Uma Era De Ordem E Honra escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 19
18. Nós faremos tudo, não importa o que seja, para conseguir o que desejamos, temos orgulho, mas iremos o ferir com honra.




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Os lords do conselho foram chamados, e depois que todos chegaram, os dez foram convidados a entrar na sala dourada, onde o marquês e a marquesa já estavam sentados em seus lugares os esperando.

Iniciou então um longo e imutável processo de saudações, elogios e bajulação mentirosa. Alfred e Elizabeth duvidavam que os lords soubessem o motivo para essa convocação, no máximo eles poderiam imaginar que envolvia a Paz de Paris, a crise causada pelo rei, Lord Bute ou guerra. Mas se era assim que pensavam, eles estavam enganados.

  — Mas bem, meu marquês. Qual o motivo da reunião? Geralmente elas acontecem na sexta-feira, não na quinta.— Depois das saudações, Lord Kent, como sempre, foi o primeiro a falar.— Isso acontece apenas em momentos urgentes.

  — Isso envolve Lord Bute?— Todos na sala olharam para o barão York, sua pergunta foi muito... ao ponto. Mas seriamente Alfred balançou a cabeça negativamente.— O que seria então?

  — Milordes, é do conhecimento de todos que minha família é impopular na Inglaterra, para falar a verdade ela nunca foi popular...— Alfred foi interrompido, o fazendo suspirar.

  — O período de maior popularidade dos Tudor-Habsburg foi nos dias de William e Catherine, os avós do marquês.— O visconde Ormond que lhe interrompeu, lembrando a todos desses primeiros dias dos Tudor-Habsburg.— Foi uma grande era.

A sala ficou em silêncio depois dessa fala. Elizabeth olhou para Alfred com um olhar preocupado, ela tentava encontrar nele alguma irritação, mas o marquês estava estóico, olhando para todos. Olhar esse que foi interrompido pelo conde de Berland:

  — Peço perdão, meu marquês. Mas popularidade nunca foi uma grande preocupação para sua família. Por que nos reunir para discutirmos sobre isso?

Alfred olhou para o conde seriamente, fazendo o lord desviar a cabeça e esperar pela fala do marquês.

  — A família Tudor-Habsburg realmente nunca esteve no coração do povo, e não é como se isso fosse importante, mas milordes, precisamos de alguma popularidade. O que aconteceu com minha mãe, a marquesa Anne, na guerra anterior, foi uma prova disso.— Era necessário mostrar as pessoas que eles tinham algum valor.— Gostaríamos então de pedir que os milordes, com toda a sabedoria, nos aconselhasem sobre o que fazer.

  — Ah, é apenas isso?— Lord Kent falou quase que zombador, mas ainda assim rindo. Exteriormente, Alfred não esboçou reação, mas debaixo da mesa, ele apertou a mão de Elizabeth, pedindo sua força.— Eu não me envolvo muito com essas coisas, geralmente é Elizabeth. Mas mande reforma uma igreja, todos vão aplaudir.

  — Devíamos talvez ter chamado Lady Kent, então.— Sem olhar diretamente para o conde, o barão Hartford respondeu.— É necessário mais do que construir igrejas para ter popularidade milorde.

  — Você sugere o que, Hartford?— Agora foi o barão York que respondeu o barão mais velho, e muito irônico.— Até onde sabemos, é Lady Hartford que cuida dos assuntos filantrópicos dos Danver.

 — Realmente, eu deveria ter chamado Elizabeth, ela iria saber o que fazer.— O velho Hartford respondeu York com toda a sua ironia.— Todas as nossas esposas entendem mais sobre o assunto do que nós mesmos.

Alfred fechou os olhos ao ouvir essa... acusação de Hartford contra os outros. E assim iniciou-se uma briga entre eles, Kent, Berland, York e até mesmo Cambridge se levantaram. O marquês apenas balançou a cabeça e suspirou, isso era degradante.

  — Não devemos intervir, Alfred?— Elizabeth perguntou preocupada, e essa preocupação era visível em seus olhos.— Tenho medo que eles façam algo perigoso.

Olhando para ela, Alfred abriu a boca para falar mas...

  — Eu concordo... Blanche sempre envia leitões para as famílias mais necessitadas da vila perto de Mayler Hall...— Lord Rochford usou porcos como exemplo? Alfred balançou a cabeça.

  — Devemos deixa-los assim, dessa forma eles gastam as energias, e será mais fácil influência-los depois.— A marquesa engoliu em seco, não acreditando muito no marido. Alfred a olhou de lado.— Você discorda?

  — Eu...

 — Talvez, mas todos os meses eu envio libras e libras ao o Foundling Hospital, para as crianças enjeitadas!— Muito bonito a ação de Cambridge, mas era preciso falar alto assim?— E Louise nada tem a ver com isso!

  — Minha teoria é que o visconde está com raiva hoje.— Se aproximando de Elizabeth, Alfred comentou baixo, quase sorrindo. Ela não conseguiu aguentar e riu baixinho.— Geralmente ele é melhor do que isso.

O riso baixo de Elizabeth ganhou mais força, tanto que passou a ser audível. Chamando a atenção dos lords, eles pararam de discutir, apenas para olhar a marquesa e sua risada.

  — Perdão, milordes. Eu me distrai.— A risada acabou, e Elizabeth começou a corar de vergonha. Então ela olhou para Lord Shaftesbury.— E o senhor, Lord Shaftesbury? O que acha que devemos fazer?

  — Devemos sentar, nos acalmar e discutir como pessoas civilizadas.— Isso foi o suficiente, o conde era o maior nobre do conselho e sua voz era a mais importante. Todos os que estavam em pé sentaram.— Muito bem. Meu marquês, o senhor então procurar dar uma ajuda mais... consistente, se não estou enganado.

  — Certamente, Lord Shaftesbury. Os Bristol já dão esmolas, reformam igrejas, prédios públicos, casas e dão leitões a aldeões.— E Alfred fez questão de olhar para cada um dos lords, friamente, apenas para chegar no conde e suavizar o olhar.— Não pretendemos parar de fazer essas coisas, mas desejamos mais.

  — Talvez até usarmos a Semana Santa, que está se aproximando, para fazer algo a mais.— Elizabeth completou Alfred, e ele assentiu. As esmolas não estavam sendo o suficiente.

A sala entrou em um grande silêncio logo em seguida, todos os lords pareciam estar pensando, ou pelo menos a maioria parecia.

  — O Foundling Hospital está sempre precisando de ajuda.— Agora mais contido, o visconde Cambridge deu a sugestão.— A marquesa Catherine foi uma das matronas no início, talvez esteja na hora dos Bristol voltarem sua atenção novamente para lá.

  — Quando viva, Susan gostava de ajudar novos escritores, arquitetos, pintores e marceneiros, ela ajudou Thomas Chippendale.— Antes que Alfred pudesse responder o visconde, Lord Shaftesbury o interrompeu com uma sugestão.

  — Pensamos em também ajudar o fundo de ajuda as viúvas e órfãos, o fundo das crianças enjeitadas, o fundo das mães solteiras, o hospital dos doentes mentais, e também o hospital dos soldados feridos e aposentos.

Os milordes assentiram para as palavras de Alfred, assim como voltaram a falar ao mesmo tempo sobre o assunto, mas agora sem discussão alguma.

  — Talvez seja bom reviver uma antiga tradição.— Por fim veio a sugestão de Lord Ormond, ele falava de?— Uma tradição austríaca, que caiu em esquecimento durante a marquesa Anne.

Alfred apenas se lembrava de uma tradição austríaca que sua mãe deixou morrer por livre e espontânea vontade. Lord Ormond falava sério?

— E o que seria, milorde?— Alfred fez uma careta ao ouvir a pergunta de Elizabeth, ela iria morder a língua assim.

*****

31|03|1763 Capela Real, Palácio de Hampton Court

Era a Quinta-feira Santa, e a Capela Real do Palácio de Hampton Court estava cheia de pessoas pobres e comuns. Era mendigos, tanto jovens como idosos. Todos haviam sido trazidos a Hampton Court. Eles foram lavados, suas roupas trocadas, e um farto almoço foi servido a todos eles. Tudo por um pingo de popularidade.

A séculos os Habsburg da Áustria mantinham uma tradição existente desde a Era Romana, tradição essa que durante a Era Medieval ganhou muita força, por conta do forte catolicismo da época, mas que se perdeu com os anos que sucederam a Reforma Protestante. 

Todos os anos, na Quinta-feira Santa, os imperadores e imperatrizes do Santo Império, pelo menos os que eram da casa dos Habsburg, traziam a Hofburg mendigos idosos, eles eram tratados, eram dadas moedas de ouro e seus pés eram lavados pelos próprios soberanos, a exemplo de Cristo.

Essa cerimônia era uma lição de humildade, e talvez tenha sido por isso que a marquesa Anne tenha deixado ela de lado. Era no mínimo... Alfred não tinha palavras para descrever na verdade.

  —... Amém!— Todos na capela repetiram a última palavra da oração feita pelo reverendo, mas não era como se houvessem muitas pessoas na capela.

  — Vamos lá, Alfred?— Alfred ficou parado em seu lugar, apesar do chamado de Elizabeth. Estava fora de suas capacidades se voltar para trás.— Alfred?

Elizabeth pegou no braço de Alfred, o fazendo olhar para ela e sorrir, ele ao menos conseguia fazer isso.

  — Sim, Elizabeth? Já está na hora?— Ela sorriu e assentiu. Alfred não queria, ele realmente não queria, mas mesmo assim olhou para trás, vendo todas aquelas pessoas.— Então vamos.

Com os braços de Elizabeth entre os seus, os dois caminharam para o fundo da capela, onde os mendigos estavam posicionados em duas filas, prontos para receber algumas moedas de ouro e um sorriso.

O estômago de Alfred não parava quieto. Não era nojo, e estava muito longe disso. Alfred sabia muito bem o que essas pessoas passavam, como elas sofriam e eram rebaixadas pela sociedade. Mas ele ainda tinha sido criado como um príncipe, a pessoa com menor status que Alfred já falou foi um cavalheiro, e os seus sentimentos de pena não negavam a sua criação.

  — Não sei como Maria Theresa consegue fazer isso todos os anos.— Não tirando o sorriso do rosto, Elizabeth comentou. Era reconfortante saber que não era apenas ele que pensava assim.

— Você iria ficar ofendida se...— Eles chegaram na frente de Lady Knolly, que tinha consigo as bolsas de moedas, todas feitas com veludo vermelho.—... se apenas você falasse com eles? Eu iria ficar um pouco atrás.

Elizabeth deixou uma das sacolas cair na bandeja, fazendo um estridente barulho resoar pela capela. Ela olhou para Alfred, com um semblante quase assutado.

  — Você quer me jogar aos leões, Alfred?— Elizabeth falou com um sorriso e um riso, mas que saiu tenso e apreensivo.

 — Os mendigos...— Elizabeth balançou a cabeça, estava muito alto. Então Alfred parou e abaixou sua voz.— Os mendigos não são leões, em comparação com a aristocracia, são cordeiros para você.

Olhando atrás de Elizabeth, era possível para Alfred ver que eles estavam ficando impacientes. A marquesa também percebeu, por isso mesmo pegou logo uma das sacolas.

  — Certo, tudo bem!— Elizabeth suspirou e se virou em direção aos mendigos com um sorriso no rosto.

 — Eu estou atrás de você.— Alfred percebeu que ela assentiu.

Então começou. Elizabeth perguntava o nome da pessoa, a idade, onde morava e lhe dava a sacola com um sorriso no rosto, enquanto atrás dela Alfred ficava sério e ocasionalmente sorria para alguém. E assim se foi. Alfred apenas se perguntava como seus irmãos estavam reagindo também.

Os outros três príncipes haviam sido enviados para Bristol, Chester e Plymouth, respectivamente para as propriedades de Bristol House, Amelian House e o quase esquecido, Josephean Hall. Henry, Anne e Amélia estavam passando pela mesma situação de Alfred e Elizabeth, mas o marquês desejava que eles estivessem melhor do que ele.

  — Espero que seja de muito bom uso.— Elizabeth sorriu e entregou a última bolsa para uma jovem garota, que retribuiu o sorriso para a marquesa, mas que simplesmente fez uma mesura respeitosa para Alfred. Ele não iria se ofender.— Pois bem, creio que acabamos aqui.

  — Realmente, que essa simples ajuda possa ser de bom uso para todos.— Com uma voz suave e cheia de doçura, Alfred falou para todos, se forçando a olhar novamente para eles.— Podemos ir agora.

Os mendigos fizeram uma mesura respeitosa, e o marquês e a marquesa saíram pela porta da capela logo em seguida. Havia acabado, por fim acabado. Ano que vem teria mais.

  — Você pode ficar mais tranquilo agora, Alfred.— Não era preciso Elizabeth repetir, Alfred suspirou aliviado assim que eles se distanciaram o suficiente da capela.— Você terá que se acostumar.

 — Oportunidades não faltarão.— Foi a simples resposta dele. A ajuda a hospitais, hospitais de crianças enjeitadas, de órfãos e toda a infinidade, não iriam deixa-lo esquecer.

  — E seus irmãos? Quando chegam?

 — A tempo do Domingo de Páscoa.— Pelo menos era para ser assim.

No dia seguinte Anne chegou, o que foi uma surpresa considerando que Cheshire era o lugar mais longe dos três. O que não foi uma surpresa foi o humor de Anne, que estava radiante como sempre.

  — Dou graças a Deus que acabou, assim como dou por nunca mais ter que passar por isso novamente.— Assim que saiu da carruagem, Anne já iniciou seu relatório, fazendo Alfred revirar os olhos.– Não tenho nada contra dar esmolas a quem precisa, mas é desconfortável ter eu mesma que fazer isso.

  — Que bom que você voltou Anne.— Alfred ofereceu seu braço a irmã, que aceitou.— E com bom humor.

Agora foi Anne que revirou os olhos. Os dois começaram a caminhar para dentro.

  — E onde está Elizabeth? Não, melhor ainda, onde estão Henry e Amélia?- Era algo que Alfred também queria saber. Eles iriam perder o serviço de Páscoa se demorasem muito.

 – Espero que estejam a caminho.— Foi vago, muito vago, Anne o olhou por um momento séria, mas Alfred simplesmente deu de ombros.— Você sabe como Henry é. Mas diga-me, como vai Amelian House?

Anne falou pouco, apenas que continuava como sempre, sem muitas mudanças. A única diferença era que as pessoas já se referiam a ela como duquesa de Mecklenburg-Strelitz, mesmo o casamento por procuração sendo apenas no próximo ano.

Mas e Henry e Amélia, onde estavam? Na casa de um amigo do primeiro. Os dois irmãos foram chegar em Londres faltando apenas poucas horas para o início do serviço de Páscoa em St. James. Foi um atraso de dias. E o pior foi que Henry chegou com um sorriso no rosto e vários comprimentos felizes.

Alfred não iria dizer nada, não faria nada, Henry iria fazer 21 anos em julho, ele já era grande o suficiente para saber se comportar como um homem feito. A Alfred sobrava apenas se preocupar, já que Henry iria acompanhar Anne para Strelitz, e ele tinha muito medo disso dar completamente errado. Se o navio não afundasse no mar, era Henry que iria.

*****

14|03|1764 Tudor House, St. James Square

  — Lady Rachel Somerset, apresentada pela mais nobre duquesa viúva de Beaufort...

 —... Lady Susan Congreve, apresentada pela mais honrada marquesa viúva de Nondell...

  —... Lady Louisa Everton, apresentada pela muito honorável condessa Everton...

 —... Lady Sarah Beckham, apresentada pela muito honorável condessa de Clasterberg...— Lady Sarah apresentada pela esposa de seu irmão, o 2° conde, na verdade.

  —... A honorável Jane Howard, apresentada pela muito honorável viscondessa Richmond...

—... A honorável Elizabeth Compton, apresentada pela muito honorável viscondessa Compton...

 —... A honorável Maria Pange, apresentada pela muito honorável baronesa Pange...

—... A honorável Charlotte Quenberry, apresentada pela muito honorável viúva baronesa Quenberry...— A irmã mais nova, muito mais nova, da condessa de Rochford.

  —... A honorável Mary Caroli, apresentada pela muito honorável baronesa Monmouth...

Depois que Lady Monmouth e sua filha mais nova fizeram uma mesura e saíram, Elizabeth olhou para frente, faltava pouco agora. Ela olhou para trás, para Alfred que estava em pé, e sorriu para ele. As damas logo iriam acabar.

Elizabeth havia decidido fazer um baile de apresentação a corte, no caso apresentação a marquesa, onde damas solteiras seriam apresentadas a ela, e Elizabeth iria ajuda-las a encontrar um bom marido, mas uma ajuda apenas para as damas que ela gostasse.

Acompanhadas pela mulher mais importante da família, as jovens damas, com suas belas roupas e suas joias de diamantes, caminhavam pela sala de estado em direção a marquesa, faziam uma mesura e Elizabeth beijava a buchecha de cada uma.

Planejar esse baile foi muito divertido, assim como foi muito bom decidir que os convites seriam pagos, com dinheiro sendo usado para apoiar hospitais de enjeitados em Liverpool e Bristol. Mas olhar para todas essas damas foi cansativo. Elizabeth já sabia o nome de todas, sabia o título de seus pais e também sabia que algumas delas já estavam noivas, como Lady Louisa Everton com George Ives, o novo 5° barão Wiston e Lady Sarah Beckham com Edmund Brocket, o filho mais velho de Sir Holland Brocket, 2° baronete.

  —... A Srta. Charlotte Ollev, apresentada por Lady Ollev ...- A irmã mais nova de Lady Knolly foi a última, haviam acabado as apresentações pelos próximos dois anos.

O baile agora poderia se iniciar, ou melhor, ele poderia iniciar depois do jantar. Todos na sala foram levados a sala de jantar, onde algo seria servido.

  — Você vai realmente arranjar um marido para elas?— Na caminhada em direção a sala de jantar, Alfred fez essa pergunta em um tom baixo.— Não acho que isso possa dar certo.

  — Todas elas estão aqui para isso, então vou conceder o desejo delas.— Na verdade conceder o desejo de algumas delas, Elizabeth se recusava a arranjar casamentos para cento e doze jovens. Mas a expressão de Alfred não ficou menos preocupada, então Elizabeth sorriu.— E não se preocupe, Alfred, irei apenas aconselhar, se a família não desejar, não acontecerá.

  — Não é essa a minha preocupação.— E qual seria? Alfred olhou para trás, e Elizabeth o seguiu, eles olhavam para os Ollev. Era isso então.— Agora sabe qual a minha preocupação?

  — Entendo. Não se preocupe também com isso.— Elizabeth então abaixou um pouco a voz.— Não vou casar uma dama com alguém muito superior a ela, a Srta. Charlotte Ollev no máximo será uma condessa.

Essa era a filosofia de Elizabeth, e ela nunca a iria deixar. Casamentos desiguais só poderiam trazer problemas, ansiedade e mais problemas. Elizabeth tinha propriedade para falar assim, não era bom um casamento onde você é inferior, ainda mais quando se é mulher, e assim você é duplamente inferior.

O jantar aconteceu como todo jantar na vida de Elizabeth, sem qualquer acontecimento digno de nota. E depois, o baile se iniciou com suas bebidas, danças e conversas.

A marquesa de Bristol ficou em um lugar mais afastado, apenas observando, junto de suas damas, as danças dos jovens casais. Elizabeth até que desejava dançar também, mas essa não era uma dança que mulheres casadas dançavam. Ela teria então que se contentar com as conversas.

  — Olhem, aquele não é o novo duque de Portland!? Ele não deveria estar de luto pela morte do pai!?— Elizabeth suspirou cansada ao ouvir a escandalizada Blanche Parker, a condessa de Rochford.— Pobre da duquesa viúva. Se um de meus filhos fosse assim, seria um desastre.

  — A milady diz isso, mas ocupa o lugar da duquesa na casa da marquesa.— Lady Eugenie comentou um ótimo ponto, Elizabeth quase não conseguiu segurar o sorriso.

  — Certamente, Lady Eugenie, mas não sou insensível ao sofrimento dos outros.— Lady Rochford respondeu séria, mas com uma grande frieza, talvez ela e a marquesa Anne tenham andando juntas por muito tempo.– E...

Mas a condessa parou de falar, ela viu uma pessoa e essa pessoa lhe interrompeu:

  — Minha marquesa! Minha marquesa.— Elizabeth fechou os olhos fortemente ao ouvir essa voz atrás de si. Era Lady Everton, que vinham arrastando consigo Lady Louisa de uma lado, e Lord Wiston do outro. Lady Everton iria derrubar alguém assim.– Estou muito feliz que consigui a encontrar, minha marquesa. E a senhora está radiante, por sinal.

Elizabeth colocou um sorriso agradecido no rosto, Lady Everton não era uma pessoa desagradável, mas era muito... expansiva, ao extremo.

  — Eu agradeço, milady. Mas qualquer mulher pode ficar radiante com diamantes. Então devo dizer que Lady Louisa é a verdadeira beleza nessa noite.— A condessa Everton sorriu agradecida, enquanto a sua filha corou. Mas era uma verdade, Lady Louisa tinha claramente a beleza dos Everton, mas Elizabeth esperava que não o "temperamento" dos Vane.— A milady deseja algo?

A condessa riu dessa pergunta, e por educação Elizabeth também. Mas ela queria logo saber o que Lady Everton desejava, assim a condessa iria embora mais rápido.

  — Minha senhora é tão inteligente. Mas sim eu desejo.— Elizabeth assentiu mostrando curiosidade no rosto, mas na verdade desejando desesperadamente que a condessa falasse.— Não sei se minha senhora já sabe, mas logo minha filha será baronesa Wiston.

  — É mesmo? Que alegria!— Era impossível não perceber isso, Lady Everton segurava o jovem barão como se ele fosse um grande prêmio.

 — Realmente é, por isso Carl e eu gostaríamos que minha senhora desse sua benção ao casamento.— A benção de Elizabeth? Que valor isso tinha se eles já iriam se casar?

Mas se era o desejo da condessa, Elizabeth aceitou, mesmo sendo muito constrangedor fazer isso. E esse constrangimento ficava muito visível ao olhar a expressão de Lady Louisa, a pobrezinha estava vermelha como uma tomate, tanto que Lord Wiston a levou ao jardim, para tomar um ar fresco.

  — Não são lindos juntos?— Assim que os dois saíram, Lady Everton perguntou com um grande sorriso.

 — Certamente que são.— Apesar de seu sorriso, Elizabeth não conseguiu dessa vez falar alegre. A marquesa olhou para um lado do salão de bailes, e depois olhou para o outro.— Eu terei que me retirar, milady. Acho que vi o marquês.

Antes mesmo que Lady Everton pudesse falar algo a mais, Elizabeth saiu de perto dela. E como foi dito, a marquesa começou a discretamente procurar Alfred e depois Henry, quando o primeiro não foi possível, mas no final Elizabeth teve que ir para perto de Amélia. Isso sim foi uma surpresa para ela, a jovem princesa estava sentada sozinha em um banco, observando os casais dançando.

  — Amélia!?— Isso só poderia ser um erro, ela não poderia estar sozinho. Amélia olhou sorrindo levamente para Elizabeth.— Você não deveria estar dançando?

Mais especificamente dançando com o príncipe William. O sorriso da jovem princesa morreu e ela voltou a olhar para os casais dançando.

  — Deveria sim. Mas William tirou a condessa viúva de Waldegrave para dançar, e agora eles não se separam mais.— Era isso então. Pobre Amélia, estava passando pela primeira experiência de ciúmes. Amélia suspirou olhando os casais.— Acho que ele gosta dela.

Elizabeth não consegiu segurar e deu uma pequena risada, Amélia estava sendo dramática falando assim, talvez fosse apenas mais uma das conquistas do príncipe.

  — Minha querida Amélia, não se preocupe tanto assim. Deve ser apenas...— Mas antes que Elizabeth pudesse falar mais, Lord Clasterberg a interrompeu, ele disse que o marquês a chamava no escritório.

De início Elizabeth não entendeu bem o porquê, mas mesmo assim ela foi para o escritório. E ela muito se surpreendeu assim que entrou. Alfred estava muito afastado, com uma das piores expressões que ela já viu em seu rosto, mas ele não estava sozinho, mas sim com Henry e... Lady Rachel Somerset?

  — Alfred? O que está acontecendo aqui?— Elizabeth trouxe a atenção de Alfred para si. Ele a olhou estóico, com os olhos completamente cheios de descontentamento.

  – Elizabeth, você não pode imaginar o que Henry nos fez.

Henry? A marquesa olhou para o segundo príncipe, ele segurava a mão de Lady Rachel. Os olhos de Elizabeth se arregalaram. Não poderia... ou poderia?


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