O Desabrochar de Uma Dinastia escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 15
Capítulo XIV.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/805510/chapter/15

24|10|1733 Palácio de Hampton Court 

O casal Bristol parecia ter conseguido superar o que tinha acontecido a dois anos atrás. Claro que eles sempre iriam amar Charles, e saber que ele não mais existia os iria entristecer sempre, mas não era bom viver em tristeza e luto.

E como a vida está em constante mudança, e enquanto a de William não mudava muito, e ele agradecia a Deus por isso, a de Catherine sim.

Mais especialmente as pessoas ao redor de Catherine estavam a mudar. No ano passado o barão Dacre, foi enviado como embaixador em Copenhague, e Lady Dacre, como era de se esperar, o acompanhou. O que fez Catherine procurar uma nova dama no lugar de Lady Dacre, e a escolhida foi simplesmente Lady Dorothea Quenberry, a baronesa Quenberry. O que foi bastante prático considerando que Lord Quenberry era um cavalheiro de William. Mas isso não foi o ruim

O golpe maior para Catherine, foi quando Lady Penryn declarou que iria renunciar de seu cargo na casa da marquesa, por motivos de saúde. Mas mesmo assim foi horrível para Catherine, ela não mais tinha Lady Everton, e agora não mais teria Lady Penryn.

E William poderia dizer que também iria sentir a falta de Lady Penryn, foram tantos anos.

  – Eu ainda não consigo acreditar que a milady vai me deixar, assim como Charlotte deixou.‐ William apesar de estar do outro lado da sala, poderia ouvir muito bem o que Catherine estava a falar.– Mas a milady já pensou em uma substituta?

  – E pensar que você Catherine não gostava muito de Lady Penryn a alguns anos atrás.- William não poderia deixar de dar esse comentário. E a reação de Catherine foi a que ele esperava.

  – William você ficar mais bonito quando está calado. E também, você não deveria estar caçando com o rei?

William apenas deu os ombros, e voltou a prestar atenção nas duas. Mas em relação a caçada, William não gostava de caçar cervos, era muito difícil e complicado. Então ele fingiu uma dor no corpo.

  – Posso dizer o mesmo minha marquesa, uma lástima, mas é necessário. Meu querido Harold não tem mais uma saúde tão boa, será melhor para ele ficar na casa ancestral da família, Eire Hall em Surrey. Mas minha senhora não precisa se preocupar muito, minha filha Lady Amélia que é casada com Algernon Francis, o 2° Visconde Lovell, será uma ótima substituta. Eu espero que a senhora encontre nela uma boa amiga, assim como encontrou em mim.

  – Ela será com toda certeza.

  – Sentiremos uma grande falta da milady.‐ William se sentia na obrigação de falar isso. Lady Penryn deveria saber como era prezada por todos.

Logo depois Catherine, suas damas e Lady Penryn voltaram a conversar de assuntos maus agradáveis, o que deixou William um tanto quanto excluído esperando a hora das príncesas virem fazer seu relatório do que aprenderam. O que não tardou a acontecer.

  – Mamãe. Hoje Lady Hastings mostrou as diferença entre as tradições das cortes... ‐ Anne como a mais velha, fez o relatório sobre as aulas, e como sempre Alice tinha algo diferente.

  – Me foi ensinado como deve-se chamar uma príncesa primeiro de alteza depois de senhora. Com a mamãe também é assim.- William ficava feliz que a pequena Alice tinham entendido isso, ele mesmo havia demorado um pouco.

  – Mas não sou uma príncesa. Sou uma arquiduquesa.

  – E isso equivale a príncesa na Áustria. Não é mesmo minhas irmãzinhas?- Agora Ernest também estava na conversa. Ele não devia estar cavalgando?

  – Agradecemos Ernest pela sua ajuda. Mas sabíamos disso.‐ Surpreendentemente não foi Anne que respondeu mais Catherine. Isso não era muito normal.– Você não deveria estar cavalgando?

  – Sim... mas Congreve está doente e não pode ir.‐ Isso era bem estranho, George Congreve, conde de Congreve, o filho mais velho do marquês de Nondell nunca ficava doente.– É varíola.

Isso não era bom, Ernest cavalgava todos os dias com Congreve. Eles deveria agir, tomar providências, e logo.

Então foi decidido que Ernest iria para o Castelo de Ocenia, junto com William e Catherine. As princesas, para sua segurança, iriam para Amelian House, em Cheshire. E depois novas ações seriam tomadas.

Foi para William e Catherine uma tristeza muito grande enviar suas filhas para longe, muito longe, mas era para o bem delas. Também foi muito triste, ver elas se despedindo de Ernest, e era compreensível, eles nunca esticeram longe uns dos outros. E depois da perda de Charles, o medo de perder outro filho, outro irmão era grande.

Mas a viagem foi tranquila. E os primeiros dias de isolamento em Ocenia também foram. Mas de um momento para outro. Ernest ficou doente. No começo parecia apenas um resfriado, mas quando apareceram pequenas lesões na língua de Ernest logo o médico foi chamado.

  – William estou tão preocupada. Não pode ser varíola. Nossos Ernest não vai aguentar, crianças não aguentam. Deveríamos ter inoculado nossos filhos muitos anos atrás.- O médico ainda não tinha voltado, mas eles já sabiam o que era. Só cabia e eles orar e pensar positivo.– Se for varíola o que faremos? O que eu vou fazer? Não posso perder outro filho!

Catherine não chorava e isso era bom. Não era nada fácil pensar com a pressão de uma esposa aos prantos. No momento a única coisa que William poderia fazer era abraçar Catherine.

  – Sejamos fortes. Devemos pensar positivo.- William falava isso também para si mesmo. Mas logo o médico chegou e pela sua expressão ele não tinha uma boa notícia.

  –Altezas, o conde de Rivers está infectado. E me parece...- O médico não pode acabar. Catherine em seu horror, gritou do modo mais triste que William já viu.

  ▪︎--------------------------------------▪︎

13|11|1733 Palácio de Hampton Court

Os últimos dias foram sem sombra de dúvidas os piores da vida de Catherine. Depois que o médico falou que Ernest estava com varíola, William decidiu que suas filhas seriam inoculadas em Amelian House.

Os últimos dias de Ernest foram passados com seus pais por perto. Foi um horror para William e Catherine ver seu pequeno Ernest sofrer. Ver sua linda pele ser tomada por bolhas líquidas, e depois virar cicatrizes, assim como ver ele tendo dificuldade para respirar, foi uma tortura.

E no dia 10, Ernest Tudor-Habsburg, o herdeiro do marquês de Bristol, morreu de varíola. Foi a pior coisa que aconteceu a William e Catherine. Eles perderam mais um filho, e não tinham mais um herdeiro, todas as esperanças morreram com Ernest.
Iria demorar muito para superar a morte de mais um filho.

Mas impressionante Catherine não mais chorava pelo que tinha acontecido, apenas pranteva.

  – Catherine que bom que a encontrei, eu já estava preocupado. Logo iremos para Westminster.- Catherine não queria ir para Westminster apenas para ver mais um de seus filhos sendo enterrado. Ela preferia ficar em Hampton Court, como da última vez, observando a pintura que Giacomo Amiconi fez de sua família.

Era a pintura favorita de Catherine, nela continha todos os seus filhos, quando todo estava muito feliz. Catherine era muito grata a Amiconi por ele não ter pintado algo por cima de Charles.

  – Acho que eu deveria mandar colocar um véu sobre essa pintura.

  – Não ouse... Essa pintura deve sempre estar aqui. Será uma constante lembrança do que não temos mais.- William não fez nada. Mas William a estava observando, Catherine não poderia ver, mas poderia sentir.– Mais alguma coisa William?

  – Devemos ir para Westminster. Devemos dar nosso último adeus para ele.- William e Catherine concordaram em nunca mais dizer os nomes de seus filhos mortos, talvez a dor fosse menor assim.– O rei, a rainha, o príncipe de Gales, as príncesas, e os membros mais importantes da aristocracia vão estar lá.

  – Eu não quero ir. Isso significará ver que não a um futuro para os Tudor-Habsburgo. Eu também não quero dar adeus para meu filho.- Catherine estava fazendo seu melhor para não parecer emotiva. Mas estava sendo muito difícil.

 – Ninguém espera que nós realmente estejamos lá. Mas nunca mais iremos ver ele.- Catherine sabia que William também não queria ir. Não inteiramente pelo mesmo motivo.

  – William eu não quero ir para a abadia. Todos vão nós observar, me observar, e pensar como eu sou uma mulher miserável, em como eu, assim como minha mãe, falhei na minha única missão, que era dar um herdeiro para você! 

  – Você me deu um herdeiro!

 – Sim eu lhe dei. E agora ele está morto!!- Catherine não pode mais suportar. Logo Catherine pode sentir lágrimas descendo. E não era apenas Catherine, mas William também.

Quando Catherine percebeu, ela já estava nos braços de William, o que parecia muito mais comum agora.

  – Eu peço força de sua parte Catherine. Se ela faltar, eu irei dividir a minha pouca com você, nossas filhas vão. Não ousa as críticas, você sabe, eu sei, quem importa também sabe, que você não tem culpa de nada.

Depois novamente tudo ficou em silêncio. Catherine não sabia o que dizer. E William apenas afagava as costa de Catherine.

  – Eu tentarei.- Catherine também desejava falar outra coisa. E falaria.– Eu quero mais filhos William.

William apenas beijou delicadamente os lábios de Catherine, e saiu. Catherine não poderia entender se foi um sim ou não.

  – Devemos ir agora Catherine... E, tentarei cumprir o seu desejo.‐ Isso com toda a certeza foi um sim.

Não era algo impossível. A rainha teve sua última gravidez com mais de quarenta anos e a irmã de Catherine, a eleitora da Baviera, também continuava a ter filhos, e elas nasceram no mesmo dia. Nada empedia Catherine de ter mais filhos.

A viagem a abadia foi completamente silenciosa. As príncesas ficaram completamente caladas, e sua roupas e rendas escuras davam e elas um grande ar de tristeza. E Catherine poderia dizer o mesmo de si mesma.

O serviço religioso na abadia aconteceu exatamente como Catherine imaginava, lenta e dolorosamente. Foi lento o suficiente para Catherine ouvir alguns cochichos. Ela só esperava que eles não fossem os primeiros a vir falar com ela.

Mas para o alívio de Catherine não foi. A primeira pessoa foi a rainha Caroline. O que era muito bom falar com a rainha seria melhor do que com outros nobres.

  – Minha querida amiga.- A rainha, acompanhada pelo rei foi recebida, como deveria com uma mesura, não só de Catherine, mas de todos os que estavam perto.– Que tristeza você deve estar sentindo. Eu também tive que suportar essa tristeza, mas a sua deve ser muito maior. Foi o dobro, e com muito tempo de convivência.

  – É sim uma tristeza majestade. Mas as vezes acho que é melhor assim. Ele não mais sofre.

  – Ou ele poderia ser como nosso primogênito, aquele patife.- Catherine não tinha certeza se assim seria com Ernest.

  – Aquele vilão.- O rei e a rainha pareciam não ter um bom relacionamento com o príncipe de Gales. Para falar a verdade Catherine tinha certeza, o modo como geralmente a rainha falava dele não era muito elogiavel.

  – Mas apesar da minha grande tristeza eu tenho certeza que vou suportar.

 – Você irá minha amiga. Pode parecer que seu coração não vai cicatrizar, mas ele vai. É só esperar.- A rainha realmente poderia ser amorosa com quem ela desejava.

 – O tempo cura tudo minha querida... Mas tenho certeza novos filhos virão.- Catherine realmente esperava que as palavras do rei acontecessem. Eles precisavam de filhos. Apenas um filho homem poderia herdar o marquesado.– Bristol é um grande ganharão, irão conseguir.
Mas isso foi desnecessário.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E com isso eu matei duas crianças, um pensamento bem perturbador, mas é como disse Lady Macbeth de Shakespeare: "O que está feito, está feito."



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Desabrochar de Uma Dinastia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.