Folklore escrita por Gorky


Capítulo 10
Querida irmã




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capítulo dez

Emília nunca cogitou a possibilidade de morar no meio do nada (embora há quem argumente que Mystic Falls ficava no meio do nada), mas ali estava ela. Vivendo num lugar não tão desconhecido, numa casa simples, fria, com muitas árvores ao redor. Não que isso significasse que ela estava sozinha, pois não estava. E ela sabia disso. Agora, presa num cômodo quente até demais ― um contraste ao restante da casa ―, ela aguardava por alguém. Uma pessoa mais jovem, que ela conhecia há anos, uma pessoa que ela confiava, mas que, nos últimos tempos, não tinha certeza se ele confiava em si mesmo. 

Ele chegou, ensanguentado, com as roupas ensopadas. O rosto também. Não era o rapaz dócil e responsável que Emília estava acostumada. Nos seus braços, ele carregava uma mulher, de cabelos castanhos; os olhos dela fechados. O coração não batia mais. Emília sabia quem ela era. O sangue cobrindo o rapaz não era dele. Era dela. 

A culpa é sua. 

Emília havia criado um monstro. 

Ela acordou repentinamente, os olhos abrindo-se de uma vez. Mas ela não se ergueu da cama, não mexeu um músculo. Ainda respirava, puxando ar dos pulmões desesperadamente. Pressentia a sua morte se aproximando. Lentamente, mas se aproximava. O seu corpo não saía do lugar. Ela não entendia o motivo. Tentou falar, mas nenhuma palavra escapava. Nem um mísero “socorro”. O seu quarto estava escuro; nenhum sinal de que havia amanhecido. Ela quis checar o horário no celular, mas como faria isso? Emília só quis gritar o mais alto que pudesse. 

E então, ela percebeu que não estava sozinha. 

De longe, no canto do seu quarto, ao lado da porta, ela viu uma mulher, estática, com os olhos nela. Apesar da escuridão, Emília foi capaz de notar alguns detalhes, graças à luz natural da Lua: a mulher era claramente mais velha, com idade para ser a sua mãe; a pele, pálida, o cabelo dela era loiro, como o de Emília, mas a cor parecia mais natural; ela trajava um vestido longo e branco, sem sapatos. O nome dela. E, essa última parte, se alguém apontasse uma arma para a cabeça de Emília e perguntasse como ela poderia saber disso, Emília teria que deixar a pessoa atirar. Mas o nome daquela mulher assustadora irrompeu na mente da Gilbert como uma informação antiga, quase banal. Aquele tipo de informação que se sabe de cor. 

Esther. 



Os dias passaram-se como o vento desde o sumiço e retorno de Elena. Naquele dia, Emília havia pedido para a irmã não deixá-la de fora de mais nada, que ela queria estar a par de tudo que envolvia vampiros e bruxas. Elena, relutantemente, concordou. Aos poucos, ela foi revelando o que vinha escondendo. O que realmente aconteceu com Vicki ― da sua transformação por Damon até a sua morte ―; como alguém se transformava num vampiro; a família bruxa de Bonnie; Caroline e Damon; o que vampiros podiam fazer ― como escutar uma conversa a distância ―; o triângulo amoroso de Stefan, Damon e Katherine; Lexi; o vampiro que ela atropelou na estrada; a semelhança entre ela e Katherine ― eu não sei como isso pode ser possível, ela explicou com nervosismo ―; a sua viagem para a Geórgia com Damon; outras pessoas (mal-intencionadas) que sabiam sobre a presença de vampiros na cidade ― como Logan Fell, que por acaso foi transformado num vampiro e acabou misteriosamente assassinado ―; e mais. Só me falta você dizer que lobisomens existem. Nossa, não, Elena gargalhou. 

Emília nunca se sentira tão próxima de Elena. 

― Sem mais segredos, por favor. 

― De onde veio essa mudança repentina? 

― Você. 

Ela via Caroline todos os dias na escola, mas as duas não se falavam. Nem mesmo um “olá”. Às vezes, Caroline andava de mãos dadas com Matt, com um sorriso enorme no rosto. Tyler disse que eles estavam juntos de verdade. Em dada hora, Emília parou de se incomodar. Além disso, Stefan havia desistido de partir de Mystic Falls e voltou a frequentar as aulas. Ele e Elena voltaram a namorar, outro casal que adorava mostrar que estava firme e feliz para todo mundo que estivesse por perto. Incluindo Emília. Por que eu não posso ser assim com o Tyler? 

Ela e Stefan quase não se falaram. 

Jenna e Alaric ainda não eram de fato um casal, mas eles saíam quase todos os dias. De vez em quando, conversavam por telefone. Por horas e horas. Emília ficou contente pela tia, apesar de suas desconfianças em relação ao professor de História. Como era possível ele ter um anel idêntico ao anel de Grayson? Onde ele arranjou aquele anel? Jeremy lhe explicou que era herança de família, mas Emília não se convenceu. 

Por outro lado, um ponto positivo que havia surgido disso tudo foi que Emília conseguira desenhar novamente. Os mesmos rostos, a mesma história. Agora ela tinha um nome: Esther, a matriarca da família. Só faltava o nome do pai e dos filhos do casal, mas esses Emília sentia que encontraria em breve. 

Além disso, nos dias que se seguiram, ela recebeu o resultado da sua prova de espanhol ― 85 ― e teve mais provas, de História, Física e Literatura. Tirou 90 em História, 78 em Física e 88 em Literatura. Nada mal para alguém que estava recentemente à beira da loucura. 

Na quinta, antes da escola, Elena a presenteou com um colar de cor bronze, um “porta-verbena”. Sempre que você estiver usando esse colar, vampiros não vão poder te compelir, ela falou. É como o meu. 

Na quinta, Emília comeu o seu café da manhã completamente em silêncio, somente observando a tia e a irmã se ignorarem. Quando uma das duas abria a boca (geralmente Elena), era para trocar farpas com a outra. Elas vinham agindo dessa forma desde que Elena voltou da sua viagem com Damon. Emília achava que entendia o porquê. 

― A oficina ligou ontem e me falaram que seu carro deu perda total, Elena. Pode usar o meu se quiser ― disse Jenna, antes de Elena e Emília saírem para a escola. Emília se surpreendeu ao perceber que não havia nenhum vestígio de veneno ou remorso na sua voz. Contudo, Elena não respondeu nada. Ela só balançou a cabeça em afirmativo, destrancou a porta da frente, e resmungou um “vamos, Mila”. 

― A gente não vai esperar o Jeremy? ― indagou Emília. 

― Não, ele pode ir sozinho. 

Aquilo não era raiva de Jeremy, Emília entendeu. Era porque Elena não queria ficar por mais tempo perto de Jenna. Mais de uma vez, ao longo desses dias, Emília tentou forçar uma reconciliação, mas tanto Elena quanto Jenna se recusavam a colaborar. 

Na escola, como de costume, Elena e Emília seguiram caminhos separados; Elena com Bonnie e Stefan; e Emília com Corinne. 

― Oi, Montana. 

― Oi, Gilbert. 

Do lado externo do prédio do colégio e do lado interno, Emília encontrou cartazes e panfletos anunciando o baile de sexta. Depois da segunda aula, enquanto caminhava pelos corredores para conseguir chegar à sala do sr. Howard, Emília flagrou Caroline, a presidente do Comitê de Organização, pendurando papéis nas paredes. 

FESTA ANOS CINQUENTA AMANHÃ, VÁ CARACTERIZADO. 

Ambas Corinne e Emília estavam decididas a não ir. 

Elas passaram o intervalo na biblioteca, sentadas no chão, cada uma encostada em uma prateleira diferente. Corinne ficou lendo “O Olho Mais Azul”, enquanto Emília desenhava a mulher que apareceu no seu quarto (e em muitos outros sonhos seus) ― Esther. Desenhou inúmeras vezes, com diferentes tipos de vestimentas; modernas e arcaicas. O rosto de Esther lhe era tão familiar quanto o rosto de sua própria mãe. De alguém que ela conhecia há vários e vários anos. Uma vez, Emília leu que o cérebro humano não é capaz de criar rostos. Então, todas as pessoas com quem ela já sonhou são pessoas que ela viu acordada. Provavelmente. Ela não teve coragem de dizer isso a Corinne. Nem a ninguém. Achariam que ela enlouqueceu de novo. 

Ela e Tyler tiveram as últimas aulas do dia juntos. Ele acompanhou a namorada para casa. Tudo estava bem entre o Lockwood e a Gilbert, mas ela não conseguiu se livrar da sensação de que as coisas não eram mais como antes. E nunca mais seriam. 

À noite, Elena revelou à irmã que o vampiro que ela atropelara na estrada lhe telefonou. 

― Como ele sabe seu número? 

― Eu não sei. 

Ela, então, prosseguiu a falar sobre Stefan. Que ela foi até ele para contar o que havia acontecido, e Stefan, para protegê-la, lhe entregou uma bússola. A bússola pertencia a Johnathan Gilbert, antepassado de Emília e Elena que viveu durante a época da Guerra Civil e conheceu Stefan. Ele, juntamente com as demais famílias fundadoras de Mystic Falls, lutou para erradicar os vampiros que infestavam a cidade e a bússola era uma de suas ferramentas. Ela havia sido enfeitiçada por uma bruxa para detectar vampiros. 

― Deixa eu ver se entendi: essa bússola aponta para vampiros? 

― Isso ― confirmou Elena. 

― Tá, então, as famílias fundadoras, incluindo a nossa, têm esse clube secreto contra vampiros e esse clube existe desde os tempos da Guerra Civil ou até antes, sei lá. E elas têm objetos e diários que são passados para as próximas gerações. Isso, então, significa que as famílias fundadoras ainda devem saber sobre os vampiros e esse clube ainda deve existir. Então, os nossos pais sabiam sobre vampiros? 

Elena engoliu em seco, pega de surpresa pelo raciocínio da irmã. 

― Eu sinceramente não sei, Mila. 

Emília suspirou. Ela não pensou só nos pais. Pensou também na família Forbes e Lockwood. No que Liz, Bill, Carol e Richard poderiam saber. Elena havia falado de Logan Fell, mas se recusou a especificar outros nomes (na realidade, ela parecia não saber ao certo). Talvez Stefan lhe falasse a verdade; ela só precisava aguardar pelo momento certo para perguntar. 



A manhã seguinte foi tediosa. Extremamente tediosa, na verdade. O máximo de movimentação que ocorreu foi quando Emília avistou Matt e Caroline no gramado da escola, pintando alguma placa ou cartaz para o baile de mais tarde, e sentiu a necessidade de ir até lá e questioná-los sobre o que era tão divertido para eles ficarem rindo tanto.

Ela não fez isso, é claro. 

Quando voltou para casa, subiu para o seu quarto e se jogou na cama. Não pensou no baile à noite, não pensou em Caroline, não pensou em Tyler, não pensou em Esther…. ela simples e tranquilamente dormiu, sem preocupações e dúvidas na cabeça. Acordou de uma maneira que ninguém gostaria de ser acordado: com um grito. 

Não com um grito diretamente no seu ouvido, e sim distante. Mas ainda na mesma residência. Um grito agudo, claramente feminino e reconhecível para Emília. Era a sua irmã gêmea. 

Emília não usou direito o seu raciocínio. Ela imediatamente saltara para o chão e correra escada abaixo, já percebendo que o grito vinha de lá. Próxima à porta da frente, estava Elena, embalada nos braços de Stefan. 

― Elena! ― disse Emília, fazendo a irmã e o Salvatore mais novo virarem a cabeça para encará-la. ― O que aconteceu? 

Elena não tirou as mãos de Stefan. 

― Aquele vampiro da estrada estava aqui ― ela respondeu, com a voz falha. 

Então, Elena lhe explicou mais detalhadamente tudo o que havia ocorrido: Jenna havia saído mais cedo com Alaric, Jeremy também não estava presente em casa, Elena ficou se arrumando sozinha para a festa, ouviu um barulho e percebeu que a “bússola caça-vampiros” se mexia descontroladamente, ela achou que era Stefan chegando para buscá-la, mas se enganou. O vampiro que ela atropelara dias antes (e que ninguém sabia o nome) apareceu, tentou atacá-la, mas Stefan apareceu a tempo para salvá-la. Stefan, inclusive, perguntou como ele poderia entrado ― já que vampiros precisavam ser formalmente convidados para terem acesso à casa das pessoas; uma informação surpreendente que Emília aprendeu ― e Elena se calou por alguns segundos, vasculhando pela resposta nas suas memórias. 

Meu Deus, ela arregalou os olhos. O entregador de pizza. 

Emília arqueou as sobrancelhas.

― Que loucura ― foi tudo o que ela conseguiu dizer. Ainda sentia-se sonolenta e cansada. 

Depois disso, Stefan telefonou para Damon, Elena fez o possível para parar de tremer, e Emília lavou o rosto na pia da cozinha e ajeitou o seu cabelo enquanto olhava o seu reflexo no vidro da janela. Damon não demorou mais que quinze minutos para aparecer. Parecia tão perturbado quanto Stefan. 

Emília não controlou a sua careta ao vê-lo, mas ele nem notou. Elena era a sua prioridade. Damon perguntou se ela estava bem, Elena confirmou, e então os olhos azuis dele baixaram sobre Emília. Ela engoliu em seco e ele sorriu com escárnio. 

― Você. A irmãzinha misteriosa da Elena ― Damon apontou o dedo para ela. 

Emília cruzou os braços. 

― Nós somos gêmeas, na verdade ― respondeu, sentindo o olhar de Elena nela. 

Damon se virou para Stefan e Elena, todos parados em pé na sala. 

― Tudo bem, vamos ao que importa: como ele entrou aqui? 

Elena se sentou no sofá.

― Ele foi convidado ― ela esclareceu, fitando a lareira. 

― Ele se passou por entregador de pizza na quarta ― Stefan continuou. Ele se encontrava ao lado do sofá, uma das pernas roçando na de Elena. 

― É, ele ganha alguns pontos por isso. Disse o que queria? 

― Não, ele estava ocupado tentando me matar ― rebateu Elena, com firmeza. 

― E você faz ideia de quem seja? ― perguntou Stefan para o irmão, com os olhos cerrados. 

― Não ― Damon foi incisivo, mas Stefan não se convenceu. ― Não me olha assim! Eu disse que a gente tinha companhia. 

― Vocês acham que tem mais de um? ― disse Elena, dessa vez com temor. 

― Não sabemos ― respondeu Damon. 

― Damon ― Stefan falou, o tom mais sério ―, ele foi convidado a entrar. 

Damon não hesitou:

― Então pegamos ele hoje ― afirmou. Emília pôs a mão no próprio pescoço, se deparando com o colar de verbena que a irmã havia lhe dado. ― Tá disposta? 

― O que eu tenho que fazer? ― indagou Elena. 

― Deixa o seu namorado te levar ao baile e vamos ver quem aparece. 

― Não, Damon ― murmurou Stefan. 

― Até a gente pegar ele, essa casa não é segura. Pra ninguém que mora aqui ― Damon insistiu. ― Vale a tentativa. 

Elena engoliu em seco e fez uma expressão que deixou claro para Emília que ela seguiria a sugestão de Damon. 

― Eu vou. 

― Eu vou também ― Emília decidiu se manifestar. Impulsivamente. Stefan e Damon a olharam como se tivessem se esquecido de que ela estava lá. 

― Não, você não vai ― afirmou Elena, copiando o tom de voz que a mãe das duas usava quando as proibia de fazer algo. Emília revirou os olhos. ― Você não pode. É a mim que o vampiro quer. 

― É por isso que eu não vou correr perigo. 

― Eu não quero saber, Mila. Você não vai! ― ela falou mais alto. As bochechas de Emília coraram de vergonha. ― Já não basta o Jeremy e a Jenna lá fora… olha, eu prometo que vou te contar tudo o que acontecer no baile assim que eu chegar em casa. Mas eu preciso que você fique aqui. Por favor. 

Emília queria bater o pé e dizer que o raciocínio da irmã era estúpido e que ela ia, sim, e pronto. Se ela e Elena estivessem sozinhas. Mas não estavam. A companhia das irmãs se tratava de dois vampiros mais velhos que os avós delas que já haviam se mostrado capazes de matar e tinham a habilidade aterrorizante de hipnotizar uma pessoa para fazer o que bem entendessem. Usar um colar de verbena não a fazia sentir-se mais segura. 

Então, ela suspirou e balançou a cabeça, concordando com a exigência da irmã. 

Mas ela bolou o seu próprio plano: esperou cerca de doze minutos depois de Elena e seus dois namorados saírem; foi para o seu quarto; tirou as roupas que vestia e colocou outras (calça jeans e um suéter preto); penteou e prendeu o cabelo loiro em um rabo de cavalo bem feito; passou rímel, sombra, batom e perfume; e por fim, telefonou para Tyler, pedindo para ele vir buscá-la. Ele chegou em nove minutos. 

Ao adentrar o carro do namorado, ela logo percebeu que ele não estava vestido de acordo. 

― Nossa, você não vai entrar?

― Não mesmo. Tô muito cansado hoje. Só vou te deixar lá na porta e te buscar depois. 

― Não precisa me buscar. Eu vou embora com a minha tia. Ela está lá com o sr. Saltzman. 

― O professor novo de História?

― Sim. Os dois estão saindo. É uma longa história. 

Tyler girou a chave na ignição e deu partida. No caminho, ele perguntou por que ela estava vestida daquele jeito. É uma festa dos anos sessenta, ele disse. Anos cinquenta, ela corrigiu. E pra sua informação, eu não achei uma roupa boa a tempo. Só quero comer e beber alguma coisa. Tyler não a questionou, mas pareceu um pouco desconfiado. Emília suspirou profundamente. Não pela primeira vez, ela se sentiu culpada por não poder contar a verdade ao namorado. 

Quando ele estacionou perto da escola, disse: 

― Tem certeza que vão te deixar entrar assim?

― Meu irmão se veste assim o tempo todo pra qualquer lugar. Não é como se tivesse um fiscal de roupa lá na porta ― respondeu Emília, para então sair do veículo. ― Se cuida. 

― Você também. Te amo. 

― Te amo. 

Cumprindo com as expectativas de Emília, Jeremy de fato estava vestido como o adolescente emo que ele era. Nada de vestimenta dos anos cinquenta, ao contrário da esmagadora maioria dos demais alunos presentes no ginásio espaçoso. Ela rapidamente andou até o irmão, que encontrava-se parado perto de uma mesa com ponche de frutas, Coca-Cola e salgadinhos. Ele segurava um copo cheio, enquanto olhava para as pessoas dançando e conversando aos berros. Nem viu a irmã mais velha se aproximar. 

― Oi, Jeremo. 

Ele quase deu um pulo. 

― Oi ― Jeremy riu. ― Olha só pra você, decidiu me imitar.

― É, você é uma grande inspiração pra mim. 

Eles bateram papo por alguns minutos. Emília comeu vários salgadinhos e bebeu muita Coca-Cola. Quase se esqueceu da verdadeira razão para a sua ida à festa. Mas, então, ao passar os olhos pelo ginásio cheio pela décima vez, caiu em si. Não viu Elena ou Stefan ou Damon em momento algum. Ninguém gritou o seu nome ou a obrigou a ir embora por causa de um vampiro maluco que queria machucar a família Gilbert. Merda. 

Disse ao irmão que iria ao banheiro e apressou-se para fora do ginásio. 



Os corredores do colégio estavam praticamente desertos. Enquanto Emília caminhava lentamente e calmamente por eles, um estudante passou ao seu lado, rumo ao banheiro. De longe, ela viu um menino e uma menina correndo de mãos dadas e entrando em uma sala de aula vazia. Podia ouvir a música tocando no ginásio e alguns outros ruídos irreconhecíveis. Por uns minutos, Emília pensou que a irmã já não estava mais na festa. Talvez ela tivesse ido embora com Stefan, talvez ela estivesse fugindo do tal vampiro da estrada, talvez Emília devesse ir embora. Ela quase foi. Mas aí, ela se deparou com ele. 

Damon Salvatore. 

Ele encontrava-se um pouco mais distante, conversando com um homem que Emília não reconheceu de imediato. Não parecia um aluno. Emília cerrou os olhos, tentando entender do que aquilo se tratava. Quem era aquele? Do que eles falavam? Onde estavam Elena e Stefan?

Infelizmente, Emília se absorveu tanto nas suas dúvidas que não se lembrou de se esconder. E Damon pôs os seus olhos nela. A expressão no rosto dele não era nada alegre. Emília arregalou os olhos e engoliu em seco, sentindo como se os seus sapatos tivessem grudado no chão. Observou o Salvatore andar a passos largos em sua direção para, em seguida, fechar os seus dedos ao redor do antebraço dela. 

― Mas que diabos você tá fazendo aqui? ― ele resmungou. O homem com quem ele falava se afastou, sem olhar para Emília. O aperto de Damon era forte. Ela não lutou muito para se livrar. 

― Cadê a minha irmã? ― perguntou, com a voz fraquejando. 

― Ela falou pra você ficar em casa!

― Mas eu não fiquei. Cadê ela? Ela tá bem?

― Mila! ― disse Elena, ao abrir com força as portas duplas do refeitório. Stefan vinha atrás dela. Por que eu não procurei lá?, Emília se amaldiçoou por dentro. ― Por que você me desobedeceu?

Emília revirou os olhos e bufou. 

― Eu fiquei preocupada. 

Então, Damon a soltou e Elena logo jogou os seus braços ao redor do pescoço de Emília, sentindo a tensão da irmã com aquele gesto, ainda mais na presença de Stefan e Damon. Ela era mais baixa que Emília e, por isso, precisou erguer um pouco os pés. 

Enquanto Elena a abraçava, Emília deixou os seus olhos em Stefan, que a encarava de volta. Nenhum dos dois conseguiu ler a expressão do outro. 

Depois, Elena relatou o que havia acontecido: o vampiro da estrada estava no baile, ele ameaçou Jeremy e atraiu Elena para o refeitório, a atacou e os dois lutaram, ela o feriu com alguns lápis (o que surpreendeu bastante Emília), Damon e Stefan apareceram, o interrogaram e o mataram. Aparentemente, o vampiro conhecia Katherine. Elena também citou algo sobre uma tumba em Mystic Falls, mas não explicou além disso. 

Emília não teve coragem de ver o corpo. Ela simplesmente esperou, em silêncio, Elena se despedir de Stefan. Voltou para o ginásio, falou com Jeremy e Jenna, perguntou se os dois queriam ir para casa, só Jeremy disse que sim. Ela, Jeremy e Elena deixaram o colégio na companhia um do outro. Enquanto isso, Stefan e Damon enterravam um cadáver na floresta. 

Enfim em casa, Emília subiu para o seu quarto, ansiando por um banho. 


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