Checkpoint - Love Is a Laserquest (Percabeth) escrita por pixxieme


Capítulo 10
Capítulo 10 - 3:15


Notas iniciais do capítulo

boa nooooooite galerinha do mal
gente passei um bocado sem postar, eu sei
me perdoem um milhão
passei por um período SERIO de falta de criatividade + muitas coisas na faculdade
tive um tempinho pra escrever nessa última semana, então espero que vocês gostem desse capítulo
boa leitura a todos!



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“I’m not in love 

It’s just a game we do  

I tell myself I'm not that into you” 

Annabeth estava sentada num balanço no meio de um parquinho. Os pés descalços não tocavam o chão e o joelho machucado latejava, a visão do sangue a deixava enjoada. Estava com calor e empestada de grãos de areia. Sentia o rosto molhado do suor, mas só percebeu que estava chorando quando viu a figura de sua mãe se aproximando. É um fenômeno comum entre crianças, só chorar ao ter a visão de uma pessoa de segurança. Não lembrava da última vez que sentira aquilo em relação a mulher. Na verdade, não tinha a memória de alguma vez ter sentido. Quanto mais perto ela chegava, mais Annabeth percebia o quanto estava diferente. Atena tinha pelo menos 10 anos a menos e o semblante geralmente rígido, estava infinitamente mais leve, apesar de contido por preocupação. A mulher se ajoelhou na frente da garota.  

— Shh, está tudo bem. Estou aqui, está vendo? - A mulher levantou as mãos e Annabeth percebeu que ela trazia consigo uma um antisséptico, gazes e uma caixa de curativos da Hello Kitty. - A mamãe só precisa passar um pouco desse remédio e logo você vai ficar bem, okay? - Annabeth soluçou um pouco antes de conseguir se acalmar. 

— Mamãe, vai doer? - Quase se assustou com o quão jovem soava. A mãe franziu as sobrancelhas, um sorriso doce em seus lábios. 

— Sim, docinho, vai arder. Mas só por um momento, vai arder só por um momento e então eu vou te dar um abraço tão apertado que você nem vai conseguir lembrar da dor, okay?  

— Só um momento, jura? - Perguntou baixinho. A mãe assentiu.  

— Isso, girassol. Só um momento. - Annabeth assentiu, dando permissão para que a mãe prosseguisse. Ela rapidamente limpou o excesso de sangue, o que doeu, mas não tanto quanto quando ela aplicou o remédio. A substância ardia muito, mas a garota contraiu os lábios, segurando as lágrimas. Por fim, a mãe colocou o curativo e sorriu calorosamente a envolvendo em seus braços em seguida. - Pode chorar, meu amor. Você foi muito corajosa. - Na segurança daquele abraço a garota não pode mais segurar o choro. A mulher afagou seus cabelos, a tranquilizando.  

Annabeth abriu os olhos sem alardes, como se tivesse se programado para despertar. Deu de cara com o brilho estonteante do sol, iluminando seus arredores e aquecendo sua pele.  Estava no carro de Thalia, a cabeça apoiada numa pequena pelúcia em formato de tartaruga. Piscou os olhos algumas vezes antes de arrumar a postura.  

— Bom dia, bela adormecida. - A voz de Thalia soou a sua esquerda. Ela e Luke estavam retirando as bagagens do carro. Mas o veículo já estava praticamente vazio.  

— Eu dormi muito? 

— Desde a parada na conveniência. Dormiu que nem um bebê. - Annabeth correu as mãos pelos cabelos, temendo os ter bagunçado muito. 

— Vocês deviam ter me acordado, eu teria ajudado com as malas. 

— Ah, eu até tentei. Mas essa pecinha aqui ficou com pena – Ela apontou na direção de Luke com o queixo. - Disse que você fica bonitinha dormindo. - Annabeth olhou na direção do garoto com uma sobrancelha arqueada. Ele a deu um sorrisinho.  

— É, você se encolhe que nem um tatu bola. - O garoto disse por fim e então saiu carregando algumas bolsas. Annabeth o encarou se afastar, boquiaberta. Thalia sorria. 

— Ele me chamou de tatu bola? - A morena riu brevemente. 

— Aparentemente sim, loirinha. - Thalia a deu um sorriso solidário e se afastou carregando algumas bagagens. Annabeth riu desacreditada e se encostou novamente na cadeira, o olhar focado na praia alguns metros de distância dali. Se forçou a lembrar do sonho do qual acabara de acordar. Foi um cenário extremamente familiar, mas ao mesmo tempo tão distante. Se lembrava daquele dia e sabia exatamente como ele tinha acontecido.  

Não era nada parecido com o sonho.  

— Você tá legal? - Uma voz a arrancou de seus pensamentos. Percy a encarava com as sobrancelhas franzidas e a cabeça levemente tombada para o lado, como um cachorro. A visão a arrancou um sorriso.  

— Estou bem, cabeça de algas. Só tive um sonho. 

— Se liga, ein? O Martin Luther King também tinha esse negócio aí e olha o que aconteceu com ele.  - A garota o encarou por um segundo para o julgar pela piada, mas ele não pareceu muito abalado. - Mas o que rolou pra você ficar com essa carinha de enterro? Foi um pesadelo? - Ele se aproximou, os braços apoiados na janela aberta. Annabeth suspirou. 

— Não, na verdade. Foi uma memória, acho que talvez a mais antiga que eu tenho. Sonhei com uma vez que meus pais tinham me levado no parque, mas daí eu caí e me machuquei enquanto brincava de escalar. Minha mãe saiu correndo pra comprar curativos, limpou meu machucado e me consolou enquanto eu chorava. - Percy assentiu em silêncio, como se estivesse esperando um desfecho que não ocorreu.  

— Eu... Não tenho certeza se entendi. É uma memória ruim?  

— Não, mas não é real. Acho que eu misturei tudo, sei lá. Inventei alguma realidade alternativa onde isso aconteceu.  

— Ah, e o que aconteceu então? - Annabeth umedeceu os lábios e o olhou. O garoto sorriu levemente, afastou delicadamente uma madeixa loira que caia em frente a seu rosto e assentiu, a encorajando a falar. Algo sobre a doçura com a qual ele a olhava a deixou um pouco tonta. A garota riu, um pouco melancólica. Ela se impulsionou para cima e o deu um beijo na bochecha.  

— Nada demais. Vamos entrar? Estou quase cozinhando aqui. - Percy a olhou com uma leve desconfiança, mas o sorriso dela o convenceu. Ele olhou em sua volta, como se procurasse alguma coisa e então a encarou novamente. A beijou tão rápido que a garota quase não conseguiu sentir. - Percy! - Ela exclamou surpresa, a mão tocando os lábios, o coração subitamente acelerado. O garoto sorriu divertidamente ao vê-la daquela forma. Percy parecia uma criança quando sorria daquela maneira, fazia com que ela se sentisse mais jovem também. - Você é doido? E se alguém tiver visto. - A loira inspecionou o lugar, como ele fizera antes. O garoto deu de ombros, o sorriso em nenhum momento deixando seus lábios, e então saiu correndo na direção da casa. Annabeth o observou, boquiaberta, correr até a porta. Só percebeu que sorria também quando já não conseguia mais vê-lo.  

Descobriu que era muito difícil ficar irritada com Percy, principalmente quando estava tão próxima a ele assim. O garoto era insuportavelmente encantador. Não somente no sentido de ser bonito, nem mesmo quando estava tentando bancar o galanteador. As duas coisas funcionavam, é claro. Mas nada deixava Annabeth tão desamparada quanto conhecê-lo e perceber o quanto gostava de todas as versões de si que ele a mostrava, quanto ela desejava saber cada vez mais.  

O sorriso da loira desapareceu, as sobrancelhas franzidas. O vento esvoaçava suas madeixas enquanto ela encarava a porta da casa. Tinha medo do quão mais Percy poderia mostrá-la, temia que talvez estivesse começando a gostar até demais das partes dele que já conhecia. Adorava o som da voz dele, o jeito que ele a provocava, como riam juntos. A facilidade com a qual conseguia ficar em ligações por horas com ele, apenas jogando conversa fora. A temperatura sempre quente de sua pele. O seu cheiro de maresia, o gosto do seu beijo, a cor de seus olhos, o cabelo sempre impecavelmente bagunçado. O jeito que ele sorria. Poderia passar uma quantidade assustadora de tempo apenas listando as coisas que gostava sobre ele. Pela primeira vez a ocorreu o pensamento de que se apaixonaria por Percy tão fácil quanto respirar, talvez já estivesse encaminhada exatamente para isso. Ironicamente, pensar nisso a deixou sem ar.  

— Calculando a rota até a porta? - Annabeth pulou no lugar que estava, como se tivesse sido tirada de um transe. Lee a olhava com curiosidade e um sorriso amigável. 

— Ah, Lee! Oi! - A garota piscou os olhos algumas vezes, não se dando conta de que estavam marejados. Atrás dele seus outros amigos se aproximavam, carregando malas nas mãos. Conseguiu ver entre eles Nico e o irmão de Lee, Will, se aproximando de mãos dadas.  

— Você tá bem? - O garoto perguntou – Parece meio pálida.  

— Eu estou... Sim. Só fiquei meio melancólica do nada. Sabe como é, praias. - Lee franziu a testa, confuso, mas sorriu. - Não sabia que você viria. Digo, estou feliz que veio, mas Thalia não me disse que tinha te chamado. 

— Ah, não chamou. - Ele sorriu, um pouco sem graça - Will disse que viria para a casa de praia com Nico, achei que poderia pegar uma corzinha também. Fiquei sabendo que vocês também estavam aqui a exatos dez minutos atrás. Aquela casa ali é a nossa. - Ele apontou para uma casa branca e dourada a alguns metros dali, praticamente do lado a de Thalia.  

— Bom, pelo menos estaremos bem pertinho um dos outro. – A loira sorriu alegremente. Lee arqueou as sobrancelhas, um sorriso leve nos lábios. - Digo, todos. Todos nós. - Se apressou em dizer.  

— A-ah, sim. Claro! - As bochechas bronzeadas de Lee erubesceram, ele tossiu um pouco para tentar disfarçar. Annabeth sorriu, piedosa. Geralmente não era muito boa em dizer quando os garotos gostavam dela, mas Lee não era exatamente discreto. Percy, Thalia e Luke saíram da casa, a fim de ajudar os outros com as malas. Percy deu uma olhada esquisita na direção de Lee e Annabeth, mas continuou andando até o outro carro.  

— Ninguém me falou que o sol daqui era forte assim, minha pele vai ficar totalmente ressecada. - Silena disse ao se aproximar. Beckendorf estava do lado ela, carregando diversas malas com estampas de morango.  

— Oi pessoal – Ele falou. Surpreendentemente, não parecia estar incomodado com o peso da bagagem.  

— Oi Beckendorf! Lindas malas, não sabia que vocês iam se mudar pra cá. - Ele deu uma risada.  

— Nem me fale, eu pedi pra colocar UMA ESCOVA de cabelo minha em uma dessas setecentas malas dela e ela se recusou, você acredita? - Piper disse, enquanto andava até a casa, Jason ao lado dela. Annabeth o cumprimentou. 

— Eu já disse a você que NÃO CABIA! - Silena gritou para a irmã, que apenas a deu língua antes adentrar o lugar. - Olha só. Para sua informação, Annabeth Chase, eu trouxe muitas coisas pra VOCÊ também - Silena se defendeu.  

— Ué, pra mim?  

— É claro! Esse seu biquini decotado não me engana, eu SEI que você está usando uma parte de baixo que poderia ser usada pela minha bisavó, Annabeth. 

— SILENA! - A loira gritou, saindo de dentro do carro rapidamente.  

— Essa nem é a pior parte! E suas calcinhas? MEU PIOR PESADELO. Eu quero sobrinhos, não vou deixar você morrer virgem! - Annabeth tampou a boca dela com a mão. Sentia as bochechas queimando. Lee havia desviado o olhar, mas também estava vermelho como um pimentão. Percy passou do outro lado, rindo baixinho.  

— Eu vou te matar. Literalmente vou matar você.  

— Peço encarecidamente que não faça isso. - Beckendorf disse.  

— Ok. Eu não vou matar você, mas vou te fazer sofrer muito. - Silena deu uma mordida na mão de Annabeth, que gritou.  

— Faça o que quiser, mas eu sou a única pessoa prezando pela sua vida sexual! - A garota a deu a língua e partiu em disparada para dentro da casa. Annabeth se segurou para não correr atrás dela e arrancar seus cílios perfeitos um por um. A loira correu os cabelos pelas madeixas e deu um sorriso sem graça para Lee. Ele retribuiu.  

— Silena é bem... Animada!  

— Ela é doida, isso sim.  

— Se te conforta, saiba que Will é exatamente igual a ela. Ele me infernizou tanto sobre minhas blusas da LOL serem bregas que acabei doando todas. - Ele sorriu amigavelmente.  

— Me conforta um pouco sim, obrigada. - O garoto encarou por alguns segundos, como uma criança que descobre que visita a disneyland pela primeira vez. Ele balançou a cabeça, parecendo sair de um transe.  

— Bem, você vai entrar ou...? - Perguntou, um pouco encabulado.  

— Ah, vou sim! Pode ir na frente, vou só terminar de arrumar minha bolsa.  

— Eu posso te esperar. - Lee se apressou em dizer, mas então pareceu ficar envergonhado. Err... Digo, se você quiser, claro. Posso te esperar se você quiser. - Annabeth sorriu e assentiu, se virando para arrumar suas coisas. Lee era um doce, então Annabeth não pode negar que sentiu um pesar quando um pensamento quase cruel a ocorreu: talvez pudesse fazer bom uso da companhia dele. Não tinha a intenção de usá-lo, mas precisava desfocar sua mente de Percy. Genuinamente gostava do garoto, ele era fácil de conversar. Só precisava de novos ares, não estaria usando-o se realmente aproveitasse a companhia. Ou pelo menos foi isso que tentou se convencer.  

— Mas pra ter blusas de LOL você deve jogar muito, não é? - Disse ao se virar. O semblante de Lee automaticamente se iluminou. Ele começou a explicar o jogo inteiro, os personagens e os quatrilhões de histórias. O garoto não parou de falar até chegarem na frente do quarto onde Annabeth ficaria. Nesse ponto, Thalia, Silena e Piper estavam paradas na porta, observando-o falar. 

— Ah, mas aí a Lux acabou libertando o mago preso lá e aí... - Finalmente, o olhar do garoto encontrou com o das meninas. - Eita... Foi mal! Eu me empolgo falando dessas coisas! - Ele deu um sorriso sem graça.  

— Tá tudo bem, achei bem interessante! Depois você termina de me contar, pode ser? - ela disse, ele assentiu com um sorriso enorme no rosto e então saiu andando na direção da cozinha. Quando Annabeth se virou para entrar, notou que todas as garotas a olhavam com sorrisos sugestivos. 

— Ihhh, olha mesmo pra Annabeth. Quem te viu quem te vê, safada. - Piper disse, as outras riram. Annabeth revirou os olhos, mas riu também enquanto entrava no quarto. Apenas encostou um pouco a porta, ainda a deixando aberta.  

— Vocês são ridículas, todas vocês. Lee e eu somos amigos. 

— Ah, é? E ele sabe disso? - Thalia disse.  

— Duvido, ele está esperando você comprar uma calcinha fio-dental antes de te pedir em casamento. - Silena brincou. 

— Olhe aqui, seu monstrinho, eu normalmente só ignoraria, mas saiba que eu com ISTO AQUI – a garota soltou o nó da saia branca que usava, revelando a parte de baixo do biquini, Silena colocou a mão em cima do peito como se estivesse infartando – Usando essa calcinha MINÚSCULA fazem DUAS HORAS de viagem. Vocês não sabem como isso dói no...  

— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! ANNABETH! - Silena a interrompeu. A garota esticou as mãos na direção dela, mas a loira a afastou, entre risos.  

— Silena, SHHHH! - A garota sinalizou que a amiga falasse baixo. Silena comprimiu os lábios, tentando sufocar o sorriso.  

— Eu não acredito que você está usando isso, estou quase chorando. Você é meu maior orgulho. - Silena a abraçou com força. Annabeth retribuiu o abraço, ainda rindo. - Meus deuses, a minha criação. - Silena fungou, fingindo estar emocionada, ou pelo menos Annabeth esperou que estivesse fingindo. 

— Você é doida demais. 

— Eu sou um gênio incompreendido, isso sim. - A garota a soltou, dando uma última olhada antes de dar um pulinho energético. Annabeth riu e amarrou a saia novamente.  

— Longe de defender essa maluca, mas ficou lindo mesmo – Piper disse.  

— Concordo, acho que você vai matar o coitado do irmão do Will do coração. - Thalia disse, sorrindo. Annabeth riu, balançando a cabeça. Jogou as coisas em uma das camas e se sentou.  

— Ué, mas só tem três camas, a gente vai dividir?  

— Ah não meu amor, privilégio de aniversariante. Eu vou dormir na suíte aqui do lado com Luke, o resto dos plebeus dividem quartos. - Thalia disse, se deitando em uma das camas.  

— Ihhh, se eu ouvir cama batendo na parede de madrugada vou lá interromper, ein? Não tenho piedade. - Piper disse enquanto tirava um biquini laranja da bolsa.  

— Piper, deixa ela ser feliz! Você vai dizer que não vai agarrar Jason na primeira oportunidade que tiver?  

— SILENA! - Piper correu até a irmã, calando a boca dela  

— Ugh, podemos não falar da vida sexual do meu irmão agora? - Thalia disse  

— Você tá doida? Eles estão na cozinha aqui do lado! - Piper exclamou. 

— Já é a segunda vez que calam sua boca hoje por falar da vida sexual alheia e ainda são dez horas da manhã. - Annabeth disse.  

— Vocês são muito puritanas, pelos deuses. Todo mundo transa nessa casa, ou quer transar! Eu quero transar, você quer transar – Disse apontando para Thalia - Você também quer transar – Depois para Thalia – E VOCÊ TAMBÉM QUER TRANSAR! - Apostou por fim, para Annabeth.  

— Uh... - Alguém pigarreou na porta, as interrompendo. Todas olharam na direção do indivíduo imediatamente. Percy estava parado lá, as encarando com uma expressão engraçada no rosto. - Eu só vim avisar... A porta tava aberta, eu posso voltar depois... - O garoto visivelmente estava tentando não rir, assim como Thalia e Piper. Annabeth apenas massageou as têmporas.  

— Não, pode falar. - Silena, que não parecia nada abalada, disse.  

— Eu e os outros vamos comprar carvão pro churrasco... Vocês querem alguma coisa?  

— Ah, é! Eu tenho uma lista do que falta pra festa, deixa eu procurar– Thalia disse e se virou para a montanha de bolsas em cima da cama na direita.  

— Acho que eu não preciso de nada, mas obrigada – Piper disse e entrou no banheiro do quarto. 

— Álcool, por favor. - A loira se prontificou, a voz falhando um pouco. Não fez contato visual com Percy, mas sabia que ele a olhava. 

— Okay... Então, alguma bebida em específico? - Ele perguntou. Annabeth enfim o olhou, o garoto tinha um sorrisinho divertido no rosto. Estava adorando que ela estivesse com vergonha. A garota semicerrou os olhos na direção dele. 

— Uma vodca, estou pensando em fazer uma vodca soda. - Disse. O sorriso do garoto aumentou, ele umedeceu os lábios. 

— Tem certeza? Acho que uma caipirinha cairia melhor. - Percy finalizou, olhando diretamente para ela. Era exatamente o que ele a havia dito quando se conheceram no bar da festa. O fato de que ele também se lembrava a deu uma sensação esquisita no estômago, ela mordeu o lábio discretamente, o olhando.  

— Achei! Pensei que tinha perdido. - Thalia se virou, fazendo com que eles quebrassem o contato visual. Quando desviou o olhar, Annabeth deu de cara com Silena, que observava o diálogo com um olhar curioso, um sorriso discreto e a cabeça levemente tombada para o lado, como se estivesse acabado de resolver um mistério. Annabeth esperou, nervosa, que ela dissesse alguma coisa, mas a garota apenas sorriu mais e começou a procurar alguma coisa em sua bolsa, o que deixou a loira ainda mais apreensiva. - Toma, não tem a marca aí, mas Luke sabe o que comprar. - Ela o entregou, mas então puxou o papel de volta – Na verdade, não confio em nenhum de vocês. Vou junto. Já voltamos – Thalia saiu, puxando o primo com ela. Annabeth não falou nada por alguns segundos, assim como Silena. Quando olhou para morena, percebeu que ela pressionava os lábios, tentando não sorrir. A loira mordeu os lábios, apreensiva.  

— Vai Silena, desembucha! - A morena não conteve o riso, batendo palmas enquanto o fazia.  

— Caramba, Annie. Eu achei que você fosse tirar as roupas dele aqui mesmo. - Ela falou, boquiaberta. 

— Shhh, fale baixo. - Ela sinalizou para a porta do banheiro e Silena assentiu, colocando a mão em cima dos lábios para se conter.  

— E então, o que está rolando? Faz quanto tempo? Como aconteceu? - Ela sussurrou. Annabeth suspirou e bateu a mão na testa, andando de um lado para o outro no quarto. Por fim, se sentou na frente da amiga.  

— Ele é o... “Gatinho do Tinder”. - Disse, usando as mãos para enfatizar as aspas no apelido dado pela amiga. Silena emitiu um som similar a um miado de gato estridente e deu um pulo de onde estava. Annabeth a deu uma tapinha no braço e sinalizou que se calasse. A morena respirou fundo e cobriu a boca com as mãos de novo, ainda sem conseguir conter o sorriso.  

— Escandaloso! Você conheceu o primo de Thalia no Tinder? Mas quais as chances?! Ela sabe? Meus deuses, é claro que não sabe. Por que ela não sabe?  

— É esquisito, não acho que ela se importaria, mas não queria criar expectativas em ninguém. Não temos nada demais, estamos só... Nos divertindo. - Annabeth deu de ombros, mas Silena não tinha recebido a informação com casualidade. Ela pulou silenciosamente, deitou-se, balançou as pernas como uma garotinha e então se sentou de novo. Definitivamente, não havia nenhum fã do amor mais ávido que Silena.  

— Eu sabia! Eu sabia que tinha visto alguma coisa naquele dia na casa de Thalia, sabia!  

— Oi? Mas eu literalmente tenho escondido isso com a minha vida.  

— Ah, mas acho que ele não tenta com a mesma ferocidade que você. Toda vez que você entra num recinto ele te olha como se fosse o último filé do mundo e ele estivesse morrendo de fome! - Annabeth reprimiu um sorriso e balançou a cabeça.  

— Você tá inventando isso, não viu nada. 

— Nossa, mas eu te juro! A princípio eu achei que fosse só ele, até porque você é um pedaço de mal caminho, mas daí lembra quando vocês foram buscar a churrasqueira no porão e teve todo o lance da aranha e enfim? - A loira assentiu – Você... Deu uma olhada diferente pra ele. Acho que nunca tinha te visto olhar para ninguém assim. Talvez Luke, a muito tempo atrás. - Annabeth arregalou os olhos. 

— Você sabia sobre Luke?  

— Aí, Annabeth. Claro. Você glorificava o chão que aquele homem pisava. - A loira suspirou, olhando para as próprias unhas – Sabe, eu até me perguntei se esse seu exílio pra casa do seu avô tinha alguma coisa a ver com ele e Thalia.  

— Er... - A loira fez uma pausa, hesitante - É que meio que teve. - Annabeth disse, ainda olhando para baixo – Tudo a ver, na verdade. - Silena a olhou com as sobrancelhas franzidas e uma feição preocupada. Annabeth a contou tudo, desde as cartas, até a formatura, até a praia. Foi como se tivesse tirado 7 toneladas das costas ao contar aquilo para alguém.  

— Puta merda, irmã. Que historiazinha complicada. - Silena disse quando terminou. - Entendo por que você não contou a Thalia, mas poderia ter contado a mim, loirinha. Como que você guardou isso tudo pra você?  

— Ah, sei lá. Depois que tudo aconteceu eu meio que percebi o quanto a situação era ridícula. É claro que Luke tinha me dado corda algumas vezes durante os anos, mas foi só isso. Ele nunca disse realmente que estava apaixonado por mim, nunca me prometeu nada.  

— Mas ele deu a entender que sim, não foi? - Annabeth se calou. Não tirava totalmente a culpa do garoto na situação, mas certamente não havia sido tão grave quanto o coração machucado da loira a havia feito acreditar. Luke a mandava cartas e flores no dia dos namorados, mas também fazia isso com Thalia, apesar de mandar sempre algum CD no lugar das flores. Ele também foi seu primeiro beijo quando jogaram sete minutos no paraíso quando a garotinha 13 anos, mas... As coisas acabavam aí. Luke era carinhoso, a tratava como uma princesa, mas Annabeth começou a se perguntar quantas das ações dele ela havia romantizado com seu coração de adolescente apaixonada. Ele certamente poderia ter sido mais direto e evitado esse terrível mal-entendido, mas os dois eram tão novos, não é como se ele fosse saber exatamente como não a magoar numa situação dessa. Annabeth sentiu uma tremenda vontade de dar um abraço no amigo, passou tanto tempo com raiva por algo que nunca aconteceu, quase deixou que Luke saísse de sua vida. Independentemente de tudo, sempre vira ele e Thalia como família, algo que sempre poderia contar.  

— Acho que... Talvez eu quisesse muito entender que ele tinha dado a entender que sim. - A loira sorriu levemente, dando de ombros. - Luke foi meu primeiro amor, isso é inegável, mas agora que passou é como se... Não fosse a minha história e eu simplesmente tivesse lido em um livro. Faz sentido? - Silena franziu um pouco a testa, mas sorriu. 

— Pior que faz. - Ela riu um pouco, Annabeth a acompanhou.  

— Sei lá... É muito esquisito. Eu sei que não é um namoro com Percy, nem perto disso, mas... Agora que eu sei o que é realmente estar com alguém, mesmo que não seja exatamente num namoro, o sentimento é tão diferente que sinto como se estar apaixonada por Luke tivesse sido um devaneio, algo que nunca aconteceu em lugar nenhum além da minha cabeça.  

— E você... Está apaixonada? Pelo Percy? - Silena perguntou, quase num sussurro. A loira olhou em volta, institivamente.  

— Não é assim com ele – Annabeth disse, tentando soar convincente – Como eu disse... A gente se diverte. Não é nada além disso. - A loira deu de ombros ao final da frase.  

— Se divertindo, é? Ai, ai, loirinha... - Silena suspirou, encostando as costas no braço da cama.  

— O que? Você mesma diz que eu tenho que me soltar mais, o que tem de errado?  

— De errado? Absolutamente nada, Percy é um colírio pros olhos, mas... Tem certeza de que é isso que você quer? Não sei, você pode até fingir que não, mas é quase tão fã do amor quanto eu. - Annabeth suspirou, era insuportável o jeito que Silena era boa em ler as pessoas.  

— É o que combinamos, eu não me apaixono, ele não se apaixona. Nos beijamos e passamos tempos juntos, mas nada além disso. E sinceramente depois de passar tanto tempo obcecada por Luke eu não estou com tanta pressa para voltar a esse estágio. - A amiga assentiu, mas não pareceu muito convencida.  

— Só... Tome cuidado, ok? Não fique com ele na esperança de fazê-lo se apaixonar de qualquer forma, garotos não são assim. - Annabeth sentiu uma coceira esquisita no fundo da garganta, mas engoliu.  

— Não se preocupe, eu sei. - Ela disse. Silena voltou a sorrir. Piper saiu do banheiro em seu traje de banho, amarrando o cabelo num rabo de cavalo. 

— Mas o que vocês tanto conversam, ein? As paredes dessa casa são muito grossas, só consegui ouvir murmúrios.  

— Estávamos falando do quanto esse conjunto ia valorizar seus meses de academia e olha, acertamos muito. - Piper riu e deu uma volta, as garotas deram gritinhos de incentivo a amiga.  

— Tenho certeza de que Jason vai adorar... 

— SILENA! - Piper gritou e jogou uma toalha nela. 

— Pare de ser careta! Pelos deuses, a única garantia que eu tenho de que temos o mesmo sangue é que você é bonita! 

— Não sei se te agradeço ou jogo outra toalha em você.  

— Acho que brigando desse jeito qualquer pessoa consegue dizer que vocês são irmãs. - A loira disse, interrompendo a discussão.  

— Enfim, vamos lá fora? Eu planejo ficar 3 tons de base acima do que eu estou agora. - Sielna disse, se levantando.  

— Você vai morrer de insolação ou câncer de pele. Ou os dois. - Piper implicou.  

— Mas vou morrer linda. - Silena disse. A irmã saiu, balançando a cabeça em negação. - Você vem, loirinha?  

— Podem ir na frente, já acompanho vocês. - A garota assentiu e saiu do quarto, deixando a loira sozinha. Annabeth respirou fundo e encarou a parede quarto. Não gostava da sensação esquisita que queimava seu estômago, a ansiedade da ideia de talvez não ter dito a verdade completa pra Silena. Não sabia se estava apaixonada por Percy, mas certamente pensava nele com mais frequência do que gostaria. Talvez passasse depois que finalmente fosse pra cama com ele, mas talvez fazer isso não causasse nada além de uma piora na situação. Os fatos eram que tinha consciência de que as coisas estavam saindo de seu controle, caminhando pra uma direção perigosa. Precisava ignorar o que estava sentindo. A forma como sentia falta dele, do cheiro dele, a frequência com que pensava na noite em que dormira no quarto dele. Necessitava desesperadamente tirar o garoto de sua cabeça, não havia outra opção.  

E apesar de não gostar muito da ideia, sabia exatamente como fazer isso.  


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Notas finais do capítulo

vocês repararam que a capa da fic mudou? aquela outra tava mto mal acabadinha, papai do ceu
recebi algumas mensagens perguntando se eu que faço as capas e SIM gente, eu que faço e aceito encomendas! cobro super baratinho

ATENÇÃO!!!!!!!!!!!!
eu tive um surto psicótico onde pensei numa história completamente do nada, já tenho uns três capítulos escritos
queria saber se vocês teriam interesse de ler uma fanfic percabeth situada no universo da trilogia A Seleção, da Kiera Cass, por favor me deixem saber ♥
obrigadinho pela leitura, beijos de luz a todos e até o próximo cap



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