Orgulho e Preconceito - Perdida no século XVIII escrita por Aline Lupin


Capítulo 13
Capítulo 13




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O que ela esperava acontecer, de fato, não aconteceu. E foi muito frustrante. A porta da biblioteca foi aberta bem no instante que ela sentia a respiração de Darcy em seu rosto, beijando-a de forma enlouquecedora.

— Lizzie, Darcy – Era Georgiana, com uma voz preocupada.

Ela adentrou a biblioteca e Lizzy se afastou rapidamente de Darcy. Ele estava corado e evitava olha-la. Não era muito diferente dela. Georgiana já percebera que algo estava acontecendo ali. Mas, não tinha certeza. Atrás dela, Richard estava. Ele ficou preocupado ao ver Alexander sair pela biblioteca e Darcy não sair com Lizzy. Pensou que algo estivesse acontecendo entre os dois. E pelos olhares constrangidos deles, sabia que seu palpite estava correto.

— Georgiana. – Lizzy disse com a voz fraca – O que faz aqui?

— Eu vim porque eu vi você sair do salão com um homem estranho e você não tinha voltado. Richard me avisou que você estaria aqui...eu só não esperava que fosse com...- ela não completou a frase, ficando vermelha. Olhou para o irmão procurando respostas.

— Eu e Elizabeth vamos nos casar – Darcy respondeu as perguntas silenciosas da irmã.

— Nossa...isso é bom...eu gosto de Lizzie – Georgiana parecia surpresa, mas não era algo ruim, afinal, Lizzy era amável e não era Caroline, que era artificial e falsa. Mas, ela pode ver que seu irmão e Lizzy não pareciam felizes com o enlace.

— Não, isso está fora de cogitação, Darcy. Eu não vou me casar com o senhor – Lizzy protestou.

Georgiana a fitava com os olhos arregalados e Darcy a fitava com um olhar duro, que não admitia ser contrariado. Lizzy focou em se desculpar com Georgiana.

— Georgie, me desculpe, mas eu e seu irmão não somos compatíveis – ela disse, olhando feio para Darcy – E ele está com essa ideia absurda, pois acredita que minha reputação está arruinada.

 - E esta, senhorita – Richard interveio, pela primeira vez – Pelo menos, ouvi duas senhoras falarem da senhorita. Que saiu com um cavalheiro do salão de baile e não voltou mais.

Lizzy soltou um muxoxo.

— Por que aquele homem não conserta essa bagunça, Darcy? – Richard perguntou ao primo – Isso não tem relação com você. Quem deveria pagar por isso é aquele cavalheiro.

— Ele não quer assumir o erro – Darcy explicou, resignado – E eu prometi cuidar de Elizabeth. Eu assumirei a culpa.

Lizzy estava em desespero. Não queria aquilo.

— Não, o senhor não pode. Eu disse que não quero me casar. Isso é um absurdo! – ela protestou.

— Eu não vejo escolha, senhorita – ele disse, solene.

— Lizzie, não será tão ruim, afinal, seremos irmãs – Georgiana tentou amenizar a situação.

Lizzy a encarou com os olhos aguados. Como aquela menina poderia ser tão doce em um momento tão trágico?

— Oh, Georgie. Você é um anjo. Eu não me importaria de ser sua irmã, mas não nessas circunstâncias. Eu e seu irmão não nos amamos. E eu não tenho nenhuma conexão com uma família importante.

E ela queria acrescentar que quem deveria casar com ele não era ela. Mas, a verdadeira Elizabeth Bennet. Se ela existia naquela realidade.

— A senhorita Elizabeth tem razão – Richard concordou – Se ela nem ao menos tem conexões com famílias nobres, nem fortuna, você terá problemas com isso, Darcy. Sua reputação será manchada pelo enlace. E tia Catherine não ficara feliz – Ele olhou para Lizzy, como se pedisse desculpas e disse: - Não é nada contra a senhorita, mas nossa família preza pelas aparências e status. Conheço bem cada um dos membros dessa família e eles não vai aceitar esse casamento. Seria mais fácil a senhorita voltar para sua cidade e se casar com algum cavalheiro de lá. Aqui terá sérios problemas a enfrentar, senhorita. E digo isso como um amigo.

Lizzy não sabia se o coronel era algum amigo ou não, mas devia concordar que talvez, ficar em Londres seria um grande problema. Nem emprego ela iria conseguir. Mas, para onde ir?

— Eu preciso de ajuda, para ser sincera – Lizzy disse – Eu não tenho para onde ir. Ao menos, preciso me empregar. Os senhores não conhecem alguma casa que precise de alguma governanta no interior?

— Bom, eu posso ver isso para a senhorita. Mas, não seria radical demais? Não quer voltar para sua família? – Richard perguntou, sem entender o motivo para aquela moça tão bonita querer trabalhar. Ela parecia uma dama.

— Os pais de Elizabeth estão mortos – Darcy respondeu por ela – E ela não tem para onde voltar agora. E não há necessidade disso. Eu me casarei com a senhorita.

Lizzy soltou um suspiro exasperado. Parecia que Darcy tinha tomado sua decisão, com ou sem aprovação da sua família.

*

A festa terminou cedo para os Darcy e para Lizzy. Richard tentou argumentar com o primo e até mesmo perguntou se ele não estava sendo enganado por Lizzy. Afinal, era estranho Darcy desejar se casar com uma mulher se fortuna ou conexões. Contudo, ele não expos seus pensamentos e continuou a afirmar que faria isso e não mudaria de ideia. Richard resolveu não interferir, afinal, não era a vida dele. Ele apenas pensava no quanto tia Catherine ficaria decepcionada por seu sobrinho não se casar com Anne, a filha de sua tia. Fazia anos que ela tentava uma aliança com a família Darcy e queria que sua filha se casasse com ele. Mas, Darcy estava irredutível quanto a isso. Catherine teria uma sincope ao saber que seu sobrinho se casou com uma mulher obscura, sem qualquer conexão com a nobreza, ao menos um dote.

Richard ficou na casa dos Darcy, como hospede, mas se manteve calado quanto a sua opinião. Afinal, ele não tinha nada contra Lizzy e até mesmo a achou adorável. E pensava no quanto ela ainda causaria dores de cabeça para a sua família e ria por dentro. Estava na hora de alguém colocar em cheque a soberba dos Darcy e dos de Bourgh.

Lizzy estava nervosa com a situação. Não queria de modo alguma se casar com Darcy. Não o conhecia, não sabia o que esperar daquele casamento e achava tudo muito absurdo. Contudo, pensava na reputação de Georgiana, mas seria muito pior se casar com Darcy. Com certeza, a reputação dela seria manchada por Lizzy, alguém que não tinha nenhuma conexão com famílias importantes. De manhã, ela conversaria sobre isso.

Então, apenas pediu para que Lucia a ajudasse com as roupas. E estranhou não ver Boris no quarto. Foi então que ela se lembrou que Alexander disse que levaria seu cachorro. Seu sangue enregelou nas veias. Ele não poderia ter feito isso.

— Lucia...onde está Boris? – ela perguntou, tentando sair dos saiotes que tinham no vestido que usara no baile.

— Não sei senhorita. Acredito que esteja dormindo na cozinha. Foi lá que vi ele, a última vez essa noite – Lucia respondeu, distraída em desamarrar as saias e depois, o espartilho.

— Ok, obrigada – Lizzy respondeu.

Assim que estava trajado com sua camisola de babados, de cor branca, ela saiu do quarto, procurando Boris pela casa. É claro, não entrou no quarto de ninguém. Ao menos, sabia onde eram os quartos de Darcy, Richard e Georgiana. Desceu as escadas, indo direto para a cozinha, saindo no quintal, mas não havia sinal do seu cachorro. Ela voltou para dentro, em desespero. Onde aquele cachorro havia se metido?

— Boris, onde você está? – ela disse, em voz baixa.

Com a vela, ela iluminou mais uma vez a cozinha e gritou de susto, ao ver uma sombra do outro lado da cozinha. Logo, se tornou distinguível aos seus olhos quem era. Darcy estava com um roupão negro e os pés descalços.

— O que está fazendo acordada essa hora? – ele perguntou, em tom sério e ao mesmo tempo, preocupado.

Mas, ela estava tão brava com ele, que respondeu de forma ríspida.

— Estou procurando Boris. Se me der licença – ela deu alguns passos, para sair da cozinha, mas ele a segurou pelo antebraço – Darcy, não quero conversar com você agora!

— Perdemos o decoro, então, Elizabeth? – ele perguntou, em tom irritado – Agora que você está acordada, quero entender mais sobre você e o homem que estava na biblioteca. Quem ele é?

— Ele já disse seu nome no parque – ela respondeu, cansada – Agora, me deixe, Darcy. Meu cachorro sumiu...Boris...

Ela sentiu o coração apertar. Seria possível que Alexander tivesse mesmo levado seu cão? Se fosse assim, então era bem feito que tivesse apanhado.

— Depois encontraremos Boris. Está tarde – ele suavizou a voz e o aperto em seu braço – Elizabeth, só me diga, você não está se aproveitando de mim, está? Richard diz que você pode ser uma caçadora de fortunas...e eu...sou um estupido por falar isso para você...mas...

— Que bom que percebeu isso. E diga ao seu primo imbecil que não vou roubar nem um centavo de vocês. Pois, não está claro que não quero casar com o senhor? – Lizzy fervia por dentro. Havia gostado do coronel, mas percebeu que ele era como todos da alta sociedade. Esnobes e almofadinhas.

— E é por isso que desejo me casar com a senhorita. Além de ter sido comprometida, está disposta a se arriscar nesse mundo, Elizabeth. E isso eu não desejo a senhorita. Não desejo que passe qualquer necessidade. Penso no que poderia ter acontecido com Georgiana se eu não tivesse a salvado de Wickham. O que teria acontecido com ela se eu não estivesse aqui?

Ele se calou por um momento. Parecia ter percebido que tinha falado demais. E Lizzy se condoeu por ele.

— Esse Wickham quebrou a confiança de Georgiana? – ela perguntou, já sabendo a história – Se não quiser me dizer, tudo bem. Mas, juro que não precisa sacrificar sua liberdade por causa de mim. Eu vou ficar bem. Eu só preciso encontrar um emprego e sairei da sua casa.

— Não, Elizabeth – ele negou, tocando o rosto dela – Não precisa fazer isso. Georgiana e eu nos importamos com você. Eu nem ao menos deveria cogitar me casar contigo, pois nos conhecemos há uma semana...- Lizzy assentiu, afinal, eles mal se conheciam – E tem o fato de que a senhorita não faz parte do meu círculo social. Meu dever me obriga a casar com uma mulher de classe elevada, com certa fortuna. E a senhorita não tem todas essas qualidades...mas, veja...eu estou disposto a fazer isso para salva-la...não posso deixa-la sozinha...

Lizzy escutou as justificativas dele, começando a se irritar. Por mais que naquele tempo se visasse a aparência, ela não estava pedindo para ser salvar por ele. Ela se soltou o braço que ele prendia e se afastou.

— Eu não preciso da sua ajuda quanto a isso. Já lhe disse. O senhor conseguiu me ofender de várias maneiras hoje. Amanhã eu farei o possível para ir embora da sua casa. Não se preocupe.

Lizzy não deu tempo de Darcy fazer uma réplica. Ela saiu a passos largos, deixando que as lagrimas embaçassem seus olhos. Além de perder seu cão, ela fora duramente insultada. Como aguentaria mais um segundo naquele lugar?

— Elizabeth...por favor...vamos conversar – ele fora ao seu encalço, subindo as escadas com ela.

— Me deixe – ela pediu – Me deixe em paz!

Ela correu, distanciando-se dele, fazendo barulho demais. Entrou no seu quarto e trancou a porta.

— Elizabeth, por favor...vamos conversar...me perdoe – ele pediu, tentando abrir a porta.

Lizzy apagou a vela, deixando no candelabro e deitou-se na cama, se cobrindo até a cabeça. Estava arrasada demais para falar qualquer coisa.

— Elizabeth...- Darcy tentou mais uma vez.

Uma porta próxima se abriu. E passos foram escutados no assoalho.

— William – era a voz de Georgiana – O que está havendo?

— Nada...eu...estraguei tudo com a senhorita Elizabeth – ele disse.

Lizzy queria rir, mas ao mesmo tempo chorar. Como ele poderia ter estragado qualquer coisa? Ele infelizmente estava dizendo a verdade sobre ela. Seu lugar não era ali, nem como senhora Darcy. Seu lugar era em outro tempo, longe de toda aquela confusão. Mas, por que seu peito doía tanto? Não era como se amasse Darcy.

*

Nos dias que se seguiram, Lizzy estava muito triste devido ao sumisse de Boris. Ele era seu cão fiel e amigo. Darcy, movido pela compaixão e por ver ela tão triste, pediu que os lacaios procurassem o cachorro pela casa e até mesmo, do lado de fora. Mas, ninguém o vira. Lizzy mal tocava na comida, devido a não sentir apetite e pela apatia que a tomou. Queria voltar para casa, para seu tempo. Para Boris, para seus amigos e para sua irmã Jane.

Usou da escrita para aplacar sua solidão e sua dor. Escrevia cartas para Meredith, Joshua e Jane. Principalmente para Jane, sua querida irmã. Como sentia falta dela e dos momentos em que saiam, apenas para conversar e contar como foi o dia uma da outra. Lizzy pensava se ela estava desesperada a procurando. Se estava triste. Isso doía tanto no coração de Lizzy. Ela se preocupava por Jane, pois sua irmã nunca estava sozinha por tanto tempo, apesar de morar em apartamento perto da universidade em que cursava. Lizzy estava sempre ali para ajudar a irmã e nunca a desamparou. E no momento atual, estava impossibilitada de voltar e cuidar de Jane.

Lizzy tentou emprego através dos anúncios dos jornais, mas a cada entrevista, nenhuma família a aceitava. Já fazia uma semana e nada de encontrar um emprego. Diziam que sem referências, ela não iria conseguir nada e que era muito jovem para ocupar o local deu uma governanta. Estava tão desanimada, que não sabia o que fazer. Ao menos Darcy a deixou em paz e pediu que ela pensasse sobre o casamento dos dois. Ele estava fazendo isso por uma questão de honra e dever, que era algo tolo, pois colocaria sua própria felicidade em risco. E isso ela não iria permitir. Ela não era a mulher certa para ele, afinal, ela não era daquele tempo. Não era uma dama. Não foi criada para ser senhora, muito menos para cuidar de uma casa, nem de Pemberley.

Logo seus vestidos vieram. Mas, ela os usaria de forma temporária. Estava feliz de ao menos não usar os vestidos de Georgiana. E a jovem tentava anima-la de todas as maneiras possíveis. Até mesmo levou Lizzy para tomar sorvete no Gunter’s. Lizzy até sorriu, mas por dentro estava desanimada. Sem ideia de para onde foi Alexander e nem sabia onde estava seu cachorro, Lizzy estava desanimada.

— Tem certeza que você vai trabalhar em alguma casa de família, Lizzie? – Georgiana perguntou, andando ao lado dela, na calçada, quando voltavam da sorveteria.

— Eu preciso, Georgie. Tenho que sair da casa de vocês. Esta vendo como nos olham? – ela indicou com a cabeça.

As senhoras as evitavam e Georgiana não era convidada mais para tomar chá na casa de nenhuma dama da sociedade. E muito menos receber convites para qualquer evento ou baile. Tudo parecia ter cessado de forma estranha. Mas, o motivo estava claro. Eles repudiavam Lizzy e a família Darcy, por abrigar uma mulher de reputação duvidosa, apenas porque viram ela saindo do salão de baile com um cavalheiro misterioso.

— Eu e Darcy não damos importância para isso. E se você quer saber? Eu li o livro de Mary Wollstoncraft e percebi que nós mulheres deveríamos ter os mesmos direitos que os homens. Inclusive, não casar se não quisermos.

Lizzy ficou orgulhosa dela e ao mesmo tempo preocupada. Ela não deveria ter comprado aquele livro para Georgiana.

— Georgie. Tudo que está escrito lá ainda vai acontecer. Isso eu garanto. Mas, não agora – ela tentou argumentar – Por enquanto, as mulheres ainda terão de se casar e ter filhos. Não há como mudar esse fato. Mas, em breve as mulheres terão seus direitos garantidos.

— Mas, tudo isso, todo esse ideal...eu acreditei que talvez, pudesse lutar por isso. Ser uma solteirona como forma de protesto – ela disse, com veemência.

Lizzy conteve o sorriso.

— E é isso que quer, Georgie? Não ter uma família e ficar para titia? Talvez, ser julgada e ouvir comentários mordazes?

— Eu...

A jovem parecia hesitar.

— Pense nisso seriamente. Enquanto isso, eu vou dar um jeito de ir embora.

Lizzy e Georgiana voltaram para casa, mas Lizzy sentia seu coração dolorido. Estava tudo errado. Fazia uma semana que Georgiana não era convidada para qualquer baile ou nem recebeu visita de pretendentes. E tudo isso era culpa dela. Nem Bingley veio visita-los e o coronel Fitzwilliam era o único na casa de Darcy. Mas, ele não dizia nada, apenas era cordial.

Uma carruagem parou na calçada e ela pode ver Bingley descer, com sua cartola. Ele se virou para ela e sorriu. Ao menos, ele não a repudiava.

— Senhorita Elizabeth, que prazer em revê-la – ele disse, sincero.

— O prazer é meu, senhor – ela disse.

— Olá senhor Bingley – Georgiana cumprimentou – O senhor veio ver meu irmão?

— Sim, eu vim fazer uma visita na verdade a vocês – ele disse, segurando o chapéu próximo ao peito – Se não for incomodo.

Os três entraram e foram para a sala de estar. Georgiana pediu para servir o chá. Darcy não estava àquela hora em casa. E o coronel tão pouco. O que era bom, pois Lizzy não queria vê-lo. Acreditava que ele fosse falso. Ela iniciou uma conversa agradável com Bingley e ele disse que a apoiava, independentemente do que ela decidisse fazer da sua vida. E achava injusto ela e Georgiana sofrerem por serem julgadas pela sociedade.

— Caroline me proibiu de sair de casa – ele confidenciou, tomando seu chá – Mas, eu não vou tolerar que me digam o que fazer. São minhas amigas e serão eternamente.

— Obrigada, senhor Bingley – Lizzy agradeceu, sentindo-se emocionada.

— O senhor também é nosso mais querido amigo – Georgiana complementou.

Ele sorriu. E logo os três trataram de assuntos mais leves.

— Soube que a senhorita está procurando emprego. Ouvi dizer que a família Gardiner precisa de uma babá e governanta – ele comentou com Lizzy.

— Verdade? Será que pode me indicar a eles? – ela pediu, esperançosa.

— É claro. Irei pedir sim. Eles são tios de Jane Bennet...minha...minha amiga – ele tremulou a voz no final.

Lizzy assentiu, sem dizer nada. Não iria instigar um assunto que ele parecia evitar.

— Eu agradeço, senhor. Eu preciso mesmo sair dessa casa. É claro, não é por você, Georgiana. Mas, é pelo seu bem o do senhor Darcy.

— Sabe que é bem-vinda. É quase uma irmã para mim. Seria minha irmã se se casasse com meu irmão.

Lizzy fez uma careta de desagrado. Não era que Darcy não fosse do seu agrado, mas eles nunca dariam certo. Ele era controlador, frio e desconfiava dela. Além de ter dito nas entrelinhas que ela não era qualificada para ser a senhora Darcy. Ora essa, ela não precisava disso. E nem ficaria ali por muito tempo. Somente precisava encontrar Alexander e convence-lo a leva-la de volta para seu tempo. Ou encontraria outro viajante do tempo e pedir ajuda.

A conversa cessou de repente. Lizzy escutou o barulho de latidos e seu coração disparou. Seria possível que Boris tivesse voltado? Ela se levantou rapidamente, indo em direção ao corredor. Foi quando viu Darcy carregando um cachorro peludo nos braços. Ele não era grande. Na verdade, era bem parecido com Boris. A diferença estava no olho esquerdo, com pelos brancos. O coração de Lizzy murchou ao constatar que não era seu cão.

— Senhorita Elizabeth – ele disse, assim que a viu e sorriu. O cachorro estava descontrolável no seu colo e ele o colocou no chão. O cão farejou o ar e latiu. Depois, veio para perto de Lizzy e cheirou suas saias e abanou o rabo. Lizzy não conseguiu resistir e se agachou. Fez carinho atrás da orelha dele e recebeu lambidas na outra mão – Eu trouxe para a senhorita. Sei que sente falta de Boris, então eu pensei...eu...

— É um gesto muito doce, senhor – ela disse, sincera – E eu agradeço imensamente.

Darcy soltou o ar parecendo aliviado. E Lizzy se perguntou se não estava sendo dura demais ao julga-lo. Ele somente estava tentando fazer as coisas de forma certa. Por que não ser amigável com ele?

Ela se levantou e sorriu, pela primeira vez em dias para ele.

— Obrigada por sua amizade, de verdade – ela disse, com a voz embargada.

Darcy piscou algumas vezes, atônito.

— Então, me perdoa pelo que eu disse sobre a senhorita? – ele perguntou receoso.

— Sobre o que exatamente? – ela perguntou, com um olhar afiado.

— Eu sei que dei entender que a senhorita não é adequada para um casamento. Mas, a senhorita é e eu constatei isso pela sua força de caráter. A senhorita não está se aproveitando de nós e é mais honesta que qualquer dama que tentou se casar comigo. E eu a ofendi dizendo que não seria vantajoso casar com a senhorita.

— Esqueça isso – ela pediu, cansada daquela conversa – Bingley vai me ajudar a encontrar uma colocação. E finalmente, a vida de vocês voltará a ser como era antes.

A expressão dele murchou.

— Ele encontrou um local para a senhorita trabalhar? – ele perguntou, com a voz baixa.

— Sim, para os Gardiner. Se tudo der certo, irei para lá.

Logo, Bingley e Georgiana se juntaram eles no corredor. Estavam felizes pelo novo mascote da casa. Darcy pediu licença, alegando que precisava ver uns documentos em seu escritório e não voltou para tomar chá com eles na sala. Lizzy, tentou entender o motivo para ele parecer tão chateado, mas ela ainda não entendia o porquê. Ou ela fingia não saber, para não magoar mais seu coração e o dele.


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