Uma Era De Ordem E Honra escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 14
13. Ela é como qualquer outra mulher alemã, ou pelo menos, não é uma grande beleza.




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O rei está morto, vida longa ao rei! Em 25 de outubro de 1760, essa mensagem chegou em Hampton Court, e depois saiu em direção ao resto da Grã-Bretanha, e do mundo.

O Reino da Grã-Bretanha, e o Reino da Irlanda, agora tinham um novo rei, um jovem, forte e realmente inglês. George III, pela Graça de Deus, Rei da Grã-Bretanha, França e Irlanda, o Defensor da Fé. Um novo rei, um novo período da Era Georgiana. Essa foi uma notícia recebida com muito agrado, principalmente para Alfred, ele tinham a sensação que essa seria a mais gloriosa parte do século.

  — Sua Majestade.— Mas outubro havia passado, assim como novembro, dezembro, e acabou o ano de 1760, iniciando 1761. Agora era setembro, faltava pouco para a coroação. Em resposta a Anne, George pegou levemente a mão dela e a beijou.— Não, você faz errado, é para beijar olhando nos tímidos e azuis olhos da princesa.

Por um momento o jovem rei ficou sem reação, mas ao observar o sorriso risonho de Anne, ele começou a rir, junto com os outros.

  — Anne está certa, Sua Majestade. Beije-a olhando em seus olhos.— Também sorrindo, Elizabeth também entrou na brincadeira, piscando zombeteira para George.— Eu pelo menos aprecio muito quando eles fazem assim.

Alfred não conseguiu segurar e riu, chamando a atenção de Elizabeth, ela parecia confusa no início, mas sorriu ao perceber que era apenas uma piada.

  — Tudo bem, vamos fazer novamente.— Limpando a garganta, George estendeu a mão para Anne, que lentamente e afetadamente aceitou.— Minha mais nobre, e amada princesa.

Delicadamente George beijou a mão de Anne, mas com um detalhe, ele a olhava nos olhos, não como um cavalheiro apaixonado, George abriu tanto os olhos, que estava parecendo um peixe. Risadas novamente tomaram de conta da sala.

  — Ela vai se apaixonar imediatamente, George.— Finalmente encontrando um espaço, Alfred comentou.

  — Bem, esse é o objetivo.— Divertido George respondeu, antes de olhar para Anne.— Eu passei no teste?

  — Eu... acho que estou apaixonada.— De forma teatral, Anne praticamente caiu nos braços de George. Ela então pegou o rosto de George, que ria.— Você iria acreditar se eu dissesse que estou apaixonada?

  — Mas é claro que acredito, afinal eu sou irresistível.— Seu tom irônico na voz era irresistível.

 — Como água no deserto.— Henry comentou alto.

George também riu, mas logo sua expressão voltou a falsa seriedade, com um tom de romantismo. Era como uma das peças antigas que eles faziam quando mais jovens, dava até saudade.

  — Desista dela, George. Vamos fugir juntos, para a Escócia. Lá podemos viver, como rei e rainha, e lá poderemos ter nossos... dezesseis filhos.

  — Dezesseis?— George perguntou rindo, mas visivelmente assustado e tenso. Ele soltou Anne, que rindo, foi em direção a um sofá.— Não é muito?

  — Ela está exagerando, Anne sabe que as mulheres de nossa família não conseguem ter tantas gestações assim. E os homens logo perdem o vigor.— Muito irônico Henry falou, indo para o lado de Anne, mas parando antes de sentar, ele olhou para Elizabeth.— Isso é para você, também.

O que exatamente Henry queria dizer com isso? Alfred fez uma careta para seu irmão. O simples fato de eles já estarem com a terceira criança a caminho não significava falta de vigor.

  — Você nos ofende assim, Henry. Eu mal de acostumei em ser pai de Katherine, e muito menos de Elizabeth,— O bebê que havia nascido em fevereiro.— e já tenho que me acostumar com o bebê que virá.

  — Nenhum de nós.— Falando mais séria, Elizabeth caminhou em direção a um assento.— Não tenho nem vinte anos e já vou ter três filhos.

Elizabeth fez uma expressão cansada, Alfred concordava com ele. Eles eram tão jovens, mas já tinham essa responsabilidade, era uma realidade muito comum, mas ainda assim, era muita responsabilidade.

O rei deu mais um rápido riso, antes de também ocupar o seu lugar. Esses curtos momentos de alegria, eram tão bons. Alfred sentia falta do tempo que eles poderiam conversar a qualquer momento, sem grandes responsabilidades.

  — Mas então, George, como é o peso da coroa?— Henry perguntou observando a sala, mesmo já estando nela várias vezes. Ele era tão conveniente.— Deve ser... uma loucura.

  — Isso eu não sei. Mas posso dizer que é horrível, eu não recomendo a ninguém, a menos que você ame muito servir.— George falou divertido, mas logo uma pequena careta surgiu em seu rosto.— É principalmente ruim considerando os ministros que eu tenho.

Agora não foi apenas George que fez uma careta, mas Alfred também. Os dois eram amigos, melhores amigos, mas em questões políticas, havia uma discordância. George, a pessoas, não o rei, tinha tendências Tory, muito influenciado por sua mãe e Lord Bute; mas Alfred era Whig, seguindo o exemplo de sua família.

  — Você fala de Newcastle? Ele fala de Newcastle, Alfred.— Fazendo de tudo isso uma zombaria, Henry começou a provocar. Alfred balançou a cabeça sem muita alegria, seu irmão mais novo parecia não se importar com nada.

 — Perdão por dizer isso, mas Newcastle e William Piit me cansam muito.

Com um suspiro, Alfred assentiu. Ele entendia, todos os políticos davam dor de cabeça, e também, Alfred não tinha culpa da criação de George.

  — Vamos mudar de assunto, por favor, política... política é para Westminster, não St. James.— Dando um sorriso doce no final, Elizabeth conseguiu um aceno com a cabeça do rei.— Creio que temos melhores coisas a falar.

  — Temos sim. A noiva de George. De onde ela é mesmo? É tão insignificante que eu esqueci.— Anne riu sozinha, isso não foi assim tão engraçado. Anne parou de rir e olhando para George, e o diminuto sorriso dele, ela percebeu seu erro.— Perdão, não era meu desejo ofender.

  — Ela é nossa prima, Anne.— Um pouco mais sério, Alfred frisou esse ponto a sua irmã, que suspirou impaciente.

 — Eu havia me esquecido desse detalhe. Nossa família é muito grande.— Ela respondeu entediada.

  — Mas...— Foi Amélia, que assim que abriu a boca, conseguiu atenção de todos na sala, mas ela não se incomodava com isso.— Eu também não me recordo qual a relação de parentesco que temos com a duquesa Charlotte.

  — É bem simples, Amélia. Qual parte da família aprendemos que não tem importância?

Tão irônico como sempre, Henry perguntou, fazendo a princesa mais nova se recordar facilmente, a duquesa era parente do pai deles. Se Alfred não estivesse enganado, a mãe da duquesa, era sobrinha da avó deles.

  — Por que Henry pode fazer piadas e eu não?— Mas esquecendo totalmente o assunto de antes, Anne perguntou uma pouco ofendida.

 — Por que as suas não são engraçadas.— Era simples assim para Henry.

Isso não impediu Anne de ficar irritada. Sua expressão ficou ofendida e ela se levantou, estava até demorando que que eles dois dessem início a diária seção de troca empurrões. Alfred olhou para George e balançou a cabeça negativamente, mas ao mesmo tempo divertido.

George retribuiu, mas então, Alfred se lembrou de uma coisa: deveria haver um motivo para George os chamar a St. James.

  — George, por que você nos chamou aqui?— Talvez ele tenha sido um pouco direto. Mas pelo menos Alfred conseguiu parar a discussão de Anne e Henry, assim como atrair seus olhares.— Perdão.

  — Todos nós já passamos dessa fase.— O jovem rei sorriu, mas havia um certo grau de ansiedade nesse sorriso. George respirou fundo e olhou para eles.— Eu tenho um pedido para fazer a vocês, envolve meu casamento.

 — Perdão, George, mas eu irei a Baltimore Abbey de qualquer forma, vou ter que perder.— Henry quebrou o pequeno silêncio que tomou de conta depois de George falar.

  — Você não vai fazer falta nenhuma.— Ainda olhando para George, Anne provocou o irmão.

  — As últimas notícias que eu recebi de Lord Harcourt diziam que eles estavam prestes a deixar Cuxhaven. Então logo a duquesa Charlotte e seu irmão, o duque de Mecklenburg-Strelitz vão chegar na Inglaterra.— George fez uma pausa.

 — Eu me pergunto, como será a duquesa Charlotte?— Elizabeth perguntou curiosa, talvez mais para si mesma do que para George.

  — Eu não saberia dizer. Sei apenas que a educação dela foi muito medíocre, muito semelhante a da filha de um simples cavalheiro.

Como seria uma educação "semelhante a da filha de um cavalheiro"? Era repreendor pensar assim, mas todos olharam para Elizabeth. Talvez eles que receberam uma educação boa demais.

— Certo, George. Mas que relação existe entre a chegada da sua noiva e nós?— Os olhos de Anne se arregalaram assim que ela acabou.

  — Vocês já estiveram em Essex?

Por Cristo. Com essa simples pergunta, George calou a sala, eles haviam entendido.

  — Que coisa, eu vou perder a praia.— Na incredulidade deles Henry ria da situação.— Boa sorte com a duquesa e seu irmão.

Alfred olhou para George, por que fazer isso com eles? Mas o rei simplesmente deu de ombros. Pelo menos eles seriam os primeiros a saber como era a princesa.

*****

07|09|1761 Witham, Essex

Em frente ao espelho, Elizabeth tentou sorrir naturalmente. Ela inclinou a cabeça para o lado, olhou mais para cima, depois mais para baixo e assim ela conseguiu manter a naturalidade no sorriso.

Alguns poderiam dizer que ela forçava o sorriso assim, ou que isso não era sorrir com naturalidade. Mas até mesmo um sorriso de verdade precisava ser treinado, precisava de prática, principalmente na sua posição.

Mas Elizabeth conseguiu, ela deu um belo sorriso. Então suspirando ela pegou seus brincos de pérolas e os colocou. Elizabeth estava ansiosa, ela não iria negar, a futura rainha da Inglaterra estava prestes a chegar, e junto dela estava seu irmão, um duque. Era a primeira vez que ela conhecia uma realeza sem ser a britânica, mesmo que um duque fosse inferior ao rei.

Não poderia sair feio, Elizabeth não poderia fazer feio. Ela suspirou, olhou no espelho, e novamente sorriu.

  — E você bebê, não me faça passar vergonha.— Dando um leve tapinha em sua barriga, Elizabeth falou com o bebê. Ela ainda estava na fase dos enjoos.— Se algo der errado, não vou ser apenas eu a prejudicada.

Não houve resposta alguma, mas era aquilo que se dizia, quem cala consente.

Colocando levemente a mão na boca, Elizabeth tentou não rir, mas isso era tanta tolice, ela falava com o que ainda nem mesmo havia nascido. Balançando a cabeça, a marquesa conseguiu espantar esses pensamentos e saiu de seu quarto, na casa do conde de Abercorn. E na escada, já estava Alfred esperando ela. Como sempre no horário certo.

  — Muito bem, Elizabeth. Você chegou no momento certo, foi ansiedade ou atenção?— Alfred perguntou estendendo a mão para Elizabeth, que aceitou.

 — Com toda certeza foi ansiedade. Você sabe que eu não sou pontual.— Elizabeth falou olhando para o final da escada, mas ela ainda percebeu Alfred assentir sorrindo.

  — Eu não vou dizer nada. Depois desse atraso do navio da duquesa todos os outros atrasos são mais suportáveis.— Apesar do atraso ser o resultado de uma tempestade, Alfred ainda ficou irritado.— Eu não me importo com os motivos, ficamos em Essex por tempo demais, e com Lord Abercorn mais ainda.

  — Lord Abercorn foi perfeitamente hospitaleiro conosco.— Chegando no final da escada, Elizabeth soltou o braço de Alfred.

  — E quanto a Katherine e Elizabeth?— Dando as costas para Alfred, Elizabeth apertou forte seus olhos com a pergunta dele.— Ficamos longe de nossas filhas.

Contra isso Elizabeth não tinha argumentos. Alfred passou na frente dela, indo em direção a saída, mas antes ele olhou para trás e sorriu provocador. Não podendo fazer nada contra, Elizabeth simplesmente retribui o sorriso e andou mais rápido até ele.

 — Você venceu então, Alfred. A duquesa Charlotte e seu irmão se atrasaram, e isso foi muito ruim.— Elizabeth pegou o braço de Alfred, o fazendo parar.— Mas houve a tempestade, ainda considero isso um bom motivo.

Agora foi Alfred que preferiu não responder, eles voltaram a andar. Logo os dois finalmente saíram da casa, e se posicionaram ao lado da composta Anne, que já estava esperando a princesa. E Elizabeth se surpreendeu com a presença dela, Anne não era a mais pontual da família Tudor-Habsburg, talvez esse fosse o único defeito que ela aparentava ter, mas hoje ela chegou antes até deles. E sua alegria era muito visível.

  — Sim, fiquem surpresos. Eu gosto quando deixo meus irmãos surpresos.— Tentando esconder sua satisfação, Anne colou uma mão na sua boca. Mesmo assim ela ganhou um revirar de olhos de Alfred.

  — Fazendo a mesma pergunta que eu fiz para Elizabeth, é ansiedade ou pontualidade?

  — Nenhuma das duas opções.— Anne respondeu tão orgulhosa, Elizabeth até sabia o motivo. "Uma Tudor-Habsburg, uma princesa Tudor-Habsburg, não ficava ansiosa pela simples visita da realeza como os Mecklenburg-Strelitz".— Na verdade, estou curiosa.

  — Curiosa?— Anne assentiu para Elizabeth. Agora era a marquesa que estava curiosa.

  — Desejo muito saber como eles são. A descrição de George foi tão vaga. E tenho certeza que apesar de ela ser nossa prima, ela não é como nós.— Suspirando, a jovem princesa respondeu, olhando em direção aos portões da casa do conde.

  — Muito diferente de nós eles não são.— Alfred comentou, se referindo a constituição física.

Anne balançou a cabeça. Não era exatamente disso que ela se referia. Talvez sim ela estava falando em parte da aparência, mas era mais no caráter, na personalidade da princesa, era em relação a essas coisas que Anne tinha mais curiosidade.

  — De qualquer forma, eu estou curiosa. É uma pena que Henry e Amélia não estejam aqui.— Elizabeth ficou levemente surpresa com o comentário de Anne, tanto que ela olhou para Alfred alarmada, essa não era Anne, ela estava com saudades de Henry.— Mas foi ele que preferiu ir para Baltimore Abbey, não sei que beleza tem aquela propriedade velha. 

Elizabeth suspirou aliviada, ainda era Anne sim, ela só foi um pouco mais doce.

  — Talvez porquê é uma herança de a Henry.— Pacientemente Alfred respondeu, Anne deu de ombros. Elizabeth ainda não entendia essa família, já fazia dois anos que ela estava casada, mas ela ainda se assustava com a frieza com que eles agiam.

Os três novamente voltaram a olhar para frente, para os portões, esperando a chegada da duquesa e seu irmão, junto com a comitiva. E para a alegria deles, logo um jovem criado veio correu até eles e gritou que a carruagem da duquesa já havia entrado na propriedade do conde.

  — Que emoção.— Sorrindo irônico, e também falando irônico, Alfred olhou para Elizabeth e Anne. Elizabeth imediatamente colocou um sorriso em seu rosto.— Como está o alemão de vocês?

Como assim o alemão?

  — Perfeito, como sempre.— Com um sorriso Anne respondeu, sem dar muita importância a pergunta. Como assim o alemão? Elizabeth olhou alarmada para Alfred, ninguém havia dito nada sobre alemão.— Não posso dizer o mesmo do alemão da sua mulher, nem do francês, italiano, holandês e... perdão.

Tentando fugir dessa situação, Elizabeth novamente voltou a olhar para a entrada. Anne sorriu levemente com a situação, era uma coisinha cheia de veneno ela. Elizabeth apenas esperava uma palavra de Alfred, ela pelo menos imaginava que ele estava decepcionado, o que era uma verdade.

  — Elizabeth, você não teve aulas de alemão?— Curioso, e muito contido, Alfred perguntou, Elizabeth acenou com a cabeça sinalizando que não.— Mas Lady Hastings...

  — Lady Hastings não ensina línguas, Alfred, mas sim etiqueta.— Elizabeth sorriu agradecida pelas palavras de Anne, mesmo ela sabendo que não foi por bondade.— A culpa é unicamente da família de Elizabeth, não me olhe assim.

  — Mamãe e papai nos deram uma educação invejável.— Até um pouco presunçosa, Elizabeth deu a Anne uma resposta. A única diferença entre as duas era que a educação de Anne foi perfeita, a de Elizabeth foi uma boa educação.

  — Nosso foco não é qual educação foi melhor.— Dando um último sorriso a Anne, Elizabeth parou e olhou para Alfred. Ele colocou a mão na cabeça e fechou os olhos por um momento.— Elizabeth você iria ficar ofendida se... eh, você não falasse nada? 

  — Agradeço pela sua pena.— Elizabeth consentiu em não dizer nada, ela não queria passar vergonha ao falar errado. Mas assim que ela acabou, um grupo de carruagem passou pelo portão. Um sorriso surgiu nos lábios de Elizabeth.— Eles chegaram.

Os três rapidamente de arrumaram em seus lugares. Sorrindo pacificamente para a princesa e seu irmão, o duque, mesmo que muito provavelmente eles nem mesmo estivessem os vendo. Quanto mais perto a carruagem da futura rainha se aproximava, mais Elizabeth sorria. Até que a carruagem parou em frente a entrada da casa.

O duque foi o primeiro a descer da carruagem, ao passo que Alfred pegou a mão de Elizabeth e os três de aproximaram da carruagem.

Estendendo a mão a sua irmã, o duque então ajudou a princesa Charlotte de Mecklenburg-Strelitz a descer da carruagem. E pela primeira vez, eles viram a sua futura rainha, a consorte de George. E... ela realmente era uma mulher alemã, comum.


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Notas finais do capítulo

E aqui eu acho que cheguei em um ponto polêmico, a rainha Charlotte. Eu imagino que quase todo mundo conhece a série da Netflix, Bridgerton, e quem assistiu sabe que eles têm a rainha Charlotte, mas ela é negra. Enquanto a minha é branca, "uma mulher alemã comum." Existe realmente uma teoria de que a rainha Charlotte fosse negra, mas eu fracamente não acredito nenhum pouco nela. E por vários fatores:

1° Mesmo que Charlotte realmente fosse descendente de uma "Moura", não entrarei nessa discussão, a palavra mouro não necessariamente significava que alguém era negro, na Idade Média os europeus usavam essa palavra para se referir a qualquer pessoa muçulmana, ou africana e... nem todo africano é negro... um mouro poderia até ser loiro com olhos azuis.

2° E mesmo que a ancestral fosse negra, existe séculos separando a ancestral da rainha, foram séculos cheios de casamentos com europeus alemães. Então é praticamente impossível que as características sobrevivessem durante todo esse tempo. Você não tem as mesmas características físicas do seu ancestral do século 16. Alguns monarcas europeus parecem com seus ancestrais, sim, de fato, mas tecnicamente todos os monarcas europeus são primos.

3° Esse é o ponto principal. Eu não acho que realmente fosse possível esconder, em uma sociedade preconceituosa em todos os sentidos como era aquela, uma rainha negra, ou até mesmo parda. Os cartunistas retratavam a realeza da pior forma possível, as vezes tendo relações sexuais e defecando, então eles dificilmente iriam deixar de lado uma característica "ruim" como ser negro.

Isso passa longe de ser um discurso racista, é mais um esclarecimento do que eu penso, quem lê pode pensar diferente, fica a consciência de cada um. A questão é que eu gosto de escrever pensando em se aproximar o máximo possível do historicamente preciso, e vou ficar com a versão oficial da rainha Charlotte. A rainha Charlotte de Bridgerton, é a rainha DELES, a que eu vou escrever é a minha e a dos historiadores especializados.

E só para constar, eu gostei muito da primeira temporada da série, embora não da segunda, e estou esperando a terceira, do meu casal favorito... vou tentar dar uma chance a terceira temporada.

* Gostaria também de deixar aqui um artigo, de uma historiadora britânica, que fala sobre o assunto. Existem muitas pessoas que pesquisam sobre o assunto em português, mas isso é a mesma coisa de deixar um francês explicar a Independência do Brasil. https://thecritic.co.uk/issues/february-2020/the-mulatto-queen/