Folklore escrita por Gorky


Capítulo 15
Por que você não me parou?




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capítulo quinze

Emília acordou com um formigamento percorrendo o seu corpo, similar ao formigamento sentido por ela na noite da festa do Dia das Bruxas. A noite em que Vicki Donovan foi assassinada por Stefan Salvatore. 

Por alguns segundos, ela achou que estava tendo uma convulsão. Deja vu. 

Os últimos dias não haviam sido bons. Os jornais não paravam de falar sobre Vicki. Na escola, ela era o assunto mais comentado. Até dentro de sua própria casa Emília não conseguia escapar daquela garota. Jeremy agia como se tivesse uma nuvem obscura sobre a sua cabeça. Essa nuvem ocasionalmente acabava envolvendo Emília, Elena e Jenna. Emília não foi ao funeral da irmã de Matt. Mas Tyler, sim. Por alguma razão, isso só potencializou os sentimentos negativos que ela nutria pelo namorado. 

Por que ele ainda dava a mínima para Vicki? Por quanto tempo eles ficaram juntos?

Isso sem falar na outra bomba que Elena havia largado sobre a sua cabeça: os mais de vinte vampiros que tinham sido presos na tumba agora estavam soltos pelo mundo. Pela cidade. Foram eles quem sequestraram Stefan. Só Deus sabia o que mais eles planejavam. 

Emília respirou fundo, preparando-se para mais uma manhã insuportável. Ela agarrou o seu colar de verbena com força. Muitas vezes, ela dormia com ele. Temia profundamente o que poderia acontecer se um vampiro a compelisse. Infelizmente, Emília não era uma bruxa como Bonnie. 

Bonnie. Emília quase não a via desde a morte da senhora Bennett. Ela também não via Caroline desde a descoberta do corpo de Vicki ― pois ela estava na casa do pai. Mas as duas trocaram torpedos alegres e secretos. Pelo menos, uma coisa boa na vida de Emília. 

Seria melhor se ela não estivesse com Matt.

Aquela manhã em particular foi marcada por uma agitação no cotidiano de Emília. Uma agitação que tinha pouco a ver com cadáveres e vampiros. Na verdade, Emília quase sentiu falta de Damon quando viu o seu tio atravessar a porta da frente, com um sorrisinho arrogante no rosto. John Gilbert, o irmão mais novo de Grayson e um dos maiores imbecis que Emília já teve o desprazer de conhecer. Família é inescapável. 

Jenna e Elena a acompanharam na sua miséria. 

― Eu disse que chegaria para o almoço ― ele disse para Jenna, enquanto caminhava pelo corredor da sala e analisava o cômodo. Emília se manteve estática no último degrau da escada, e Elena continuou ao lado da porta, aguardando o irmão mais novo. 

― O que você diz e o que você faz são duas coisas completamente diferentes ― resmungou Jenna. 

Jeremy desceu para o primeiro andar nesse instante, a mochila apoiada nas costas. Emília deu espaço para ele passar. Ao contrário das outras três mulheres que viviam na residência dos Gilbert, ele não demonstrou nenhuma emoção ao se deparar com o tio. Só o cumprimentou com frieza e saiu para a varanda. Emília o seguiu, não se dando ao trabalho de falar nada para John. E ele não a cobrou ― só os dois sabiam a razão de seu ódio mais do que justificado. 

Ladrão do caralho, ela pensou. 

― Quanto tempo vai ficar? ― perguntou Elena. 

― Não sei ainda. 

― Certo. Eu tenho que ir pra escola agora. Bom dia. 

Dessa vez, Elena, Jeremy e Emília foram para a escola juntos, a pé. Jeremy e Elena fizeram alguns comentários sobre John, mas Emília preferiu não dizer nada. Se abrisse a boca, xingaria o tio por mais de uma hora. 

― Escuta ― Elena a puxou pelo braço quando eles chegaram no colégio, Jeremy já caminhando para longe ―, eu tenho que falar com você depois da escola. É importante ― ela sussurrou, como se fosse algum segredo. 

Emília cerrou os olhos e franziu as sobrancelhas. 

― Por que não agora?

― Agora não vai dar tempo. Depois da escola. Por favor. 

Emília concordou lentamente com a cabeça, um pouco incerta, e então o sino para a primeira aula soou. Ela suspirou de frustração. 

― Tá bom, a gente conversa em casa.

Dentro da sala de aula, enquanto o professor discutia a Primeira Guerra Mundial, Emília cutucou Corinne, que se sentava à sua frente. As duas normalmente optavam pelas cadeiras do fundo. 

― Quê? ― Corinne virou discretamente a cabeça para o lado, olhando de soslaio para a Gilbert. 

― Você não vai acreditar.

― O quê?

― Meu tio John tá na cidade.

― Não foi ele quem roubou seu anel?

― Ugh. Ele mesmo, aquele desgraçado. 

(Bem, tecnicamente o anel pertencia à Grayson, mas quem mais o usava era Emília. Posso ficar com ele, papai?, ela pediu uma vez. Claro, ele é seu.

Após o último horário, quando Emília andava pelo gramado da escola, pronta para voltar para casa, ela presenciou uma cena no mínimo interessante: Jeremy e Tyler conversando calmamente em um dos bancos próximos às arquibancadas. Nada de gritaria ou socos no rosto. Ela podia imaginar de quem eles falavam. 

Mais tarde, Elena a procurou no seu quarto. John havia saído, assim como Jenna e Jeremy. 

Ela bateu na porta duas vezes, mesmo a porta estando aberta. 

― Posso entrar? ― ela lhe lançou um sorriso tímido. Emília ergueu os olhos, antes concentrados no seu livro didático. 

― Pode ― ela respondeu, com certa desconfiança. Remexeu-se um pouco na cama, cruzando as mãos sobre as pernas. ― Então, sobre o que você queria falar?

Elena respirou fundo e deu alguns passos na direção da irmã. 

― Eu nem sei como começar ― ela se aproximou bastante, mas não sentou na cama. 

― Alguém morreu?

― Não, não ― ela respondeu prontamente. 

― É o Stefan?

― Não. Isso não é sobre o Stefan ou qualquer outro vampiro. Quer dizer, é um pouco, mas não exatamente.

― Isso esclareceu muita coisa, Lena ― zombou Emília. ― Sério, me fala o que aconteceu.

Ela tomou fôlego antes de começar, preparando-se para o pior: 

― Lembra do dia que eu sofri o acidente? Do vampiro da estrada? ― Emília assentiu. ― Quando eu viajei com o Damon pra Geórgia ― Emília assentiu novamente, atenta às palavras e maneirismos da irmã. ― Quando eu voltei pra cá, eu fui ver o Stefan primeiro. Porque tinha um assunto que eu precisava falar com ele: Katherine. Antes de sofrer o acidente, eu descobri na casa dele uma foto da Katherine. Eu vi que nós duas éramos iguais e eu me assustei. 

― Você ainda tem que me mostrar essa foto ― lembrou Emília. 

― Eu vou, eu vou. Mas continuando… eu confrontei o Stefan sobre essa foto e sobre a Katherine, e ele me explicou tudo ― disse Elena, tomando fôlego mais uma vez. ― Na noite que a mamãe e o papai morreram, na ponte Wickery, o Stefan estava lá ― Emília engoliu em seco. Qualquer resquício de um sorriso sumiu de seus lábios. ― Ele pulou na água pra salvar a gente e o papai implorou pra ele me salvar. E o Stefan me viu, viu como eu era idêntica à Katherine. Foi por isso que ele decidiu se mudar pra cidade, foi por isso que ele se aproximou de mim. 

Emília não tirou os olhos da irmã. Não sabia como reagir, não sabia o que deveria dizer. Por sorte, Elena não parou: 

― Tem mais. A minha semelhança com a Katherine foi tão perturbadora que o Stefan decidiu investigar mais a fundo, pra ver se eu era descendente dela. E ele descobriu uma coisa… que eu sou adotada.

Emília fez uma expressão de absoluta confusão que, para Elena, pareceu quase cômica. 

Quê? ― ela involuntariamente aumentou o volume da voz. 

― Na noite que eu nasci, uma garota chamada Isobel pediu ajuda pra mamãe e pro papai. Ela não queria ficar com a criança, comigo… e então eles me adotaram. 

Emília deu uma risada sem humor. 

― Isso não faz sentido, Elena. Você é minha irmã gêmea! ― Elena partiu os lábios, mas desistiu de responder. Ela fechou os olhos e abaixou a cabeça, a dor visível em cada movimento. ― Eu sou adotada também? ― sussurrou Emília. 

― Não. Você nasceu depois de mim, no dia primeiro de agosto.

O coração de Emília subiu para a garganta. Ela jurava que podia escutá-lo batendo. 

― Mas isso… isso é loucura. Isso não faz sentido. Como assim, eu nasci depois de você? ― ela se levantou da cama. ― Meus documentos dizem que eu nasci em julho, como você! ― ela berrou, cada palavra. 

Elena a encarou, indulgente e com pena no olhar. 

― O papai e a mamãe forjaram tudo. A mamãe teve um parto domiciliar, lembra? 

Emília se lembrava. Miranda havia lhe contado isso ― com detalhes ― umas vinte vezes. Nessa época, ela e Grayson viviam em Richmond. Uma cidade grande, perfeita para esconder segredos; ao contrário de Mystic Falls. Emília não queria acreditar. Não, não. 

Emília cruzou os braços e olhou para os próprios pés. Ela não sabia como deveria se sentir, como exatamente deveria agir. Nem sabia se acreditava nas alegações da irmã. 

Irmã. 

― Por que eles fariam isso? ― sua voz era um fio. Elena só pôde compreender porque estava próxima. ― Por que eles só não pediram pra adotar você legalmente?

― Acho que eles tiveram medo ― Elena supôs. ― De me perder no processo de adoção, de não dar certo. Eu também não entendo direito. 

Ela se virou para Elena, sua fúria acesa. 

― Eles forjaram a porra do meu aniversário! Quem faz isso?! ― gritou, e Elena automaticamente deu alguns passos para trás. 

Pelo menos, elas estavam sozinhas em casa. 

Um pensamento passou por Emília, de repente. 

― E o Jeremy? Ele é adotado ou não?

― Não ― Elena balançou a cabeça. ― Sou só eu.

Emília suspirou. Ela queria tanto, mas não conseguia sentir raiva de Elena. Não por aquilo. 

― Ele sabe? ― ela murmurou. 

― Não. Mas eu vou contar pra ele ― Elena logo acrescentou, com mais firmeza. ― Hoje ou amanhã.

― Conta assim que puder ― pediu Emília, gentilmente. ― Eu não quero manter mais segredos dele. 

Elena assentiu. Ela também não. 

― Você pode sair, por favor? Eu quero ficar sozinha agora ― finalizou Emília, pondo as mãos na cintura. 

Elena hesitou por alguns segundos, até acatar o pedido da irmã. 

Irmã. 

E ela ainda nem tinha contado toda a história. 



Emília não jantou naquela noite. Elena revelou para a tia que agora Emília estava a par dos fatos, após Jenna questionar por que a sobrinha estava demorando tanto para descer. As feições de Jenna se suavizaram na hora. 

Depois que todos já haviam ido para os seus respectivos quartos ― John atualmente usava o quarto de Miranda e Grayson ―, Jenna foi ver como Emília estava: deitada, enrolada em seu edredom lilás, os olhos castanhos fechados. Ela, então, depositou delicadamente um prato com o jantar em cima da escrivaninha marrom. Não disse “boa noite”. Não disse nada. Ela só deixou o prato e saiu. 

Na manhã seguinte, Jenna encontrou o mesmo prato completamente vazio na pia da cozinha. 



Emília acordou às onze da manhã. Geralmente ela despertava mais cedo, mesmo nos finais de semana, mas ela presumiu que isso fora efeito do choque que levou pela revelação de Elena. 

Tomou o seu remédio fora do horário certo, mas supôs que não haveria consequências. Almoçou com os irmãos e tios, calada; de vez em quando, Jenna a olhava de uma maneira estranha, como se buscasse por algo, ou então Elena. John não percebeu nada. Ele só ficou falando do aniversário da cidade e do evento especial que a família Lockwood estava organizando. Emília engoliu em seco ao ouvir o sobrenome Lockwood, mas se manteve quieta. Ela nem rebateu quando John praticamente ordenou que todos os presentes naquela mesa comparecessem ao tal evento. 

Essa cidade infernal não sabe fazer outra coisa além de festejar?, pensou, irritada.

Mas, quando o céu escureceu, Emília tomou banho e se arrumou tranquilamente para o jantar na mansão do prefeito. Ela precisava desesperadamente de uma distração… e precisava desesperadamente conversar com Tyler. Sabia o quão injusta e maldosa estava sendo com ele ― ignorando-o ou lhe dando respostas secas e curtas. Mentindo para sair de perto dele. Apesar de todos os contras do relacionamento dos dois, ela o amava e sentia que devia a verdade para ele.

Bem… uma parte da verdade. Tudo o que ela poderia oferecer a ele. 

Minutos antes de sair, ela enviou uma mensagem para Tyler:

tô indo pro jantar na sua casa. quero falar com você :)

Ela logo se arrependeu da carinha feliz no final, mas já era tarde para mudar.



Enquanto Emília aguardava pelos tios e irmão na varanda, Elena se aproximou dela e confessou que havia contado para Jeremy sobre a sua adoção. 

― Que bom ― sussurrou Emília, pensando amargamente que definitivamente fora mais fácil para Jeremy aceitar a verdade. Não foi ele quem teve a sua data de nascimento alterada.

Nem Elena.

A viagem no carro foi a pior parte. A mansão Lockwood nem ficava tão longe, mas para Emília pareceu uma eternidade. Ela, John, Jenna, Jeremy e Elena. O carro era apertado e pequeno demais para todos eles. Todos em silêncio, visivelmente compartilhando os mesmos sentimentos. Um dos momentos mais constrangedores da vida de Emília. 

Ela fora a primeira a descer do veículo e se afastar do resto da família. 

Havia pisca-piscas por todos os cantos, do lado externo e interno da mansão. Por dentro, Emília notou que alguns móveis haviam sido movidos ou simplesmente não estavam mais lá, para dar mais espaço para as pessoas. Tinha uma música instrumental tocando; um pouco deprimente, na opinião da Gilbert. Ela reconheceu vários rostos ali ― a xerife, Alaric Saltzman, os irmãos Salvatore, as irmãs e primas de Logan Fell, o prefeito, Carol, as amigas arrogantes de Carol… 

Era enlouquecer pensar que muitos deles sabiam sobre a existência de vampiros. Ou eram vampiros. 

Emília balançou a cabeça. Isso não tinha importância. Ela precisava encontrar Tyler. 

E foi só por isso que, a contragosto, ela perguntou para Carol onde ele estava. Carol a olhou como se ela tivesse entrado de penetra na festa.

― Ele está lá em cima ― respondeu Carol, com pouco entusiasmo. 

Emília subiu as escadas, que incluem bem mais degraus que ela estava acostumada na sua própria casa, e caminhou apressadamente pelo extenso corredor, rumo ao quarto de Tyler. A porta estava fechada, mas não trancada. Ela sentiu-se como um soldado indo à guerra. É agora. 

― Oi, estranho ― disse, com um sorriso simpático (e nervoso) no rosto. Tyler, antes de costas, se olhando no espelho, virou-se para a namorada. Ele estava de terno. Ela riu baixo ao perceber. 

― Oi ― ele falou, levemente desconfiado. 

― Recebeu minha mensagem?

― Recebi ― ele escondeu as mãos nos bolsos da calça. ― Sobre o que você quer falar? 

Ela tentou ler a sua expressão. Ele parecia tranquilo; quase indiferente. Isso a machucou um pouco e a deixou mais receosa. 

― O que foi? ― ele repetiu. 

― Hum… ― ela limpou a garganta. E lá vai: ― Primeiro de tudo, me desculpa por ter te ignorado por tantos dias. É que tinha muita coisa acontecendo na minha vida e eu não sabia como falar com você. 

― Bem, você tá falando agora. O que estava acontecendo? 

Ele estava tão calmo que começou a assustá-la. Suas mãos suavam. 

― Emmy… ― ele murmurou. ― O que é? 

Fala de uma vez, como se fosse um curativo. 

― Eu quero terminar ― ela elevou a voz, contra a própria vontade. 

Tyler franziu as sobrancelhas. 

― Quê?

― Você me ouviu. Eu… ― ela engoliu em seco. ― Quero terminar o nosso namoro. 

Agora, a voz dela ficou baixa. Até demais. 

― Por quê? ― ele tirou as mãos dos bolsos. 

― Bem… ― ela deveria ter feito como Caroline e escrito um discurso. É tarde agora. ― Pra começar, eu não quero mais lidar com as suas traições e seus surtos de raiva esquisitos. Você já bateu no meu irmão! Mais de uma vez. 

― Você diz isso como se eu fosse o único com problemas.

― É, mas… mas você começou com as traições. Eu só queria me vingar, você sabe disso. E eu nunca bati em ninguém que você gosta! ― ela então acrescentou: ― Mais ou menos. 

― É por isso, então?

― Não. Também tem o fato da sua mãe e seus amigos me odiarem.

― Eles não te odeiam.

― Odeiam, sim.

― Tá, que seja, eu não me importo com o que eles pensam de você. E você também nunca se importou antes.

― Eu me importava. Eu me importo ― ela foi honesta. A verdade era que nunca ter conquistado a aprovação de Carol Lockwood a feria mais do que ela normalmente gostava de admitir. Kelly Donovan gostava de Elena. Mas, bem, todo mundo gostava de Elena. 

Tyler inclinou um pouco a cabeça para o lado. Ele não sabia disso, nem imaginava. 

― E tem a Vicki ― Emília soltou, sem raciocinar direito. 

― O que tem a Vicki? ― agora, ele estava começando a se irritar. 

― Por que você se importa tanto com ela? Você estava apaixonado por ela ou o quê? 

― Tá falando sério? Ela morreu, Em! Como eu não me importaria?

― Ela era uma viciada! É claro que morreria cedo. 

Tyler a encarou como se estivesse diante de uma estranha. Emília sentiu o mesmo sobre si mesma. 

― Essa não é você ― ele sussurrou. ― Me fala o que realmente tá acontecendo. 

A garganta dela começou a apertar. Ela respirou fundo, implorando mentalmente para não desabar na frente de Tyler. Se isso acontecesse, era provável que ela acabaria revelando toda a verdade. Carregar todos aqueles segredos estava a matando pouco a pouco. 

― Nada ― ela abaixou a cabeça, incapaz de olhá-lo nos olhos. ― Eu tô bem. É que eu… eu não tô mais feliz nesse namoro. Eu preciso terminar com você.

― Isso tem a ver com a Caroline?

― Não, é claro que não! Eu nem falo mais com ela ― ela mentiu, dando de ombros. ― Eu só não quero mais continuar assim. E eu sei que você também não. 

Ela, então, o encarou. Seus olhos escuros brilhavam com lágrimas não derramadas. 

― Você tá livre ― Emília encerrou, desejando mais do que tudo sair daquela situação. 

Ela se virou e se afastou a passos lentos. Tyler não falou “espera”. Não sussurrou “Emmy” ou “Em” ― apelidos que ele havia criado e era o único que os usava. Não a seguiu, não disse que a amava e fez um discurso ridiculamente ensaiado e provavelmente retirado de algum filme que eles haviam assistido juntos. 

Foi assim que Emília soube que estava tudo acabado, de uma vez por todas. Os dois haviam se cansado daquele jogo. 


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Notas finais do capítulo

Alguém aí?



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