Scientist escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 32
Capítulo 32 – De volta a Nova York


Notas iniciais do capítulo

Pessoal... Não queiram me bater pelo que vou dizer agora. xD Mas pra quem já leu e releu a história desde o início, e notar a troca de nomes entre Philip e Howard, o que ocorreu é que eu sempre confundi qual nome era de quem. Philip é o mais velho, e Howard o do meio (entre os meninos), o único irmão de Gwen com cabelo castanho ao invés de louro. E desde o início da história eu pesquisei sobre os nomes dele, e as fontes que eu consultei estavam com os nomes de ambos invertido, portanto eu considerei e fiquei todo esse tempo escrevendo trocado. Tô explicando pra vocês não se confundirem. Não mudou qual personagem fez o que, mudou só os nomes que tavam nos personagens errados. É Philip, irmão mais velho de Gwen, quem tem um relacionamento com Jane, pra ajudar a esclarecer. Hoje eu tava pesquisando sobre os atores e consultei fontes diferentes, foi assim que descobri o erro nos nomes. Passei a tarde inteira mudando os nomes deles em todos os capítulos da história que aparecem ou são citados e só terminei agora de quase 11 da noite. Aproveitei pra corrigir uns errinhos que eu não tinha visto em alguns capítulos. E eu sei que eu já disse mil vezes que essa história tá chegando no final, mas agora é verdade. xD Esse mês essa fanfic completou 1 ano, e finalmente tá no começo do fim. Quando terminar vou me dedicar a continuar a "É só uma coisa implícita", de Guardiões da Galáxia, que tô querendo incluir alguma coisa relacionada com o especial de Natal. Agradeço a quem estiver lendo e acompanhando essa e outras histórias minhas, ainda que nunca comentem. Boa leitura! ♥



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Capítulo 32 – De volta a Nova York

                Peter, May e Richard caminharam em silêncio pelo cemitério, onde encontrariam o túmulo de Mary Parker, agora próximo ao de Ben. Os últimos dois dias tinham sido dedicados a organizar suas coisas em suas novas casas e entrar em contato com seus novos locais de trabalho e a escola das meninas para acertar os últimos detalhes, e já estavam todos devidamente instalados. As crianças tinham gastado horas arrumando seus brinquedos e outros pertences no quarto enquanto conversavam empolgadamente com o avô, proporcionando uma cena que sempre fora muito rara para os Parkers: Ver Richard Parker sorrindo e conversando com alguém que não fosse a esposa ou o filho. Tinha sido adorável, e trazido leveza para o primeiro contato que Peter achou que seria tão tenso.

                Os três pararam diante da sepultura, deixando sobre a neve as flores que haviam trazido, e onde o nome de Mary e suas datas de nascimento e morte estavam gravadas na pedra com adornos de arabescos e flores. Peter ficou em silêncio, mesmo quando os dois adultos o olharam pelo canto dos olhos para checar sua reação. Em muitos pesadelos ao longo dos anos ele tinha se visto exatamente onde e como estava agora, mas os nomes na pedra variavam. Mary, Richard, May, George, Gwen, e até mesmo os demais Stacy ou algum amigo da escola ou faculdade, incluindo Flash, e ele tinha certeza que veria o nome de suas filhas ou seu próprio uma vez, mas não teve coragem de olhar, e acordou antes disso, sendo puxado para os braços da esposa, que o consolou enquanto ele tentava acalmar a própria respiração.

                Agora, vendo a cena real diante de seus olhos, Peter já tinha aceitado, e não tinha vontade de falar a respeito no momento, só de viver seu luto particular até que a dor daquela confirmação passasse. E talvez depois disso ele conseguisse seguir a sugestão de seu pai. Leve-a com você. Tinha se perguntado desde o encontro no aeroporto como isso era para ele, como seria se ele tivesse perdido Gwen e recebido esse conselho. Peter duvidava que conseguiria segui-lo, não com um mundo todo em volta lhe lembrando que todos estavam ali de verdade, menos ela, não com a vida acontecendo e gritando para que ele caminhasse em seu ritmo enquanto tudo que ele queria era dormir para sempre para tê-la por perto ao menos em seus sonhos. Com esses pensamentos, seu peito doeu, como na noite em que achou que a perderia. No entanto, uma voz o chamou do fundo de sua consciência. Mas Gwen sobreviveu, então respire.

                Os mais velhos o viram tomar uma respiração profunda e permanecer em silêncio por mais alguns minutos.

                - Como você consegue?

                - O que?

                - Carregá-la com você com o mundo todo lembrando que todos tão aqui de verdade, menos ela.

                Richard levou um instante para responder.

                - Quando Mary partiu eu fiquei em choque por horas. E quase fiquei louco depois. Mas você ainda estava aqui. E se eu caísse a Oscorp venceria em muitos níveis diferentes, incluindo chegar a você e seus tios. É algo que você aprende a fazer pra sobreviver um dia após o outro... Mesmo que ainda doa junto. Continua doendo pra sempre, mas nossa vida não dura eternamente, então penso que cada dia estou chegando mais perto de estar com ela de novo. Talvez não demore muito a partir de agora...

                Peter o olhou sem saber o que dizer. Uma parte dele que parecia ter dormido por toda sua vida tinha despertado com alegria ao reencontrar o pai, outra ainda estava atordoada e mal situada no reencontro, mas esperava no mínimo ter um bom tempo com ele para os dois se realinharem e encontrarem um ponto de equilíbrio juntos.

                - Seja quando isso for, você vai ficar bem. Toda a sua vida é uma prova disso – Richard lhe disse.

                Peter voltou a olhar para baixo, esforçando-se para conter as lágrimas que queimaram em seus olhos, com a dor de possivelmente perder mais alguém em alguns anos, ainda que fosse obviamente inevitável, e a dor de não conseguir mais abraçar sua mãe. A mão de May afagou suas costas, ajudando-o a se acalmar, em parte, porque agora ele também estava pensando em quanto tempo May ainda viveria. Peter sabia que ela também estava em silêncio lidando com suas próprias dores e fantasmas, mas continuava ali sendo uma mãe para ele. Procurou a mão da tia quando ela se afastou, e entrelaçou seus dedos, sendo imediatamente retribuído.

                - Ela sofreu? – A pergunta veio quase como um sussurro, fazendo Richard olhar um pouco surpreso para o filho, não esperando esse questionamento agora.

                - A queda a machucou muito. Meus ferimentos bem mais leves já doíam bastante. Mas ela estava tão preocupada com você... Que usou todo o fôlego que restava pra ignorar a dor e falar sobre isso. Ela deve ter sentido quando perdeu as forças, mas depois ela fechou os olhos... O amor dela por você nublou a maior parte do sofrimento.

                Peter assentiu, sentindo seu amor pela mãe queimar em seu interior, e lançou preces sem palavras, apenas com sensações e gratidão, para onde quer que ela estivesse. Se permitiu finalmente derramar algumas lágrimas em silêncio junto com May quando os dois se abraçaram, e o silêncio permaneceu. Ainda havia muito, muito, para ser falado sobre isso, especialmente agora que tinha ocorrido a Peter o quanto seu pai devia se sentir culpado pela morte da esposa, como até hoje ele se sentia culpado pelo que aconteceu com Gwen na torre.

                - Foi minha culpa que Gwen quase morreu. Embora ela repita até hoje que foi culpa dela não atender meu pedido de ficar no chão ao invés de ir atrás de mim na torre.

                - Como sua mãe disse que não teria ido comigo se não quisesse... Você ainda era a coisa mais importante da vida dela, e ela me disse algo parecido quando falamos sobre isso antes do avião cair. Ela e Gwen se dariam muito bem.

                Peter conseguiu rir um pouco.

                - Eu tenho certeza que sim – May finalmente falou, também com um sorriso.

                Tomaram mais algum tempo ali para voltar para suas casas, sendo Peter o último a chegar, tendo insistido em levar May em segurança até seu antigo e novo lar, e descendo do skate quando chegou à porta da frente. Respirou fundo, agora bem mais calmo, e observou o belo jardim que ele e Gwen vinham começando a cultivar. Grades de metal com adornos bonitos cercavam o lugar, um pequeno bloco de plantas enfeitava a base das graves, livrando apenas o espaço do portão, que costumavam deixar trancado e abriam com um controle remoto quando precisavam passar. Algumas flores coloridas começavam a crescer ali, e tinham algumas plantas de chá em vasos nos fundos da casa. O espaço também era suficiente para as meninas correrem e brincarem. A casa era um duplex com um bom tamanho, tornando possível que agora as trigêmeas tivessem um quarto maior, e outro já estava secretamente reservado para o novo bebê, ele e Gwen dormiam no outro, e o cômodo restante fora arrumado para ser o novo Laboratório Aranha, sempre trancado por segurança e com as devidas camuflagens de um laboratório comum caso alguém invadisse. Tudo isso ficava no primeiro andar, além de banheiro e um pequeno depósito. No térreo tinham cozinha, banheiros, uma sala de estar enorme que também servia como sala de jantar, um estúdio onde deixavam computadores, a bateria de Gwen e Hope, e outros eletrônicos, despensa, mais um depósito, área de serviço, e uma biblioteca onde ficavam estudando e trabalhando ao longo dos dias.

                - Você tá bem? – A voz preocupada de Gwen o chamou de volta de seus devaneios, e ele olhou para a esposa, que tinha acabado de abrir a porta da frente.

                Peter a olhou um pouco perdido inicialmente e piscou enquanto colocava os pensamentos no lugar.

                - Sim... Eu só... Comecei a pensar na nossa nova vida e me distraí.

                Gwen sorriu e o puxou para dentro, imediatamente lhe dando um beijo cheio de carinho e olhando em seus olhos.

                - Como isso foi?

                - Triste. E menos dramático do que eu pensei que seria. Ver o nome dela naquela pedra foi mais uma pancada, mas me deixou em paz... Finalmente colocar essa história no lugar certo. Eu vou levar você e as meninas lá depois.

                Gwen assentiu.

                - Você e mamãe se dariam tão bem... Vocês eram parecidas. Até meu pai e tia May acham isso – ele sorriu, vendo a amada fazer o mesmo.

                - E por que?

                - Meu pai se sente culpado pelo que aconteceu com ela, e por tê-la afastado de mm. Mas ele sempre insistiu pelo contrário, e disse que foi escolha dela ir junto. E que tudo que importava era eu nos seus últimos minutos, que ela até esqueceu da dor por causa disso.

                Gwen não precisou dizer nada, ela sabia exatamente do que o marido estava falando.

                - Graças a Deus você ficou comigo.

                Gwen o estava apertando com força num abraço agora.

                - Também sou tão grata por isso.

                Peter suspirou enquanto a envolvia, em paz por sentir o coração dela contra o seu.

                - Cadê as meninas?

                Gwen riu baixinho.

                - Na escola, papai.

                Peter riu de volta.

                - Ainda não me acostumei com isso.

                Gwen se afastou, tirando a touca da cabeça dele e arrumando seu cabelo castanho bagunçado, depois lhe dando outro beijo.

                - Tire todo esse agasalho ou logo vai derreter já que temos aquecimento aqui dentro. Elas vão chegar daqui a pouco.

                - Certo – Peter concordou, mas antes se ajoelhando e segurando a esposa pelos quadris para beijar sua barriga – Suas irmãs estão crescendo – ele disse baixinho, sentindo a esposa rir e acariciar novamente seu cabelo.

******

— Estão gostando da escola? – Helen perguntou às crianças enquanto organizava algumas coisas na mesa com os demais adultos.

— Sim! – As três responderam juntas com empolgação.

— Vovó! Tem três meninos que nem a gente em outra sala.

— Como assim, querida? – Helen perguntou à Emma.

— Eles são todos parecidos, mas têm cabelo de louros diferentes.

— E a mesma idade – Destiny completou a informação.

— São irmãos também – Hope disse com um sorriso.

— Interessante, é raro ver isso – May falou – Vocês são amigos?

— Mais ou menos – Destiny respondeu – Nos conhecemos ontem. Eles foram legais com a gente.

— Isso é ótimo, não acham? – Gwen falou com alegria – Sejam boas pra eles também.

— Mas nos avisem se algum dia eles não forem mais – Peter advertiu – Pra termos uma conversa.

— Tá, papai.

Gwen riu, bagunçou os cabelos do marido carinhosamente e beijou sua bochecha, arrancando um sorriso de Peter, e sentindo o coração aquecer por o quão protetor ele era com todas elas.

— Mamãe, tem aula de teatro. Eu posso fazer? – Emma pediu.

— Você só tem cinco anos, amor. Falaram algo sobre a idade dos alunos?

— Não.

— Amanhã vamos falar com seus professores e pedir informações pra decidir.

— Certo.

Gwen beijou as três e as deixou brincando na sala antes de ela e Peter também seguirem para a cozinha da casa de May.

— Mary amaria saber que tem três netas – Richard falou com um sorriso, observando as crianças brincarem no tapete.

— Eu tenho certeza que ela sabe – May respondeu, com um sorriso suave que parecia misturar paz e saudade.

Peter e Gwen se entreolharam, tomando uma decisão intuitiva, e discretamente dando um aceno de cabeça positivo um ao outro.

— Quatro – Gwen falou, atraindo a atenção de todos, May e Helen de olhos arregalados em surpresa.

— Como assim? – Helen perguntou em expectativa, mesmo já entendendo o que a filha queria dizer.

— Eu tô grávida de novo, mãe – Gwen sorriu – Descobri na madrugada antes de viajar, e fiz até um teste no aeroporto. Mas era muito cedo, não tínhamos certeza.

A mais velha apenas permaneceu boquiaberta por alguns instantes.

— Vocês planejaram ou...?

— Planejamos – Peter respondeu a sua tia, tão espantada quanto Helen – Estávamos pensando nisso pouco antes de decidirmos voltar pra cá, não queríamos esperar muito. Achamos que talvez fosse melhor adiar pra depois da mudança, mas... Decidimos manter os planos. E deu certo.

— Oh, meu Deus! Mais netos! – Helen exclamou com um sorriso enorme, já levantando para abraçar a filha demoradamente, o que May e Richard também fizeram com Peter.

As falas alegres e empolgadas dos adultos logo chamaram a atenção das crianças, que largaram seus bonecos do Casal Aranha no tapete, e correram, descalças mesmo, até seus pais.

— Por que estão tão felizes? – Destiny perguntou, parecendo uma bonequinha com sua pele clara, sardas e o cabelo preso em dois rabos de cavalo nos lados da cabeça, bem como suas irmãs.

— A mamãe tem uma surpresa – Peter sorriu.

— O que?! – As três imploraram juntas.

— Lembram de como vocês ficaram fascinadas quando visitamos aquela maternidade de bonecas realistas na Inglaterra? Alguns meses antes de viajarmos pra cá.

— Sim! – Emma respondeu à mãe.

— Gostariam de um de verdade?

As três crianças ficaram mudas e de olhos arregalados.

— Um irmãozinho?

— Sim, Hope – Peter lhe disse – Vocês são as irmãs mais velhas, vão nos ajudar a cuidar dele, protegê-lo e ensinar as coisas.

— Sério?! – A pequena falou, estendendo a mãozinha para a barriga da mãe.

— Cuidado, querida, não aperte – May a alertou, vendo a sobrinha neta assentir quase em transe e Gwen sorrir quando Destiny e Emma fizeram o mesmo.

— Vocês estão felizes? – Gwen perguntou.

— Muito! – Destiny lhe disse com um enorme sorriso – É um menino?

— Ainda não sabemos, vamos ter certeza daqui algum tempo.

— Mas sua barriga não cresceu, mamãe – Hope a questionou, fazendo os mais velhos rirem com o quão adorável foi o questionamento.

— Porque o bebê ainda é muito pequeno. Só vai crescer daqui mais algumas semanas.

— Qual o nome dele?

— Vamos dizer quando soubermos se é menino ou menina, Em – Peter respondeu.

******

— Olhem!!

— Olha, é o Casal Aranha!! – Uma civil apontou quando Peter e Gwen passaram voando de teia sobre sua cabeça, perseguindo dois assaltantes que tentavam furtar turistas desavisados nas ruas.

Os dois aterrissaram na parede à entrada de um beco, onde se lembravam bem que a única saída dava em outro beco sem saída.

— Eles nos perderam de vista – um dos criminosos comemorava – Os anos fora de Nova York devem ter enferrujado o Homem Aranhe e seja lá quem for essa Aranha Fantasma que anda com ele. Por aqui! – Viram um dos homens correr para o beco seguinte, e aproveitaram para segui-los.

Peter e Gwen se entreolharam, sabendo que ambos estavam rindo em silêncio por baixo da máscara. Serpentearam discretamente pela parede acima dos dois homens, puxando-os para cima e para prendê-los no instante em que o outro meliante estava prestes a reclamar do azar que tiveram de se auto encurralar.

— Parece que alguém tá enferrujado nos conhecimentos sobre os locais da cidade – Peter brincou quando apareceu de cabeça para baixo na frente de um dos homens.

Ambos se contorciam tentando inutilmente se livrar das teias quando gritaram de susto ao ver Gwen surgir diante deles, também de cabeça para baixo. O casal se moveu nas teias que os sustentavam, pousando no chão num movimento acidentalmente e belamente sincronizado.

— Ah, vocês são artistas de rua dando uma de heróis. Não sei como fizeram esse truque, mas é bom correrem muito quando nos soltarmos daqui!

— Sempre admiramos os artistas. Eles trazem alegria às pessoas ao invés de medo e perda de bens que deram duro pra conquistar ou ganharam de alguém especial – Gwen respondeu.

— Quem é você?! – O outro criminoso questionou.

— Eu sou a Mulher Aranha – ela respondeu como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Os dois homens arregalaram os olhos, olhando dela para Peter e começando a acreditar que tinham acabado de ser detidos pelo casal de heróis que até então protegia Oxford.

— Mas... Achamos que você fosse só uma lenda! Faz mais de dez anos que ninguém mais viu você por aqui.

— É, amigo. As cosias mudam, a vida dá voltas, às vezes estamos longe de casa, às vezes voltamos pra ela, coisas e coisas acontecem – Peter respondeu com seu habitual jeito descontraído – E hoje especificamente é dia de vocês conhecerem grandes profissionais que cuidam dessa cidade pra todos nós. Eles não devem demorar a buscar vocês. Em menos de uma hora estarão sentados descansando na sombra, então não se preocupem.

— Ei!! Pra que isso?!! – Os dois homens reclamaram quando Gwen lançou mais teias sobre eles.

— É só pra garantir que vocês fiquem bem seguros e protegidos enquanto a carona de vocês chega – ela respondeu, vendo que Peter já enviava alguma mensagem anônima pelo celular com coordenadas para a polícia.

Estavam de volta à Nova York há quase um mês, e tinham agido com cautela, não querendo se expor tão cedo. Essa fora a primeira vez que saíram em público sem se importar em serem vistos, e esperavam com todo o coração que dessa vez a polícia não os considerasse inimigos.

Sumiram juntos no topo de um prédio, decidindo tomar um caminho diferente para voltarem para casa, mas antes fazendo uma pausa numa cobertura onde conseguiam se esconder bem.

— Você tá bem? – Peter perguntou – Enjoada, tonta, algum mal estar? A proteção do traje tá ok?

Gwen riu, acariciando o rosto do amado.

— Querido, foram só dois ladrões de rua. Nem precisamos lutar. Eu, o traje e o bebê estamos bem – ela dizia vendo o marido acariciar sua barriga, sabendo que ele devia ter um sorriso bobo por baixo da máscara.

— Você tem pouco mais de um mês agora. É tão estranho saber disso tão cedo.

— Meu primeiro trabalho em Nova York e logo já vou tirar férias – Gwen falou, mas dessa vez sem a tristeza de cinco anos atrás, já não sendo mais uma situação nova – Você vai ficar sozinho de novo. E aqui.

Os dois deram as mãos enquanto se olhavam e pensavam em como continuar aquela conversa.

— Meu pai destruiu a Oscorp, os Osborns tão mortos. E vamos manter nosso plano de chegada. Ser mais discretos, sair rápido quando acabarmos, contatos mínimos com a polícia e pouca conversa. Também não temos mais o Clarim pra nos denegrir e ajudar a polícia a nos odiar. Talvez... Seja quase tão tranquilo quando Oxford agora, só com mais demanda. Acho que não vamos ter problemas.

Gwen suspirou.

— Quando eu te procurei na ponte eu prometi pra mim mesmo que nunca mais te deixaria, e não vou mudar isso agora.

— Não depende mais de você.

— Eu sei, mas ainda posso prometer que vou colocar minha alma nisso, e ela sempre está nisso. Nós temos filhas agora, nós crescemos, o valor de tudo mudou ou aumentou ainda mais pra mim. Eu prefiro fugir de algum inimigo forte e voltar depois com um plano de batalha melhor, mesmo sendo chamado de covarde, do que te deixar sozinha.

—  Eu também.

— Então não preciso explicar.

Gwen assentiu.

— Eu vou ficar bem. E se qualquer coisa, um mínimo detalhe, parecer uma ameaça muito grande, nos mudamos de novo. Estamos dando uma segunda chance a Nova York, mas não podemos arriscar nossas vidas pra sempre. Também somos humanos, Gwen.

Ela riu baixinho com alegria, lembrando-se de ter ouvido essa mesma frase em uma das conversas deles tempos atrás. Não recordava qual dos dois tinha dito, mas ainda era uma verdade para eles, e ainda mais forte desde o nascimento das trigêmeas.

— Ok, Garoto Inseto. Mas você tem a obrigação de voltar vivo.

Peter concordou, puxando-a para um abraço apertado e aconchegante.]

— O natal é em três dias. Não pensa nisso agora, pensa em coisas felizes – Peter lhe disse, ouvindo-a rir com alegria.

Gwen beijou sua bochecha através da máscara quando se afastaram, sendo retribuída com um meio abraço pelos ombros e um beijo na têmpora conforme caminhavam para a beirada do edifício, de onde ativaram o mecanismo de voo dos trajes, gerando o que parecia ser um par de membranas como as de um esquilo voador, e deslizaram suavemente pelo ar até pousarem no chão e recolherem as asas. O caminho para casa foi feito por ruas mais vazias, onde poderiam saltar mais baixo sem serem notados. Peter não queria que fossem muito alto desnecessariamente enquanto Gwen estivesse grávida.

Trocaram de roupa nos fundos da casa, onde suas meninas nunca iam tarde da noite, e a visão era limitada para espectadores externos passando ao acaso. Deixaram os trajes sendo lavados trancados no novo Laboratório Aranha, e verificaram o quarto das filhas, aliviados ao ver que as três crianças ainda dormiam e estavam bem. Arrumando melhor os cobertores sobre elas, seguiram para seu próprio quarto, onde tomaram banho e logo estavam abraçados debaixo do cobertor.

— Acho que dessa vez não vamos ter tantos.

— Intuição feminina?

Gwen riu.

— Talvez... Mas com as meninas eu já conseguia notar volume nessa época. Achei que era coisa da minha cabeça. Ou talvez fosse só a sensibilidade aranha aguçada... Mas agora... Eu sinto a energia dele, mas não tem nada diferente ainda, fisicamente.

A essa altura a mão de Peter já acariciava sua barriga por baixo do pijama.

— É verdade. Quero tanto vê-lo logo, mas também quero aproveitar tudo que ainda vai acontecer. Gwen...? – Chamou ao perceber que a esposa tinha ficado distante.

— Desculpa... Eu tava pensando... Em como aproveitamos tão bem todo o tempo desde que saímos daqui, mas como ao mesmo tempo parece que passou tão rápido. Emma tem cinco anos e diz que quer ser atriz desde os dois – Gwen riu – Destiny e Hope não falam sobre essas coisas, mas elas também têm tantos talentos e sonhos. E agora vamos ter mais um filho. Nos formamos em Oxford, estabilizamos nossas vidas, a Oscorp se foi, e estamos bem. Sobrevivemos a tanta coisa e ainda tem muito pela frente.

— Isso é bom, não acha? – Peter sorriu.

— Maravilhoso. Mas fico cansada só de pensar em tudo que aconteceu.

Eles riram juntos, se abraçando com a alegria imensa que sentiram.

— Sim, foi muita coisa – Peter concordou.

— Você acharia estúpido se eu dissesse... Que agora, nesse instante, consegui sentir de novo, em muito tempo, que não somos mais aqueles adolescentes que se encontravam escondidos no meu quarto tarde da noite?

— Sério?! – Peter fingiu surpresa, fazendo-a rir – Nossa, Gwen, eu tinha certeza que ainda tínhamos dezessete anos – falou em sua melhor atuação indignada, vendo a esposa gargalhar e dar um tapa em seu ombro, por fim rindo junto com ela.

Esperou que parassem de rir para encarar aqueles olhos verdes que ele tanto amava.

— Não é estúpido – Peter disse por fim – Acho que isso é bem comum até. Eu esqueço literalmente que sou adulto toda vez que nossas meninas nos chamam pra brincar com elas.

— Eu também... – ela sorriu – Mas agora eu quero dormir.

— Certo, certo... Vem cá – Peter estendeu o braço, abrindo espaço para que a esposa se aproximasse e se aconchegasse confortavelmente em seu peito – Vamos aproveitar enquanto ele ou ela ainda nos deixa dormir assim.

Gwen riu e ergueu o rosto para beijá-lo, fechando os olhos enquanto a mão livre do marido também a envolvia num abraço.


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