Era uma loja pequena que vendia antiguidades, o que geralmente era o fraco da loira. Se curvou um pouco para frente para dar uma olhada melhor nas peças.  

— Olha só, achei mesmo que estivesse sentindo o cheiro do seu perfume. - Deu um pulo leve do lugar que estava ao ouvir a voz atrás de si.  

— Percy? O que está fazendo aqui? - disse ao se virar. O garoto estava com as mãos nos bolsos e parecia bem animado. Estava usando uma camiseta branca que caia tão perfeitamente nele que era quase criminoso.  

— Achei que o shopping era um local público, oras. - Ele baixou os olhos para as sacolas nas mãos dela, a loira instintivamente escondeu a personalizada da Victoria’s Secret atrás das maiores. O garoto sorriu.  

— E eu achei que estivesse fora de Manhattan. 

— Estava, minha mãe veio me dar uma carona de volta, aproveitamos pra trazer minha ferinha pra dar um passeio – Ele apontou para dentro do Game Center, onde uma mulher de cabelos escuros brincava com uma criança de aproximadamente cinco anos numa máquina de atirar bolinhas. Ambas pareciam muito com Percy, principalmente a mais velha. Algo sobre estar vendo alguém da família dele fora Thalia e Zeus a fazia sentir algo estranho no estômago, principalmente porque o garoto não parecia estar nem mesmo minimamente agitado com a situação. De repente, um pensamento desesperador a ocorreu. 

— Percy?! Você tem uma filha??? - A garota exclamou, tentando não demonstrar tanto o quanto estava chocada. O moreno franziu a testa, negando firmemente. 

— Deuses, não! - Ele respondeu, ainda mais exasperado - Não que eu saiba, pelo menos. - A loira arqueou uma sobrancelha, mas ele a ignorou - É minha irmã mais nova, Estelle. Eu sei, diferença de idade grande, todo mundo pergunta. Minha mãe me teve nova, casou de novo faz um tempo e... Boom! Irmãzinha. - Annabeth suspirou, mais calma.  

— Graças aos deuses. Nada contra, mas acho que deveria saber se estou beijando o pai de alguém.  

— Justo, muito justo. - Percy riu e a garota o acompanhou. - E então, o que está olhando aí? - Ele olhava para a vitrine atrás dela, os olhos curiosamente vagando entre as peças. 

— Ah, é uma daquelas lojas de antiguidades. Achei essa miniatura do templo de Hefesto, é o templo antigo mais bem conservado do mundo. - Ela apontou para onde estava e o moreno se aproximou mais para dar uma olhada melhor. Os rostos acabaram próximos, lado a lado.  

— É mesmo? Quanto tempo?  

— Dois mil e quinhentos anos.  

— Caramba. 

— Loucura, né? Tem alguns mais velhos que ainda estão de pé, tipo o Partenon, mas nenhum tão intacto. Olha, ali no fundo tem uma do Partenon. Eles são vizinhos lá em Atenas, mas o de Hefesto foi feito de igreja pelos católicos por um tempo, por isso é tão preservado.  

— Toda vez que você começa a falar eu sempre acho insana a quantidade de informação que você consegue guardar numa cabecinha tão pequena. - O moreno acariciou o topo da cabeça dela, bagunçando seus cabelos de leve. A loira arqueou os olhos na sua direção e afastou sua mão. 

— Pare, estou me sentindo um cachorro. - O moreno sorriu.  

— E você nunca quis ir lá na Grécia ver esses negócios?  

— Claro, é meu sonho desde criança. Porém, nem todos nós somos ricos, sabia?  

— Ah, apenas assumi que todos os amigos de Thalia são.  

— Não... Meu pai criou dois filhos sozinho, é difícil ficar milionário assim. Nunca nos deixou faltar nada, claro. Conseguiu até colocar os dois filhos na faculdade, mas não troco meu celular tem seis anos, quem dirá fazer viagem pra Europa.  

— Sei como é. 

— É mesmo? Sendo primo de Thalia é difícil de acreditar. 

— Bom ponto, mas se equivocou, Sabidinha. Éramos só eu e minha mãe até eu completar uns doze anos, quando meu pai deu o ar da graça. E do dinheiro também. 

— Pelo menos trouxe dinheiro. Apesar de que acho que seria muito orgulhosa de aceitar dinheiro se estivesse no seu lugar. 

— Eu não, ele chegou me oferendo o mundo, não tinha por que não aceitar. - Ele deu de ombros, a loira riu.  

— Bem, tenho que ir. Silena está me esperando.  

— Não quer nem se apresentar pra sua sogra e cunhada? Que falta de educação. - Annabeth levantou as sobrancelhas e arrumou a postura, apreensiva. Percy deu uma gargalhada diante de sua reação - Estou brincando, Sabidinha. Nos vemos em breve, espero. 

— Vou começar a achar que você está a fim de mim se continuar falando assim. 

— Eu? Jamais. - Ele a deu uma piscadinha antes de voltar para dentro. A loira observou-o voltar para perto de sua família, a pequena Estella abriu um sorriso enorme ao ver o irmão de novo e ele a retribuiu. Ela pulou nos braços dele e o garoto a carregou para outro brinquedo enquanto conversavam. A cena aqueceu o coração de Annabeth, mas também o acelerou. Ela balançou a cabeça levemente, seguindo seu caminho. Silena estava na entrada do shopping, parecendo um pouco impaciente. Suspirou quando avistou a loira andar em sua direção. 

— Que demora ein, Loirinha? Já até terminei o sorvete.  

— Desculpa, o banheiro estava cheio. Vamos?  

— Por favor, ainda tenho que colocar comida para as minhas gatinhas! - As garotas andaram até o ponto de ônibus ao lado do shopping. Silena a mostrou fotos de modelitos de roupas que tinha desenhado na última semana e Annabeth os analisou atenciosamente. Eram de fato trabalhos belíssimos. A loira acabou por chamá-la para passar a noite em casa e verem alguns filmes, Silena aceitou de bom grado. Quando desceram do ônibus estavam falando sobre Piper e Jason, aparentemente as coisas estavam indo muito bem e Silena parecia a pessoa mais feliz na situação inteira.  

Entraram na casa, ainda sem parar de falar. Deixaram as compras no sofá e andaram até a cozinha para se servir de água. A loira sorriu ao ver o pai sentado na mesa da sala de jantar, mas o sorriso se desfez rapidamente. Annabeth parou bruscamente no meio do recinto, o maxilar trincado e o estômago embrulhado. Ao seu lado, Silena parecia não ter lido a energia do lugar, pois demorou a parar de falar.  

— Pai, o que essa megera está fazendo aqui? - A loira disse por fim, a voz trêmula de ódio.  

— Annabeth... - O pai começou a dizer, parecendo abalado. Ele assentiu rapidamente para Silena, que o deu um sorrisinho rápido e bastante confuso.  

— Vejo que você não mudou muito, Annabeth. - A mulher disse. A loira se sentiu ainda mais tonta ao ouvir sua voz depois de tanto tempo. Gélida e distante, apesar de estar na sua frente. Como sempre fora. Era a única coisa que parecia a mesma sobre ela. Isso e os olhos, que ainda eram indiscutivelmente iguais aos de Annabeth. A mulher estava sentada como se o móvel que a sustentava a causasse repulsa. A postura estava perfeitamente reta e nem mesmo um milímetro de seu blazer de marca estava amassado. Os cabelos escuros estavam presos num coque firme e ela se quer havia tirado a bolsa de milhares de dólares do colo.  

— Não posso dizer o mesmo de você, com essa roupinha de grife. Esteve fazendo muito dinheiro enquanto ignorava seus filhos, estou vendo. - A loira disse com uma firme ironia. O sorriso que deu para a mulher pareceu a deixar enfurecida.  

— Silena, meu amor, talvez você deva ir pra casa mais cedo hoje. - O pai a interrompeu.  

— Não. - A voz da loira o cortou, tão gélida como a da mulher sentada no meio da mesa. - Silena acabou de chegar, quem deveria ir embora é essazinha. Na verdade, não deveria nem ter entrado. 

— Annabeth, por favor. 

— Tudo bem, Frederick. Mas eu deveria pelo menos me apresentar. - A mulher voltou o olhar para a morena que se mexeu parecendo pouco confortável com a situação - Me chamo Atena, querida. Sou a mãe de Annabeth.  


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Notas finais do capítulo

e que comece o mommy issues
beijosss
obrigada pela leitura! Reviews e comentários ajudam demais! até o próximo capítulo ♥



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