A Mais Vitoriosa escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 7
Capítulo VI.




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Eu agradeço minha prima por sua carta, suas palavras de consolo foram uma verdadeira ajuda, mas peço também perdão por não responder rapidamente. Com a morte de meu pai eu ganhei muitas responsabilidades e desprazeres.
Embora eu acredite fielmente que nenhuma nação irá tentar tomar meus territórios, coisa que elas prometeram por tratadas não fazer, meu pai em seu grande esforço de garantir para mim um trono, me deixou em uma situação lastimável. Eu não tenho exército, não tenho um tesouro, não tenho experiência. Irei então fazer exatamente como meu pai disse e confiar nos conselheiros dele e em Francis, eles são experientes, tem idade, irão me ajudar. Eu espero que com o...
Eu apenas sei que devo garantir o apoio de meu povo e me fazer um legítimo rei, um rei da Boêmia e da Hungria. Eu já consegui fazer Francis ser declarado co-governate da Áustria e das terras da Boêmia, mas ainda não da Hungria, mas vai chegar o tempo... E ainda hoje toda a Viena foi confirmada de que eu sou sua governante e logo depois eu fiz meu juramento de fidelidade em Hofburg.
São muitas as coisas minha prima, tantos são meus problemas. Mas espero que sua gravidez esteja indo bem, a minha está, apesar de que...

De sua prima 

Maria Theresa

02|01|1741 Amelian House, Cheshire

Não cavalgar poderia ser suportado, Anne nem mesmo gostava de fazer isso, não beber vinho também poderia, não beber champagne era mais difícil, mas poderia ser facilmente evitado, não se cansar, não ficar muito tempo parada, não comer tudo que desejava, Anne poderia suportar tudo.

Mas havia uma coisa que Anne estava achando difícil de suportar. Não era estar inchada, nem os enjoos que não iam embora, muito menos ser, no momento, a menos bela das mulheres Tudor-Habsburg. A única restrição que Anne estava realmente odiando, era não poder mais empoar o seu cabelo.

O médico havia dito que o pó para empoar poderia fazer mal ao bebê, e visto que Anne não era a grávida mais saudável, todo o cuidado era necessário. Então ela deveria mostrar seu cabelo loiro alaranjado.

  – Pareço uma simples inglesa.- As damas de Anne haviam acabado de arrumar seu cabelo para o dia. Anne tinha suas sedas e suas ágatas, mas não seu cabelo normal, ele hoje estava "natural".

  – Você é uma inglesa Anne.- Anne havia esquecido que Frederik estava com ela, ele não saia mais de perto.

  – Porém sou uma inglesa que foi criada em moldes dos austríacos Habsburg.‐ E por causa disso Anne, suas irmãs e sua mãe, eram chamadas de as "austriacas", e não era um elogio.– Então isso implica, assim como em metade do mundo civilizado, empoar o cabelo.

  – Não irei discutir.- Frederik estava se mostrando muito tolerante na opinião de Anne.– Interessante, eu nunca tinha percebido seu cabelo é loiro alaranjado.

Uma bela brincadeira considerando que se era dito que loiro alaranjado, era um ruivo que desbotou. Mas Anne sabia como revidar. Ela sabia ser feroz.

Anne não era tão tola para jogar algo em Frederik, ele estava muito longe, sentado na cama de Anne. O melhor era se aproximar e agi. E foi assim que ela fez. Quando Anne chegou onde queria, ela agiu. Ela pegou a peruca empoada de Frederik e a jogou no jarro com água que havia na mesa. Agora os dois estavam na mesma situação.

  – Interessante, munca tinha percebido que seu cabelo é loiro escuro.‐ Frederik não parecia muito afetado, apenas divertido.– Também é interessante você não cortar curto o cabelo como a maioria dos homens. Está até que grande.

  – Luise disse que mulheres gostam de homens com cabelo.- Anne não imaginava onde a irmã número 4 de Frederik tomou conhecimento sobre isso.– Mas se estamos nesse momento falando verdades...

  – Papai me chamou para conversar até mais tarde.- E com isso Anne saiu do quarto deixando um risonho Frederik para trás. Ele não estaria assim por muito tempo, logo Frederik iria perceber que teria que vestir-se novamente. Ele não poderia sair com o cabelo "natural".

Anne não poderia dizer que sua relação com Frederik era a melhor, nem que eles tinham uma grande amizade e amor. Mas Anne poderia dizer que eles tinham algo, esse algo era desconhecido, mas era melhor do que nada.

Depois de passar por um longo e iluminado corredor, Anne chegou na biblioteca onde seu pai estava. A biblioteca em si não era nada muito impressionante: paredes com painéis de madeira escura, haviam muitos livros, a única coisa impressionante era o teto com detalhes dourados, decorado com afrescos. Esse tinha sido a única coisa que sua mãe tinha mudado, qualquer reforma na biblioteca ou em toda a propriedade, foram adiadas.

  – Algum problema com a biblioteca Anne?- Ae tirasse o fato de que painéis de madeira não eram mais usadas, não havia nenhum problema.– Tenho certeza que você vai fazer um dia um bom trabalho remodelado esse lugar. Mas não a chamei aqui para falar disso.

 – Eu fiz algo de errado? Frederik fez algo errado?- Frederik não tinha escondido o desconforto em ficar em uma casa dos dias de William e Mary, o rei holandês da Inglaterra e sua esposa que derrubou o próprio pai.

 – Não você não fez. Nem Frederik, eu o teria chamado não você.- Anne esperava que continuasse assim.– Envolve sua prima.

  – Qual delas? Tenho doze primas, Maria Amália se tornou rainha? Maria Antonia se casou? Ou foi algo com a pequena Maria Josepha?- Todas desconhecidas por Anne, ela havia visto apenas pinturas, se uma delas morresse não faria falta alguma.

  – Maria Theresa.‐ Havia apenas uma Maria Theresa.– Creio que você já sabe que algumas monarquias não aceitaram muito bem a sucessão dela como herdeira do imperador.

Anne sim sabia. França, Prússia e Espanha tinham reconhecido, mas mudaram de ideia assim que o imperador morreu em outubro.

  – Sim eu sei. Maria Theresa não me escreve muito, mas é impossível não saber isso. Aconteceu algo?- O marquês ficou por um momento calado, nunca era um sinal esse silêncio.

  – Algumas semanas atrás a Prússia invadiu a Silésia, e há quem diga que os franceses estão ajudando. Em qualquer caso isso foi um declaração de guerra.- Mas isso era horrível, a Áustria não tinha condições de fazer uma bela guerra, seu exército estava despreparado, foi a própria Maria Theresa que disse.– Vendo a situação, essa não vai ser uma simples guerra entre dois Estados Alemães, é uma guerra europeia, a Áustria contra a Europa.

A Europa contra Maria Theresa, essa era a melhor definição. As mais poderosas, ricas, grandes e militarmente preparadas monarquias estavam contra a frágil, despreparada e perto da falência Áustria.

  – Ela vai ser destruída. Devemos fazer algo, a Grã-Bretanha deve tomar o lado de Maria Theresa!- Havia um tratado feito, eles estavam nesse lugar para isso, mas Anne também sabia que havia um tratado com as traidoras França e Espanha.– O que você vai fazer papai? O que nós fazemos?

Anne não queria ficar sem fazer nada, eles em algo poderiam ajudar, pressionar o rei, Walpole, o parlamento.

  – Outras nações ainda não se manifestaram. A Grã-Bretanha foi uma, mas sei que o rei, como Eleitor de Hanover, irá apoiar Maria Theresa. Estamos em um pequeno conflito com a Espanha então se ela entrar em guerra, naturalmente vamos entrar no lado oposto.- Mas isso não respondia a resposta de Anne.– Nós iremos publicamente mostrar nosso apoio a Maria Theresa e a Áustria, e em secreto, tentaremos persuadir o parlamento a ajudar. Se não indo a guerra, dando ajuda financeira.

  – Está certo então. Vou então rever os meus vestidos e jóias, procurar algo que tenha conexões com a Áustria, acho que posso usar algumas das jóias de vovó. Também acho que vou fazer amizade com pessoas como os Newcastle.‐ O duque era um apoiador da Áustria, e um membro muito importante do governo Walpole, seria bom isso.

  – Eu também quero que você faça algo mais.- Anne estava pronta para ouvir, e para fazer.– Eu não vou viver para sempre, então eu quero que você desde já, mostre seu apoio a Maria Theresa, escreva para ela, diga que você a vai ajudar, se tornar amiga dela é necessário. Fazer isso vai garantir que mesmo quando eu morrer, nossa ajuda irá permanecer.

Era um pouco mórbido e pessimista de seu pai pedir isso, mas ele e não deixava de estar certo, e Anne estava disposta a obedecer.

  – Papai, o senhor ainda vai viver muito. Mas farei assim como o senhor pediu. Eu e Maria Theresa seremos melhores amigas.‐ Isso Anne esperava.– Mamãe já foi informada da invasão?

                    *****

  – Tivemos também que passar por Bristol, aquela cidade horrível, grande e rica, mas ainda horrível. Não entendo isso, Bristol nem mesmo é na direção de Cheshire, mas mesmo assim vi cativos africanos.‐ Frederik admirava muito a marquesa por ser tão contra a escravidão, mas poderia ser irritante as vezes, principalmente quando ela passava por Bristol.

  – Mamãe você é a esposa do marquês de Bristol, não pode odiar Bristol.‐ Que raro, Catherine não estava sendo horrivelmente sarcástica.– Além do mais você, papai, todos os futuros marqueses de Bristol, serão sepultados lá.

Certas coisas eram tão contraditórias, a marquesa odiava Bristol, mas passaria toda a eternidade lá.

  – Ela está certa mamãe.‐ Alice finalmente saiu de seu livro, mas ela não seria tão crítica.– Também acho melhor não tocarmos nesse assunto. Lembre-se mamãe que alguns de nós temos ancestrais envolvidos nesse comércio.

  – Em outras palavras, a fortuna de Frederik como um Orange-Nassau vem, em parte, dos frutos da escravidão.‐ Catherine voltou ao normal, mas seu escárnio não foi apreciado.

  – Nunca esteve no meu poder decidir a fonte da fortuna de minha família Catherine. Lembre-se também que não há fortuna na Europa que não tenha laços com a escravidão.‐ Catherine em resposta apenas lhe deu um olhar sarcástico, e se preparou para responder.

  – Falemos sobre outros assuntos. Esse não deve mais ser tocado, entendeu Catherine?‐ Foi um alívio a própria marquesa interromper, Frederik não estava disposto a responder Catherine com paciência.– Está gostando de Amelian House Frederik?

Essa conversa Frederik já havia tido com Anne, e ele então não desejava ter com a marquesa. Foi então uma alegria quando o marquês entrou na sala e disse que deseja conversar com a marquesa e suas filhas. E Frederik entendeu muito bem o que isso significava, ele deveria sair. E assim fez. Frederik apenas desejava saber o que seria.

Mas seja o que fosse logo Frederik iria saber, mas nesse momento era melhor encontrar algo para fazer, geralmente Frederik gostava de fazer práticas ao ar livre, mas estava muito frio para isso, então ele deveria fazer outra coisa, talvez ler um livro.

Sim, isso seria bom. Talvez algo emocionante o poderia distrair.

Era nesses momentos que Frederik, mais desejava voltar para casa e estar perto de sua família, não que Frederik não gostasse da família de Anne, mas seria muito melhor voltar a Holanda, junto de sua família, onde ele poderia fazer realmente algo, e não ficar apenas lendo, jogando, caçando, cavalgando ou fazendo outras coisas que os ingleses geralmente faziam.

Quando Frederik entrou na biblioteca ele teve uma pequena surpresa, Anne estava lá. Não foi ela que afirmou odiar essa biblioteca atrasada e fora de moda?

Mas o que mais chamou a atenção de Frederik foi que quando ele entrou, Anne escondeu uma carta que ela estava escrevendo. Frederik não iria falar nada a respeito, não deveria ser nada importante, coisas importantes não eram escondidas.

  – Frederik, que surpresa! Você não ia ensinar mamãe uma coisa que não me recordo?- Anne estava gentil e visivelmente escondendo algo.– Por que me olha assim?

  – Talvez você devesse tentar mentir melhor Anne?- O sorriso forçado de Anne morreu, sendo substituído por uma carranca.

  – Eu sei mentir muito bem meu marido. Assim como sei persuadir muito bem alguém.- Frederik preferiu não responder, Anne já era alguém muito orgulhosa, ela não precisava de mais.

  – Que seja... Você sabe o que seu pai desejava falar com sua mãe e suas irmãs? Estou um tanto que curioso.- Anne ficou estranhamente pálida, era sem sombra de dúvidas algo sério. Em sua casa eles não escondiam coisas importantes.

  – Não sei se devo falar. Pode não ser bom.- Poderia? Anne parecia disposta a se manter calada, mas ela iria falar. Poderia ser importante, e ter conhecimento sobre esse tipo de coisa era necessário.

  – Fale agora.- Era a primeira vez que Frederik falava desse modo forte e sem gentileza com Anne, o lembrava quando ele comandava seus homens. Mas Anne parecia ser mais teimosa que elesz permanecia calada.– Eu ordeno que você fale Anne!

Primeiro Anne ficou terrivelmente ofendida, depois sua expressão mudou e ficou apenas irritada.

  – Se você insiste.- Foi bem fácil e simples. Mas em contraste não foi nada fácil nem simples ouvir o que Anne falou.

Uma invasão, uma guerra europeia em curso, França, Espanha, Baviera, Saxônia e Prússia todas contra Maria Theresa. Frederik não precisava ouvir mais, uma guerra horrível iria acontecer. E isso seria horrível, sua casa poderia estar em perigo, os austríacos governavam a outra metade dos Países Baixos.

Logo Anne acabou de repetir tudo o que o marquês havia falado. Frederik estava sem palavras, e embora Anne continuasse com um rosto impassível e calmo, o modo como ela se comportava mostrava ansiedade.

  – Quando você planejava me contar isso?- Era um começo, Frederik ainda poderia falar.

  – Logo.‐ Uma mentirosa, esse logo poderia durar talvez meses.

  – Anne você entende a grandeza do que tentou me escondeu?‐ Frederik imaginava que ela sabia em parte, o que era verdade. Mas Anne novamente permaneceu calada.– Imaginemos Anne que a Prússia invada a Silésia, e isso cause uma guerra.

 – Exatamente como está acontecendo.

  – Não fale nada! Imaginamos também que a França decida fazer o mesmo e ajudar a Prússia. Como ela faria isso? Ela invadiria a Holanda Austriaca. Você sabe o que isso significaria?

  – Sim eu sei Frederik! A França invadiria não só Holanda Austriaca, mas também as províncias unidas, sua casa.‐ Finalmente caiu a falsa calma de Anne.

  – Sim Anne, você está certa. Agora me diga, o motivo de não me contar sobre uma guerra que pode afetar minha casa, minha família, meu povo? Lembre-se que sou um general, meu dever é proteger os domínios da minha família.

Primeiro Anne abriu a boca para falar algo, mas logo um pensamento pareceu ter atingido sua mente, mas Frederik não teve tempo de imaginar o que seria. Anne logo estava caída nos braços de Frederik, não parecendo muito bem.

  – Frederik não estou me sentindo bem, me leve para meus aposentos.‐ Frederik estava preocupado agora, isso não era normal, ela nunca caiu, a discussão não fez bem com certeza.– Não vamos mais falar de ir para guerra.

Frederik estava disposto a concordar, essa conversa não foi frutífera, foi um empate, e ouve muitas perdas, a confiança sendo uma.


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Notas finais do capítulo

Parece que uma guerra está se iniciando no continente..



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