Scientist escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 19
Capítulo 19 – Carinho


Notas iniciais do capítulo

Eu não conheço ninguém que tenha vivido uma experiência com bebês prematuros pra me contar, e minhas pesquisas no Google e YouTube não responderam bem tudo que eu queria saber, portanto, se alguém que tem entendimento no assunto encontrar alguma coisa incoerente aqui, peço desculpas. Mas de qualquer forma, isso é uma fanfic, e são as filhas do Casal Aranha afinal. Espero que estejam acompanhando e gostando. ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/805044/chapter/19

Capítulo 19 – Carinho

 

                Gwen despertou com vozes falando baixinho a sua volta. Reconheceu a de Peter, bem ao lado dela, a de sua mãe um pouco mais distante, e de alguém da equipe médica, provavelmente falando com Peter.

                Abriu os olhos devagar, para ver que ainda era dia, embora não fizesse ideia do horário, e que Peter conversava com uma enfermeira, cada um de um lado da cama.

                - Você finalmente voltou – seu marido lhe disse com um sorriso.

                Helen levantou do sofá e se aproximou da cama. Os três a olharam pacientemente, esperando que ela tomasse seu tempo para realmente despertar.

                - Gwen, você se sente bem? – A enfermeira perguntou – Sente dor?

                Gwen tentou mover as pernas para testar o estado de seu corpo, percebendo que conseguia senti-las e meche-las novamente. Ainda havia uma dormência em seu abdômen, mas nada que a impedisse de movimentar o restante do corpo também.

                - Não dói – respondeu para a mulher – Mas o lugar dos pontos ainda tá dormente.

                A senhora de meia idade assentiu com um sorriso.

                - É assim mesmo. Faz quase três horas e meia que você deu à luz. Vamos aplicar medicação pra dor no seu soro daqui a pouco, porque você deve sentir dor quando o efeito da anestesia passar por completo, mas não vai ser suficiente pra você dormir. Vamos mudar você pra uma maca agora, pra você e o papai irem ficar com as meninas. Elas e você estão bem. E são tão lindas! – A mulher elogiou, recebendo um sorriso radiante do casal.

                - Eu posso amamentá-las? E quanto à medicação pra dor?

                - Pode, e deve. Elas estão bem pra mamar sem a necessidade de sonda, e as medicações usadas com as mães sempre são pensadas pra não interferir negativamente na amamentação. Estamos apenas monitorando os coraçõezinhos delas, e colocaram um respirador pra auxiliar nas primeiras horas, apesar de estarem respirando bem.

                - Elas sentem dor com isso?

                - Não, nada do que está sendo utilizado é interno ou invasivo. Só é feito assim em caso de extrema necessidade.

                Gwen assentiu, e minutos depois eles estavam sendo levados pelo caminho de volta até onde tinham visto as filhas pela última vez, entrando num outro local próximo, esse sem enormes janelas de vidro e muito mais privado, onde viram May vestindo roupas hospitalares adequadas para o local, e provavelmente com o maior sorriso do mundo por baixo da máscara, admirando as netas do coração onde estavam dormindo juntas dentro de uma única incubadora, apesar de haver três no quarto, com as devidas identificações de Destiny Stacy Parker, Hope Stacy Parker, e Emma Stacy Parker.

                Gwen olhou para o rosto de Peter, que parecia paralisado na emoção de ver a tia com as mãos dentro da caixinha de acrílico, repousadas sobre os cabelos de Destiny e Emma, e às vezes revezando para dar carinho a Hope também. Os olhos castanhos do Homem Aranha se encheram de lágrimas, bem como os dela.

                - Você já passou tempo com elas também, mãe?

                - Sim, querida – Helen respondeu tão emocionada quanto o casal – Antes de ir ver você.

Ao lado da incubadora havia duas camas, e mais duas enfermeiras transitavam pela sala. Após acomodarem Gwen em uma das camas, os auxiliares saíram com a maca e deixaram a família com as três mulheres. Após todos os presentes cumprirem os protocolos de higienização e segurança do local, Peter foi até a tia e a envolveu pelos ombros, beijando sua têmpora e trocando um sorriso com ela quando a enfermeira que já os acompanhava começou a falar.

                - Acredito que vocês foram bem informados sobre o método canguru na sala de parto – ela disse.

                - Sim, nos explicaram tudo – Gwen confirmou – Tô ansiosa pra testar.

                - Faz muito bem pros pais e pros bebês, é um contato próximo e agradável – ela falou sorrindo – As meninas precisam se alimentar agora. Vamos começar com as duas que já estão meio acordadas, que também foram as primeiras a nascer e se alimentar. Enquanto isso o papai vai segurar a que ainda está dormindo – ela falou apontando para Emma, que parecia dormir na maior paz que um ser humano poderia ter, fazendo Gwen sorrir ao se lembrar de como Peter ficava fofo quando ela mesma o estava observando dormir.

                - Elas precisam ficar com os aparelhos o tempo todo? – Gwen perguntou, observando os fios ligados ao peito e ao nariz de suas meninas.

                - Elas estão bem, bem demais. Como já explicamos, isso é para precaução. Ainda assim o aconselhável é manter o tempo todo. Mas acredito que logo não precisarão mais. Ainda estamos intrigados. De todos os casos de gêmeos e múltiplos que já tivemos nessa maternidade, nenhum parto foi tão tranquilo, e as crianças nunca foram tão saudáveis como as de vocês, mesmo sendo um pouco prematuras. Já ouvimos muitas histórias inexplicáveis, mas nunca esperamos ter uma delas nesse hospital.

                Gwen e Peter apenas sorriram, evitando trocar olhares com tia May e denunciar para Helen que todos os três tinham a explicação para aquilo.

                - Temos muita sorte – Gwen falou – Muita mesmo – disse ao se lembrar da torre do relógio.

                - O que vamos fazer em casa se as três quiserem mamar ao mesmo tempo? – Peter perguntou enquanto se preparava para receber a filha, e desabotoava sua camisa, já sentado na cama ao lado de Gwen.

                - Nós sempre recomendamos a amamentação exclusiva – outra enfermeira, um pouco mais jovem falou – Mas isso fica mesmo um pouco complicado quando são múltiplos. Num determinado tempo os bebês já podem receber alimento na mamadeira também, mas nos primeiros dias, num caso como o de vocês, é sempre melhor alimentar o que não estiver mamando na hora com uma colher dosadora ou um copo, ou o bebê pode rejeitar a amamentação depois.

                O casal assentiu enquanto arquivava a informação.

                - Os meninos disseram que virão aqui mais tarde, Gwen. Assim que terminarem as aulas – Helen informou.

                - Estão tão ansiosos pra conhecer as sobrinhas que precisaram de um sermão pra não matar aula hoje – May disse.

                Peter e Gwen riram. Ele respirou tranquilo ao perceber agora o quanto a esposa estava relaxada, e se deitou na cama da forma que lhe fora ensinada quando duas das enfermeiras colocaram Destiny e Hope sobre Gwen, e a ensinaram a posicionar as meninas na posição correta para alimentá-las. Foi distraído do momento quando a outra auxiliar acomodou Emma, ainda meio adormecida, em seu peito. A pequena esticou um pouco as pernas e bocejou, mas continuou dormindo enquanto a enfermeira a arrumava numa posição confortável. Peter sentiu o coração explodir com uma emoção que não sabia identificar ao sentir a pele suave da filha sobre a sua, a textura macia de seus cabelos ruivos em seus dedos, e seu pequeno coração batendo contra o dele. A enfermeira puxou as cobertas sobre eles até cobrir os ombros de Emma, que continuou dormindo serenamente. Olhando para Gwen, ele viu a esposa encarando-o de volta com um sorriso e olhos brilhantes de emoção, segurando Hope e Destiny, protegidas sobre as cobertas enquanto mamavam.

                - Você consegue sentir o coração dela? – Gwen perguntou, vendo Peter assentir com um sorriso gigante, ao qual prontamente retribuiu – Eu também.

                - Tia May – Peter chamou – Pode tirar uma foto disso pra nós?

                - Claro, querido – ela respondeu indo buscar o celular e fazendo o que ele pediu enquanto o casal sorria para a câmera.

                - Mãe, os meninos já viram as três?

                - Por que você acha que ficaram malucos pra vir pra cá?

                - Acho que nossas filhas vão ser sequestradas quando sairmos daqui – Gwen falou, fazendo todos na sala rirem.

                - Eles desistem quando elas começarem a chorar de madrugada – Helen respondeu, ouvindo novas risadas.

                Emma abriu os olhos e se agitou, murmurando baixinho.

                - Ei, princesa – Peter sussurrou para a filha, continuando o afago em seus cabelos – Já já será sua vez.

                Gwen assistiu a cena encantada, bem como Helen e May, confirmando o pai amoroso que elas achavam que Peter seria.

                - Podemos oferecer a chupeta pra elas nessas horas, ajuda a acalmar enquanto ela espera – outra enfermeira disse.

                - Eu vou pegar – Helen falou, indo até a bolsa das crianças e pegando uma das chupetas já esterilizadas.

                Peter e Gwen tinham separado três chupetas de silicone para as filhas desde a semana anterior, todas em tamanho específico para bebês pequenos, e em cores diferentes. Helen pegou a de cor lilás que estava identificada com o nome de Emma na caixinha da mesma cor, e a entregou a uma das enfermeiras, que ensinou Peter e Gwen como oferecer o objeto pela primeira vez às bebês da maneira adequada.

                - Parece que ela gosta – Peter comentou, vendo Emma sugar calmamente o objeto, agora totalmente acordada.

— Ei... – Gwen disse com o sorriso que sempre fazia Peter se derreter – Vocês duas, venham cá. Elas não têm dentes pra morder ainda – disse a Helen e May, e ouviu Peter rir.

                - Nós podemos? – May perguntou a uma das profissionais de enfermagem.

                - Sim. Isso é importante pra elas. Bebês prematuros precisam sentir a presença da família, evoluem muito mais rápido assim.

                Nitidamente felizes com isso, as duas foram primeiro até Peter, uma de cada vez repousando a mão sobre as costas de Emma por cima do cobertor e acariciando seu cabelo, ganhando olhares curiosos da bebê, que continuava sugando sua chupeta calmamente. Depois seguiram para Destiny e Hope, interagindo com as duas da mesma maneira que com sua irmã. Peter sorriu ao ver como o momento deixara todos na sala comovidos, e querendo ficar para sempre daquele jeito, embora fosse ainda melhor se Gwen pudesse compartilhar a cama com ele para segurarem as filhas juntos.

                Passados mais alguns minutos, Destiny e Hope, já satisfeitas, foram reacomodadas no peito da mãe para que Emma pudesse se juntar a elas para também se alimentar. Gwen beijou os cabelos da filha como fez com o de suas irmãs, tocada por ter as três em seus braços de novo, como no momento em que nasceram.

                - Isso, querida – a Mulher Aranha falou para a pequena quando Emma finalmente começou a sugar seu seio.

                - Devemos sempre deixar que durmam juntas? – Peter perguntou.

                - Isso é importante pra gêmeos – uma das mulheres esclareceu – Mas a noite pode ser melhor mantê-las perto uma da outra, mas separadas. É importante elas tomarem consciência das irmãs, mas não é bom que fiquem uma acordando a outra por acidente durante a noite. Vocês podem deixa-las juntas em cochilos durante o dia, mas à noite ou quando não estiverem olhando, é melhor assim.

                Com mais alguns minutos, Emma terminou de mamar, e Gwen ficou brincando com as filhas, conversando baixinho com elas e ganhando sorrisos e olhares fascinados das pequenas, fazendo todos na sala se derreterem. Mais de uma hora se passou assim.

                - Papai, você quer segurar as outras duas um pouco antes que durmam de novo?

                - Sim – ele respondeu com alegria à enfermeira mais velha.

Enquanto Emma voltava a dormir contra Gwen, Destiny e Hope, completamente relaxadas, logo estavam dormindo de novo sobre o peito do pai, enquanto ele as segurava por baixo das cobertas, um pouco preocupado que seu coração, um tanto mais acelerado que o comum devido a tudo que estava sentindo, as incomodasse, mas conforme o tempo passava, ele concluiu que não. Um dos dedinhos de Hope roçou sua pele, e por instinto Peter se concentrou em sentir a textura da pele da filha ali, mas sem perceber qualquer sinal que revelasse aderência, era completamente suave. Se suas filhas tinham suas habilidades, talvez levasse tempo para se revelarem ou desenvolverem, e era melhor assim.

                Quando May e Helen saíram para retornarem em algumas horas com os irmãos de Gwen, muitas fotos e momentos emocionantes depois, eles foram deixados com duas das enfermeiras, que se ocuparam de fazer outras coisas do outro lado do quarto, que era grande e espaçoso, deixando-os ter seu tempo particular em família. Peter olhou para a esposa com um sorriso, e logo viu Gwen olhá-lo de volta, agora segurando uma Emma adormecida no peito.

                - Melhor agora? – Ele perguntou baixinho.

                - Demais – ela sorriu – Me lembrei daquele pôr do sol na ponte.

                - Parece que foi ontem – Peter falou pensativo – Eu podia levar você pra um lugar alto e romântico e me declarar de novo todo dia – falou com seu sorriso Peter Parker mais derretedor de corações.

                Gwen riu.

                - Não vou reclamar se você quiser fazer isso de vez em quando. É justamente a raridade desses momentos que os torna tão mágicos.

                Peter concordou.

                - Naquela tarde na ponte, eu nunca imaginei que chegaríamos aqui. Parecia algo tão distante. E ainda parece tão assustador – Gwen lhe disse.

                Peter estendeu uma das mãos para ela, não precisando de muita distância para alcança-la, uma vez que as camas estavam bem ao lado uma na outra, e segurando as filhas com o outro braço. Gwen esticou a mão livre por baixo do cobertor para segurar a do marido, enquanto os dois se olhavam profundamente.

                - Já enfrentamos coisas bem mais assustadoras, e nem de longe fofas como essa – ele disse, escolhendo cuidadosamente suas palavras para não alertar as duas enfermeiras de que eles eram o Casal Aranha, e ouvindo Gwen rir baixinho – Vamos juntos, como sempre, e vamos ficar bem. Vamos ensiná-las a andar de Skate, ficar curiosos sobre o que elas vão querer ser quando crescerem, lembrar de coisas boas que vivemos enquanto cuidamos delas de madrugada, e encontrar boas meditações mentais pra quando as três chorarem juntas.

                Gwen riu outra vez, e Peter viu em seu olhar o quanto ela queria beijá-lo agora, e que faria exatamente isso se as condições estivessem favoráveis.

                - E quando você estiver melhor, vai conseguir dormir bem de novo, como antes.

                Gwen assentiu, lembrando das conversas que tiveram sobre isso, de como sentiam falta de dormir abraçados enquanto Peter a segurava protetoramente contra o peito, como ele gostava de sentir o peso da esposa sobre ele, e como os dois amavam sentir a pele um do outro nessas horas.

                - Enquanto elas não estiverem chorando – ele completou.

                Gwen fez força para não gargalhar e acordar a filha que dormia sobre ela enquanto Peter sorria.

******

                - Hey... What a way to spend a day. Hey... What a way to spend a day— Peter cantava baixinho enquanto se movia lentamente para um lado e para outro com as três filhas presas a seu peito nu por um sling fornecido pelo hospital, uma semana depois.

                As meninas receberiam alta da UTI neonatal em breve, e não tinham mais a necessidade do respirador. Apenas seus corações ainda eram monitorados.

                Simon, Howard e Philip observavam com sorrisos bobos as três sobrinhas olharem hipnotizadas para o pai e sorrirem de vez em quando. Elas tinham ganhado um bom peso e ficado mais fortes, tendo um ótimo progresso em apenas sete dias.

                - Não tínhamos ideia de que você curtia Jonathan Larson – Howard falou baixinho, o que todos faziam automaticamente perto das bebês.

                - Eu acho que ele é um dos maiores artistas que já tivemos nesse planeta. Uma pena ter morrido tão jovem – Peter respondeu.

                - Sua voz é bonita. Em quantas profissões você é bom? Por que nunca te ouvimos cantar? – Simon perguntou, fazendo Peter rir.

                - Já ouviram a irmã de vocês cantando? Também é algo lindo de se ouvir, vamos comemorar o próximo aniversário em família num karaokê pra vocês verem.

                - Eles já ouviram sim. Eu cantei pra todos eles dormirem quando eram bebês, só não costumo fazer isso com frequência – Gwen respondeu, deitada na cama ao lado, dessa vez vestindo uma de suas camisolas ao invés das roupas do hospital.

                - Vamos comemorar o próximo aniversário num karaokê pra vocês dois demonstrarem juntos – Philip sugeriu enquanto acariciava o cabelo de Hope, seus irmãos fazendo o mesmo com Destiny e Emma.

                O celular de Peter vibrou em cima de um dos móveis do quarto, chamando a atenção do grupo.

                - Um de vocês pode ajudar com isso? – Ele pediu, vendo Simon indo buscar o aparelho.

                - Danny editora – ele leu o nome – Não é a editora daquela revista que às vezes você leva fotos?

                - É ela sim. Atende e coloca aqui no meu ouvido, por favor.

                Simon obedeceu.

                - Oi – viram Peter dizer – As quatro estão bem sim. Ainda não temos certeza, em dois dias ou um pouco mais pra elas saírem da UTI. Devemos ficar mais um tempo num quarto, então elas poderão receber visitas mais facilmente.

                Dany, outros membros da equipe da revista, e alguns colegas do trabalho e faculdade dos dois tinham aparecido no hospital para visita-los e conhecer as trigêmeas, ainda que nem todos tivessem conseguido a chance de chegar muito perto delas.

                - Nós avisamos sim, você vem vê-las de novo? – Peter continuou falando, e de repente sua expressão ficou surpresa – Sério?! – Ele sorriu – E o que é? Como você quer que nos preparemos emocionalmente de maneira adequada pra algo que não sabemos o que é? – Ele riu – Como assim? Ei! Danny! Tá bom, tchau.

                Simon desligou o celular para Peter, e todos o olharam curiosos.

                - Que conversa doida foi essa? – Gwen perguntou.

                - Ela disse que vem nos ver de novo com algumas amigas quando estivermos no quarto de repouso com as meninas, e que vai trazer algo incrível junto.

                - E o que seria?

                - Sei lá. Ela só disse que eu sei do que se trata, mas realmente não faço ideia – Peter respondeu, apesar de suspeitar o que a amiga editora estava planejando, e se estivesse certo, Gwen realmente sentiria altas emoções em sua visita.

                - Essa sua editora é meio doidinha, né? – Philip perguntou, fazendo todos rirem.

                - Às vezes – Peter disse – Ela é de gêmeos. Dizem que todas as pessoas desse signo são assim de vez em quando.

                - Peter – Gwen chamou ao reconhecer o choque do sentido aranha correndo por seu corpo – Eu acho que Destiny tá com fome.

                - Como você pode saber dessas coisas? – Simon perguntou, sendo interrompido pela sobrinha, que começou a murmurar e se agitar.

                Peter olhou para o louro com um olhar de viu só?

                - Mulheres e mães sempre sabem, Simon.

                Antes que algum deles precisasse chamar alguém para ajudar, no entanto, a médica de Gwen e uma enfermeira entraram.

                - Bom dia – as duas disseram juntas com um sorriso.

                - Meninos, devo pedir que nos deixem agora, já acabou o horário, e vou verificar a cicatrização da irmã de vocês.

                - Parece que alguém quer alguma coisa – a enfermeira falou, notando a agitação de Destiny enquanto já ajudava Peter a desprender as filhas do sling.

                - Tudo bem – Howard falou – Até depois, mana, Peter.

                Os três se despediram e deixaram o quarto, fechando a porta atrás deles. Gwen recebeu Destiny em seus braços, enquanto Peter brincava com Emma e Hope, deitadas na outra cama.

                - Estão todos bem hoje? – A médica perguntou, vendo Gwen acomodar a filha no seio.

                - Sim – respondeu retribuindo o sorriso.

                Amamentou Destiny enquanto a mulher afastava suas roupas para checar a região em cicatrização em sua pele. Os pontos tinham sido retirados no dia anterior, e Gwen e Peter apenas observaram fingindo não entender nada com o quão abismadas as profissionais ficaram com o avanço da recuperação.

                - Gwen... Você é um mistério... – a médica falou – Dos muito grandes. Quando vocês contaram e eu vi os laudos do que você passou em Nova York, eu só fiquei surpresa por estar diante de uma sobrevivente de um desses casos raros. Mas... A sua cicatrização é anormalmente rápida. A evolução das meninas aqui na unidade semi-intensiva também correu muito mais depressa que o normal, isso é... Impressionante. Eu tenho certeza que a marca na sua pele está menor e mais clara do que ontem.

                Gwen fez seu melhor para enxergar o local na posição em que estava. Ela já podia se sentar, mas havia se acomodado meio deitada para conseguir amamentar e ser cuidada ao mesmo tempo. Peter também se virou para olhar, usando sua melhor expressão facial de quem também não está entendendo nada.

                - Nós já investigamos isso algumas vezes. Trabalhamos no campo da medicina molecular inclusive. Mas nunca achamos nada que realmente explique, nem em minuciosos exames de sangue – Gwen falou – Concluímos que devo ter metabolismo acelerado. Nesses casos é até bom.

                Não havia mentido essa última parte, mas esperava que isso encerrasse a conversa nesse ponto, e trocou um olhar com Peter, que claramente desejava o mesmo.

                - Curioso – a médica respondeu, parecendo se conformar enquanto limpava a pele de Gwen para aplicar uma nova dose de pomada cicatrizante – Pelo que temos visto aqui é possível que as meninas também sejam assim.

                - Isso pode trazer problemas no futuro?

                - Você notou algum que foi relacionado a isso em algum momento na sua vida?

                - Não.

                - Geralmente esse tipo de coisa não causa problemas se você não tiver algum problema de saúde sério. Há maior facilidade na perda e manutenção do peso, a digestão também é melhor e o corpo não acumula tanta gordura. Na maioria das pessoas isso não ocorre em níveis perigosos, é uma aceleração controlada. Mas convém sempre prestar atenção, um metabolismo mais rápido faz o corpo gastar mais energia e precisar consumir mais calorias às vezes. E se a aceleração fugir do controle, pode causar fraqueza muscular, insônia, anemia, aumento da frequência cardíaca e outras coisas. Você já sentiu algum desses sintomas sem motivo aparente, Gwen?

                - Não.

                - Isso é bom. Vamos ficar de olho nisso enquanto as meninas crescem, embora elas não tenham demonstrado qualquer sinal de haver algo errado com elas nesses dias. Também não encontramos problemas nas amostras de sangue, isso é maravilhoso.

                O casal trocou um olhar aliviado, e prosseguiram conversando e se divertindo com as filhas enquanto Destiny se alimentava e a enfermeira mostrava mais uma vez a Peter como trocar as fraldas das meninas de maneira simples e eficaz.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Scientist" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.