Folklore escrita por Gorky


Capítulo 9
Bravo novo mundo




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capítulo nove

Emília pôs o comprimido na boca e, em seguida, alcançou o copo de água de cima da penteadeira e bebeu o líquido com rapidez. Na noite anterior, após deixar a Noite das Profissões acompanhada da tia e do irmão mais novo, ela passara as próximas horas trancada no próprio quarto, fazendo o seu dever de casa e revisando a matéria de espanhol. Dormiu às duas da madrugada e acordou quase às oito da manhã, assim como Jenna e Jeremy. Os três precisaram agilizar para se arrumarem; Jenna e Jeremy foram um pouco mais rápidos do que Emília. Jeremy até tirou uns minutos para comer alguma coisa. 

― Mila, anda logo, a gente precisa ir! ― berrou Jenna, no andar de baixo. 

― Tô indo, tô indo! 

Ela desceu as escadas vestindo desajeitadamente a sua blusa de frio. Jenna estava parada perto da porta, enquanto Jeremy estava mais distante, sentado na mesa da cozinha, devorando uma panqueca. 

― Você conseguiu falar com a Elena? ― sussurrou Emília, agindo como se aquilo fosse uma espécie de segredo. 

― Não. E eu não sei o número do Stefan. Você sabe? ― respondeu Jenna, com a voz numa altura normal. 

Emília negou com a cabeça e, em seguida, completou: 

― Mas eu posso falar com ele na escola ou ir até a casa dele. Se ele e a Elena fizeram as pazes, então eu acho que ele desistiu de ir embora da cidade, sei lá. Jeremy sabe alguma coisa? ― ela apontou para o irmão, que nem prestava atenção nas duas. 

― Não. 

― Quer saber? Eu posso ir pra casa do Stefan agora mesmo. 

― Não, não ― Jenna interferiu com firmeza. ― Você falou ontem que tinha prova de espanhol hoje, lembra? Vê se ele aparece na escola. Se ele não aparecer, você me liga e eu mesma vou atrás da Elena ― não muito satisfeita, Emília assentiu. ― Vamos, vocês já estão atrasados. Jeremy, vamos! 

Jenna destrancou a porta e, antes dos três passarem para fora, ela enfatizou que ligaria para Emília caso recebesse alguma notícia de Elena. Não pensa muito nisso, se concentra na sua prova, ela disse. 

No carro, Jeremy avisou que, depois da escola, ele iria para a biblioteca municipal para realizar a pesquisa para o seu trabalho de História. Emília encostou a cabeça no vidro do banco passageiro e se manteve em silêncio o caminho inteiro. 

Quando ela e Jeremy botaram os pés para dentro do colégio, o sino para a primeira aula do dia tocou. Emília imediatamente lembrou-se qual era a primeira aula: espanhol. Puta merda. 



Srta. Gilbert. Gilbert? Gilbert? 

Emília sentiu alguém cutucá-la e só então ela percebeu que a sra. Sandoval estava a encarando.

― O quê? 

― Vamos lá, faça a prova. O tempo está acabando ― ela disse com gentileza. 

Emília assentiu, desnorteada. 

― Certo. 

Depois do fim da prova, Angie, que fazia a mesma aula com ela, perguntou se estava tudo bem. Por que não estaria?, Emília deu de ombros. Ela queria parecer despreocupada, mas sabia que tudo o que conseguiu foi dar a impressão de estar de ressaca. Você mal conseguiu terminar a prova a tempo, Angie explicou. É, mas eu terminei. Isso é o que importa. 

No intervalo, ela vasculhou cada canto da escola atrás de Stefan Salvatore, ignorando completamente Corinne, Angie, Sara e Tyler. E então ela seguiu para o lado externo. Não poderia ter escolhido um momento melhor. Como se fosse o destino, Stefan estava de fato ali, sentado em um banco, ao lado de Bonnie Bennett. Emília se aproximou dos dois a passos largos. 

― Stefan ― ela chamou, batendo as suas mãos com firmeza (não com violência) no banco. Bonnie abriu os olhos e a olhou com surpresa. ― Cadê a minha irmã e por que ela não está com você? 

― É o que eu estou tentando descobrir ― respondeu Stefan, com uma expressão já típica de severidade no rosto. ― Bonnie? 

Emília percebeu que Bonnie tinha em suas mãos o colar de Elena, aquele que ela ganhara de Stefan. 

― Eu não… eu não vi nada ― ela disse para Stefan com desespero. ― Geralmente eu vejo alguma imagem, mas agora… eu não sei o que está acontecendo com a minha magia hoje. Mais cedo, eu tentei fazer um feitiço e não funcionou, e agora isso… ― ela deixou o colar no banco e se ergueu, ajustando a sua bolsa no ombro. ― Desculpa, Stefan, eu não posso te ajudar. 

Ela lançou um último olhar para Emília e foi embora, os pés apressados. 

― O que acabou de acontecer? ― Emília cruzou os braços. ― Por que o colar da Elena tá com você? 

― Porque ela foi sequestrada pelo Damon. 

― Quê? 

― Ela foi embora da minha casa ontem à noite, e de manhã, quando eu liguei, o Damon atendeu e disse que estava com ela. 

― Onde?

― Eu não sei. É o que eu quero descobrir. 

― E o que eu faço? ― ela apontou para si mesma. ― A minha tia tá preocupada também. Se eu voltar de mãos atadas, ela vai te procurar. 

O celular de Emília, que ela, em uma ocasião rara, havia levado para a escola por via das dúvidas, tocou no bolso da sua calça. A Gilbert soltou um “mas que ótimo” e alcançou o aparelho eletrônico, não se surpreendendo quando viu que era Jenna ligando. Quis recusar a chamada, mas tinha consciência que não podia. 

― Oi, tia Jenna ― ela se virou para o outro lado, ignorando Stefan. 

Sua irmã me ligou ― Jenna não fez cerimônia. 

― Sério? E o que ela disse? 

Ela disse que dormiu na casa da Bonnie e foi direto pra escola de manhã. 

― Quê? 

Jenna suspirou, e aí, tarde demais, Emília se deu conta de seu erro. 

Ah, não. Era o que eu estava pensando ― sussurrou Jenna, já conformada. Emília fechou os olhos, apertando-os em um sinal de culpa. ― Falou com o Stefan? 

Ela teve que pensar rápido: 

― Hum, não ― Emília esperava ter feito a melhor escolha ao mentir. ― Eu acho que ele não está em casa, eu acho que ele foi embora mesmo da cidade. Sei lá, a Elena deve estar com o Matt. Eu não vi ele hoje na escola. 

Essa última parte não era mentira. 

Então eu acho que vou ter que sair procurando por ela, de porta em porta ― Jenna aumentou o seu tom. 

― Tia Jenna… 

Jenna desligou, deixando uma sobrinha perplexa do outro lado da linha. Emília guardou de volta o seu celular e se virou de novo para Stefan. Ele a olhava como se visse através dela. 

― O que a gente faz? ― perguntou Emília, sentindo como se estivesse em uma rua escura sem saída. 

― Eu posso tentar ligar de novo para a Elena ― sugeriu Stefan. Ele aparentava estar mais calmo que Emília. 

O Salvatore levantou-se do banco, pronto para ir embora sem Emília. Isso ela não podia deixar acontecer. 

― Eu posso ir com você? 

O sino da próxima aula soou, um pouco distante para os ouvidos de Emília. 

― Você não tem aula agora?

― É a minha irmã ― ela insistiu. ― Por favor. 



Primeiro, Emília e Stefan caminharam para longe da área do colégio, para longe de qualquer estudante e funcionário. Stefan a guiava; Emília não sabia para onde eles estavam indo, o que eles iam fazer para procurar Elena, e não teve culhões para questioná-lo. Ele era um vampiro, afinal. Possivelmente um vampiro antigo. Emília não havia se esquecido disso, apesar de muitas vezes agir que sim. A Gilbert sentia-se hiperalerta o tempo todo perto de Stefan. Ele era um “bom vampiro”, se é que isso existia? Ou ele só estava fingindo ser bom? Ela relembrou a si mesma que Elena tinha ido embora com Stefan na noite passada, mas aparentemente não passara a noite inteira com Stefan. O que havia ocorrido? Quando Damon a encontrou? Stefan não parecia saber a resposta para a última pergunta, mas poderia ser uma encenação. 

O fato que permanecia era: Emília não confiava em Stefan. Mas, ao mesmo tempo, ela precisava da ajuda dele. 

Ela só esperava que aquela situação não terminasse com o cadáver dela enterrado em alguma parte da floresta. 

Em um determinado ponto da calçada, quando Emília não conseguia mais avistar o prédio da escola, Stefan parou, e Emília fez o mesmo, imitando-o. Havia só casas por perto, nenhum estabelecimento, nenhuma loja. A rua estava deserta. Emília não fazia ideia de quem morava naquelas casas, porém já havia as visto antes inúmeras vezes enquanto andava com Jeremy. 

― O que a gente tá fazendo aqui? ― perguntou Emília, sendo instantaneamente atingida por um vento gelado. Ela cruzou os braços e tentou esconder melhor os dedos dentro da blusa de frio. 

― Eu vou ligar de novo para o número da Elena. Se não resolver, a gente vai ter que procurar a Bonnie. 

― Mas ela já disse que não pode ajudar ― Emília quase perguntou como exatamente Bonnie era útil nessa história (a Bennett mencionara sobre fazer feitiços, Emília lembrou). Quase. 

― Ela pode ― enfatizou Stefan. Então, pegou o seu celular e buscou o contato de Elena. Emília observou atentamente o seu rosto aflito. Cada movimento que ele fez. ― Elena? É você? Onde você está? Não até eu explicar. Por favor. Só me diz onde você está, pra eu ir te buscar. Eu sinceramente não sei. É verdade, eu… me escuta… 

Stefan afastou o celular do ouvido. Ele não olhou para Emília. 

― E então? ― ela ergueu a sobrancelha. 

Ele pôs os olhos nela e simplesmente negou com a cabeça. Não era necessário falar mais. Emília bufou. 

― Ela pareceu bem pra você? Damon fez alguma coisa? 

― Eu não sei ― respondeu Stefan, com uma certa hesitação. Ele obviamente não estava nada contente com aquilo. Damon e Elena sozinhos em algum lugar, fazendo sei-lá-o-que juntos. ― Você sabe onde a Bonnie mora?

― Sei ― ela falou como se fosse extremamente óbvio. E então, mesmo contra o seu melhor julgamento, ela perguntou com a voz mais alta: ― O que a Bonnie é? 

Stefan semicerrou os olhos. 

― Tipo, ela meio que falou sobre fazer algum feitiço agorinha. E você quer a ajuda dela pra achar a minha irmã. E esses dias, ela agiu de uma maneira bem estranha na minha casa, e a Elena foi atrás dela e te ligou, sei lá. Então, tipo, ela é uma bruxa ou o quê? ― Emília sabia, enquanto falava, que parecia uma idiota. Mas Stefan não riu dela. Não fez nenhuma piada. Ele apenas a encarou de uma maneira afirmativa quando Emília fez a última pergunta. Puta merda. Emília arregalou os olhos. ― Ela é uma bruxa! Meu Deus! Meu Deus! Isso existe mesmo! Meu Deus, meu Deus, meu Deus! 



Dessa vez, Emília o guiou. E dessa vez, eles não ficaram em silêncio. Stefan contou que as Bennett eram uma família de bruxas muito poderosas, que habitavam Mystic Falls desde a juventude dele ― quando ele ainda era humano, nos tempos da Guerra Civil. Bonnie, porém, não era uma bruxa experiente; ela havia descoberto recentemente a sua magia. Elena já sabia disso. Mas Caroline, não. Caroline não se recordava de nada a respeito do mundo sobrenatural de Falls (nem sobre vampiros, nem sobre bruxas, Damon retirou tudo isso da cabeça dela), assim como Jeremy não se lembrava da morte de Vicki. Porque vampiros podiam compelir humanos, podiam obrigá-los a fazer qualquer coisa que desejassem. Contudo, eles não podiam compelir bruxas. Todas as implicações sobre a hipnose de vampiros apavoravam Emília, então ela não quis perguntar mais a respeito. Preferiu mudar o assunto para Damon Salvatore. Stefan explicou que ele e o irmão mais velho tinham uma relação complicada e que não confiava nele. Revelou que Damon foi o responsável pela morte do treinador Tanner. Emília sentiu um arrepio percorrer o seu corpo ao ouvir isso. Então, Stefan fez um comentário lisonjeiro sobre o cabelo loiro de Emília e ela sorriu e agradeceu. 

A casa que Bonnie dividia com o pai não era grande. Era menor que a casa dos Gilbert, menor que a casa de Caroline; tinha só dois quartos, nenhuma escada, cozinha, a sala como o cômodo mais espaçoso, três banheiros, e área de serviço ― o que fazia sentido para Emília, afinal eram só duas pessoas vivendo sob o mesmo teto. Anos antes, quando eram três, a família Bennett morava numa casa maior. 

O gramado do jardim estava sempre bem aparado. Nas vezes em que Emília veio ali com a irmã, o sr. Hopkins costumava ficar a maior parte do tempo do lado de fora. 

Ela e Stefan decidiram que seria melhor se ela fosse tocar a campainha. Se quem abrisse a porta fosse o sr. Hopkins e ele visse Stefan, provavelmente não o deixaria entrar. Por isso, Emília disse para Stefan ficar fora do ponto de visão da entrada. 

Antes de pressionar o dedo contra a campainha, ela respirou fundo e acalmou a si mesma. Isso é sobre a Elena, não é sobre você. 

Quem abriu a porta foi o pai de Bonnie. 

― Oi, sr. Hopkins ― Emília forçou um sorriso grande demais. ― Bom dia ― ela adicionou, sem jeito. 

― Oi, Emília ― ele disse com serenidade, um sorriso pequeno e definitivamente mais sincero que o dela. 

― A Bonnie está? É que ela foi embora mais cedo da escola hoje, porque estava passando mal, e eu queria saber se ela está bem agora ― falou Emília, entrelaçando os dedos de suas mãos uns nos outros. 

― Ela passou por aqui, mas saiu pra visitar a avó. 

― A sra. Bennett? 

― Sim, sim. 

― Tudo bem, muito obrigada. 

Emília conhecia a casa da avó materna de Bonnie, pela mesma razão que conhecia a casa da própria Bonnie: quando ela e Elena eram crianças, Miranda e Grayson obrigavam Elena a levar Emília para todos os lugares que ela ia com Bonnie e as outras amigas menos próximas delas. As intenções de Miranda e Grayson eram boas; eles queriam que Emília se enturmasse mais, saísse um pouco de casa, que ela ficasse mais alegre. Mas ambas Emília e Elena odiavam isso. Emília odiava as amigas de Elena, e Elena odiava ter a irmã por perto. Quando Emília ia, contra a própria vontade, para a casa de Bonnie ou então para a casa da avó de Bonnie, ela ficava quase o tempo todo sentada no sofá, assistindo televisão. Às vezes, ela e Elena discutiam e Emília começava a chorar e pedia para o sr. Hopkins ou para a sra. Bennett telefonar para os pais dela, pedindo para eles virem buscá-la. 

Ela sempre se sentiu a irmã mais nova. 

Apesar de conhecer a sra. Bennett como conhecia o sr. Hopkins, assim que ela e Stefan se aproximaram do jardim, ela não conseguiu avançar mais. 

― O que foi? ― perguntou Stefan. 

― Hum ― ela abaixou a cabeça por um segundo ―, escuta, será que eu posso ficar aqui fora? Sei lá, vai ser meio estranho se eu for com você. Se eu for lá, sabe? A avó dela sempre me deu um pouco de medo.

― Tudo bem ― para o alívio dela, Stefan não a questionou, nem pareceu zangado. 

Enquanto se escondia perto de uma casa ao lado e via o Salvatore bater na porta, Emília se sentiu uma covarde. Ela poderia ter ido lá, sozinha, sem Stefan. Seria uma alternativa bem melhor, é claro. Mas, por alguma razão que ela mesma não compreendia, ela vacilou. 

De onde estava, não pôde ouvir o que Stefan e a sra. Bennett falaram. Mas foi uma conversa rápida e fria. Stefan não entrou na casa e voltou para Emília com um semblante enigmático. 

― E então? Como foi? Cadê a Bonnie? 

― Ela não está aqui. 

― Não? Mas o pai dela disse que ela veio pra cá. 

― Eu acho que eu sei. Mas eu preciso ir atrás dela sozinho. 

O coração de Emília afundou. 

― Mas, Stefan…

― Assim que eu descobrir onde a Elena está, eu vou te falar. Eu prometo. 

Emília queria bater o pé no chão e se recusar a deixá-lo partir sem a sua companhia, mas Stefan Salvatore era um vampiro da época da Guerra Civil. Se as suposições de Emília sobre habilidades vampirescas estivessem corretas, embasadas no senso comum e histórias de ficção (e no fim de Vicki Donovan), ele era mais veloz, mais forte e mais impiedoso do que ela um dia seria. Ele poderia matá-la se ela discutisse com ele. Poderia compeli-la a se matar ou coisa pior. E ela não confiava nele, mas era completamente impotente contra Stefan ou qualquer outro vampiro. 

No entanto, ela não o deixou ir sem anotar o seu número de telefone. 



Em casa, Emília se deparou com a tia sentada no sofá, fitando a lareira apagada. A porta da frente estava destrancada. Jeremy, aparentemente, ainda não havia chegado. Emília não sabia quantas horas eram, mas esperava que já tivesse acabado as aulas do dia; assim, não precisaria lidar com questionamentos da tia sobre por que saiu da escola mais cedo. 

Ela engoliu em seco antes de falar com receio: 

― Oi, tia Jenna. 

― Eu não encontrei a sua irmã, em lugar nenhum ― disse Jenna, sem se virar para a sobrinha. ― Eu não sei o que fazer. Se eu devo ligar para a polícia, se eu devo esperar mais um pouco. 

― Espera mais um pouco. Você falou com ela, não falou?

― Falei. 

― E ela parecia assustada? 

― Não. 

― Então espera. Ela deve ter se irritado com toda essa história do Stefan e decidiu ficar um tempo sozinha. Ela foi embora com o carro dela noite passada. Ela está bem, eu tenho certeza. Tenta ligar de novo, sei lá. 

Jenna concordou e não falou mais nada. Emília subiu a escada e cochilou por alguns minutos na sua cama. Quando acordou, desnorteada, ela foi até o seu banheiro e se despiu. 

Naquela noite, enquanto tomava banho, Emília pôde enfim refletir sobre as horas anteriores que ela passara com Stefan, procurando pela irmã. E ela percebeu uma coisa fundamental: que ela odiava ser deixada de fora. Odiava não saber tudo sobre os vampiros da cidade, se haviam mais, o que exatamente eles poderiam fazer, as suas vantagens e fraquezas. Odiava não saber por que Elena havia fugido da casa de Stefan, por que ela estava com Damon, que era uma pessoa que ela não gostava até então. Odiava não ter ido atrás de Bonnie, odiava que Stefan havia a impedido. Ela odiava sentir que as outras pessoas não estavam lhe contando toda a verdade. Ela queria ouvir toda a verdade, mesmo se a verdade fosse difícil e dolorosa. Nem por um segundo ela pensou em não se envolver, o que, antes do sumiço da irmã, tinha sido o seu mantra para suportar a descoberta que fizera na festa do Dia das Bruxas.

E, agora, ela tinha quase certeza que não voltaria a usar esse mantra. 

Ao descer para o jantar, Jenna contou que seguira o seu conselho e ligara para Elena novamente. Elena atendeu e, segundo Jenna, ela parecia exageradamente alegre. Havia um certo ruído no fundo, quase como se ela estivesse em uma festa. E então, do nada, ela perdeu o sinal. Telefonou mais uma vez e não obteve resposta. Emília fez o possível e o impossível para tranquilizá-la, convencendo-a a não chamar a xerife até a manhã seguinte. Ela mal conseguiu comer. 

Jeremy, por sua vez, não estava nada preocupado com Elena, e sim com a sua pesquisa para o trabalho de História. Ele jantou sem problemas. 

― Escuta, Mila, você não precisa ir para a escola amanhã. Melhor ficar em casa comigo. 

Emília assentiu. Ela nunca recusaria uma oportunidade de matar aula. 



Emília teve um sonho tenebroso com uma família de vampiros. E se ela tivesse acordado sozinha no seu quarto de manhã, ela, sem dúvidas, se lembraria de vários detalhes sobre o sonho. Mas isso não aconteceu. Porque, quando Emília abriu os seus olhos, ela viu a sua irmã, sentada na ponta da sua cama, observando-a com um sorriso melancólico. 

Emília, imediatamente, arregalou os próprios olhos e levantou o seu torso rapidamente, esquecendo-se de seu sono e cansaço do dia anterior. 

― Elena, meu Deus! ― ela exclamou, pondo a mão em um dos braços da irmã, para confirmar se aquilo era mesmo real. 

― Oi ― sussurrou Elena, as pupilas dilatadas. 

Emília não pensou muito. Ela simplesmente colocou seus braços ao redor do pescoço da irmã, abraçando-a com muita força. Não deixou de notar a hesitação da irmã a princípio, mas não demorou para Elena abraçá-la de volta, com as mãos nas suas costas. Não demorou para Elena começar a chorar. 


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