SoulsEyes escrita por Neko D Lully


Capítulo 1
Capítulo 1: Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Essa é uma fanfic parcialmente interativa, Frisk consegue "ler" os comentários deixado por vocês e Chara fala ativamente com vocês. Ainda que o enredo já tenha sido montado e pouca coisa pode mudar dos acontecimentos ao redor, vocês ainda podem influenciar a opinião da Frisk ou as decisões que ela toma no decorrer da história. Imaginem como se vocês fossem um companheiro de viagem invisível com ela. Ela pode te ouvir, mas outros personagens na história não. No final de cada capítulo eu deixarei nas notas finais uma pequena prévia do que acontecerá no próximo, se assim quiserem, nos comentários, vocês podem falar diretamente com ela o que vocês pensam da situação e o que acham que ela deva fazer ou o que ela deva escolher, é totalmente com vocês. A história vai continuar, com vocês ou sem vocês, mas fica aberta a possibilidade se quiserem.
Essa é uma fanfic parcialmente interativa, Frisk consegue "ler" os comentários deixado por vocês e Chara fala ativamente com vocês. Ainda que o enredo já tenha sido montado e pouca coisa pode mudar dos acontecimentos ao redor, vocês ainda podem influenciar a opinião da Frisk ou as decisões que ela toma no decorrer da história. Imaginem como se vocês fossem um companheiro de viagem invisível com ela. Ela pode te ouvir, mas outros personagens na história não. No final de cada capítulo eu deixarei nas notas finais uma pequena prévia do que acontecerá no próximo, se assim quiserem, nos comentários, vocês podem falar diretamente com ela o que vocês pensam da situação e o que acham que ela deva fazer ou o que ela deva escolher, é totalmente com vocês. A história vai continuar, com vocês ou sem vocês, mas fica aberta a possibilidade se quiserm.



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SoulsEyes - Prólogo 

—Conta de novo, mãe! Conta de novo! - a garotinha implorou em óbvia excitação, pulando para cima e para baixo sobre sua cama. Era possível ouvir as molas rangendo em esforço e senti-las debaixo de seus pés descalços cada vez que tocavam a macies do colchão, a madeira estalando e gemendo com os movimentos bruscos cada vez que mais peso era acrescentado sobre ela uma e outra vez em cada salto. A garotinha sabia que teria que parar, o móvel era velho e provavelmente não aguentaria muito mais de suas peripécias e sua mãe não tinha dinheiro para comprar outra, essa sendo a única que tinham em toda casa, desgastada pelo tempo e datando mesmo antes de seu nascimento, talvez mesmo antes do de sua mãe.  

Por sobre os sons derivados de sua excitação era possível também escutar o som de rodas, velhas e desgastadas, fracas de engrenagem enferrujadas pelo tempo e maus tratos, também pelo uso constate, girando pelo chão de madeira que estala e se rearranja com suas peças já saindo do lugar, cada pedaço de madeira estourados pela passagem de umidade e passar constantes das estações, inchando e contraindo com o calor e o frio, sem nunca terem sido trocadas, poeira e resíduos acumulados incessantemente nas arestas que se abriram, difíceis de limpar. A garotinha não poderia ver, mas sobre as rodas, presas a uma cadeira, estava uma mulher de doce sorriso materno que se aproximava como podia, passando os solavancos do chão de sua casa com certa dificuldade enquanto empurrava a cadeira para próximo da cama.  

Deixando-se cair sobre a cama macia, ou tão macia quanto conhecia, a garotinha se enroscou rapidamente debaixo das cobertas grossas para o inverno que se aproximava e esperou que sua mãe se acomodasse a seu lado, no espaço que restava do pequeno cômodo que dividiam, e começasse a recontar a história que avidamente esperava ouvir, a única que cresceu ouvindo tantas e tantas vezes e continuaria ouvir mais tantas vezes.  

—Apenas mais uma. - a mãe disse, assim que conseguiu sair de sua cadeira e acomodar-se bem aconchegada ao lado de sua filha debaixo das cobertas, apreciando o calor que irradiavam uma da outra. Essa era uma conversa que muitas vezes tinham, repetida noite após noite em um ritual que parecia nunca falhar. - Então a senhorita vai dormir. Temos um dia cheio amanhã. - a pequena criança assentiu obediente, suas mãos puxando as cobertas um pouco mais para cima, cobrindo parcialmente seu rosto, mas quieta. Oh tão quieta, deixando que a voz calma de sua mãe prosseguisse na calada da noite para repetir as palavras que tanto já conhecia. - Há muito, muito tempo atrás, dois povos reinavam sobre a terra: monstros e humanos. Por gerações eles viveram em paz e harmonia uns com os outros, trocando ensinamentos e favores que garantia a união entre ambas as espécies. Foi graças aos humanos que monstros aprenderam a guardar sua história, escrita zelosamente em papel e passá-la de geração em geração mesmo após sua queda. E foi por causa dos monstros que os humanos foram capazes de aprender a usar a magia dormente em suas almas para prosperar e garantirem seu sustento do dia a dia.  

—Conte sobre a magia! - a garotinha pediu, interrompendo a doce narrativa de sua mãe. O olhar dela desceu para a criança a seu lado, curiosidade escrita em seu rosto apesar do sorriso paciente.  

—Oh. Mas você já não sabe tudo sobre o que é magia, minha morceguinha? - seus dedos desceram rápidos para o corpo pequeno de sua filha, cutucando-o e coçando-o com as pontas dos dedos em movimentos rápidos que fizeram a pequena garotinha gargalhar e se contorcer debaixo das cobertas.  

—Sim, mas eles não! Eles não vão entender a história se não souberem sobre magia e os monstros, mamãe! Conta sobre a magia! - a criança explicou, seu tom ligeiramente exigente enquanto pedia a mãe. A mulher, apesar de cansada e olhos pesados, riu das peripécias de sua filha.  

—Bem... Magia é uma forma de energia, poderosa o suficiente para ser capaz de criar tudo o que se imagina a partir do nada. Chamas quentes e trepidantes, brinquedos ridículos, capazes de levitar objetos ou materializar armas com o simples mover de uma mão ou própria vontade. A magia é apenas limitada pelo poder que uma pessoa ou monstro possuí, mas os humanos se esqueceram há muito tempo como usar magia.  

—E os monstros? 

—Os monstros são como você e eu, apenas diferentes. Cada um deles tem diferentes formas e tamanhos, cores e formas. Não são como nós, que facilmente descobrimos de qual famílias viemos, dividimos traços e características marcantes que nos aproximam e nos marcam como família, como humanos. Monstros são todos diferentes, entre si, entre nós. Eles são feitos de magia. Magia, amor e esperança, tão próximos a isso que suas almas são facilmente expostas e os tornam vulneráveis para fortes intenções ou suas próprias emoções. Um monstro não lutará quando não quer lutar, suas defesas se abaixam e eles facilmente abandonam a batalha.  

—Por isso os humanos venceram a guerra, não é?  

—Apesar da magia, monstros são mais fracos que humanos. Suas almas são frágeis em comparação a nossas, menos guardadas, menos... Determinadas. Uma alma humana pode se manter viva mesmo quando seu corpo morre, mas um monstro? Um monstro se tornará poeira e sua alma se partirá assim que derrotado. É preciso vários monstros para derrotar um único humano e, apesar de saber disso, os humanos temeram os monstros. Temeram sua capacidade de absorver almas humanas e fortalecer-se a partir delas. E, domados pelo medo, uma guerra foi declarada e a paz foi perdida entre ambas as espécies. Muitos monstros foram massacrados e nenhuma alma humana conhecida foi perdida.   

Mas essa história você já conhece.  

Olá, você deve ser novo aqui. Tudo bem, não precisa se preocupar, eu posso explicar tudo que você precisa saber.  

Howdy! Eu sou Chara, apenas Chara. Um dia fui conhecida como Chara Dreemur e, antes disso, eu era Chara, filha de Cali e Asmond, irmã de Sierg, descendente de uma linhagem há muito esquecida, perdida pelo pesar da dívida e responsabilidades. Mas nada disso importa agora, não é minha história que você quer ouvir, é? Não, você está aqui para ouvir sobre a história dela.  

Está tudo bem, todos os que chegam aqui são atraídos pela mesma coisa. Anseiam por saber, por conhecer, por participar do rumo que a vida daqueles que ainda vivem irá toma, mesmo quando não podemos mais fazer parte. Você e eu. Nós somos os mesmos. Eu suponho que você saiba, certo? Espíritos perdidos pelo tempo, existências que não existem mais, memórias que teimosamente permanecem a assombrar aqueles que são capazes de ouvir e incapazes de ignorar. Não mais fazemos parte desse mundo, mas insistimos em permanecer. Por que? Acho que todos nós temos nossos motivos, afinal, você está aqui.  

Parece irônico que você pareça ser do tipo que não possa ver, apenas ouvir minhas palavras, afinal, ela também não pode ver nada além do que não existe mais também. Não tem problema, outros iguais a você estiveram aqui antes. Eles vêm e vão, alguns incapazes de ouvir, outros permanentemente mudos. Não é novidade, você não será o último também.  

Oh! Você deve estar se perguntando, quem é ela? Sinto muito, pareço estar me adiantando, não se preocupe em tentar entender tudo no começo ou não ser capaz de ver o que se passa, eu sempre gostei de narrar aquilo que sou capaz de ver, de ouvir e sentir. Uma das muitas particularidades que acumulei em meus tempos vagando ao redor. Se assim desejar permanecer sempre posso contar-lhe o que acontece, explicar os meandros complexos dessa existência que se apresenta para nós tão disposta. Não são muitos que existem por aí capazes de suportar-nos em nossos lamentos e anseios, muito menos capazes de suprir-nos.  

Em resposta a sua pergunta, seu nome é Frisk. Ela é uma garotinha muito especial, você vai perceber, tenho certeza. Belos olhos dourados, cegos para o mundo que a rodeia, banhada eternamente na escuridão, de cabelos castanhos cheios e escuros e pele morena escura. Características claramente herdadas de sua mãe, vendo como parece ser uma pequena cópia de sua imagem. Uma alma tão inocente. Tão cheia de vida, de... Determinação.  

—Conte sobre os três irmãos. - sua voz de criança é suave a seus ouvidos, tenho certeza. A doce inocência que apenas uma criança tão nova pode ter. Mas tenho certeza que você também pode notar, talvez sinta em seu espectro, ossos inexistentes, na forma como suas palavras são organizadas, como ela se comporta e eu a descrevo, ela não é apenas mais uma criança avarenta, mergulhada na inocência de sua idade. Tenho certeza que você também sente. 

—Durante a guerra, no entanto, nem todos os humanos escolheram se aliar contra monstros. Alguns deles, fieis as amizades que fizeram, ao que sabiam sobre a história que carregavam, escolheram tomar o lado dos monstros e lutar contra a injustiça imposta a eles depois de anos de paz. Três irmãos, três almas humanas que viveram a totalidade de suas vidas ao lado de monstros, ergueram suas armas ao lado deles, usando da magia que aprenderam para manter outros humanos afastados do único lugar que ainda resistia contra os ataques. A matança sem fim. Eles lutaram bravamente, mas a guerra ainda foi perdida e os monstros foram trancafiados longe, onde nenhuma alma humana poderia alcançá-los nunca mais.  

—E o que aconteceu com os três irmãos?  

—Assim como toda guerra, a tragédia os acometeu. Um, morto pelo inimigo, esquecido herói caído, sua morte não pode ser celebrada ou lamentada. Outro, perdido na loucura de seu poder, arrastado para o recanto mais fundo dos destroços que sobraram de sua alma, também esquecido, devorado, sua alma sem mais salvação. O último, o sobrevivente, carregado pela culpa de seus amigos e irmãos caídos, desamparado pela derrota, permaneceu no lugar de enterro e derrota de seus companheiros, o único a lamentar e chorar por aqueles que a guerra levou em suas garras frias e sangrentas. Ele ficou para lembrar, pois é isso que os humanos são feitos. Lembranças. Dolorosas, alegres e agridoces lembranças que permeiam nossa essência e guiam nossas ações. Nos mantem determinados e seguindo, mesmo quando não existe mais esperanças ou magias para acender chamas que há muito foram extintas. 

—Manter a determinação, então podemos encontrar a esperança. - a criança bocejou, seus olhos se fechando e piscando lentamente enquanto o sono lentamente a embalava para os braços da inconsciência, para uma noite, esperançosamente, sem sonhos. A mãe gentilmente passou a mão por sobre seus cabelos castanhos emaranhados e beijou-lhe a testa, envolvendo seu pequeno corpo em um abraço caloroso e trazendo-a para próximo de seu peito, onde a criança, Frisk, se alinhou alegre.  

—A determinação nas memórias e a esperança no futuro.  

A alma humana é cheia de memórias, de determinação para ficar, para se apegar, para viver. Mesmo quando o corpo de esvai, nós nos mantemos aqui. Não somos a prova clara disso? Você e eu, aqui apesar das controvérsias, pesos pelas memórias dentro de palavras, de sentimentos que há muito deveriam ter sido esquecidos, deixados onde deveriam permanecer. Somos apenas espectros do que um dia fomos e, não importa o quanto queiramos, não podemos afetar o mundo que permanece a nos rodear, pois não fazemos mais parte dele.  

Você pode ouvir, você ver, você pode acompanhar e comentar, mas nunca diretamente poderá afetar os acontecimentos e continuamente permanecem a progredir na roda da vida. Essa, meu caro amigo, é uma das muitas regras que rodeiam nossa existência. Aqui, presente, você pode escolher permanecer a acompanhar a história da pequena Frisk, através de seus trancos e barrancos no passar da vida, mas nada poderá fazer para impedir os eventos que nela se passam. Se ela tropeçar, ela irá cair e você não poderá pegá-la. Pois somos apenas lembranças, vozes que não podem ser ouvidas, existências que não podem ser vistas. Nosso tempo passou e agora somos apenas espectadores. Parta se assim o desejar, se as dores forem demais e seu coração não puder mais suportar, mas a história da pequena Frisk permanecerá a acontecer, com ou sem você. Outros virão, alguns vão ficar, alguns partirão com você, escolhas não são um problema aqui. Mas a inatividade... A impotência pode ser o que mais lhe doa nessa jornada. 

—Boa noite, mamãe. - você a escuta sussurrar através do silêncio sombrio da noite, assim como a própria mãe da criança pode ouvi-la. O bocejo evidente em suas palavras arrastadas, ela, teimosa, determinada, abri os belos e reluzentes olhos dourados para encará-lo em meio a escuridão. - Boa noite Chara, boa noite novo amigo.  

Oh. Será que esqueci de mencionar? Frisk pode ouvir você também. 


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Notas finais do capítulo

Prévia do próximo capítulo:
Frisk já está mais velha, a adolescência floresce apesar das dificuldades de sua condição. Chara a narra através de seu dia a dia e sua vida sozinha nos arredores da pequena vila que se construiu ao redor do MT Ebbot. Apesar da modernidade o mundo ainda pode ser cruel para aqueles que são diferentes, seja da forma que for. Mas para alguém que pode ver as almas errantes daqueles que faleceram, apesar de sua cegueira de nascença, o passado nunca é deixado enterrado e, as vezes ecos de memórias daqueles que já se foram aparecem para assombrar aqueles que podem ouvi-los. Existe algo atrás das árvores da montanha vizinha a seu vilarejo, algo marcado pela história que tem devorado aqueles curiosos o suficiente para adentrar em suas entranhas.

Espero que tenham gostado, até!



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