Scientist escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 30
Capítulo 30 – Também somos humanos


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é mais light, no próximo começará a última etapa dessa história que comecei a escrever há quase 1 ano e que tenho certeza que vou sentir muita saudade, mas já tenho outras duas em mente. xD Uma focada no universo "What if", e outra reaproveitando uma ideia descartada para roteiro de "O Espetacular Homem Aranha 3". Dessa segunda eu postei um capítulo piloto essa semana, que se chama "Me prometa". Se você é muito fã do Homem Aranha de Andrew, e principalmente de Peter e Gwen, corre lá pra ler! ;D

Consegui terminar ontem a tradução e postagem da mini fic (de 2 capítulos) de Zumbilândia que eu tava tentando concluir desde junho. E hoje terminei a one-shot de La La Land que vou postar em breve. Assim que possível também publicarei mais um capítulo de "É só uma coisa implícita".



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Capítulo 30 – Também somos humanos

 

                Peter e Gwen sentarem-se de mãos dadas no topo de um dos locais da universidade de Oxford, deserta no domingo à tarde, exceto por alguns poucos funcionários. Estavam se despedindo mais uma vez do local que havia sido o motivo inicial da grande mudança em suas vidas tantos anos atrás.

                - Não é incrível termos estudado no mesmo lugar que serviu de inspiração e até de cenário pra Harry Potter? – Gwen perguntou – Tenho certeza que Emma vai querer voltar aqui pra aproveitar melhor isso quando crescer.

                - Também aposto nisso. Que bom que temos fotos da câmara secreta daqui, já que ela não vai poder ver se não for estudante.

                - É verdade.

                Eles tinham feito o mesmo que estavam fazendo agora durante a quinta de manhã, quando as crianças estavam dormindo na casa de Helen, e ficado felizes em sentir outra vez todas as coisas boas de sua época como estudantes enquanto observavam os estudantes atuais irem e virem pelo local.

                - Vamos indo? Não queremos nos atrasar pra nosso último jantar aqui – Peter sugeriu.

                - Vamos.

                Eles se levantaram, olhando o lugar uma última vez antes de recolocarem suas máscaras e lançarem suas teias para sair dali, seguindo para um lado deserto do entorno da universidade e depois para casa.

******

                - O natal é melhor aqui ou em Nova York? – Destiny perguntou enquanto eles aproveitavam a noite em um dos restaurantes que já estavam decorados e servindo algumas coisas específicas para a celebração do mês seguinte.

                - Em todo lugar, amor – Gwen respondeu – Apesar dos filmes fazerem todo um drama com algumas lições de vida, essa é uma época em que realmente importa mais o clima a sua volta do que o lugar. Em Nova York é tão bonito e feliz quanto aqui. Já vamos estar lá quando o natal acontecer, vocês vão adorar.

                - Há lugares da cidade em que fazem árvores enormes com um monte de luzes coloridas, algumas até formam desenhos – Helen disse às netas – Vamos ver quando estivermos lá.

                - Lá também tem neve? – Hope perguntou.

                - Sim, querida – May lhe disse – Tanto quanto aqui.

                - Tem a mesma comida? – Emma quis saber.

                - Algumas mudam, Em – Peter lhe disse – Mas tem lugares que fazem coisas específicas de outros países. Tem muitos turistas lá e aqui nessa época, então os restaurantes tentam atender todo mundo.

                - Eu nunca estive lá também, tudo vai ser novo pra mim – Jane falou – Parece emocionante.

                - Podíamos nos vestir a caráter e fazer um coral de carolers pra celebrar nossa volta a Nova York – Howard brincou, fazendo a família rir.

                - Eu tô dentro, mas só se Peter e Gwen cantarem com a gente – Simon falou, fazendo todos rirem mais ainda.

                - Nós somos cientistas, não personagens da Disney – Peter lhe disse.

                - Mas vocês cantam muito bem, ia ser uma boa ideia – Philip respondeu.

                - Só se você e Jane cantarem primeiro – Peter disse ao cunhado.

                - Eu gostei – Jane falou, também rindo.

                Passaram cerca de uma hora conversando e aproveitando o jantar de natal tipicamente inglês, com batatas douradas, cherovia, molho de cranberry, gravy e christmas pudding, para depois caminharem juntos pela rua, onde já havia decorações em alguns lugares.

                No fim da noite decidiram entrar numa cafeteria, que tocava uma mistura bonita e suave de jazz com melodias natalinas, e tinha uma boa diversidade de sabores de chocolate quente. Curtiram a música enquanto bebiam, sendo as crianças as mais felizes por isso.

                Gwen estava conversando com Howard e as filhas quando Peter e May, e Simon e Helen, voltaram rindo da pista de dança.

                - Isso foi divertido – May falou.

                - Sim, faz muito tempo que não danço – Helen disse.

                - Você ainda dança bem, mãe – Simon lhe disse com um sorriso, que fez Helen se derreter.

                - O mesmo eu digo da senhora – Peter falou para sua mãe adotiva, beijando sua bochecha e também derretendo seu coração.

                Então se virou para Gwen e para as filhas.

                - Vocês querem dançar? – Peter perguntou as quatro, olhando para a pista de dança do local, onde Howard e Jane ainda dançavam.

                - Você é muito alto, papai. Não vamos conseguir acompanhar direito – Hope falou.

                O casal riu.

                - Mas dá pra dançar assim mesmo – Peter respondeu.

                - Dança com Gwen, nós dançamos com as meninas – Philip falou ao voltar com Jane, de repente tirando Hope da cadeira em que estava sentada, fazendo a menina morrer de rir.

                - Eu gostei – Howard se levantou, puxando Destiny para seu colo.

                - Então eu fico com você – Simon pegou Emma e os seis seguiram para a pista, onde viram as meninas se divertirem, apesar da enorme diferença de altura entre elas e os tios.

                Os outros cinco adultos observaram a cena com felicidade.

                - Questão solucionada, você vem? – O herói voltou a perguntar.

                - Eu nunca diria não pra isso – Gwen se levantou e o beijou antes de puxá-lo para a pista, deixando May, Helen e Jane conversando.

                Gwen gargalhou enquanto Peter dançava rapidamente com ela durante a música agitada que estavam ouvindo, também escutando as filhas rirem junto com os tios ao seu redor. Momentos depois o ritmo da música se tornou lento e mais suave, e ela se aconchegou ao marido quando ele a puxou graciosamente para o peito e os dois se abraçaram. Os outros seis membros da família voltaram para a mesa, mas eles continuaram ali. Outros casais também vieram dançar e os dois não tinham ideia de quanto tempo tinha se passado até a música acabar e o pianista anunciar uma pausa de alguns minutos. Os presentes o aplaudiram e algumas pessoas foram se sentar, enquanto outras observavam a decoração do lugar. Olhando para cima, Peter e Gwen viram um ramo de mistletoe, adornado por duas esferas vermelhas brilhantes. Em outros locais seria azevinho, mas a tradição era a mesma.

                - Olha só onde nós paramos – Peter sorriu.

                - Nossa, que coincidência – Gwen brincou, ainda que fosse de fato uma coincidência.

                - Você sabe o que temos que fazer – Peter sussurrou para ela – Dá azar desrespeitar a tradição.

                Gwen riu.

                - Eu nunca me arriscaria a isso – ela respondeu – Tem muita gente aqui, mas temos que seguir a tradição.

                Peter riu, finalmente selando seus lábios com um beijo profundo e apaixonado. A música recomeçou, e sirenes da polícia soaram ao mesmo tempo do lado de fora. Os dois interromperam o beijo contra sua vontade e se olharam, suspirando de descontentamento, mas trocando um sorriso cúmplice ainda assim.

                - O que vamos dizer a todos?

                Gwen suspirou outra vez enquanto pensava.

                - Pra ser uma boa heroína às vezes é preciso ser uma boa atriz – ela disse apenas para o marido ouvir, puxando-o na direção da mesa – Mãe, eu e Peter vamos à farmácia do outro lado da rua. Eu tô sentindo cólica e não tenho nenhum remédio comigo.

                - Você está bem? – Helen perguntou.

                - Sim... Eu não esperava por isso agora, mas tá na época mesmo. Eu tô bem.

                - Tenham cuidado, parece que tem assaltantes por aí se aproveitando do fim do ano – May falou para os dois.

                O olhar que Peter lhe deu disse tudo que a tia precisava saber, e ela assentiu discretamente.

                - Não vamos demorar. Quando voltarmos vamos andar um pouco pra ver a decoração da rua – Peter falou.

                - E a polícia lá fora? Deve ter bandidos – Emma se preocupou.

                - É por isso que a polícia tá lá fora, Em. Pra pegá-los antes que eles façam mal a alguém. Tenho certeza que vão resolver isso rápido. E eu e a mamãe só vamos atravessar a rua, não vai demorar.

                Os dois saíram e atravessaram a rua, conseguindo se esconder entre as pessoas que passavam e se esgueirarem para o topo de uma construção, onde esconderam suas roupas e se colocaram em seus trajes.

                Seguindo na direção de onde tinham escutado as sirenes, alguns quarteirões depois, encontraram policiais perseguindo a pé dois criminosos que tentavam arrancar os pertences das pessoas por onde passavam, gerando gritos e civis fugindo em pânico. Os dois se balançaram em suas teias até se aproximarem dos dois homens e lançaram mais uma teia, atingindo-os e fazendo-os cair durante a corrida. Os dois gritaram de susto quando o Casal Aranha puxou as teias para cima, a fim de que não levassem uma rasteira dolorida no asfalto e na calçada, e logo se viram presos por teias na parede de um estabelecimento comercial, derrubando tudo que tinham roubado.

                Alguns dos civis atingidos se aproximaram, retomando seus pertences, tirando sarro da cara dos criminosos e se afastando rapidamente por precaução. O casal se pendurou de cabeça para baixo, prendendo as teias na marquise do andar superior, e ficando na altura dos dois bandidos, que pareciam jovens.

                - É muito feito fazer isso – Peter balançou a cabeça – Especialmente nessa época.

                - Vocês são muito jovens pra isso – Gwen falou – Não que os mais velhos devam fazer coisas assim também. Estão com algum problema.

                Os dois abaixaram a cabeça envergonhados, se por terem sido pegos ou por terem comedido o ato por desespero, Peter e Gwen não sabiam dizer.

                - A polícia vai tirar vocês daí daqui a pouco – Peter falou – Se tiverem sorte não ficam no xadrez muito tempo, mas vão pra casa, pensem muito no que fizeram, e resolvam suas vidas direito! As pessoas só querem viver em paz, nem todas tem culpa dos nossos problemas. E todos temos uma escolha, sempre.

                - Nem todo mundo escolhe deixar as pessoas viverem em paz – um dos garotos falou.

                O Casal Aranha se entreolhou por um instante.

                - Cada pessoa nesse planeta pode fazer uma grande diferença – Gwen falou – Boa ou ruim. Nós sabemos o que é quase perder tudo. Heróis não estão imunes a isso.

                Os dois jovens a olharam com atenção diante de suas palavras.

                - Então seja o que for que lhes aconteceu, resolvam direito. Não precisam escolher o mesmo caminho de quem lhes fez mal.

                Peter olhou para a esposa com admiração, sentindo um nó de emoção se formar em sua garganta, e lembrando-se de quantas vezes ele quis ir pessoalmente à cadeia matar Harry antes que sua própria doença o levasse, e de como Gwen o acolheu e o cobriu de amor quando ele revelou isso a ela ao saberem da morte do Duende Verde.

                - Não esqueçam do que ela disse – Peter completou.

                Os dois jovens não disseram mais nada, e o casal pousou no chão quando a polícia finalmente apareceu no local.

                - Casal Aranha – um dos policiais já conhecidos os cumprimentou com um sorriso – Perdemos esses dois de vista por um momento no meio dos civis. Se aproveitando da chegada dos turistas, não é? Vão ter sorte se não tiverem antecedentes. Mas no mínimo vão passar a noite de hoje pensando sobre isso numa cela.

                - Parece que os dois passaram por algo difícil – Gwen disse ao oficial – Não justifica o que fizeram, mas eles precisam de ajuda, seja com o que for.

                O homem assentiu.

                - Eu vou me lembrar disso. É um prazer que colaborem conosco.

                - Nós dizemos o mesmo – Peter falou – Nem sempre acham que estamos colaborando. E também não daríamos conta sem vocês. Continuem trabalhando duro.

                - Podem deixar – o policial sorriu enquanto ele e outro agente iam até os garotos presos na parede e o casal se afastava, lançando-se entre os prédios da cidade novamente.

                - Bem que podiam nos dizer um jeito mais fácil de tirar essas teias – o segundo oficial suspirou olhando para todo o trabalho que teriam para soltar os dois infratores dali – Mas não tem bom sem defeito, né? – Disse olhando para o colega, que suspirou já conformado.

                - O mesmo de sempre. Soltamos e algemamos os pulsos primeiro, e depois o restante.

******

                - Vocês demoraram mais do que esperávamos. Aconteceu algo, Gwen? – Simon perguntou.

                - Não, é que a farmácia tava meio cheia e resolvemos ficar por lá até ter certeza do que tava acontecendo aqui por perto. Quando soubemos que a polícia e os criminosos tavam em outra área bem longe achamos seguro sair.

                Peter notou May olhando-os da cabeça aos pés com discrição, hábito que ela desenvolvera para procurar ferimentos desde que tinha descoberto sobre seus poderes.

                - Estamos bem – Peter cochichou para a mãe adotiva quando se aproximou para beijar seus cabelos.

                May assentiu com um sorriso.

                - Se sente melhor, Gwen? – Jane perguntou.

                - Bastante. Consegui o remédio e uma compressa descartável, tá melhorando.

                - Parece que a polícia já pegou os bandidos pelo que nos disseram, e ainda não é tão tarde. Vocês querem andar um pouco e ver as decorações lá fora – Peter sugeriu.

                - Sim! – As três crianças exclamaram juntas.

                - Então vamos.

                Eles deixaram a cafeteria, novamente agasalhados para o frio do lado de fora, e caminharam pela rua até chegar a uma praça, onde outras pessoas estavam sentadas conversando e fazendo o mesmo que eles, observando os enfeites e aproveitando o clima de felicidade que começava a tomar Oxford. Uma grande árvore enfeitada com luzes azuis estavam no centro da praça, e fios de luz branca saíam do topo para suportes nas extremidades do canteiro, formando uma bela espiral brilhante. Provavelmente no mês seguinte haveria bem mais que isso, mas a essa altura eles já estariam aproveitando o natal em Nova York.

                Em momentos assim, às vezes, Peter conseguia se esquecer que era o Homem Aranha, e que ele e Gwen carregavam uma responsabilidade tão grande juntos. Nessas horas ele conseguia respirar aliviado, sentir-se em paz, e se lembrar que no final das contas ainda eram humanos, e que tinham uma vida para viver e direito à felicidade.

                - Eu te amo – sussurrou no ouvido da esposa quando a abraçou pela cintura no banco em que estavam sentados com as filhas.

                Gwen sorriu e olhou para ele.

                - Também de amo, Garoto Inseto – ela sussurrou de volta, levando uma mão ao rosto do marido para acariciar sua bochecha.

                Peter segurou a mão dela e beijou seus dedos, depois beijando os lábios da esposa. Quando se afastaram, suas crianças estavam olhando para eles, parecendo felizes com a visão.

                - Essa é a hora em que vocês ficam chateadas e dizem pra não fazermos isso? – Peter brincou, e Gwen riu.

                - Não, é fofo – Emma sorriu.

                - Por isso vocês são as crianças mais fofas do planeta, porque o pai de vocês é o mais fofo do mundo.

                - Um dia esse título foi meu – Simon falou.

                Eles riram juntos.

                - Você ainda é fofo, Simon – Gwen lhe disse.

                - Espero que os nossos sejam assim também – Jane disse a Philip, que sorriu em assentimento.


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