Uma Era De Ordem E Honra escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 16
15. Pessoas são difíceis, algumas são fáceis, mas difíceis, outras são escandalosas, mas odeiam escândalos.




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Elizabeth teve um problema na sua gravidez enquanto ela estava em Amelian House, a casa de inverno da família, então, aconselhados pelo médico, eles voltaram para Hampton Court e com isso Elizabeth entrou em reclusão mais cedo.

Esse era o pior período da gravidez na opinião de Elizabeth, ter que ficar trancada em seus aposentos, ter suas saídas limitadas, tudo era tão cansativo e quieto. Mas durante esse período, Elizabeth ganhou finalmente suas damas de companhia, que demoraram mais do que o normal para serem escolhidas.

Lady Margaret Bentinck, a duquesa de Portland, seria a primeira dama da marquesa; Clare Banbury, a condessa de Knolly, seria a dama das vestes; Lady Elizabeth Owen, a viscondessa Kensington, a camareira-mor; Sarah Gray, a baronesa Gray; Lady Jane Windsor, a baronesa York; e Beatrice Brosbank, a agora baronesa Eugenie, seriam suas damas do quarto.

Em 22 de março, Elizabeth finalmente deu a luz, era mais uma menina, a terceira. Foi a vez de Alfred escolher seu nome, e ele escolheu Charlotte Rose Sophia Josepha. A Inglaterra tinha mais uma Charlotte, e mais uma Rose, tanto a pequena Elizabeth, Elizabeth Rose Amélia Jane, como Katherine, tinham o nome Rose, Alfred dizia que era porque elas eram as mais belas rosas do grande jardim europeu.

Era poético, muito poético. Mas isso não disfarçava a situação deles. Era três filhas, princesas, não havia um príncipe, um conde de Rivers, não havia um herdeiro. Eles tinha um problema, e Elizabeth agradecia muito por Alfred estar sempre disfarçando que dava importância a esse problema.

  — William nunca realmente deu importância a essa coisa de política, ele... minha senhora parece distraída.— Elizabeth balançou a cabeça e olhou para a duquesa de Portland, que sorria gentilmente.

  — Perdão, duquesa.— A dama mais velha riu levemente. Então para amenizar a situação, Elizabeth fez o mesmo.— Mas eu devo dizer que ainda estava ouvindo. A senhora falava sobre o duque, não?

  — Estava comentando como ele nunca mostrou interesse por política. Ele sempre preferiu ficar em casa com os filhos.— Que hoje em dia não eram mais crianças. Havia um sorriso de saudade no rosto da duquesa, mas então ela olhou para a marquesa.— E o marquês? Ele é um homem de casa?

Mas que pergunta. Desviando levemente o olhar, Elizabeth tentou pensar. Alfred não era um homem apaixonado por política, mas ele ainda se envolvia no que acontecia no parlamento, na diplomacia, tudo que o rei fazia, Alfred sabia.

  — Não tenho muito do que reclamar de Alfred.— Elizabeth voltou seu olhos para a duquesa.— Ele nunca esquece de mim, nem de nossas filhas. Mas ele ainda é um príncipe, então dá muita atenção a Niedersieg.

  — Ah, Niedersieg.— Falando mais alto, a baronesa Eugenie fez com que todas olhassem para ela, mesmo com ela ficando levemente vermelha.— Como deve será, ser uma princesa, da realeza. Parece tão bom, mas ao mesmo tempo tão ruim.

  — Eu devo dizer que não é um sonho, mas ainda está longe de pesadelo.— Embora já tenha chegado perto. Elizabeth percebeu que novamente suas damas olhavam para ela, então ela sorriu.— Mas chega disso. Vamos falar de outra coisa talvez...

  — Casamento! Vamos falar de casamento, minha filha.— Por Cristo, isso não era bom. Era a condessa de Carlisle, e ela já chegou mostrando o que queria falar com sua filha.

  — Como assim casamento, mamãe? O meu é perfeito, não tenho nada a dizer.— Talvez fosse um exagero dizer isso, mas Elizabeth sorriu e falou da mesma forma. Sua mãe balançou a cabeça e tentou sentar ao lado do filha.

  — Perfeito? Que casamento é perfeito?

Nenhum realmente, mas Elizabeth poderia conversar sobre qualquer assunto com sua mãe, só que casamento não, esse assunto não era bom para falar.

  — Mamãe, a senhora não é a pessoa mais adequada para falar de casamento.— A condessa de Carlisle ficou imediatamente ofendida. Talvez Elizabeth fosse se arrepender depois, mas que seja.— Quando a milady passou de Lady Carlisle, para Lady Musgrave, mostrou isso.

Lentamente a condessa foi até o lado de Elizabeth, e sentando, ela ficou calada por um momento. Elizabeth não havia a perdoado ainda, nenhum dos filhos tinha feito isso. Ela havia se casado novamente, com um baronete, um... um historiador de arte. Lady Carlisle fechou os olhos, abriu e olhou para sua filha.

  — Que seja, Elizabeth. Não vou para uma guerra na qual estou em desvantagem.— E era uma desvantagem gritante. Com um leve sorriso agradecido, a marquesa assentiu para sua mãe.— Onde estão minha netas, se não posso ser mãe, serei avó.

  — Não fale como se estivesse muito ferida, mamãe.— Elizabeth falou ao mesmo tempo que sinalizava para que Lady Eugenie fosse buscar as jovens princesinhas.

  — Além do mais, foi a milady que procurou o escândalo. Como sempre.— Com um certo tom de deboche, a duquesa comentou o escândalo da condessa de Carlisle.— Perdão, não queria ofender.

Lady Carlisle deu de ombros, com um grande sorriso falso no rosto. Elizabeth sabia de uma coisa, isso ofendeu a condessa, sua mãe nunca foi muito bem aceita pelas altas damas da sociedade, e agora não seria realmente.

  — De fato, encontrei o que busquei.— Elizabeth sentiu nesse momento uma certa pena de sua mãe. Mas logo a condessa abriu a boca, e Elizabeth lembrou que de sua mãe não se sentia pena.— Você tem tantas damas, Elizabeth. Não vejo motivo para isso.

  — Mamãe, é assim que a casa da marquesa funciona. Você sabe disso mais até do que eu.— Mas a julgar pelo olhar de Lady Carlisle nas damas de companhia restantes, essa era uma forma de insulto dela. Ao perceber isso, Elizabeth balançou a cabeça.

  — Mas não deixa de ser muito grande. No meu pensamento a casa de uma dama deve ser econômica, não muito grande, e a senhora da casa deve sempre ser gentil.— "Tudo que ela sempre ensinou para suas filhas", Elizabeth pensou. Cada uma dessas palavras, sua mãe já havia dito. A condessa então olhou para as damas.— Um dia ainda irei escrever um livro para as jovens damas.

  — Não acho que a milady seja a pessoa mais adequada para fazer isso.— A duquesa de Portland avisou, mas a condessa de Carlisle simplesmente deu uma curta risada.

Elizabeth balançou a cabeça, sua mãe não era uma pessoa para se ter pena, ela sabia se defender, e fazia isso com muita força.

Lady Eugenie logo chegou com as três princesas, e a condessa foi as ver. Elizabeth sorriu ao ver isso, agora ela teria um momento de paz.

*****

  — Teatro? Bem, ainda é melhor do que um baile. Mas ainda assim Alfred, pode entrar qualquer um!— Alfred revirou os olhos, Anne já tinha começado com as reclamações.— Qualquer um. Quem vai estar lá?

  — Muitas pessoas. Como a realeza por exemplo.— Anne sentou na cadeira com um suspiro.— Não se preocupe, você vai sentar com a princesa viúva de Gales.

Dessa vez não foi apenas Anne que fez uma careta, mas Henry também. Alfred concordava que a princesa viúva não era a melhor companhia do mundo, e ele tinha muita pena da pobre Charlotte que tinha que aguenta-la, mas ainda assim, ele não queria ouvir mais uma reclamação de seus irmãos.

  — Vocês parecem que só sabem reclamar.— Com uma frustração que não queria mostrar, Alfred acabou por falar, fazendo seus irmãos olharam para.

  — Então porque você não vai? Não foi você o convidado, Alfred?— Henry falou irônico. Alfred odiava isso.— Não tem resposta?

Abruptamente Alfred se levantou de seu lugar e foi em direção a Henry, por um momento o irmão mais novo riu tenso, mas logo acabou quando Alfred passou por ele, e abriu a janela, para respirar. O marquês estava ficando estressado, e sem ar no processo, Henry deu um suspiro de alívio ao perceber isso.

Alfred ficou com a cabeça do lado de fora da janela por um momento, pelo tempo necessário para fazer ele recuperar o fôlego, ou pelo menos não desmaiar. Com mais um suspiro longo, Alfred voltou para seus irmãos, que olhavam para ele.

  — Foram dois minutos, ou melhor, quase dois minutos.— Como a informação de Anne era relevante? A princesa deve ter percebido o olhar de Alfred, ela voltou para seu lugar.— Bem, espero que eu e Henry não sejamos o motivo para isso.

  — Eu duvido muito que eu e você estejamos isentos de qualquer culpa.— Henry falou sorrindo para sua irmã.

  — Nossa única culpa é levar Alfred ao limite, não somos os causadores dos problemas dele. Digo, eu pelo menos não sou.— Com a sua arrogância características, Anne olhou para Henry, que a olhava também, mas divertido.— Você já é outra história.

  — Eu acho que vou eu mesmo então para o teatro.— Interrompendo qualquer discussão que fosse se iniciar entre Henry e Anne, Alfred disse logo o que estava pensando.

Os dois olharam surpresos para ele, ou talvez confusos, no momento não havia como diferenciar. Mas de qualquer forma, não era Anne que estava reclamando que eles iriam para o teatro? Agora seria Alfred. Henry e Anne se entreolham.

  — Perdão pela nossa confusão, Alfred. Fomos muito mal educados por reclamar.— Agora era Alfred que não estava entendendo Anne.— Mas não estávamos recusando.

  — Nós vamos para o teatro no seu lugar.— Henry completou Anne.— Não queremos lhe matar.

Asma não matava, pelo menos Alfred nunca ouviu falar de ninguém que morreu por uma falta de ar sem causa conhecida. Suspirando mais calmo, Alfred saiu de perto da janela, voltando para seu lugar.

— Apenas se comportem, e não façam nossa família passar vergonha.

Alfred olhou bem fundo nos olhos dos dois, não era apenas para Henry, ou só para Anne. Mas para os dois. Henry com suas palavras irreverentes e Anne com suas palavras arrogantes, tudo isso poderia fazer os Tudor-Habsburg pasarem vergonha. Já era difícil se afastar um pouco da imagem que a mãe deles havia criado, Alfred não queria mais dificuldade.

  — Somos Tudor-Habsburg, sinônimos da perfeição aristocrática. Não vamos fazer ninguém passar vergonha.— Henry que falou, e falou sério.— O que foi?

  — É tão irônico você falar isso, Henry. Sendo que é você o principal...— A princesa balançou a cabeça. Alfred realmente tinha medo em deixar os dois sozinhos, era impossível saber o que iria acontecer.— Foi apenas para isso que você nos chamou aqui, Alfred?

  — Vocês estão me ajudando, e ajudando nossa família no processo, então não é só um apenas, Anne.— Alfred levou a mão até sua testa, dor de cabeça agora? Anne revirou os olhos.— Considerando isso, podem voltar a fazer o que... qualquer que seja a coisa que vocês fazem para passar o dia.

Ler, jogar, estudar, pintar, ser maldosa, inconveniente, e todas essas coisas que Alfred estava acostumado a ver seus irmãos fazerem. Por falar nisso, logo ele iria ter que visitar Elizabeth.

  — Hoje você está muito estressado, Alfred. Maria Theresa não mandou suas tropas invadirem Niedersieg novamente não, né?— Alfred fez uma careta só de imaginar isso. O principado não tinha nem mesmo se recuperado.— Você sabe de alguma coisa, Henry?

Olhando para o irmão mais novo, Alfred balançou a cabeça. Se Henry falasse algo, ele iria ver só.

  — Eu não sei de nada.— Lentamente Henry respondeu olhando para a irmã. Mas ele manteve essa palavra só enquanto Alfred manteve a cabeça em pé. Quando o irmão mais velho se apoiou na mesa, ele abriu a boca.— Sei apenas que ainda somos impopulares em um grau alarmante.

Henry não sabia manter a boca grande dele fechada não!? Anne ouviu isso com horror. Quando Alfred levantou novamente sua cabeça, a expressão de Anne era a mesma de uma pessoa que perdeu uma competição.

  — Como assim, Alfred!? Então Eu desperdicei várias noites em bailes?

  — Eu não tenho a obrigação de falar nada a ninguém.— Levantando-se de seu lugar, Alfred falou.

Ele não iria mais ficar nessa sala, a reunião estava acabada. Alfred foi então em direção a porta, a abriu e saiu, para o seu azar, Anne o seguiu, junto de Henry.

  — Tem sim, eu trabalhei para esse família. Sorri quando era necessário, aguentei assédio de pessoas.— Anne estava muito irritada, mas não era só isso que envolvia.

  — Não foi só você que trabalhou, Anne. Eu, Elizabeth, Henry.— Entrando no hall principal, Alfred foi em direção a escadaria.— Amélia, até a pobre Amélia trabalhou.

Anne então parou em seu lugar, ela havia sido derrotada. Alfred continuou seu caminho até a escadaria, rumo aos aposentos de Elizabeth, lá estaria certamente mais calmo do que em qualquer outro lugar.

Finalmente ele chegou nos primeiros degraus da escada, mas novamente Anne falou, fazendo Alfred parar.

  — Quem de nós é mais popular?— Que pergunta... Alfred olhou para sua irmã, que agora havia corrido para a escada também. Alfred balançou a cabeça. Isso importava?— Importa sim, Alfred. E muito.

  — Quem você acha, Anne?— Alfred voltou a subir, deixando Anne por um momento a pensar. Era tão difícil assim. Anne olhou para Henry.

  — Começa com Eliza e acaba com Beth.— Ainda tentando manter o bom humor, Henry falou. Mas não foi o suficiente, Anne seguiu o irmão.— Anne de que isso importa!? Desde quando você liga para o que as pessoas simples pensam?

Mas Anne virou no corredor que dava na escada. Henry ficou parado em seu lugar. Com um suspiro e um dar de ombros ele desceu, não era problema dele.

  — Alfred! Alfred!— O marquês fechou os olhos fortes ao ouvir os gritos da irmã. Ninguém simplesmente poderia o deixar em paz?

  — Tudo isso é inveja, Anne?

 — Inveja? Eu não tenho inveja de ninguém. É uma questão de orgulho, honra.— Por fim, Anne conseguiu alcançar seu irmão, Alfred parou e olhou para ela.— Eu gosto muito de Elizabeth, mas eu não posso simplesmente aceitar que ela... ela seja considerada uma princesa melhor. Alfred, Elizabeth é apenas uma...

Uma o que? Anne nunca iria acabar essa frase. Nesse mesmo instante, a condessa de Carlisle saiu pela porta do quarto de Elizabeth, com um sorriso nos rosto, um que morreu ao ver Alfred. Mas a condessa continuou seu caminho, vindo em direção a eles.

 — Sua Alteza Sereníssima.— A condessa fez uma mesura para Alfred, e logo em seguida uma mais simples para Anne. Alfred assentiu.

 — Lady Musgrave. Perdão, Lady Carlisle.— A condessa fez uma careta ao ouvir o primeiro nome.— Veio nos visitar?

 — Vim visitar minhas netas, Sua Alteza Sereníssima.— Anne assentiu. Então a condessa olhou para Alfred, calado até agora.— A cada dia mais belas.

O marquês sorriu agradecido, ou melhor, Alfred fingiu um sorriso agradecido. De forma como essa mulher falava com ele, era impossível sorrir de verdade.

  — A cada dia vejo minhas três rosinhas se tornando belas rosas Tudor-Habsburg.

 — Claro.— Foi a resposta que a condessa deu a Alfred, antes de fazer novamente uma mesura.— É uma pena que terei que me despedir.

Os dois irmãos assentiram, e a condessa, que agora não era mais uma condessa, continuou seu caminho pelo corredor. E quando ela sumiu, Alfred deu um rápido olhar em Anne, que dando um suspiro, também saiu.

  — Você vai para onde, Anne?

— Procurar, Amélia. Preciso que ela escolha um vestido para mim.— A princesa nem se virou.

Com mais um longo suspiro, Alfred se virou e foi em direção ao quarto de Elizabeth. Ele queria calma, amor, paz, sua esposa e suas filhas. Bem longe dos seus problemas.


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