Um Amor Improvável - Itachi Uchiha (Em Revisão) escrita por Akira Senju


Capítulo 18
As Crônicas de Uma Médica Invisível - Parte III


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos! Agradeço a todos que estão acompanhando a história e peço um pouco de paciência, pois esse arco das Crônicas de Uma Médica Invisível é muito importante para a compreensão de muitos mistérios sobre a personagem principal, além de ser importante também para entenderem o final da história. Não é um arco muito longo. Estou postando o terceiro capítulo e só haverá mais dois. Itachi jajá estará de volta ;)



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UM NOVO CAMINHO



Depois do que aconteceu, Jiraya e eu voltamos para o nosso abrigo. Fiquei alguns dias calada, pensativa e ele notou minha mudança.

 

 Era uma tarde nublada e eu estava do lado de fora do abrigo cabisbaixa…

 

— Harumi, você não come desde ontem a noite, estou ficando preocupado! – Jiraya disse ao se aproximar.

— Não estou com fome, mestre. – Respondi sem olhá-lo.

— Você precisa parar de se culpar pelo que aconteceu. Mesmo que você se torne a ninja mais forte do mundo, você jamais poderá salvar a todos.

—  Eu sei que não posso salvar a todos, mas quero ser capaz de salvar aqueles que colocam suas vidas em minhas mãos.

 

Jiraya não disse nada, mas com minha visão periférica percebo ele me olhando sutilmente por alguns instantes. 

 

— Você tem interesse pela medicina, Harumi? – Perguntou ele depois de alguns minutos.

 

Eu o olhei surpresa…

 

— Eu nunca pensei sobre isso, Mestre.

 

Jiraya colocou uma de suas mãos no queixo ficando pensativo…

 

— No que está pensando? – Perguntei

— Nada demais.

 

Eu voltei a ficar cabisbaixa mas depois de alguns segundos, Jiraya colocou a mão em meu ombro…

 

— Eu prometo que vou te ajudar a superar esse sentimento de frustração, mas com uma condição.

 

Eu o olhei…

— Que condição?

— Que você vá comer, senão vai ficar desnutrida.

 

Eu suspiro…

 

— Certo.

 

Depois de entrarmos para o abrigo, me esforcei a me alimentar mesmo que ainda estivesse angustiada.

 

Depois de dois dias, Jiraya me disse para arrumar minhas coisas, pois iríamos fazer uma longa viagem. Eu já estava acostumada a sair por aí com ele, por isso nem questionei para onde iríamos.

 

Saímos antes de escurecer. Foi divertido, a viagem aliviou minha angústia de certa forma e depois de alguns dias, finalmente chegamos onde ele queria.

 

 Era um lugar agitado, Jiraya parecia bastante empolgado principalmente pelo fato de ter bastante mulheres naquele lugar. Enquanto andávamos ele disse que me apresentaria para uma pessoa muito importante. Eu fiquei curiosa mas ele não quis nem me dizer o nome da tal pessoa.

 

Fomos em algumas casas de jogos de azar procurando por uma mulher, ele não dizia seu nome, ele procurava apenas pelas características físicas e me lembro muito bem dele repetindo o número 106 em todos os lugares que fomos, mas não fazia ideia do que isso significava.

 

Depois de muita insistência nas casas de jogos, Jiraya me levou até um bar. Segundo ele, se essa mulher não estivesse em nenhuma casa de jogos de azar, ela com certeza estaria nesse bar. Jiraya estava certo, ao entrarmos ele procurou por alguns segundos e logo a encontrou…

 

— Ali está ela!

 

Nos aproximamos e ela estava sentada com uma outra mulher que carregava um porquinho muito fofo e então, eu finalmente descobri seu nome…

 

— A quanto tempo, Tsunade! – Jiraya disse.

— Você finalmente apareceu! Pensei que tinha morrido.

— Sentiu saudade? – Ele sorriu como um galanteador.

— NÃO SEJA IDIOTA!

 

 Depois de uns minutos de conversa de adulto, ela finalmente me notou…

 

— Quem é a garota? 

 

Jiraya me olhou com carinho…

 

— Ela é uma garota muito especial e está aqui porque precisa da sua ajuda.

 

Eu o olhei assustada e intrigada, eu nem sabia quem era aquela mulher!

 

 Ela ficou calada e Jiraya então a chamou para conversar fora do bar e explicar melhor. Enquanto isso, eu fiquei sentada com a outra mulher que segurava o porquinho. Ela me observava de um jeito simpático, mas eu permaneci em silêncio e envergonhada, até que ela puxou assunto…

 

— Como se chama?

— Harumi Senju.

— Prazer, Harumi! Me chamo Shizune e essa é a Tonton. -- Tonton fez Oink.

 

Eu sorri sutilmente, Shizune parecia ser mais amigável do que a tal Tsunade. 

 

Depois de alguns minutos, Jiraya volta juntamente com Tsunade, ele pagou a conta delas no bar e saímos dali. Eu ainda estava sem entender o que estava acontecendo. Caminhamos até uma pousada não muito distante e ao chegarmos, Jiraya me surpreendeu…

 

— Bom, de agora em diante você ficará sob os cuidados de Tsunade e Shizune.

— O…o quê?! Mas, mestre, eu nem sei quem são elas!

 

Jiraya então se aproximou e colocou uma de suas mãos em meu ombro…

 

— Harumi, eu disse que ajudaria você a superar o sentimento de frustração. 

 

Eu o olhava surpresa…

 

— Como ninja, sempre haverá vidas que dependerão de você. Você se tornou uma excelente ninja para enfrentar batalhas, mas só há um jeito de salvar pessoas e evitar muitas mortes. Você terá que se tornar uma Médica Ninja.

 

Naquele momento, surgiu um sentimento diferente em meu coração. Aquele era o sonho da minha irmã, Sayuri e de certa forma, era como buscar seu legado. 

 

— Tsunade é a melhor médica do mundo Shinobi e também é uma Sannin Lendária. Você ficará em boas mãos. – Complementou Jiraya.

 

Me surpreendi novamente.

 

— Você aceita esse desafio?

 

Pensei por alguns segundos e a ideia de me tornar uma médica ninja, me deixou muito animada.

 

— É claro que aceito!

— Essa é minha garota! – Jiraya sorri com orgulho. - Bom, agora eu tenho que ir. Seja uma boa garota e se esforce ao máximo.

— Certo, mestre!

 

Jiraya então se virou e saiu andando, mas eu o chamei para fazer um último pedido…

 

— Mestre…

— Sim. – Ele se virou para me olhar.

— Volte para me ver?

— Eu voltarei, minha querida, Harumi!

 

Eu sorri ao ouvir a resposta de Jiraya e ele então partiu.




                                    NOVO MESTRE (A)

 

Nos primeiros dias tive dificuldades para interagir com Tsunade, ela se irritava fácil. Já Shizune, sempre foi gentil e foi mais fácil me aproximar dela.

 

 Após me interrogar e apresentar as regras para um médico ninja, Tsunade disse que começaríamos os treinos na manhã seguinte.

 

 Para iniciar os treinos, eu precisei desfazer a Personificação de Chakra. Mesmo sendo um pedido de minha mãe, Tsunade me fez refletir sobre algo…

 

— Talvez sua mãe tenha lhe pedido isso para motivá-la a explorar seu potencial ao máximo e fazer algo impossível se tornar possível. Por outro lado, seria um grande desperdício não usar um Chakra tão poderoso, com ele você terá muito mais chances de salvar pessoas.

 

As palavras de Tsunade fizeram todo sentido e eu segui seu conselho, porém, eu ainda não entendia o quanto meu Chakra era poderoso.



                                                            TREINO

                                                     

Primeira etapa: Comecei a estudar sobre a anatomia do corpo humano.

 

Segunda etapa: Depois de alguns dias de muito estudo, começamos o treino de Ninjutsu médico.

 

Eu tinha que tentar reviver um peixe, demorei algum tempo para conseguir, mesmo já possuindo um ótimo controle de Chakra, aquilo foi um grande desafio.

 

Depois de três semanas eu finalmente consegui! Fui correndo para contar para Tsunade que me olhou espantada…

 

— Tudo bem, vá para a biblioteca, já te encontro lá para seguirmos com o treino. – Ela disse em seguida.

— Certo!

 

Harumi off

 

— Como ela conseguiu tão rápido? – Shizune perguntou.

— Ela já possui um ótimo controle de Chakra. O que me intriga de verdade, é o Chakra que ela possui. 

— O que Jiraya disse a respeito?

 

Tsunade pensa um pouco antes de responder…

 

— Ela possui uma porcenta…

 

Ela foi interrompida por Harumi que se atrapalhou e caiu fazendo a porta abrir…

 

Harumi on

 

Quando eu saí, escutei Shizune falar algo sobre mim e não pude controlar minha curiosidade. Fiquei atrás da porta para tentar ouvir, mas eu acabei me atrapalhando…

 

— OPA! – POW! … Me desculpem, eu… eu estava passando e tropecei… – Eu disse sem graça após me levantar.

— VOCÊ NÃO SABE QUE É FALTA DE EDUCAÇÃO OUVIR ATRÁS DA PORTA, SUA PIRRALHA?! – Tsunade gritou furiosa.

 

Naquele momento eu descobri que não tinha medo dela…

 

— Eu já pedi desculpas, será que você não pode simplesmente aceitar?! Que saco! – Saio em seguida e bato a porta.

 

Harumi off

 

Tsunade fica vermelha de raiva enquanto Shizune dá risada discretamente.

 

Harumi on

 

Os treinos continuaram, a prática de reviver peixes e moluscos se estendeu por algum tempo, até começarmos o treino de separação de líquidos por meio da infusão de Chakra. 

 

Eu não tinha descanso, minha vida era estudar e treinar. Foram muitos dias, meses, treinando diversas técnicas de cura e estudando composições químicas. Apesar da complexidade dos treinos, eu sentia muito orgulho de mim mesma por cada desenvolvimento.

 

Um tempo depois, Tsunade começou meus treinos de batalha. Já fazia bastante tempo que eu só treinava Ninjutsu médico e estudava, por conta disso eu estava sem prática no Taijutsu.

 

Fomos para uma área espaçosa ao ar livre e iniciamos o treino.

 

 Logo nos primeiros segundos de luta, ela quase me acertou um golpe no rosto. Voltamos a batalha e depois de me desviar de alguns golpes, ela quase me acerta de novo…

 

— Isso está péssimo! Você não pode ser atingida. – Tsunade disse.

 

 Eu me concentrei e recomeçamos a luta. Eu me desviei de alguns golpes e até tentei atacá-la, mas ela se desviou e rapidamente me deu uma rasteira me fazendo cair…

 

— Você não parece ter sido treinada por Jiraya. -- Debochou.

 

As palavras dela mexeram comigo, me levantei com uma expressão de bravura…

 

— Não acabou ainda!

 

Começamos a luta e dessa vez eu quase acertei um soco nela, mas ela parou com a mão…

 

— Ainda está péssimo! Espero que seja melhor amanhã.

 

Tsunade se virou e voltou para a pousada enquanto eu a observava me sentindo frustrada. 

 

                            

 

                                    FORÇA INCONTROLÁVEL

 

Os dias foram passando e meu desempenho nos treinos de combate corpo a corpo com Tsunade continuava ruim, mas mesmo assim, eu não desisti.

 

Certo dia, eu estava determinada a me sair bem em tudo! Estava mais focada nos estudos, passei horas na biblioteca, me esforcei ainda mais na prática do ninjutsu médico e então, chegou a hora de treinar com Tsunade.

 

A luta começou com Tsunade desferindo socos em minha direção e eu me desviava rapidamente, mas em certo momento, ela quase me acerta…

 

— NÃO DESVIE OS OLHOS, HARUMI! 

 

Continuei atenta, até que ela me derrubou com um soco no estômago.

 

 Naquele momento, Tsunade se irritou e gritou as palavras mais duras que alguém me disse depois de tanto tempo…

 

— COMO PRETENDE SALVAR PESSOAS SE NEM CONSEGUE SE DESVIAR DE ALGUNS GOLPES? SE DEPOIS DE VER SUA FAMÍLIA MORRER VOCÊ NÃO SE MOTIVOU O SUFICIENTE, NADA MAIS FARÁ VOCÊ SE TORNAR UMA NINJA HABILIDOSA!

 

As palavras de Tsunade soaram em mim como uma estaca perfurando meu peito. Naquele momento um filme passou em minha cabeça, a cena da minha casa destruída… meus pais e minhas irmãs mortos… a roupa deles suja de sangue… Seiji sendo ferido naquela missão…

 

Aquele sentimento intenso começou a tomar conta de mim, eu apertava minhas mãos com raiva, minha respiração ficou pesada e eu não pude mais me controlar. Fui em direção a Tsunade para atacar. Ela se preparou para lutar comigo e eu desferi socos precisos da qual ela se defendia, mas em um impulso, dei um chute forte que a arremessou para longe. Em seguida, eu fui em direção à ela para dar mais um soco preciso, eu estava prestes a cometer um grande erro, mas naquele momento algo me fez parar…

 

— HARUMI, NÃO! – Gritou Shizune que estava assistindo meu treino.

 

Ao ouvir o grito dela eu recuperei a capacidade de pensar racionalmente, mirei ao lado de Tsunade e com aquela força sobre-humana, fiz um enorme buraco no chão. Após isso, eu estava ofegante e encarava Tsunade que me olhava assustada, depois de alguns segundos, perdi a força nas pernas e caí de joelhos. Logo em seguida, desmaiei.

 

Depois de algumas horas eu acordei, estava na pousada, na minha cama e Shizune estava sentada perto da janela lendo…

 

— Shizune… – Chamei.

— Harumi! Que bom que acordou! Como se sente?

— Bem.

 

Tsunade entrou no quarto naquele momento e ao perceber que eu estava acordada, ela pediu para Shizune nos deixar a sós. Ao vê-la, logo me lembrei de suas duras palavras mais cedo…

 

— Como se sente? – Perguntou ela ao se aproximar.

— Bem… – Respondi desviando o olhar.

— Você precisa descansar, tem treinado pesado esses dias e seu desmaio foi por excesso de cansaço.

— Ou talvez tenha sido por falta de motivação, não é mesmo?!

 

Tsunade deu um suspiro pensativa…

 

— Harumi, está na hora de você superar o que aconteceu e seguir em frente. Continuar perdendo o controle quando alguém te lembra das suas perdas, te fará fracassar como Shinobi. 

— Você fala isso porque não sabe como é perder as pessoas que ama e ficar completamente sozinha! -- Falo irritada.

— Eu sei o que é perder pessoas muito mais do que imagina. Agora, descanse.



Tsunade caminhou até a porta…

 

— A propósito, você não está mais sozinha. – Ela disse me olhando por cima do ombro e com um sorriso sutil.

 

Depois disso, ela saiu e fechou a porta. Eu me surpreendi com aquelas palavras e naquele momento, eu me dei conta de que realmente não estava mais sozinha. Meu coração foi preenchido com aquelas palavras e me perdi em meus pensamentos… Vieram as ótimas lembranças dos anos que passei com Jiraya, e comecei a pensar nos momentos que estava vivendo com Tsunade, Shizune e também com Tonton. Automaticamente um sorriso sutil surgiu em meus lábios e não demorei muito a adormecer sentindo aquela maravilhosa sensação de estar em FAMÍLIA de novo.



                                       

                            A DETERMINAÇÃO DE UMA MÉDICA NINJA

 

Um ano e meio depois…

 

Eu treinava todos os dias, raramente ganhava uma folga, mas quando acontecia esse milagre, eu podia fazer o que eu quisesse. Certo dia, eu decidi sair com Tsunade e Shizune.

 

Passeamos por alguns lugares. Tsunade que não tinha muito humor para se divertir, soltou algumas risadas espontâneas nesse dia e foi divertido!

 

Paramos para almoçar em um restaurante que ficava próximo a uma casa de jogos.

 

 Enquanto comíamos, uma mulher entrou naquele lugar parecendo triste e abalada. Poucas pessoas a notaram e uma dessas pessoas, foi eu.

 

Ela pediu uma garrafa de Saquê e enquanto bebia, seu olhar estava distante, perdido, seu rosto abatido, era nítida sua tristeza. Eu não conseguia deixar de observá-la até que me assustei com Tsunade que bateu na mesa…

 

— Termine logo o seu almoço antes que esfrie! 

 

Eu não a respondi, apenas voltei a comer, mas eu não conseguia controlar meus olhos, eles sempre voltavam a olhar para aquela mulher. Me distraí por alguns segundos e quando voltei a olhá-la, percebi que ela enxugava os olhos, tentava esconder suas lágrimas. Naquele momento eu fui impulsiva e me levantei para falar com ela…

 

— Ei, Harumi, volte aqui! –  Disse Tsunade.

 

Não dei ouvidos e fui até a mulher…

 

— Ei… Está tudo bem? – Perguntei ao me aproximar.

— Hum?! – Ela me olhou surpresa. - Quem é você?

— Me chamo Harumi Senju.

— O que uma garota tão doce viu de atrativo em mim para querer vir puxar conversa?

— Me desculpe por te incomodar, mas percebi que você não está bem.

 

A mulher que já estava alterada por conta do Saquê deu um sorriso sutil e começou a me contar o que a deixava tão triste…

 

— Depois de assistir um massacre, perder pessoas que tanto amo e ver a única pessoa que me resta nessa vida agonizando com os ferimentos abertos e sem poder fazer nada para acabar com sua dor, tudo que me resta é me afogar em Saquê. – Lágrimas escorrem dos seus olhos.

 

Ela coloca mais Saquê no copo e vira de uma vez…

 

— Uma garotinha como você não deve entender o que é isso, percebo que sua mãe e irmã estão ali te esperando. Mas eu, quando ele morrer, só me restará a solidão. – Ela coloca mais Saquê no copo.

 

Naquele momento, meus olhos se encheram de lágrimas e eu senti que precisava fazer algo por ela. Fui até Tsunade…

 

— Quem mandou você ir falar com estranhos? – Tsunade me pergunta irritada.

— Não tenho tempo para sermões, Mestra. Aquela mulher precisa de ajuda.

— Que tipo de ajuda?

— Parece que houve um massacre onde ela vive e alguém que ela ama está entre a vida e a morte, com ferimentos graves e eu pensei que você…

— Ela não te pediu ajuda, ela apenas desabafou. E dependendo do estado da pessoa, não há o que ser feito.

— Mas, Tsunade…

— Harumi, não insista! Não estou aqui para trabalhar.

— Então me deixe ajudá-la.

— Você ainda está em treinamento, suas técnicas de cura são medíocres, você não poderia fazer nada. É melhor não se arriscar, evite frustrações que te façam desistir desse longo caminho de aprendizado do qual você ainda está no início.



Tsunade se levantou imediatamente e foi pagar a conta. Shizune ficou na mesa comigo enquanto me olhava com pesar. Eu olhei para a mulher que ainda chorava disfarçadamente e me irritei com a postura de Tsunade…

 

— Como ela pode ser tão cruel assim?! – Fechei os punhos irritada.

— Harumi… Eu não deveria te dizer isso, mas… Tsunade tem um motivo para se negar a ajudar essa mulher.

— E que droga de motivo seria esse?

— A um tempo atrás, ela perdeu alguém que amava muito. Ele morreu enquanto ela tentava salvá-lo. Após ver o sangue dele em suas mãos ela desenvolveu Hematofobia e desde então, não atua como médica ninja. Esse alguém, era meu tio.

 

Eu fiquei surpresa e em seguida, baixei meu olhar com tristeza…

 

— Ei, vamos embora. – Tsunade disse atrás de mim.

 

Eu e Shizune a seguimos. Eu estava triste após saber dos motivos de Tsunade, mas antes de sairmos olhei novamente aquela mulher, sua tristeza também mexeu comigo. 

 

Tsunade caminhou em direção a casa de jogos, enquanto Shizune e eu a seguíamos. Eu estava cabisbaixa e pensativa.

 

Depois de alguns minutos, senti que não poderia mais seguir em frente e parei…

 

— O que foi, Harumi? – Perguntou Shizune.

— Eu preciso tentar, Shizune.

— Do que está falando?

— Se Tsunade não pode fazer nada, então eu vou ajudar aquela mulher!

— Mas Harumi, você ainda está treinando, não dominou todas as técnicas de cura.

— Isso não importa, eu tenho que tentar!

 

Estávamos já em frente a casa de jogos e Tsunade estava distraída na recepção…

 

— Shizune, por favor, não conte nada para Tsunade. Apenas diga que eu fui comprar doces. 

— Mas Harumi…

 

Eu saí correndo e voltei para o restaurante.

 

Quando eu cheguei lá, aquela mulher estava pagando sua conta para ir embora…

 

— Ei... 

 

Ela me olhou…

 

— Me leve até seu familiar ferido, eu quero ajudá-lo.

— Ninguém pode me ajudar, garota. A essa hora ele já deve estar morto.

— Por favor, me leve até ele.

 

Ela me olhou confusa…

 

— O que uma pirralha como você pode fazer por alguém?

— Eu sou uma médica ninja.

 

Ela ficou surpresa e rapidamente saiu daquele restaurante e eu a acompanhei, mas tive que ajudá-la a caminhar, ela estava muito bêbada.

 

Andamos por alguns minutos até que chegamos a um lugar com aparência pós guerra. Como aquela mulher estava muito alterada por conta do saquê, eu preferi não fazer perguntas. Andamos até um abrigo e ao chegarmos na porta, ela logo abriu. Ao entrarmos, vi algumas coisas quebradas e um quadro com a foto daquela mulher juntamente com um homem e duas crianças. Ela olhou para aquele quadro e seus olhos se encheram de lágrimas…

 

— Essa era a minha família e eu os perdi… Bom, acho que talvez, meu marido ainda possa estar vivo.

— Onde ele está?

— Me acompanhe.

 

Ela me guiou até um quarto pequeno e ao entrar, vi um homem deitado no chão, coberto com um lençol sujo de sangue…

 

— Já que você é médica, ele está em suas mãos. Mas se ele morrer, não se culpe, eu já não tenho mais esperanças.

 

Aquela mulher se virou e saiu me deixando sozinha no quarto com aquele homem.

 

Me aproximei para observar se ele ainda estava respirando. O receio tomou conta de mim, eu nunca havia usado ninjutsu médico em alguém, mas ao me lembrar do pai daquele garoto que morreu, percebi que não podia fracassar dessa vez.

 

Eu logo deixei o receio de lado e tirei o lençol, ele tinha diversas feridas na barriga e um enorme corte profundo do lado esquerdo do peito. As feridas menores atravessavam seu abdômen, havia muito sangue, o estado dele era crítico, mas ele ainda estava respirando…

 

— Ninjas médicos não podem desistir do tratamento de seus pacientes enquanto estiverem respirando. – Sussurrei.

 

Eu suspirei com determinação e sem mais demora, coloquei minhas mãos sobre aquele homem e comecei a usar, pela primeira vez, as técnicas de cura em um paciente. Aquela regra eu sempre segui a fio e sem pensar em fraquejar, dei tudo de mim para salvar aquele homem!

 

Agi cautelosamente para conseguir parar o sangramento. Em seguida, eu fui até o lado de fora da casa, quando passei pela sala vi aquela mulher sentada  no sofá abraçada ao quadro e isso fez com que eu me esforçasse ainda mais. 

 

Do lado de fora haviam plantas, eu fui procurar por algumas específicas para fazer uma mistura de ervas que ajudam na cicatrização. Após achar as plantas que eu precisava e colhê-las, fui até a cozinha para fazer a mistura. Depois de fazer a mistura, voltei para o quarto. 

Coloquei a mistura de ervas sobre a ferida maior que estava infeccionada, em seguida, comecei a usar técnicas para acelerar a regeneração celular das outras feridas. Foi um trabalho que levou tempo, mas depois de algumas horas de muito trabalho, as feridas estavam quase 100% curadas.

Eu me senti exausta, mas fui até aquela mulher para dizer que o marido dela estava estável.

Mas quando cheguei na sala, ela havia adormecido abraçada ao quadro. Ao ver aquela cena, eu sorri sutilmente.

 

Harumi off

 

Já era noite e Tsunade está furiosa pelo sumiço de Harumi…

 

— Shizune, me diga logo a verdade. Onde Harumi foi? 

— S-Senhora, Tsunade, e…ela foi comprar doces, não deve demorar a voltar. – Shizune responde tensa.

 

Tsunade ficou assustadora, sua raiva estava no limite…

 

— Você vai mesmo continuar acobertando aquela pirralha? – Pergunta entre os dentes.

 

Shizune fica assustada e não vê outra saída…

 

— T...tudo bem, eu conto. Ela foi com aquela mulher que precisava de ajuda e pediu que eu guardasse segredo.

— MAS O QUE HÁ COM ESSA GAROTA?!

 

A porta da pousada se abre…

 

Harumi on

 

Eu entrei na pousada e logo me deparei com uma cena que deixou claro que eu estava encrencada…

 

— QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA DESOBEDECER MINHAS ORDENS?

 

Eu fiquei em silêncio olhando Tsunade que parecia possuída de tanta raiva…

 

— Harumi, me perdoe, eu não pude guardar seu segredo. – Shizune falou envergonhada.

— Me deixe adivinhar… está frustrada por ter entendido que você ainda não tem capacidade de salvar a vida de alguém. Eu tentei te privar desse terrível sentimento, mas você com sua teimosia não me deu ouvi…

— Eu o salvei.

 

Tsunade e Shizune ficaram extremamente surpresas…

 

— Não me arrependo de ter passado por cima de suas palavras, Mestra. Eu sou uma médica ninja e vou passar por cima de suas ordens quantas vezes for necessário se o paciente ainda estiver respirando!

 

Depois de dizer isso, eu fui para o meu quarto, eu estava exausta.

 

Harumi off

 

Tsunade e Shizune ficaram paralisadas por um tempo. Shizune sorriu com orgulho ao ouvir as palavras de Harumi, naquele momento ela passou a admirá-la, sua coragem ia além de tudo que ela já tinha visto.

 

Tsunade abaixou o olhar pensativa, seu olhar sobre Harumi mudou a partir daquele momento.





 

                               SELO DA FORÇA DE UMA CENTENA

 

Após meu primeiro feito como médica ninja, Tsunade já não me tratava mais como uma criança e isso nos aproximou um pouco mais.

 

Continuamos os treinos de batalha e eu estava progredindo, ela já não me acertava mais golpes. 

 

Mesmo possuindo um Chakra poderoso, ela me ensinou a técnica do Byakugou e desde então, passei a armazenar Chakra em um ponto na testa.

 

Eu continuava a treinar incansavelmente. Me tornei especialista na Técnica de Composição, me especializei na composição de remédios à base de ervas, mas também me especializei na composição de antídotos e venenos.



Um tempo depois…

 

Já fazia três anos que eu treinava com Tsunade e depois de mais um dia cansativo, era hora de descansar. 

 

Ao adormecer, tive um sonho intrigante…



Eu estava voltando para a minha casa na Vila da Folha depois desses anos de treinamento. Ao chegar perto, ouvi estrondos ensurdecedores e percebi que minha casa estava destruída, estava ocorrendo o ataque da Raposa de Nove Caudas. Me desesperei por saber que minha família estava lá dentro, então corri até lá para socorrê-los. Com minha força bruta eu consegui tirar todos de dentro da casa e os posicionei lado a lado, eles já estavam mortos. Eu os observei com calma, vê-los mortos me causou uma imensa dor e foi inevitável segurar o choro…

 

Porém, naquele momento eu senti que podia fazer algo para trazê-los de volta. 

Eu liberei uma de minhas reservas de Chakra através do Selo da força de uma Centena, mas não para uso próprio, eu comecei a transferir aquele Chakra para os corpos de todos os meus familiares, um a um. Conforme recebiam meu Chakra, seus órgãos vitais começaram a ser restaurados, as feridas externas começaram a se curar e eles voltaram a respirar. Depois de alguns minutos, eles acordaram. Foi incrível poder vê-los de novo! Eu pude abraçá - los e dizer o quanto senti saudades, mas a pior parte foi acordar e ver que nada daquilo foi real.

 

Quando despertei, me sentei na cama estando triste por tudo não ter passado de um sonho. Perdi o sono e me levantei para ir até o banheiro. Ao chegar lá e me olhar no espelho, me assustei… O Selo Yin havia aparecido em minha testa! 

 

Foi aí que eu comecei a pensar em cada detalhe do sonho. Eu comecei a me perguntar sobre a possibilidade do uso inverso do Byakugou.

 

Na manhã daquele dia, decidi falar com Tsunade a respeito…

 

— Então você descobriu o que eu, com tanto cuidado, tentei esconder de você…– Tsunade suspirou.

— E-Então é realmente possível?

— Não se anime. O desenvolvimento do Byakugou de forma inversa é muito perigoso e por isso eu jamais lhe ensinaria.

— Mas, mestra, e se eu tivesse mais reservas de Chakra?

— Harumi, a forma inversa desse jutsu exige um uso de Chakra ainda mais extremo do que para benefício próprio. Seu corpo poderia não aguentar, mesmo sendo uma Senju e possuindo muito Chakra, os danos viriam a longo prazo. Portanto, deixe essa ideia de lado e foque apenas no que eu lhe ensinei.

 

Eu fiquei frustrada, saí em silêncio, mas eu não estava disposta a desistir. Comecei a estudar a forma inversa por conta própria, mas eu estava ciente de que eu deveria armazenar Chakra por mais longos anos e que mesmo assim, não poderia reviver muitas pessoas caso conseguisse usar o jutsu.




                                    O RETORNO DE JIRAYA

 

Dia 5 de Novembro, já era meu terceiro aniversário com Tsunade! Eu estava completando 14 anos e  havia me tornado uma médica ninja com habilidades formidáveis. Conquistei a admiração de Shizune, e Tsunade, que sempre foi tão rígida e usava palavras pesadas para me criticar, agora me elogiava frequentemente. Não havia melhor presente do que essa evolução!

 

Após três dias, eu estava treinando na floresta juntamente com Shizune enquanto Tsunade observava junto com Tonton. Estávamos concentradas na luta, mas enquanto trocamos golpes, eu me distraí ao sentir o Chakra de alguém se aproximando. Arregalei os olhos ao reconhecê-lo… 

 

— Mestre!

 

Eu me esqueci completamente da luta com Shizune e acabei levando um baita soco que me derrubou. Shizune se assustou…

 

— Ai! Harumi me desculpe, eu pensei que você fosse se defender!

— Está tudo bem, Shizune. – Respondi enquanto me levantava.

 

Em seguida, Jiraya surgiu caminhando em nossa direção e eu fui até ele…

 

— Mestre! Que bom ver você!

— Minha querida, Harumi! Como você cresceu, se tornou uma bela moça!

 

Eu sorri com seu elogio e Tsunade se aproximou…

 

— Vejo que cuidou muito bem da minha garota. – Disse Jiraya.

 

Tsunade sorriu com orgulho enquanto me olhava. Jiraya então notou o Selo Yin na minha testa e se surpreendeu…

 

— Então ela…

— Isso mesmo. Ela conseguiu dominar as 100 curas. – Disse Tsunade.

 

Jiraya sorriu com orgulho…

 

— Essa é minha garota!



Depois de alguns minutos, Jiraya e Tsunade saíram para beber enquanto eu e Shizune fomos para casa preparar o jantar.

 

Mais tarde, jantamos todos juntos e Jiraya ia passar a noite com a gente, ele dormiu na sala.

 

 No dia seguinte, todos tomamos café juntos e antes do almoço, fui dar uma volta pela aldeia com Jiraya, relembrando os velhos tempos. Ele não mudou nada, continuava o mesmo velho tarado de sempre. Ao passarmos em frente a uma loja de jogos, ele tentou me distrair como fazia antes…

 

— Olha só essa loja de jogos! Tem para crianças e adolescentes. Que tal passar um tempo aqui? Encare como um presente de aniversário um pouco atrasado. Enquanto isso, eu irei fazer uma pesqui…

— VOCÊ PENSA QUE EU SOU IDIOTA DE ACREDITAR NESSE PAPO DE PESQUISA?! – Eu gritei furiosa.

 

Jiraya ficou assustado…

 

— T-Tudo bem. V…você não gosta mais de jogos, está tudo bem. Vamos embora.

 

Depois disso voltamos a caminhar. 

 

Harumi off

 

Enquanto caminhavam, Jiraya olhava Harumi sutilmente enquanto pensava…

 

“ Parece que ela também desenvolveu alguns traços da personalidade de Tsunade durante esse tempo…Hum.”

 

Ele sorri sutilmente com esse pensamento.

 

Harumi on



Depois da tentativa de me enrolar, Jiraya me levou para comer e depois comprou picolés para nós dois. Enquanto saboreamos, nos sentamos em um banco de praça para conversar um pouco…

 

— Você já se sente preparada para voltar para a Vila? – Perguntou Jiraya.

 

Eu fiquei séria naquele momento, essa possibilidade nem tinha passado pela minha cabeça até então…

 

— Eu ainda não pensei sobre isso, mestre.

 

Jiraya ficou pensativo por alguns segundos.

 

— A Vila da Folha precisa de ninjas como você, com sua determinação. Você se lembra de como começou?

— Sim.

— Hoje você é uma Sennin com habilidades médicas. Todo seu esforço e determinação lhe trouxe um imenso poder. Não acha que já é hora de usar tudo isso?

 

Eu fiquei pensativa, demorando alguns segundos para respondê-lo.

 

— Mestre… Voltar para a Vila significa que eu terei que renunciar à estabilidade de um lar para voltar a viver sozinha.

— Você nunca esteve sozinha na Vila, Harumi. Alguém de lá a protegeu durante todo esse tempo.

 

Arregalei os olhos…

 

— Quem? – Perguntei surpresa.

— O Terceiro Hokage.

 

Eu fiquei ainda mais surpresa. 

 

 Jiraya então me explicou como Hiruzen me protegeu todo esse tempo…

 

— Quando Hiruzen leu seu bilhete se despedindo, ele me enviou um recado e eu estava próximo a Vila. Eu não demorei muito a te encontrar e te segui até aquele bar onde você foi comprar água. Acho que você estava com tanta fome que nem me notou entrando junto com você. Quando você aceitou minha ajuda e foi para o abrigo comigo, eu informei a Hiruzen que você estava segura e ele disse que confiou sua vida a mim. A partir daquele dia, eu me encarreguei de cuidar de você e prometi a ele que tentaria te levar de volta para a Vila algum dia.

 

Eu sempre me lembrava de Hiruzen, mas não imaginei que ele pudesse ter feito algo assim por mim e acreditei que ele jamais me aceitaria de volta como Shinobi. 

 

Depois do que Jiraya me contou, eu fiquei totalmente sem palavras e pensativa. 

 

Voltamos para a pousada algum tempo depois e quando anoiteceu, eu saí para caminhar sozinha. 

 

Eu parei para olhar as estrelas e automaticamente comecei a me lembrar da Vila da Folha. 

 

Minha família amou tanto aquela Vila e me ensinaram a sempre lutar para protegê-la. Porém, eu decidi fugir e não pretendia voltar. Mas eu já não era mais a mesma. Eu usei esse tempo para me tornar uma ninja mais forte. O medo já não fazia mais parte de mim. Logo as palavras de Hiruzen começaram a ecoar em minha mente. Meu objetivo como ninja… Naquele momento, me dei conta que o descobri…

 

— Proteger Konoha, a amada Vila dos meus pais e também minha Vila! – Eu disse com determinação.

 

  Alguns minutos depois, voltei para a pousada.

 

Eu entrei e todos estavam na sala conversando…

 

— Mestre… – Os interrompi.

— Sim?

— Tomei uma decisão… Eu vou voltar para a Vila da Folha.

 

Jiraya sorriu orgulhoso ao ouvir minhas palavras enquanto Tsunade e Shizune ficaram surpresas. Em seguida, eu segui o caminho até meu quarto…

 

— Harumi… – Jiraya me chamou.

— Sim?

— Partiremos amanhã pela manhã.

— Certo!


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Notas finais do capítulo

Agradeço por chegarem até aqui ♥

Spoiler: O próximo capítulo contará como ela conheceu Kakashi e como se tornaram tão amigos.



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