Checkpoint - Love Is a Laserquest (Percabeth) escrita por pixxieme


Capítulo 12
Capítulo 12 - Heartbeat.


Notas iniciais do capítulo

Feliz ano novo pessoaaaaal, como estão?
Demorei pra atualizar pq meu notebook simplesmente morreu DE NOVO. Dessa vez a bateria inchou, to fudida
Então to escrevendo pelo celular, oq eu odeio, ai dificulta o processo
mas veio ai!!!
Espero que gostem do capítulo, já deixo o aviso de fortes emoções

***notas finais importantes



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/807507/chapter/12

“Are we dating? 

Are we fucking?

Are we bestfriends?

Are we something in between that?

I wish we never  fucked and I mean that.” 

O plano de Annabeth havia ido por água abaixo. Depois que Lee o beijara, estava evitando o pobre garoto quase tão avidamente quanto como procurava Percy e Rachel. Todos os amigos estavam espalhados em lugares diferentes da casa, recolhendo algumas coisas para uma pequena festa do lado de fora da casa, algo como um luau. A garota agradeceu aos deuses quando Lee passou pela porta da saída com Will, afirmando que iam afinar e trazer violões para tocar, a ausência a tirou o peso de ter que correr dele por alguns minutos. Estava na cozinha com Thalia e Luke, eles ficaram responsáveis pelo que todos iam consumir durante a festinha. O garoto estava organizando as bebidas, enquanto Thalia havia se concentrado no preparativo dos petiscos, ou pelo menos estava tentando prepará-los, considerando que Annabeth estava tornando impossível com que ela terminasse. 

— Annabeth Chase, se você pegar mais UMA unidade de uva eu vou cortar seus dedos fora. - A morena disse, ameaçadora. A voz estridente dela tirou a loira de seus pensamentos, ela estreitou as costas na cadeira enquanto mastigava o que havia restado em sua boca. 


— Foi mal... - A garota disse, soturna. Ela passou as mãos pelos cabelos e os prendeu  de modo relaxado. 


— O que rolou com você, ein? Tá encarando aquela parede a tanto tempo que ela deve estar envergonhada. - Annabeth emitiu um chiado de lamentação, escondendo o rosto entre as mãos. 


— Não posso contar. 


— Ué, por que não? - A loira levantou o rosto e apontou na direção de Luke com o queixo. O garoto estava equilibrando alguns copos nas mãos. Thalia assentiu. 


— Castellan, lá pra fora. - Ela disse. O garoto pareceu confuso por alguns segundos, mas quando a morena apontou com a cabeça para a figura decadente que era Annabeth, ele pareceu entender.


— Sim, senhora. - Disse. Ele se arranjou do máximo de copos e bebidas que conseguia carregar e saiu da cozinha, as deixando sozinhas. Thalia pousou a faca do lado da tábua e olhou para Annabeth.


— Desembucha, loirinha. - A loira gemeu mais uma vez, massageando as têmporas. Respirou fundo antes de começar a falar.


— Lee me beijou. - Disse, emitindo um chiado fino, como se o ato de dizer a frase a tivesse assustado. Thalia por outro lado não parecia muito surpresa, pois apenas riu.


— Ah, é? Quem poderia ter esperado por isso? – disse, a voz carregada de sarcasmo.  


— Thalia!


— Ai Annabeth, me poupe. O garoto é caidinho por você, já não era sem tempo. - A loira grunhiu mais uma vez, derretendo em cima da mesa. - Mas foi ruim assim? Por que você tá desse jeito? 


— Não foi... Ruim. 


— Então você gostou? 


— Foi legalzinho. 


— NOSSA, você ODIOU. - Thalia disse, enfatizando a última palavra. 


— Não é assim também! Foi só... Ok. Foi fofo.


— FOFO? ANNABETH. – A morena cobriu a boca, horrorizada. 


— O que você quer que eu diga?! 


— De um primeiro beijo? Que NO MÍNIMO você ficou sei lá, sem ar! Coração acelerado e afins. 


— Pelos deuses, Thalia. – Annabeth revirou os olhos, sem paciência - Você acha que isso é o que? Uma fanfic? 


— Desse jeito tá mais pra um filme de terror. Beijo fofo, Annabeth? 


— Ai, sei lá! – A loira bufou, afundando na cadeira onde estava sentada. – Foi tão do nada, só senti o susto. 


— As vezes a timidez dominou o garoto e prejudicou a performance dele. Tenta de novo, vai que é só prática. – A morena encorajou. Annabeth grunhiu baixo, frustrada. 


— Mas é isso que eu quero? Beijar ele de novo? – A loira indagou.


— Ué, isso é você que tem que responder, gracinha. Mas sinceramente não sei por que não. Lee é fofo, bonito, um doce e acima de tudo, ele está completamente de  joelhos por você. O que mais você poderia querer? – Annabeth não respondeu a pergunta, apesar de ter a resposta na ponta da língua. Ela desviou o olhar, voltando a brincar com as uvas, mas parou ao receber um olhar mortal da amiga. – A não ser que… Tenha alguma coisa te impedindo? Ou alguém? – A loira não teve coragem de olhar para cima, sabia que Thalia a leria imediatamente. Depois de alguns segundos de silêncio, a morena se contentou em suspirar – Mas você é confusa viu, loirinha? Beijar o menino não significa que tem que casar com ele, você pode se divertir!  - Annabeth travou o maxilar, a última frase de Thalia a fez voltar para uma conversa passada.. Não muito tempo, a  garota estava a dizendo o completo contrário. Havia dito que não combinava com Percy, pois ele era o tipo de “se divertir” enquanto a loira era uma completa romântica. A hipocrisia de Thalia a irritou. 


— Achei que você tivesse dito que eu não era de “brincar por ai”. – A garota referenciou a amiga com a voz carregada de sarcasmo. Thalia a olhou, surpresa com o tom. 


— Ainda nessa? - Annabeth deu de ombros, Thalia revirou os olhos - Bem, você procedeu em dizer que não era criança, não foi? Achei que esse tivesse sido o ponto principal da conversa. – Annabeth não disse nada, mas desviou o olhar. A morena suspirou. – Eu não entendo por que você ficou tão irritada sobre esse lance com Percy. 


 - Ugh, é só que você fala como se eu fosse uma tapada. Parece até que não me acha… A altura dele. 


— Annabeth! Você é boa DEMAIS pra ele. Deuses, eu amo meu primo, mas ele é um safado! 


— E como você sabe disso? – Annabeth praticamente gritou. Estava cansada de toda essa ladainha sobre o garoto. Mesmo quando estava tentando se distanciar, não conseguia aturar o jeito que Thalia falava dele. Percy podia não ser a pessoa mais ideal para ter um relacionamento, mas em todo o pouco tempo que passaram juntos ele não havia sido nada além de um cavalheiro. Ele era carinhoso, gentil e atencioso. – Você fala como se ele fosse o anticristo, mas nunca me explica nada.

 
— Annabeth, ele é simplesmente muito complicado. – Thalia suspirou, trocando o peso entre os dois pés, desconfortável – Veja, Percy é um doce, um ótimo amigo, a pessoa mais leal que eu conheço. Se eu quiser enterrar um corpo eu sei que posso ligar pra ele. Ele é assim. 


— Então qual é o problema? 


— O problema é que é só isso, nunca vai ser mais do que isso. Se ele é um doce com uma, ele é um doce com todas. Nunca é com uma menina só e nunca é sério. – Annabeth se calou, finalmente. Ela sentiu a garganta se fechar, engoliu em seco na tentativa de se livrar da sensação, mas não funcionou. Thalia suspirou ao observar a expressão da loira se fechar. – Não quer dizer que ele maltrate as garotas, longe disso. Mas todas elas acabam se iludindo por algo a mais, justamente pelo jeito que ele as trata. Elas pensam que é especial, mas é a mesma coisa pra todas. – Thalia fez uma pausa, mas logo voltou a falar – A única excessão que eu vi foi a ex dele, Calypso. Também não durou muito. Em suma, Percy  não serve pra relacionamentos, só isso. É completamente emocionalmente indisponível. – Annabeth escutou cada palavra em silêncio, sem questionar. Queria dizer alguma coisa, mencionar como se sentia sobre ele, as coisas que ele a havia dito. Mas quanto mais pensava sobre, menos conseguia descobrir o que dizer. Percebeu que não sabia basicamente nada sobre Percy. Ele não a falou muito da família, de seus amigos ou de sua vida no geral. A realidade atingiu a loira como um meteoro, parecendo ter feito um buraco no meio de seu peito. Apesar da queimação no estômago, tentou disfarçar na frente de Thalia. 


— Ele deveria ser menos bonito, então. – Disse, forçando um riso no meio da frase. A morena riu levemente, mas não pareceu completamente convencida. Annabeth sabia que tinha dado bandeira, estava falando vigorosamente demais sobre um garoto que mal deveria conhecer. A loira engoliu em seco, tentando descobrir como sair daquele assunto. – Não se preocupe, só fiquei curiosa. – Disse, em sua melhor interpretação. Ela deu um bom sorriso falso, o que pareceu deixar Thalia mais tranquila, pois retribuiu o sorriso. 


— Enfim, o que vai fazer sobre Lee? – ela perguntou, animada. Annabeth grunhiu, escondendo o rosto novamente. 


— O plano A é fugir do país, o B é um pouco mais fatal… 


— Como você é dramática, dá uma chance ao menino, vai que vocês funcionam. – Thalia disse, voltando a cortar frutas. Annabeth respirou fundo, tentando se livrar do amargor na língua. 

A loira não encontrou com nenhum dos integrantes de seu novo triangulo amoroso até a hora do luau. A conversa com Thalia a tirou a motivação para procurar Percy. Tinha medo de realmente o encontrar em algum lugar com Rachel, apenas o pensamento a deixava com coceira de ciúmes. Não sabia porque Lee e Will estavam demorando tanto para voltar, mas também não reclamou nem um pouco, não conseguiria lidar com os olhos de cachorro abandonado do loiro. Decidira procurar distrações de outras maneiras e Silena certamente conseguiria ajudar. A morena se empolgou demais com a ideia de um luau, resolveu fazer até decorações e adereços para o pequeno grande evento, então Annabeth passara o resto de sua tarde fazendo coroas e colares de flores. Quando terminou seu serviço não remunerado, Silena a liberou para que fosse se arrumar. 

Já era um pouco tarde da noite, então a temperatura havia diminuído bastante. Annabeth estava tremendo quando saiu do banho. Secou o cabelo com um secador e o trançou numa trança frouxa lateral. Sabia que Silena a mataria, mas optou por roupas mais confortáveis, uma calça preta e um suéter folgado azul. Se a ideia de um luau é usar roupas de praia, certamente não deveria ser feito de noite. Fez uma maquiagem leve mas que a servia bem e então estava pronta. Sentou-se na cama e pegou o celular pela primeira vez em um tempo. Havia algumas mensagens do pai, algumas do irmão. Também alguns emails da faculdade, mas apenas avisos e dicas de eventos. Com um sobressalto no peito, notou que havia também uma mensagem de Percy, do dia em que haviam ficado sozinhos na casa. 

“Você dorme feito um bebê”  Disse. O texto era seguido de uma foto da loira adormecida, encolhida  no meio das cobertas. Annabeth gemeu de frustração e jogou o celular na cama, segurando a mão sobre o peito.. O sentimento era insuportável. Não conseguia evitar que seu coração acelerasse. Tudo o que ele fazia a afetava. Se perguntou como era possível que uma simples mensagem de Percy a deixasse daquele jeito, quando um beijo de Lee não a arrancava nem mesmo um sorriso. Estava completamente ferrada, totalmente. Suspirou algumas vezes, até sentir um leve incômodo na garganta. Tocou o local, averiguando se havia algum inchaço. Estava tudo normal, apesar da dor. Procurou uma pastilha pra garganta na bolsa, mas não tinha nenhuma. Resolveu que pediria uma a alguém depois. Quando saiu do quarto, seus amigos já estavam levando as coisas para fora. 

— Annabeth me diga que você não vai usar um suéter pra um luau – Silena, obviamente, questionou. Ela usava um conjunto lindo branco e amarelo, com uma saia longa. Usava um colar florido e maquiagem colorida. 

— Silena eu imploro, me deixe usar um suéter. 

— Nananinanão Annabeth Chase. Será possível que eu vou ter que te vestir até o dia do seu funeral? – A morena agarrou o pulso da loira e a arrastou para o quarto, apesar dos protestos. 

— Silena, tá muito frio pra usar essas roupas! – A garota exclamou enquanto Silena arrancava peças de roupa perigosamente pequenas de sua mala. 

— Annabeth você só vai ter 18 anos uma vez, aproveite sua pele firme enquanto pode! – A morena a entregou uma peça de roupa dobrada. 

— Só isso?! – A loira disse, exasperada. Silena apenas assentiu satisfeita – Se eu morrer de pneumonia eu juro que meu espírito vai te atormentar pelo resto da vida. 

— Pelo menos seu fantasma vai estar usando um vestido lindo! Te espero la fora. – Silena a mandou um beijinho no ar e saiu do quarto. Annabeth suspirou e começou a trocar de roupa. 

Quando já não estava mais indecente, olhou para seu reflexo no seu espelho. Suspirou, frustrada. Para sua infelicidade, o vestido caiu como uma luva. Era azul com alças finas e um decote em V não muito fundo. Ele marcava discretamente sua cintura e folgava um pouco a partir do quadril. Passou as mãos pelo tecido, satisfeita em senti-lo macio. Virou-se um pouco e percebeu o quão aberta era  as costas da peça. Não estava num dia particularmente bom, então a exposição não a estava deixando muito confiante. Pensou em colocar um cardigan por cima, mas sabia que Silena a faria tirar de qualquer forma. Resolveu soltar o cabelo da trança que havia feito, deixando que as madeixas compridas cobrissem a maior parte de suas costas desnudas. O cabelo estava um pouco mais ondulado que o normal pelo tempo que passara trançado e a caia de forma adorável em seus ombros, a garota sentiu-se melhor com os fios soltos. 

Quando saiu novamente do quarto, já não havia mais ninguém na cozinha. Nem mesmo Silena havia ficado para se certificar de que Annabeth seguiria suas “ordens”. A garota resolveu tomar um pouco de água, talvez a dor de garganta fosse somente desidratação. Se arranjou de um copo alto, ao qual encheu até o topo. Tomou o líquido vigorosamente, se dando conta da sede que estava assim que engoliu. 

— Cuidado pra não engasgar. – Uma voz atrás de si a assustou, quase fazendo com que de fato se engasgasse. Annabeth afastou o copo da boca e encarou a figura atrás de si. A visão a deu um susto quase tão grande quanto. Percy estava encostado na coluna que escondia a cozinha da sala, a encarando com um sorriso cínico. A garota nunca tinha imagino que alguém conseguiria ficar tão bem usando uma simples blusa de botão branca e uma bermuda, mas Percy certamente havia alcançado a proeza. O garoto não disfarçou quando a observou de cima abaixo,  apesar da falta de expressão. – Você se arrumou. – Disse, por fim. Um comentário atipicamente frio, vindo dele. 

— É… Você também – Annabeth disse, confusa. Percy sorriu brevemente e então andou até o balcão da cozinha, onde comecei a vasculhar as gavetas. Não disse nada por alguns segundos, mas não parecia estar tendo êxito em achar o que estava procurando. – Procurando algo específico? – A garota disse. O moreno não a olhou ou parou o que estava fazendo, se contentou apenas em levantar uma garrafa de cerveja que só então Annabeth havia reparado que ele carregava. – Ah. – Ela conseguiu responder.

Engoliu em seco, sentindo a tensão naquele clima novo, cruzou os braços na frente do peito, observando o garoto continuar sua busca. A única coisa que conseguia ouvir era o barulho dos utensílios de cozinha de batendo quando Percy os remexia. Não sabia o que dizer, nem qual era o motivo dele estar agindo assim. A ideia de que isso tinha algo haver com Rachel fez seu estômago girar. Depois do que pareceu uma eternidade, Percy parou sua busca, tirando um pequeno objeto de metal de dentro da terceira gaveta. Ele abre a tampa da garrafa com rapidez e dá um longo gole no líquido logo em seguida. Percy limpa uma pequena gota do canto de seus lábios e sai da cozinha, sem nenhuma palavra a mais. Annabeth deixa o copo encima do balcão, encarando o corredor pelo qual o garoto saíra, atônita. 

Ele a estava a tratando daquele jeito por causa de Rachel? Era assim que seria agora? Percy a trataria com total indiferença porque achou “carne nova”? Annabeth bufou, suas mãos, apertavam as margens do  balcão da cozinha e conseguia sentir a pele formigar de raiva. A ocorreu o terrível pensamento de que talvez Thalia estivesse certa e ele simplesmente havia  demorado a mostrar sua verdadeira face. Balançou a cabeça, colocando as mãos nos ouvidos, como se estivesse tentando calar a voz que vinha de dentro de sua cabeça. Respirou fundo algumas vezes enquanto tentava afastar o turbilhão de pensamentos. Decidiu que ficar ali se remoendo não a faria bem algum. 

Colocar os pés na areia a fez despertar um pouco, assim como a brisa fria da noite em sua pele. Seus amigos já estavam todos sentados em círculo um pouco mais próximo do mar, alguns em cadeiras de praia e outros em toalhas estendidas no chão. No meio da comoção uma pequena fogueira improvisada  queimava, Annabeth se surpreendeu em ver a perseverança do fogo naquele ventar, apesar da oscilação das chamas quando batia uma brisa mais forte. Alguns rostos se viraram quando ela se aproximou, o rosto iluminado de Lee foi o primeiro que notou. O garoto sorriu tão abertamente que a fez se sentir constrangida. 

— Pensei que ia ter que te buscar lá dentro. – Thalia disse. Ela e Luke estavam enlaçados confortavelmente, os dois usavam colares havaianos.

— Por pouco não teve, o frio quase me fez desistir. – A loira se sentou encima de uma almofada próximo ao casal, Annabeth não pode deixar de  sorrir ao olha-los. 

Não pensou que algum dia seria tão confortável vê-los daquele jeito. Agora que já havia resolvido seus sentimentos sobre Luke conseguia perceber que o que havia entre os dois era inevitável. Eles se completavam, era quase como se houvesse uma gravitação natural que os mantinha juntos. Se Thalia se mexia, Luke acompanhava seu movimento. Se ela falava, ele sabia como sua frase terminaria. Talvez aquele nível de parceria fosse mais fácil por terem sido amigos por tanto tempo. Annabeth não se orgulhava de ainda manter-se invejosa, mas agora já não se tratava mais de querer o que Thalia tinha. Quando os olhava daquele jeito, só conseguia pensar em quanto almejava ter aquele tipo de relação um dia. 

Já havia tido a impressão de ter experienciado essa gravitação, mas levemente diferente. Não parecia tão costumeiro e familiar, era mais parecido com magnetismo.  Já estava procurando por Percy em todos os lugares antes que se desse conta, então é claro que já o havia encontrado antes mesmo de se sentar. Ele estava deitado numa toalha ao lado de Jason, uma garrafa de cerveja pela metade na mão e outra vazia próxima do tornozelo. Ele certamente estava num ritmo mais acelerado do que o normal. Travou o maxilar ao notar as madeixas vermelhas de Rachel não muito longe dele, ao lado de Piper, que estava sentada do outro lado de Jason. A luz do fogo iluminava o cabelo da ruiva de uma maneira que fazia com que os próprios fios parecessem pegar fogo, Annabeth não se orgulhar de desejar que esse fosse o caso. 

— Terra para Annabeth. – Luke disse, fazendo com que a garota voltasse a si. – Caramba loirinha, te chamei três vezes, tá tudo bem? 

— Oi? – A loira endireitou a postura, sorrindo para disfarçar. – Sim, só estou meio sonolenta. O que foi? – Luke franziu as sobrancelhas por um segundo, mas se pensou alguma coisa, nada disse. 

— Perguntei se você quer beber alguma coisa – O garoto disse. Só então Annabeth notou o cooler verde ao lado dele. 

— Pode ser, o que vocês estão bebendo?

— Cachaça de canela – Luke disse, estendendo um pequeno frasco de barro. A loira fez uma careta.

— Passo. Thalia? 

— Cerveja, mas estou pensando em abrir o whisky que roubei do meu pai. Aceitas? – Annabeth fez uma careta maior ainda. 

— Eu estou bebendo ice – Silena disse, sentando ao lado da loira. Beckendorf também estava com ela. 

— Ah, não tinha reparado que vocês tinham saído. O que foram fazer? – Silena deu um leve sorriso e deu um gole em sua bebida. 

— Você não deveria perguntar isso a casais. – Annabeth franziu a testa por um segundo, mas então a ficha caiu. 

— Ai Silena, meus deuses. – A garota disse, virando o rosto. A morena riu, divertida. O namorado e o outro casal a acompanharam. 

— Desculpa, virgem Maria. – Ao lado de Silena, Charles também não parecia tão confortável em explanar sua vida sexual, mas deu um sorriso. 

— Ainda tem bastante aqui, Annie. Você quer uma? – Beckendorf disse, apontando para um outro cooler que estava ao lado dele. 

— Parece minha melhor opção, então aceito. – O garoto tirou uma garrafinha de dentro e a deu para Annabeth. A loira abriu e deu um gole cuidadoso no líquido, esperando o gosto amargo do álcool. Para sua surpresa, nada aconteceu. Ela afastou o objeto, lendo a embalagem. – Ué, parece um suquinho. – A garota deu outro gole mais confiante, fazendo Silena rir ao seu lado.

— É loirinha, mas vai com calma, é mais forte do que parece. Daqui a pouco você vai estar desmaiada ai na areia. 

— Nem tem tanto álcool, a embalagem diz que é só 5%. 

— Considerando o seu costume a bebida eu diria que duas dessas já seriam o bastante pra deixar você doidinha. – Thalia disse. Annabeth deu de ombros e deu outro gole na bebida.  

— É melhor você comer também, então. – Lee disse, se aproximando com um prato de petiscos. Ele se sentou na frente da loira, dificultando sua espionagem no território inimigo. Annabeth sorriu, apesar disso. 

— Valeu Lee, você que fez? – A garota disse, tentando escolher com o que começaria. 

— A maioria, os salgadinhos peguei numa padaria aqui perto. Experimenta esse aqui, é uma torradinha com queijo e geleia de amora caseira.. – Ele pegou uma das pequenas torradas e a levantou na altura da boca de Annabeth. A loira a deu um sorriso amarelo, não esperando que ele fosse a dar a comida na boca, mas abocanhou a torrada, desgostosa. Para sua mínima felicidade, estava bem gostosa. – Gostou? – O garoto perguntou, suplicante.

— Bastante, a geleia tá uma delícia. – Lee abriu um sorriso tão larga que Annabeth temeu que suas bochechas rasgassem. A garota sorriu genuinamente, era difícil não o achar fofo. 

— Uh… Desculpa interromper o casal, mas a gente pode comer também? – Thalia disse, com um sorriso sugestivo nos lábios. Annabeth quase se engasgou ao ouvir a palavra casal. 

— Claro, fiz pra todo mundo! – Lee disse, entusiasmado. Annabeth deu um longo gole em sua bebida enquanto olhava disfarçadamente para Silena. A morena também a olhava, tentando disfarçar uma risada atrás de um bolinho de queijo. A loira suspirou ao baixar a garrafa. 

— Então Lee, você tem namorada? – Silena jogou na roda, fazendo Annabeth quase se engasgar de novo. 

— Silena – Annabeth protesta, entredentes. 

— Er… Não, nunca tive namorada, na verdade. – Lee diz com um sorriso inocente nos lábios. As bochechas vermelhas o deixavam completamente adorável. 

— É mesmo? E por que não? Você por acaso é um daqueles esquisitos viciados em pornografia? – Silena perguntou novamente, parecendo cada vez mais interessada. 

— Silena! – A loira disse de maneira mais audível dessa vez. 

— O que? Eu tenho certeza que ele não importa em responder. Não é, Lee? 

— C-Claro que não. – O garoto diz, nervoso – Eu só nunca gostei de ninguém tão sério assim, então nunca namorei. – Ele deu de ombros, olhando para Annabeth rapidamente.

— Então você tem problemas com compromisso? – Silena disse, descaradamente. Annabeth estava suando frio diante daquela situação, parecia que ela estava tentando descobrir algum defeito dele.

— Na verdade não, só quero achar a pessoa certa. – ele disse, sonhador. 

— E a pessoa certa seria…? – Silena perguntou, certeira. Lee a olhou surpreso e então tornou para Annabeth, com  a boca aberta e os olhos brilhando, como se estivesse pensando no que dizer. 

— Bem, eu acho que posso dizer que… - A frase de Lee foi interrompida por um movimento brusco atrás de si. Algo o havia empurrado, fazendo com que ele quase caísse pra sempre. 

— Ops, foi mal. Estava distraído, não te vi ai. - A voz carregada de tudo menos de arrependimento de Percy soou acima deles. Quando o Annabeth o olhou, o sorriso dele era tão cínico que nem mesmo uma criança se convenceria. 

— Ah, tranquilo. Acidentes acontecem. – Lee disse, apesar de não parecer totalmente pacífico. 

— Olha lá você ein, quase quebrou a costela do menino. – Thalia disse – Resolveu trocar de primo preferido, foi? – Percy sorriu mais verdadeiramente para a prima. 

— Só vim ver se tinha cerveja no cooler de vocês. 

— Ué, eu deixei a maioria das cervejas no cooler de Jason. Já acabou? – Luke disse. 

— Uh… Não. – Os olhos de Percy encontraram rapidamente com os de Annabeth – É que o gelo derreteu bastante. Esquentaram um pouco. – Luke pendeu a cabeça para o lado, parecendo ainda mais confuso. 

— Que estranho, eu coloquei meia bolsa de gelo lá. – Percy contraiu os lábios, mas o deu um sorriso amarelo. 

— É, bem estranho. De qualquer forma, tem alguma ai? 

— Ah até tem sim, pega ai. 

— Valeu. – Ele pegou duas garrafas dentro da caixa e a fechou. – Vou dar uma estirada no terraço, talvez eu volte depois. 

— Ah, mas já? – Silena disse – Você deveria ficar, estamos batendo um papo bem interessante sobre a vida amorosa de Lee. – Annabeth fechou os olhos com força, sabia que a garota estava fazendo de propósito. A risada seca de Percy apenas confirmou que ela tinha sido bem sucedida. 

— Eu passo, acho que me daria ainda mais sono. Mas se divirtam. – O garoto disse, deixando-os. Annabeth deu um olhar mortal para a amiga, que apenas deu de ombros, dando um gole em sua bebida. 

— Você tá legal! Machucou? – Annabeth perguntou, tocando o ombro de Lee. 

— Tá tranquilo, ele não é tão forte quanto parece. – O garoto a deu um sorriso firme, a loira o retribuiu. 

— Enfim, ninguém vai tocar nesse luau? Achei que era isso que se fazia. – Thalia protestou. 

— Com certeza, eu e Will estamos com nossos violões. Algum de vocês canta? 

— De forma alguma. – Thalia respondeu. 

— Definitivamente não – Luke a acompanhou. Silena e Beckendorf concordaram. 

— Mas Annabeth sabe. – Thalia disse com um tom sugestivo. A loira arregalou os olhos na direção da amiga. 

— Como um anjo, ela cantava no coral da escola quando éramos mais novos. 

— A ANOS atrás! Eu não canto mais! – A garota disse, exasperada.

— Mas ninguém desaprende a cantar, é que nem andar de bicicleta. – Lee disse. – Vem, eu toco e você canta. 

— Lee, Piper também canta. Ela é mil vezes melhor do que eu, inclusive. Chama ela. 

— Então você canta uma e ela outra. Vem. – O garoto se levantou e a puxou gentilmente pelo pulso.

— Ou ela pode cantar todas! – A loira diz, resistindo. 

— Todo mundo vai acabar cantando junto, loirinha. Você só vai puxar. Vai logo! – Thalia disse, animada. Annabeth gemeu em protesto, mas acompanhou o garoto. Eles se sentaram numa toalha mais perto do fogo, onde dois violões estavam estendidos. Lee pegou um deles e se sentou, guiando a loira para que fizesse o mesmo. 

— Então, que música você quer cantar? -  O garoto perguntou, se aproximando dela. 

— Ah, você pode escolher. Você que vai tocar. – Lee assentiu e pegou um livro próximo dele. Ele folheou durante alguns segundos até finalmente parar. 

— Pode ser essa? – Ele estendeu o livro para que Annabeth pudesse ler. Era a partitura da música “Treat You Better” do Shawn Mendes. A loira forçou um sorriso e concordou. Sabia a música inteira, apesar de odiar. Não tinha nada contra o cantor, mas achava todas as músicas dele terrivelmente ruins. 

Suspirou quando Lee tocou os primeiros acordes, mas cantou no momento necessário. Lee o acompanhou, a olhando intensamente ao entoar a letra. Annabeth virou o rosto, tentando escapar de seu olhar. Acabou encarando a casa, onde conseguiu observar uma figura de longe olhando na direção da festa. Percy estava encostado no muro da varanda inegavelmente olhando na direção da loira. O efeito da atenção dele era tão forte que quase esqueceu de continuar cantando, mas Lee se inclinou um pouco para frente, sorrindo, e isso fez com que a loira recuperasse o rumo. Eles terminaram a música no mesmo ritmo, tirando aplausos de seus amigos. Annabeth sorriu sem graça e se levantou, voltando para seu lugar. 

— Foi lindo, loirinha. Muito romântico. – Thalia a provocou. 

— Cale a boca, Thalia Grace. Eu sei o que você está fazendo. – Annabeth disse, mas a garota apenas sorriu. A loira suspirou e deitou a cabeça na almofada, o olhar instintivamente voltando para a varanda. A vista a tirou mais um suspiro. A cantoria começou novamente, mas Percy já não estava mais lá. 

 

Annabeth acompanhou mais algumas músicas do luau, chegando até mesmo a fazer um dueto de Frozen com Piper, o que arrancou algumas risadas de seus amigos. E então quando já não estava mais aguentando a ansiedade, inventou uma dor de barriga aos amigos e escapou para dentro da casa, indo em passos discretos até o telhado. A ansiedade se extinguiu no momento em que viu suas costas nos buracos da cadeira de praia.Ela andou até onde ele estava, sem anunciar sua chegada. O moreno não a olhou quando se sentou ao lado dele, então a loira também decidiu olhar para frente. Se surpreendeu ao perceber que apesar da varanda ter um muro, ainda era possível ver a areia e o mar, mesmo sentados nas cadeiras. Olhou para o garoto discretamente, observando que além de manter o maxilar marcado completamente travado, ele carregava uma expressão dura e séria. Annabeth franziu as sobrancelhas, não era como ele geralmente se parecia quando olhava para o mar. Um arrepio correu pela espinha de Annabeth, nunca havia presenciado o garoto daquele jeito antes. Não soube o que dizer, as palavras fugiram de sua mente. Percy pareceu ainda mais irritado com o silêncio. 

— Perdeu seu príncipe encantado, Cinderela? - Ele disse por fim. A voz estava carregada com o sarcasmo que a loira conhecia, mas com uma rispidez que a surpreendeu. Annabeth limpou a garganta antes de responder. 


— E você? Perdeu sua Ariel? - Percy emitiu um som abafado, algo parecido com um riso, mas muito mais desdenhoso.


— Ariel? - Ele perguntou, confuso. O garoto olhou para o nada por alguns segundos e então bufou - Está falando daquela sua amiga ruiva? - Annabeth tentou ignorar o jeito que a voz dele tremeu de raiva ao citar Rachel. 


— Ué, e de quem mais?


— Como assim quem mais? Eu vi essa garota duas vezes na vida. 


— Bem, vocês sumiram ao mesmo tempo mais cedo. 


— E isso significa que estávamos juntos? - A loira se arrumou na cadeira que parecia desconfortável embaixo de si, de repente. 


— Ela certamente parecia interessada.


— Mais uma vez, isso significa que estávamos juntos? - A voz dele ficava mais ríspida a cada palavra. 


— Vocês pareciam bem confortáveis mais cedo. Eu vi o jeito que...


— Porra, não seja ridícula, Annabeth. - Percy a cortou, praticamente cuspindo as palavras. Ele finalmente a olhou, mas pela primeira vez a garota desejou que ele não o tivesse feito. O olhar que o garoto tinha era tão raivoso que a loira se encolheu um pouco. - Nós dois sabemos o quanto você é inteligente, então não se finja de burra. Uma amiga sua, na sua frente? Eu não sei com quem você acha que está falando pra insinuar isso, mas certamente não é comigo. - O garoto a encarou, esperando que falasse algo, mas a garota estava completamente sem palavras. Ele riu de novo, desdenhoso. - Se você pensa tão baixo de mim assim, talvez eu devesse ir em frente e começar a fazer jus aos seus pensamentos. - O moreno virou o rosto, parando de olhá-la. A palavra “baixo” ecoou algumas vezes em sua cabeça, a garganta seca e o orgulho ferido. A indireta havia sido bastante clara, ele estava se referindo a ela beijando Lee na sua frente. Mas ainda não entendia exatamente porquê que ele estava tão irritado. Primeiro o garoto agia distante e então ficava completamente enlouquecido quando via outro garoto beijá-la. Simplesmente não fazia sentido. Ele achava que podia ignorar-la por dias e então aparecer sendo carinhoso de novo e tudo ficaria bem? Qual direto ele tinha de ficar bravo? Ele tinha se fechado primeiro, ele tinha colocado o limite. Annabeth não sabia qual era o motivo da reação dele. Imaginou que só podia ser orgulho, sentiu o ego ferido por ver-la com outro. Não podia ser ciúmes, não quando ele fazia questão de manter aquele abismo entre eles. A garota não sabia o que eles eram, muito menos o que Percy achava ou queria que eles fossem. 


— Eu não entendo você.  - A frase fez com que o moreno desse mais uma risada seca e breve. O som era desconhecido e desconfortável para os ouvidos de Annabeth. 


— É mesmo? No entanto, nesse ponto do campeonato eu estou praticamente transparente. 


— Talvez você ache isso, mas não é verdade. Eu nunca sei o que você está pensando. - A loira diz. Percy respira fundo e então se afunda mais na cadeira, os olhos fechados não escondem a expressão dura. Ele não diz nada por muitos minutos, Annabeth não encontra muito o que falar também. 


— E como foi? - Ele perguntou depois de seu voto de silêncio, ainda sem abrir os olhos.


— Como foi o que? 


— O beijo. - Annabeth levanta as sobrancelhas, completamente pega de surpresa. Ela arruma a postura, desconfortável de falar sobre aquilo com ele. 


— Por que diabos você quer saber disso?


— Você está apaixonada por ele? 


— O QUE?! Não! - Annabeth diz, exasperadamente. - Foi só um beijo, ele que me beijou.


— Você não se afastou. 


— Você ficou assistindo? – Percy não respondeu, apenas virou o rosto para o outro lado. - De qualquer forma, por que você se quer se importa? - Mais uma vez, silêncio. Annabeth bufa, frustrada e se joga contra a cadeira. - Inacreditável. - A loira murmura consigo mesma. O silêncio desconfortável se manteve por algum minutos, até que Percy o quebra novamente. 

— Ele realmente é muito a fim de você. - Ele diz. O tom de sua voz mais suave em comparação a antes. Annabeth sente os ombros relaxarem um pouco. 


— Eu... Suponho que sim? - A garota diz e vira o rosto para o mar. Ela o sente hesitar, mas torna a falar.


— Não parece muito o seu tipo. – O tom convencido dele a faz ter um arrepio de raiva. Para ela estava tão claro que aquela reação era por orgulho, por alguma ideia idiota de posse que Percy tinha sobre ela. 


— Talvez você que não saiba qual é o meu tipo. - A garota responde num tom provocativo, mas ainda sem conseguir encará-lo. Claramente não era verdade, mas a loira odiava o tom presunçoso dele ao falar aquilo. Annabeth temia que ele percebesse sua fachada no exato momento que o olhasse, mas era impossível lutar contra a vontade de irrita-lo de volta. Queria soar tão presunçosa quando ele. Mas quando Percy ri baixo novamente, a raiva de Annabeth não dura muito tempo. Afinal, o motivo principal de estar brava era porque estava com ciúmes de Rachel. Ela não consegue segurar o sorriso, sentindo-se mais leve depois de saber que eles dois não estavam juntos - Mas sabe, não é... -  Começou a dizer.  


— Me deixa aliviado, nesse caso. - Ele diz, a interrompendo. O sorrido da loira se desfaz imediatamente. As palavras dele fazem seu coração acelerar, a adrenalina finalmente a dando coragem para olhá-lo.  Ele está deitado na cadeira ao seu lado ainda com os olhos fechados, mas a expressão agora está completamente serena. 


— Aliviado? - Ela diz a palavra lentamente, como se a fosse estranha. A voz soava mais aguda do que o normal. 


— É, achei que você talvez estivesse começando a ter a impressão errada.


— A... Impressão errada? - Percy finalmente a encarou, mas pela primeira vez desde que se conheceram, o olhar dele sobre ela a causou um tipo diferente de desconforto no estômago. Foi como se o garoto fosse uma máquina e alguém tivesse acabado de puxar a tomada. A expressão dele era totalmente vazia e indiferente, assim como as palavras prestes a sair de seus lábios. 


— Sobre nós. - Annabeth travou o maxilar. Sentiu como se Percy tivesse acabado de a desferir um soco diretamente no estômago. 


— Eu não sei se... Entendi – A loira disse, a voz tão fraca que soava quase sussurrada. Percy suspirou. - Percy se isso é sobre o beijo... 


— Gosto de passar tempo com você. - O garoto a interrompeu - Você é linda, nós nos divertimos e tal, mas nada sobre nosso combinado mudou. Tive a impressão de você estar começando a achar que o que temos significa mais do que é, mas fico feliz de estar errado - Ele deu um sorrisinho e tornou a fechar os olhos, totalmente tranquilo. - Acho que você deveria investir, inclusive, se gosta dele. Parece um cara legal. - Os dois ficaram em silêncio, o som das ondas do mar era a única coisa que a garota conseguia ouvir. A loira agradeceu o garoto estar de olhos fechados novamente, pois não conseguiria segurar as lágrimas. 

Se deu conta então de que tinha realmente tido esperanças demais. Percy não estava com ciúme, ou se quer magoado. Não se preocupava com quem Annabeth escolhesse ficar. Ela apenas tinha ferido seu orgulho, era simples assim.  Percebeu que as vezes que sentira como se Percy fosse distante foram completamente exageradas, não eram absolutamente nada se comparadas com aquele momento. Sentia estar olhando para um total estranho. Como se nunca tivessem se beijado, compartilhado uma cama juntos ou se quer tido um diálogo mais longo do que três frases. A pequena redoma de vidro que pairava sobre os dois sempre que estavam juntos tinha acabado de se quebrar em mil pedaços. Annabeth mordeu os lábios com tanta força tentando parar as lágrimas que sentiu o gosto de sangue em sua língua. Engoliu a enorme pedra entalada em sua garganta para então conseguir falar. 

— Não se preocupe, eu não seria tão idiota de pensar o contrário. 


— Que bom. 


— Bom. – A garota diz, ofegante. O coração estava tão acelerado que ela tinha medo de que falhasse, mas precisava tentar, precisar dar uma última chance para que ele voltasse atrás em suas palavras – Nesse caso vou tentar investir, sim. Acho que devemos parar de nos ver. - Annabeth o olhou, na esperança de que suas palavras tivessem algum tipo de impacto nele. Percy ficou em silêncio por bons segundos, mas não a olhou nem por um segundo. 


— Faz sentido, como queira. – Disse, seco. O queixo de Annabeth treme, as lágrimas caindo mais violentamente do que nunca. 


— Você é realmente um babaca até o último segundo, não é? - A garota diz e se levanta bruscamente, não se importando que sua cadeira caíra para trás, ela caminha rapidamente na direção das escadas. Se o moreno ia protestar, não o deu tempo de fazê-lo. Correu tão rápido que quase tropeçou nos degraus.. Em sua cabeça implorava que ele tivesse levantado, que tivesse vindo atrás dela, mas tinha a impressão de que não seria o caso. Parou na frente da porta e respirou fundo por alguns segundos. Quando Annabeth se virou, Percy não estava no topo da escada. Sabia que ele devia estar ainda deitado na cadeira de descanso, completamente relaxado. O coração quebrou de uma maneira tão nítida que quase conseguiu ouvir os pedaços dele caindo ao chão. 

Annabeth enxugou as lágrimas e passou pela porta, se perguntando se era assim que todas as paixões morriam: sendo substituídas pelo ódio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ai ai ai, quem gosta do arco de falta de comunicação? Eu adoro fazer uma confusãozinha pra abalar os ares
Gostaria de lembrar a todos que a narração eh do ponto de vista da Annabeth, então mesmo que alguns (todos) consigam ver quais são as reais intenções dos outros personagens, a visão da Annabeth é de um personagem, portanto é limitada! não me odeiem!!!!!


Estão gostando da serie de pjo? eu tenho fortes opiniões sobre
obrigada pela leitura e até o próximo capítulo ♥

obs: perdao a todos os leitores fãs de shawn mendes………….



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Checkpoint - Love Is a Laserquest (Percabeth)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.