Um Reino de Monstros Vol. 2 escrita por Caliel Alves


Capítulo 22
Capítulo 5: Semeando ventos - Parte 3




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A energia mágica de Tell fluía do seu corpo e era enviada a Saragat continuamente. Ele já se sentia cansado fisicamente. Como não havia realizado nenhuma magia que não a Cura Benedicta, o seu nível de energia ainda estava num limite seguro.

Argh, eu tenho que a-aguentar ou então o S-aragat vai morrer...

Suas mãos tinham câimbras e doíam. Estava sendo difícil controlar o fluxo mágico. Index voou e ficou de frente para o filho de Taran fazendo que não com a cabeça.

— O que foi, quer que eu o abandone aqui?

— Não, não é isso, veja...

Com o braço roliço, a criatura alada mostrou que o esforço do mago-espadachim estava sendo em vão, pois, o veneno do mantícora estava neutralizando também o fluxo energético do conjurador, impedido quaisquer efeitos de cura em seu corpo.

— Eu preciso continuar tentando. Aqui é Alfonsim, os alquimistas podem criar uma poção mágica que diminua ou corte o efeito da intoxicação.

— Tell, esse veneno também possui propriedades mágicas. Infelizmente você não tem conhecimento avançado em magia arcana para curá-lo a tempo, e nem energia mágica para mantê-lo estável até a chegada de uma equipe médica...

— Então a melhor opção para você é deixá-lo morrer sem nenhuma esperança, não é?

Em volta deles, os monstros rasgavam a goma-dourada que se desintegrava com a água da chuva e subiam pelos ares ao encontro de seu capitão.

Ah, não, a água dissolve a goma!

Antes que os pensamentos do garoto pudessem ser organizados, ocorreu um estrondo. Da direção do bosque, uma aura de energia mágica varreu toda a cidade.

— Arf, mas essa agora?

Tump-tunc-tump, como se estivesse a ocorrer um terremoto, o chão tremia.

— Tell, o que é isso?

— Eu não sei, Index. Parece que algum monstro tá usando a conjuração Ímpetus.

— Não, isso não é um monstro.

— E como é que você sabe?

— Essa coisa não tem a essência monstruosidade dentro de si!

***

Ele ria, embora estivesse prestes a cometer um genocídio. Os seus olhos estavam tão fixos no objetivo que nada mais importava para ele. Sua mente ecoava um único mantra: “Mate os monstros”. Do alto do DEM ele comandava o constructo.

Deus Ex Machina tinha cerca de quinze metros de altura. Uma máquina movida à energia mágica com formato humanoide. Em todo o seu corpo havia sinais cabalísticos em baixo relevo vermelho-brilhante.

Feito em bronze e revestido com aço cromado, o constructo tinha uma escotilha de cristal no peito, onde abrigava sua fonte de energia infinita: a Pedra Filosofal.

— Venham, seus desgraçados, está na hora de todos vocês irem para o inferno!

Com ambas as mãos apoiadas num painel de controle, Verdramungo o controlava habilmente. Duas esferas telemágicas com selos transmitiam os comandos. Assentado numa poltrona, o conde operava e analisava todo o corpo do DEM. Nada era obstáculo em seu caminho, nem o bosque, nem a floresta de concreto e aço.

— Comandante-geral, nossos gráficos...

— Ora, cale-se, seu imbecil!

O militar desligou todos os telemagos que transmitiam a central de monitoramento no velho hangar e acionou o telemago externo com viva-voz.

— Simpatizantes da Horda. Admiradores dos falsos deuses. Bestas irracionais conhecidas como monstros... no fundo vocês são todos iguais. A Segunda Grande Guerra termina hoje, curvem-se perante mim...

Fush, uma esfera de energia atingiu a cabeça do DEM. A cabine bamboleou um pouco até que Verdramungo pudesse firmá-lo outra vez. Cora se pôs à frente do constructo.

— Eu não me curvo perante ninguém que não seja o rei Zarastu.

Como se matasse um mosquito, o velho alquimista bateu palma a prendendo em suas mãozorras metálicas. Apertando-a, a strix se pôs a gritar.

— Largue-me, seu humano maldito, poo.

As mãos foram postas bem perto da cabeça do Deus Ex Machina. Uma enorme viseira era acoplada na linha dos olhos, dando máxima visibilidade ao seu piloto, o conde.

— Quanta audácia. Morra, sua peste!

Apertando-a ainda mais, os gritos de Cora ecoaram no espaço.

— Os que estão esperando, soldados, todos ataquem aquele maldito, poo.

De dentro da cabine de pilotagem, Verdramungo tudo ouvia. Todos os monstros das Almas de Rapina passaram a atacá-lo.

As sílfides usaram a magia divina Redemoinho de Fúria, lançando ciclones envoltos de energia mágica, mas o DEM não se moveu um centímetro de sua posição.

Esfinges e grifos desceram sobre ele aplicando patadas e bicadas, mas o constructo continuava um objeto irremovível.

— Isso é brincadeira de criança...

Aplicando mais força, o conde implodiu a strix espalhando os seus fluídos e vísceras pelas mãos do constructo. A massa gelatinosa de ossos e carne escorreu pelos dedos e caiu no chão.

Ao ver aquilo, Rosicler não pôde deixar de vomitar.

Letícia estava estupefata. Nunca pensou que o ardiloso aristocrata chegasse ao ponto de matar alguém que virtualmente ainda era um ser humano.

— Comandante-geral, o que quer que façamos?

O ponto na orelha da alquimista recebia a voz do general-brigadeiro Osório. Por um momento, a alquimista ficou sem saber o que responder.

— Esqueçam os monstros, ataquem o Deus Ex Machina. Eu quero os dirigíveis de guerra com munição fragmentária de poder letal mirando nele. Os atiradores que estão em cima dos terraços têm minha permissão para atirar no Conde Verdramungo. Ele é um fugitivo e representa um perigo maior a Alfonsim do que a Almas de Rapina.

— Entendido, comandante, o inimigo do meu inimigo é meu amigo.

Virando-se para os edifícios, a alquimista via os homens montando as linhas de tiro nos terraços e telhados. Operavam mosquetes, fuzis de repetição de seis tiros e obus com granadas de fósforo. Eles tinham se preparado para o pior, com certeza.

As balas de mosquete acertavam a couraça metálica do constructo, e logo terminava a carga de pólvora, os alquimistas recarregavam as armas. Os fuzis de repetição postos em tripé cuspiam seis balas e os obuseiros mandavam fogo no imenso oponente, os monstros também colaboraram lançando conjurações diversas.


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