Scientist escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 31
Capítulo 31 – E tudo recomeça outra vez


Notas iniciais do capítulo

Por hora eu decidi não incluir mais imagens nos capítulos. Outubro a dezembro é o período do ano em que mais trabalho, e estou cansada de selecionar uma imagem com todo o cuidado pra cada capítulo, e quando vou ver a imagem não está mais lá, como se o link fosse falho. Já consertei mil vezes e volta a acontecer.



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Capítulo 31 – E tudo recomeça outra vez

Peter sentiu o choque familiar do sentido aranha correndo por seu corpo, e olhou para a esposa com a cabeça apoiada em seu ombro, estranhando que ela não dava sinais de ter percebido alguma coisa junto com ele. Olhando rapidamente em volta e vendo suas três filhas conversando com May e Howard, Simon e Philip conversando com Helen, e tudo aparentemente normal enquanto esperavam seu voo, retornou sua atenção para Gwen, que tinha um olhar distante e pensativo.

                - Querida... Você tá bem?

                Alguns segundos depois ela acordou de seu transe e olhou para ele.

                - Tá preocupada com alguma coisa?

                - É que... Eu senti uma coisa de madrugada. Eu não quis te acordar, você tava exausto.

                - Como assim?

                - Eu levantei pra usar o banheiro e verificar se as meninas tavam dormindo bem. Aí senti umas fisgadas no meu ventre. Não doeu muito, mas... Não sei. Eu senti algo muito forte, e fiquei pensativa. Se meus sentidos se aprimoraram mesmo a esse ponto depois da aranha. Eu sinto isso também naquela época do mês, mas foi, sei lá... Diferente.

                - Você tem alguma hipótese sobre isso?

                - Eu acho que eu tô grávida – sussurrou apenas para ele ouvir.

                Peter fez menção de falar, mas apenas um suspiro deixou seus lábios enquanto seus olhos se arregalavam.

— E não é só isso, eu não sei explicar... Eu sinto uma energia dentro de mim, e muita felicidade. Também foi assim com as meninas. Mas nós já tínhamos descoberto, então não percebi que era algo instintivo.

                Gwen parou de falar para checar a reação do marido, vendo seus olhos ainda arregalados em surpresa, seus lábios entreabertos, exatamente como quando ele estava processando alguma informação importante. Peter piscou algumas vezes, e um sorriso gigantesco surgiu em seu rosto.

                - Sabe por que eu te perguntei isso?

                Gwen ergueu uma sobrancelha interrogativamente.

                - Eu acabei de ser alertado pelo sentido aranha, mas aparentemente não há nada de errado acontecendo. Achei estranho você não sentir também.

                Gwen sorriu.

                - Mas... Faz só alguns dias desde que nós decidimos começar a tentar de novo, foi só uma vez – Peter disse num sussurro.

                - É tempo suficiente. E uma vez é suficiente.

                - Mas, Gwen... Vamos viajar daqui a pouco. É seguro?

                - Eu não sei... E eu posso estar enganada também. Mas ainda temos pelo menos uma hora até chamarem pra o embarque. Aqui tem uma farmácia, e médicos. Podemos comprar um teste, e perguntar sobre a viagem.

                Peter concordou.

                - Vamos fazer isso – ele disse, se virando para a família – Gente... Vocês podem ficar de olho nas meninas um pouco? Eu e Gwen precisamos fazer uma coisa.

                - Aonde vão, papai? – Destiny perguntou.

                - Só na farmácia, querida. Tô um pouco enjoada – Gwen respondeu.

                - Tá doente? – Hope perguntou, seus olhinhos castanhos cheios de preocupação.

                - Não, amor. A mamãe só tá cansada com toda a correria dos últimos dias – Peter lhe disse.

                - E o avião? – Emma os questionou.

                - Vai dar tempo, docinho. Vamos ser rápidos – Gwen respondeu, beijando a bochecha das três e segurando a mão de Peter.

                - Vocês estão realmente bem? – Helen questionou

                - Sim, mamãe.

                - Vamos ficar atentos aos celulares. Nos liguem se Gwen não melhorar logo – May pediu.

                - Certo, tia.

                Pouco depois os dois estavam a caminho da farmácia, onde rapidamente conseguiram um teste de gravidez e se informaram sobre a equipe médica do aeroporto. Os poucos minutos que Peter esperou a esposa do lado de fora do banheiro pareceram os mais longos de sua vida, e felizmente havia banheiros de gênero neutro ali, assim ele podia esperá-la literalmente na porta. Seu coração saltou quando ouviu Gwen abrir a tranca e sair.

                - E então, querida?

                Gwen sorriu.

                - Ainda é muito cedo, pode ser um resultado falho como nos advertiram, mas se o teste e eu estivermos certos... Você vai ser papai de novo – ela lhe disse entregando-lhe o teste, que exibia duas linhas, constando como positivo.

                Peter riu, e a emoção tomou seus olhos. A próxima coisa que ele fez foi abraçar a amada, chegando a tirar seus pés do chão e ouvindo Gwen rir junto com ele.

                - Eu te amo! Eu te amo! Você é tão boa pra mim.

                - Mas não fui só eu que providenciei isso.

                - Não importa – ele respondeu, ouvindo mais risos da esposa e devolvendo-a ao chão para poder beijá-la profundamente.

                - Obrigada – Gwen sussurrou contra seus lábios, beijando-o novamente – Agora... Que tal voltarmos à farmácia antes que alguém chame a polícia do aeroporto dizendo que tem dois loucos dando amassos no banheiro?

                Peter gargalhou e lhe deu um último beijo, antes de puxá-la pela mão para fora do local e de volta à farmácia, onde seguiram para uma rápida consulta, tendo ainda quarenta minutos até seu horário de embarque. Novamente foram alertados sobre a possibilidade de um falso resultado positivo, e que Gwen deveria repetir o teste ou buscar uma consulta médica dali algumas semanas, além de poderem viajar normalmente desde que ela não se estressasse ou fizesse qualquer esforço excessivo.

                No caminho de volta eles passaram por uma loja de souvenirs, na qual Peter fez questão de parar e lhe comprar um ursinho de pelúcia. De um tamanho médio, ideal para ser abraçado durante o sono, fofo, literal e figurativamente, de cor bege e com uma gravata borboleta xadrez azul e vermelha. Eles tinham escolhido juntos. Bege porque se parecia com o cabelo louro dela, e as cores da gravata a lembravam do homem aranha. Os olhinhos castanho claros do bichinho ainda mesclavam as cores dos seus.

                - Peter, além de você ter me dado um urso que até parece nosso filho... – ela fez uma pausa para rir junto com ele – Pode ser engano. Não é cedo demais pra tanta comemoração? – Ela brincou enquanto retornavam abraçados até a família.

                - Estamos comemorando muita coisa hoje. Mesmo se, infelizmente, você ainda não estiver grávida, ainda é um dia feliz pra nós. E eu amo mimar você – sorriu antes de beijar seus cabelos – Mas espero que ainda prefira abraçar a mim do que ao ursinho.

                Gwen gargalhou e beijou a bochecha do amado.

                - Sobre isso... Acho que não devemos contar nada aos outros ainda. Eu quero esperar. Pra quando tivermos certeza daqui algumas semanas. Vamos simplesmente dizer que você é obcecado por mimar sua esposa quando perguntarem sobre o ursinho.

                Peter riu.

                - Ok. Eu concordo com você.

                Ainda faltavam vinte e três minutos para seguirem para a fila de embarque, eles alcançaram a família, e Helen se levantou de onde estava sentada com Emma no colo, sempre preocupada com a saúde dos filhos.

                - Querida, você está bem?

                - Sim, mãe. Eles me medicaram. Eu tô bem. Provavelmente a loucura pra viajarmos bagunçou os horários das minhas refeições e fez isso.

                - E esse ursinho? – Simon perguntou.

                - Eu queria animá-la com alguma coisa enquanto ela melhorava. E mimar Gwen é um dos meus passatempos favoritos – Peter respondeu sorrindo.

                - Podemos viajar tranquilos então? – May perguntou enquanto Gwen se sentava com as filhas para deixa-las ver e segurar a pelúcia.

                - Sim. Só recomendaram que ela descanse – Peter respondeu.

                May assentiu.

                - Cadê Philip? – Peter perguntou, e os dois garotos mais novos apontaram sorrindo para um dos portões do saguão, onde Philip e Jane conversavam.

                - Ela vai nos encontrar em algum tempo – Howard disse – Precisa terminar de se preparar.

                - Fico feliz por ele – Peter sorriu, olhando para sua própria família e afastando os pensamentos de como tudo isso quase não aconteceu muitos anos atrás.

******

                - Quando tivermos certeza – Peter sussurrou para Gwen, aconchegada em seu ombro, ao percebê-la acordada – Vamos naquele restaurante celebrar com as almôndegas mágicas.

                Ela riu e assentiu.

                - Tá todo mundo dormindo? – Ela perguntou baixinho, vendo May adormecida ao lado dos dois.

                Helen e as meninas estavam nas cadeiras à frente deles, e os irmãos de Gwen nas cadeiras logo atrás.

                - Acho que sim. Tá todo mundo em silêncio já tem um tempo – Peter respondeu.

                - Será que falta muito?

                - Pelo tempo que estamos viajando, devemos chegar logo.

                No final das contas, Peter, Gwen e as crianças se instalariam numa casa próxima de onde ele e May moravam antigamente, Helen e os filhos tinham decidido ficar num apartamento em um prédio próximo da casa deles, assim todos conseguiriam se ver mais facilmente. Philip se mudaria quando Jane também já estivesse em Nova York. May pretendia voltar a sua antiga casa, mas ainda não tinham certeza de com ficariam as coisas quanto à Richard. Ele os tinha ajudado imensamente, recebendo e guardando tudo que tinham enviado de Oxford para lá, embora algumas coisas tivessem preferido vender ou doar e substituí-las após a mudança. Segundo ele próprio, agora que estariam de volta, ele se mudaria para outro apartamento num aglomerado diferente do de May. Ainda que a Oscorp tivesse acabado e Nova York estivesse mais tranquila, ele ainda não queria arriscar um mínimo que qualquer problema de seu passado atingisse alguém da família além dele próprio.

                - Eu sei que é cedo demais, mas tô muito empolgado – Peter falou tão baixo que Gwen só ouvia por causa de sua audição aprimorada.

                Ela sorriu quando a mão do marido acariciou sua barriga.

                - Você me deixa tão feliz com isso, Garoto Inseto – Gwen respondeu no mesmo volume – O quão bom pai você é. Como você é doce. O quanto você se esforçou pra conseguir conviver com o Homem Aranha sem que isso ficasse entre nós, e como você me ajudou a fazer a mesma coisa depois.

                - Awn... – ele suspirou – Queria tanto que estivéssemos sozinhos em outro lugar agora.

                - Eu também.

                Gwen deixou que ele a beijasse, estando feliz por estarem na janela, evitando que ficassem muito expostos, e por quase todos no avião estarem dormindo ou distraídos. Peter beijou demoradamente sua testa quando o beijo terminou, e se reajustaram nas cadeiras para ficarem de frente um para o outro, suas pernas se entrelaçando no processo.

                - Você ainda lembra daqueles nomes? Os que pensamos naquele dia?

                - Lembro de alguns – Peter respondeu enquanto ainda sussurraram em volume mínimo – Achei que eu era o ansioso.

                Gwen riu.

                - Eu só sei disfarçar melhor.

                Peter sorriu.

                - Há algum que você goste?

                - Não há nenhum que eu não tenha gostado, mas... Um deles nunca saiu da minha cabeça. E você sempre me chama de anjo, então não consigo esquecer.

                - Ah... Aquele?

                - Sim. Andrew. É tão bonito.

                - É sim... Mas se for outra menina?

                - Sabe que fiquei muito em dúvida entre Emma, Emily e Riley quando finalmente descobrimos que o terceiro bebê também era menina?

                - E seu amor por Emma Bunton decidiu.

                - Foi – Gwen riu.

                - Eu amo Emily também, mas teríamos duas Ems, isso ia ser confuso.

                - Verdade. Você gosta de Riley? Não vou decidir sozinha.

                - Gosto. Tem um som bonito.

                - Então por hora ficamos com Andrew ou Riley.

                - Se não forem três de novo – Peter brincou, vendo a esposa rir e dar um tapa de brincadeira em seu braço – Se for um ou três, faremos isso juntos assim mesmo.

                Gwen sorriu e o puxou para um beijo com gratidão e carinho. Se afastaram ao ouvir May acordando com um suspiro ao seu lado, e se reposicionaram no assento para olhar para ela.

                - Seja o que for o assunto, vocês parecem felizes – ela sorriu.

                Peter deu de ombros, querendo despistar qualquer resquício da conversa.

                - É só... Esperança de que Nova York seja algo bom pra nós dessa vez.

                May sorriu, acariciando o rosto do sobrinho.

                - Vai ser, querido. E se não for, mudamos de novo até estarmos em paz.

                Peter sorriu de volta, puxando a mão de sua tia na sua para colocar um beijo em seus dedos, vendo May sorrir.

                Com mais algum tempo eles estavam chegando ao destino, todos já acordados e aguardando o pouso. As trigêmeas se agitaram, querendo ver o pouso pela janela, e nem ligando para os leves solavancos da aeronave quando pousaram. Após ouvirem as instruções de desembarque e conseguirem pegar suas malas alguns minutos depois, eles olharam em volta, pensando em se sentarem em algum lugar enquanto chamavam um transporte.

                - Quanto tempo vamos ficar no hotel? – Philip perguntou.

                - Só uns dois dias – Helen lhe respondeu – Hoje mesmo vamos verificar se está tudo em ordem em nossas casas, colocar o mínimo necessário no lugar, limpar se for preciso, e o restante vamos organizando depois.

                O garoto assentiu quando finalmente acharam bancos vazios para se sentarem.

                - Vou chamar dois carros – Peter dizia, ainda de pé, verificando o aplicativo no celular, mas sendo interrompido antes de confirmar a corrida.

                - Achei vocês.

                Peter congelou ao ouvir a voz de seu pai atrás deles, sentindo-se estático por um momento, confuso em seguida, e suspirou pesadamente quando seus olhos começaram a se encher de água sem seu consentimento. Gwen se aproximou dele, tomando seu rosto nas mãos e encarando-o quando percebeu seu estado, e sussurrou apenas para ele ouvir.

                - Você devia se virar – ela disse com um sorriso compreensivo, afagando a bochecha do marido – Depois de tudo... Eu acho que você consegue fazer isso. E se não, estamos aqui.

                Peter assentiu, beijando-a rapidamente em agradecimento e respirando fundo mais uma vez antes de se virar para ver o que todos já olhavam. Richard Parker estava parado diante do grupo. Mais velho, a expressão séria de sempre, com o mesmo estilo de roupas que Peter se lembrava de ele usar. As mãos deixaram os bolsos do casaco, numa tentativa de demonstrar simpatia, e a família respeitou quando Peter caminhou lentamente até ele, sozinho.

                - Peter... – seu pai o cumprimentou, experimentando, tentando tanto quanto ele descobrir como lidarem pessoalmente um com o outro de novo.

                Os olhos castanhos do mais jovem se inundaram, sua respiração pesou novamente, e por um instante tudo voltou outra vez, a raiva, a mágoa, a dor de todas as dúvidas nunca esclarecidas para aquele garotinho tão pequeno, todas as noites que May e Ben tiveram que segurá-lo no colo até ele parar de chorar e dormir, não ver Mary Parker bem ali ao lado dele, onde ela estaria sorrindo, chorando de felicidade, e puxando o filho para um abraço que não deixaria acabar tão cedo, e como ela estaria feliz por conhecer as netas. Isso fez Peter travar quando o pai pôs as mãos em seus ombros, e ele abaixou a cabeça, não querendo compartilhar suas lágrimas.

                Richard não disse nada, eles já tinham conversado o suficiente e esclarecido tudo que podiam nos últimos meses, então apenas esperou. Puxando o filho para um abraço minutos depois, esperou compreensivamente outra vez quando Peter não quis abraça-lo imediatamente e passou a chorar um pouco mais, por fim desistindo de sua resistência e se agarrando com força ao pai enquanto soluçava.

                - Eu sei – Richard murmurou para ele.

                - Eu ainda a queria aqui.

                - Eu também... Leve-a com você, como eu a tenho levado comigo desde então.

                Gwen, May e Helen seguravam a mão das três crianças de onde observavam, para o caso de elas decidirem correr em empolgação, e tirar acidentalmente de Peter o tempo que ele precisava com seu pai.

                - Aquele é o vovô?

                - Sim, Dest – Gwen respondeu.

                - E por que papai tá chorando?

                - Ele tá emocionado porque não o vê desde pequeno. Você deve lembrar de tudo que contamos.

                - Sim.

                Peter respirava para se acalmar onde estavam, alguns metros à frente dos demais. Se afastou do pai e secou o rosto com as mãos por algum tempo antes de se virar para encarar sua família novamente, finalmente sentindo que estavam outra vez em Nova York, e que um ciclo novo estava diante deles. Olhar discretamente para a barriga de Gwen e retribuir o sorriso discreto da esposa lhe deu força para caminhar com o pai até eles para um primeiro contato.


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