A Mais Vitoriosa escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 27
Capítulo XXVI.




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Dor, Frederik sentia apenas dor, em seu corpo e em sua mente.

E além de dor, Frederik tinha também arrependimento. Arrependimento pela noite anterior e pelas suas ações, embora ele não estivesse arrependido de arrebentar o marquês de Clarke, até mesmo Anne iria se alegrar com isso. Mas Frederik se lembrava de algumas coisas do que aconteceu. Lembrava de estar em Cambridge House, depois tudo se apagava e chegava onde Frederik tinha muita vergonha, levando em consideração o momento atual.

Frederik praticamente declarou seu amor a Anne, como se fosse um jovem apaixonado. Isso foi em todas as palavras vergonhoso. Ele estava bêbado e havia se afastado de Anne. Frederik não desejava nem saber o que Anne pensava. Frederik não queria nem sair da sua cama.

Ele não tinha e menor vontade de ver Anne, Frederik tinha o desejo de ficar em sua cama e não sair, ou pelo menos demorar muito a sair da cama.

Mas Frederik também sabia que deveria se levantar.

  – Um soldado nunca desiste de uma batalha.

 – Certamente, soldado, ainda mais quando a batalha está aqui, muito, mas muito mesmo, perto.- Isso Frederik não imaginava, e isso o fez logo levantar e ver Anne, sentada na mesma com o café da manhã.– Venha logo, Frederik, o chá vai esfriar, ou você prefere chocolate?

Frederik não estava entendendo, Anne estava lá, sentada e estava agindo de forma muito doce. Anne não era do tipo que humilhava os outros.

  – O que você está fazendo, Anne?

 – Estou sentada esperando que você saia e venha aqui. Precisamos conversar.- Então agora eles tinham um problema, e Frederik também uma dúvida.

  – Eu não posso Anne, de alguma forma eu fiquei nú.

  – Sim eu sei, foi eu mesma que tirei suas roupas. Você queria dormir com suas roupas normais? Ou que uma criada fizesse isso? Santo Deus a que ponto chegamos.

Deveria ter algum problema com Anne, não era costumeiro ela falar assim, ela poderia apenas estar doente ou desejar algo. Mas não era como se ele pudesse lhe dar algo.

  – O que você quer, Anne?

  – Se vista, venha até aqui e assim você vai descobrir.- Agora sim parecia mais Anne, havia um tom de ordem, como Anne sempre falava.

Mas Frederik obedeceu, ele estava curioso e também com fome.

Frederik fez o máximo para se vestir rápido e de forma simples. Afinal, seus cavalheiros não estavam lá para o vestir, e fazer isso sozinho era difícil. O que fez Frederik não usar o casaco e o colete, nem mesmo a peruca empoada, era muito complicado a empoar sozinho, e se fosse para escolher entre o cabelo normal e uma peruca sem pó de empoar, era melhor a primeira opção.

  – Frederik meu querido, faz tanto tempo que não vejo seu cabelo, que nem me lembrava mais qual era a cor dele.- Era simplesmente loiro escuro, não era difícil de esquecer.– Precisamos conversar.

  – Você já falou isso. Me diga logo o motivo dessa conversa.

Anne apenas suspirou e seu sorriso se desfez um pouco.

  – É sobre os acontecimentos anteriores... Sobre nossa discussão.- Apenas poderia ser isso, Frederik deveria ter imaginado.– Precisamos resolver logo isso.

  – Certamente vamos, mas saiba logo que está fora de questão simplesmente esquecer que isso...

  – Me desculpe, Frederik.- Isso sim deixou Frederik ação, Anne não pedia perdão, nunca, ela parecia até ter raiva dessa palavra.– Me desculpe por esconder e omitir sobre nossa segurança, e sobre algo que pode ser ruim e destrutivo para nossos filhos.

Frederik não sabia o que dizer, mas havia uma pergunta que vinha a sua mente.

  – Por que? Por que você fez isso Anne? Eu quero saber o motivo.- Frederik sim queria saber, ele apenas poderia perdoar Anne se a entendesse, sem entender sem perdão.

  – Isso tem importância? Estou pedindo desculpas. Acho eu que isso vale muito já.

  – Sim tem importância Anne, para que eu te entenda.

 – Então me diga também o motivo de você ficar com raiva dessa omissão, todos os dias casais omitem algo.

  – Você sabe muito bem o motivo! A segurança de nossos filhos é muito importante, ser filhos de traidores é ruína na certa.- Embora houvesse sim um outro motivo, um que Frederik não desejava falar.– Foi de todas as formas...

  – Eu escondi porque sou orgulhosa! Sou uma mulher orgulhosa, uma mulher que não sabe compartilhar com os outros. Nem mesmo com meu marido.- Isso sim foi algo que Frederik não esperava.– Eu sempre fui assim, falar a alguém de meus problemas e medos é algo que eu não sei fazer.

   – Anne..

 – Orgulhosa, arrogante, fria e calculista, tudo o que as pessoas falam sobre mim eu sou, sou sim e isso me fez esconder, eu não queria, mas aconteceu.- Talvez esse foi o único momento em que Frederik realmente via Anne abrir seu coração.

Anne então se calou, era apenas isso. Frederik realmente estava impressionado, também um pouco sensibilizado, agora realmente tudo fazia sentido.

  – Anne eu... eu não sei o que realmente dizer. Mas se você falou agora é minha vez.- Frederik também não acreditava que iria fazer isso.– Eu não suporto a ideia de você não confiar em mim. Você me escondeu algo, mas ao mesmo tempo em que estava chateado pelo medo por nossos filhos, por nossa condição, também estava pela ideia de você não confiar em mim, eu prometi que sempre iria lhe proteger, cuidar de você, mas não posso fazer isso sem confiança.

  – Você está totalmente certo. Eu fiz algo errado, talvez nós dois fizemos.

  – Eu reconheço que me deixei levar pela raiva.- Ambos depois disso ficaram calados, mas não era um silêncio ruim, mas um bom de entendimento.

  – Vamos fazer uma acordo então, Frederik.- Um acordo?- Eu nunca mais irei esconder, omitir ou mentir, vou sempre lhe confiar tudo. E você sempre vai ficar comigo, me proteger e ser meu marido.

Esse não era um acordo normal de Anne, era um que mostrava muito bem como ela estava se sentindo. Isso motivou Frederik a se levantar, abraçar Anne e a beijar. Um beijo como eles a muito tempo não davam, um beijo para selar tudo.

  – Eu aceito Anne.

  Eles ficaram assim por mais alguns minutos. Mas Anne se afastou.

  – Estou muito feliz. Mas agora vou ter que ir ver os milordes, você pode vir também se desejar, mas espero então que se vista antes e tome um banho.

  Depois disso Anne saiu. Frederik estava feliz, Anne também estava feliz. Não havia satisfação maior que isso.

                      *****

As coisas certamente tinham mudado muito desde 1741, Anne pode ver claramente isso, não só ela ficou mais velha, ganhou títulos e sobreviveu a uma guerra e a uma rebelião. Mas não apenas isso havia mudado.

Anne também mudou muito, e seu relacionamento com Frederik também. Eles não eram mais os dois jovens que eram quando se casaram. Eles não coravam mais a cada palavra, e se tornaram mais inflexíveis também.

Anne bem se lembrava que quando eles discutiam nunca havia uma solução de verdade, eles apenas deixavam de lado, e quando não, sua mãe intervia, mas não havia também uma solução. Então o que aconteceu hoje foi um progresso na vida deles. Houve pedidos de perdão, houve uma solução e eles não simplesmente brigaram.

Mas por mais que Anne estivesse bem feliz, isso não significava que ela não tinha mais problemas, ela ainda tinha um problema, um com o parlamento.

  – Minha senhora, saiba que já sabemos bem como responder a tudo o que perguntarem. É muito provável que o principal argumento deles seja sua correspondência com Maria Theresa.

  – Mas creio também que St. Matin tenha outras acusações.- Era provável que ele tenha feito uma lista.

Mas o duque de Manchester e o conde de Carlisle também pareciam ter pensado nisso.

  – Sim, minha senhora, mas também pensamos nisso, St. Matin é alguém que tem muito ódio, mas suas ações são muito previsíveis.

Anne assim esperava que acontecesse, o ódio de uma pessoa poderia ser algo muito destrutivo, e Anne esperava que o de St. Martin pudesse superado.

  – Ainda há algo milordes?- O duque e o conde se surpreenderam com a entrada de Frederik, era bem conhecido que eles haviam discutido. Mas felizmente não falaram nada.

  – Certamente, meu príncipe. O parlamento deseja que minha senhora também esteja lá.- Lord Carlisle a surpreendeu com isso. Anne estar na Casa dos Lords

  – Mulheres podem entrar lá?- Era a única coisa que Anne poderia falar.

  – Minha senhora, é tecnicamente um par, então a senhora pode e deve, ser julgada pelo parlamento, presente.

  – O que Carlisle deseja dizer é que eles querem assim então será.- Uma coisa incomum essa. Mas o título de Anne também era incomum, ela era uma marquesa que sucedeu seu pai, isso não acontecia todos os dias.

  – E o que a marquesa deve dizer milordes?- Anne compartilhava a dúvida de Frederik, se eles a queriam lá deveria ter um motivo.

  – Achamos que eles apenas desejam ver a reação de, minha senhora, então não faça nada, não diga nada, não pense nada, apenas fale quando chamada.- O duque foi bem específico e direto.

Então era isso, Anne sabia tudo o que iria acontecer, não seria agradável estar em Westminster, mas ela iria.

  – Muito bem milordes, creio que essa será a última vez que nos veremos até junho.- Se bem que havia o teatro e talvez um baile.– Eu sou muito grata pela ajuda dos milordes.

  – Minha senhora, eu ajudei a senhora a ser uma marquesa, é meu dever então a manter nesse lugar.- Lord Carlisle era muito precioso por essa ajuda.

  – É de minha vontade que, minha senhora, continue como está, assim como a vontade do rei.

Era os dois lords muito precisos. Mas Anne também teria que depois agradecer ao Sr. Gray ele também estava sendo muito útil.

  – Me pergunto, Frederik, como eu poderia mostrar minha gratidão?- Depois que os lords saíram Anne finalmente pode fazer essa pergunta.

  – Não faço ideia Anne, Manchester e Carlisle já tem muito, um é duque e ambos já tem uma riqueza impressionante.- Era essa uma verdade, Anne poderia dar ao Sr. Gray um par, um baronato, mas não aos outros.

Mas sim havia algo que Anne poderia dar, algo com valor, mas nem tanto.

  – Frederik, acho que está na hora de Niedersig ter uma ordem, uma ordem que seja para os que fizeram um bom serviço ao príncipe e a sua família.- Sim uma ordem, isso poderia ser bom.– O que acha?

  – Você quer uma ordem para dar aos que a ajudaram. Não vejo realmente um problema nisso, acredito que o nome dela será a Ordem da Rosa de Ouro.- Anne apenas sorriu em resposta, uma ordem poderia seria bom.

Mas o que também seria bom para Anne nesse momento era logo se preparar para junho.


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