Orgulho e Preconceito - Perdida no século XVIII escrita por Aline Lupin


Capítulo 12
Capítulo 12




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Tudo parecia um caos naquela biblioteca, de repente. Darcy avançou sobre Alexander, o derrubando no chão. Bingley puxou Lizzy pelo ombro, abraçando-a, dizendo que tudo ficaria bem. Ela estava em choque e começou a gritar pedindo que Darcy parecesse de bater em Alexander. Por mais que ele merecesse uma surra, ele não era mal. E ela não queria que ele sofresse de alguma forma. Naquele momento na biblioteca, sentiu uma confiança extraordinária por ele. Alexander parecia ser sincero.

— Por favor, pare! – Lizzy pediu, desesperada – Coronel Fitzwilliam, por favor, me ajude!

Richard despertou do seu torpor e puxou Darcy pelo pescoço, trazendo-o para cima. Lizzy pode ver com mais clareza com Alexander estava. Ele tinha o rosto marcado e ensanguentado. Ela se virou, abraçando Bingley, que a envolveu com seus braços, tentando acalma-la.

— Não o defenda, Elizabeth! – Darcy parecia ter cuspido as palavras – Ele comprometeu sua honra! É um verme, desprezível...

— Fale baixe, William – Richard pediu, tentando controlar seu primo, que parecia tentar se afastar do aperto do primo, que o prendia em uma chave de braço – Todos vão escutar lá fora, por Deus!

Darcy parou imediatamente de se mexer. Alexander, deitado no chão, gemia e se encolheu em posição fetal. Lizzy se soltou de Bingley e se ajoelhou ao lado dele, tocando seus cabelos, que eram poucos, pois ele parecia ter passado a maquina zero.

— Me perdoe, me perdoe... – ela parecia estar fazendo uma oração, com os olhos cheios de lagrimas.

Ele resmungou algo, de olhos fechados. Estavam inchados. E da sua testa escorria um filete de sangue. Lizzy sentiu o coração partido. Mesmo que Alexander tenha a colocado naquela confusão, não esperava aquele desfecho. Não gostava de violência. Ela tomou a mão dele, tremula, apertando, como se isso pudesse conter a dor dele.

— Elizabeth, você deseja casar com esse homem? – Darcy perguntou, tentando se soltar do aperto de Richard – Me solta, droga! Eu não vou fazer mais nada.

— É melhor não fazer – Richard disse, soltando o primo e aproveitando para fechar as duas portas da biblioteca.

— Elizabeth. Estou esperando sua resposta. Pretende se casar com esse homem? – ele perguntou, de forma ríspida.

— Eu não vou casar com ninguém! – Lizzy retrucou, com a voz elevada e mirando Darcy com raiva. Ele pareceu abalado pelas suas palavras – O senhor não devia ter feito isso. É um animal irracional. É isso que o senhor é!

— Eu? Eu sou um animal irracional? – ele elevou a voz, se aproximando dela. Parecia maior do que era, devido a raiva que sentia e Lizzy se encolheu, de forma inconsciente – Eu estava protegendo sua reputação, Elizabeth! Como pode me considerar o vilão?

— Toda história tem dois lados. E o senhor não quis escutar a nossa! – ela revidou – E o senhor sim é o vilão. Olhe o que fez com ele? – ela gesticulou com uma mão, ainda ajoelhada ao lado de Alexander – Por que não perguntou nada? Mas, não...o senhor chega aqui e apenas espanca o pobre homem, sem chance de defesa. Eu...eu odeio esse lugar!

Ela desabafou enquanto falava. De fato, Lizzy odiava estar naquele século. A honra, o dever e a reputação eram coisas ridículas e patriarcais. E ela não concordava com isso.

Darcy parecia se encolher diante da fala dela, como se estivesse adquirindo consciência dos seus atos.

— Você o conhece? Você o ama Elizabeth? – ele perguntou, com a voz fraca, dessa vez.

Lizzy não pareceu notar, mas Bingley e Richard, que estavam apenas observando em silêncio, trocaram olhares significativos.

— O senhor é tão tolo – ela respondeu, balançado a cabeça e deu uma risada, sentindo-se miserável. Tudo se resumia a amar um homem? Eles não poderiam conversar sem ter interesse um no outro?

— É assim que me responde? Depois de tudo que fiz por você? – Era visível a magoa de Darcy, em seu olhar.

— Não se preocupe senhor. Eu vou dar um jeito de paga-lo. Mas, não se atreva a se aproximar de mim nunca mais. Eu o odeio por seus modos irracionais. Eu o odeio por ser tão cruel com uma pessoa que não fez nada de errado. Isso é tão...é...injusto. É detesto a injustiça. Esse homem...- ela apontou para Alexander que abria os olhos lentamente, soltando a mão de Lizzy – Esse homem não fez nada. Estava conversando comigo, se a intenção de me cortejar ou me fazer mal. Ele é meu amigo!

— Boa hora pra dizer isso...a ele – Alexander murmurou, gemendo de dor, de repente.

— Você, fique calado – ela ordenou, com um olhar cortante.

— Então, como sugere que resolvamos esse impasse, senhorita? Quer ser deixada a própria sorte? – Darcy perguntou em um tom duro. Ela se sentiu arrependida por recusar a gentileza dele, mas não iria ficar perto de um homem como Darcy. Ele era brutal e um grosseiro.

— Eu vou me virar com isso. Deixe-me cuidar sozinha. Sairei da sua casa hoje mesmo – E para onde ela iria? Ela nem sabia.

— Não – Alexander disse, com a voz fraca, tentando se levantar – Lizzi...e...não pode fazer isso!

— Ah, então seu amante a recusa – Darcy zombou.

— Cala essa maldita boca! – Lizzy esbravejou com raiva, mas Darcy nem Alexander sabiam para quem ela estava se dirigindo.

— Eu não estou acreditando nisso – Darcy disse, para ninguém no cômodo.

— Quer ir embora? Vocês três! – ela ordenou, olhando de Bingley, Darcy e Richard.

Bingley e Richard assentiram e saíram do cômodo, sem dizer uma palavra, mas Darcy ficou.

— O que ainda faz aqui? Vamos, vá embora e me deixe na minha desgraça.

Lizzy sabia que estava exagerando, mas não suportava mais ficar naquele século, nem diante de Darcy, que a encarava como se fosse menos que um inseto. E isso ela não iria permitir.

— Homem arrogante...machista...- ela murmurou, irada, olhando para Alexander, que começou a se mover com mais facilidade e se sentou.

— Lizzie, pare com isso agora – Alexander pediu – Você deve ficar.

— Não vou, não vou mesmo – ela disse para ele, com a voz exasperada – Viu o que ele fez com você?

— Lizzie, ele fez isso pela sua honra. Não entende isso?

Não, Lizzy não compreendia aquela atitude. Mas, era esperada para um homem daquele tempo. E ela sabia disso, mas se recusava a perdoa-lo.

Darcy, por outro lado, estava se sentindo mal por ter batido em um homem. Era tudo que ele queria ter feito com Wickham, mas nunca fez devido ao fato de se orgulhar de ser racional. E também, ele não deseja sujar suas mãos com aquele homem. Contudo, ao ver Lizzy sair sozinha com aquele homem estranho, ele parecia ter visto tudo vermelho e se esqueceu da própria racionalidade. Queria afasta-lo dela e protege-la. Mas, por que ela o acusava de ser um animal? Ele fez tudo para cuidar da reputação dela.

— Lizzie, não há como voltar enquanto... - Alexander tentou dizer, mas fez uma careta de dor.

— O senhor se recusa a casar com ela? - Darcy interrompeu o momento entre os dois.

E podia ver claramente agora que ela devia amar aquele homem. E isso deixava decepcionado.  Não sabia o motivo para isso, mas não conseguia conter o gosto amargo na boca.

— Eu me recuso - Alexander disse - Eu sinto muito.

— Alexander, que idiotice é essa? - Lizzy deixou a máscara de dama cair. Já estava cansada de falar de forma polida - Escuta aqui, Darcy, ele não fez nada. Não me comprometeu. E eu não quero casar com ninguém.

Darcy ficou abismado com o linguajar dela. Alexander deu um suspiro.

— Se ele não vai se casar com a senhorita, terei que reparei sua honra e duelar com ele.

— Mas o que...- Lizzy estava atordoada.

— Que maravilha - Alexander bufou.

— O senhor não tem honra? - Darcy desdenhou dele - Além de não querer se casar com a dama, acha que duelar é uma brincadeira?

— Eu não tenho honra - Alexander respondeu, tentando ficar sentado.

Foi dificultoso, mas ele conseguirá.

— Para com isso agora mesmo - Lizzy se aproximou de Darcy, colocando as duas mãos espalmadas do seu peito. Darcy a encarou surpreso pelo atrevimento dela- Você não vai duelar por mim. Tem uma irmã para cuidar, uma vida para viver. Apenas nos deixe em paz. Não precisa mais se preocupar comigo.

Era o que ele deveria fazer, mas não conseguia. Não conseguia deixá-la.

— Não. Ao menos, posso fazer algo pela senhorita - Lizzy franziu o cenho. O que ele poderia fazer por ela? Esperava que não fosse matar Alexander - Eu vou me casar com a senhorita.

Ela engasgou com o que ele disse.

— Uma brilhante ideia - Alexander parabenizou, se colocando de pé.

— O senhor vai embora agora e nunca mais vai voltar. Ouviu bem? Não vai chegar mais perto de Elizabeth - Darcy disse entredentes, tentando avançar, mas lizzy o parou, com um olhar intenso.

— Vai, Alexander - Lizzy pediu, com medo que Darcy mudasse de ideia e tentasse bater em Alexander novamente - Vai agora.

Alexander pegou sua cartola do sofá e colocou sobre a cabeça. Abriu a porta e se virou, encarando Lizzy.

— Eu sinto muito, Elizabeth. Não queria que fosse assim, mas agora, sua missão está metade cumprida.

Ele abriu as portas, sem dar chance de ela questiona-lo. Darcy ainda encarava por cima do ombro Alexander sair. Ela se afastou de Darcy, sentindo o coração bater rápido. Seria sua missão Darcy? Mas, seria impossível, pois ele deveria se casar com outra mulher. E não era ela. Eles mal se conheciam.

— A senhorita ira se casar comigo. É o melhor que podemos fazer para salvar sua reputação - ele disse, com a voz séria, voltando a olhar para ela. Mas, havia decepção no seu olhar - Parece que o homem que você ama não está disposto a assumi-la. Mas, eu a ajudarei.

— Como você é misericordioso - ela zombou. Darcy mordiscou os lábios e retesou o maxilar, em fúria - Mas, eu não vou me casar com você nunca! Eu não vou ser moldada para ser uma dama. Eu não pertenço a esse lugar. E para começar, ninguém nos viu aqui. Então, vamos esquecer isso. E não se preocupe, eu irei embora amanhã mesmo - Ela disse tudo isso, de forma rapida, sem pausa. E tentou passar por ele, para sair da biblioteca, mas ele a segurou pelo braço.

— A senhorita é insolente...impossível...- ele disse, com a respiração entrecortada. E seu rosto estava avermelhado - Escute, Elizabeth, viram você sair com aquele homem. E só Deus sabe o que estão pensando. Acaso não pensou na minha família? Em como Georgiana será vista agora, se alguém souber disso?

Lizzy não gostou do que ouviu. Não estava preocupada com ela mesma, mas com Georgiana. Ela não merecia ser mal falada pela sociedade.

— Olha, eu sinto muito mesmo, mas eu não fiz nada de errado - ela insistiu em se explicar - Eu não fiz nada com Alexander...estávamos conversando, apenas isso.

— Alexander...você o chama pela primeiro nome, como se fosse um antigo conhecido seu...- ele parecia irritado com isso - Eu sinceramente, não entendo como pode dar confiança para ele. Ele não a merece.

Lizzy balançou a cabeça, exasperada. Ele era um cabeça-dura.

— Eu não tenho nada com ele, pelo amor de Cristo! - ela esbravejou, assustando Darcy, que tinha os olhos arregalados - Me perdoe, mas o senhor me enerva.

— E a senhorita muito mais! - ele deixou escapar, ficando ruborizado - Me perdoe. Eu não devia ter dito isso.

— Estamos quites - ela provocou. Ele a fitou com o cenho franzido, sem entender - Esquece - ela gesticulou com a mão livre e se afastou dele - Agora, por favor, esqueça essa ideia maluca de se casar comigo. Se você não quer que o escândalo se espalhe, é melhor deixar isso pra lá.

— Eu não posso - ele disse, com a voz grave - Eu não posso simplesmente deixa-la arruinada. Eu prometi ajuda-la.

— Não se preocupe comigo. Posso arranjar um local para trabalhar...qualquer coisa resolve - Até que ela conseguisse voltar para casa.

— A senhorita não entende - ele disse, exasperado, se aproximando dela e tocando seus ombros com suas mãos. Ela se sobressaltou diante do olhar dele - Ninguém irá aceita-la. Nem lhe dará qualquer emprego. Se alguém souber o que houve aqui, essa noite, o que não duvido que saibam. Ninguém lhe dará abrigo ou emprego. Nossa sociedade é cruel e a senhorita deveria saber disso.

Lizzy constatou que o que ele disse era verdade, afinal, as pessoas ali viviam das aparências.

— Merda! - ela praguejou, tapando a boca - Desculpe-me.

Ele balançou a cabeça e riu.

— A senhorita tem uma boca suja e malcriada - ele brincou, tocando os ombros dela, carinho.

E foi então que ela percebeu o quanto o rosto dele estava próximo. E que ela não conseguia se afastar dele, nem desviar seu olhar da sua boca. Percebeu que ele estava prestes a beija-la e não conseguia se mexer ou protestar. Ela também o queria. Mesmo sabendo que aquele beijo seria algo que ela iria se arrepender mais tarde.


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