Scientist escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 18
Capítulo 18 – Destino cheio de esperança




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Capítulo 18 – Destino cheio de esperança

 

                - E se eu ativar alguma habilidade aranha sem querer? – Gwen falava baixinho com o marido, apesar dos dois estarem sozinhos por enquanto no quarto do hospital.

                - Querida, o máximo que pode acontecer sem você estar usando os lançadores é você ativar a aderência nas mãos ou nos pés, e eu vou ajudar você com isso. Você não vai estar com dor ou precisando fazer força, isso já ajuda muito.

                - Como você acha que isso pode reagir com a anestesia?

                - Eu não sei... Mas você esteve sedada por um tempo quando ganhou suas habilidades, e isso não teve efeitos ruins. O que você sentiu foram as mutações se instalando, aconteceu comigo também. Você vai ficar bem – Peter prometeu enquanto segurava sua mão e acariciava seus dedos.

                A cirurgia seria em pouco tempo, os dois tinham chegado cedo para serem preparados e instruídos para o momento do nascimento, e agora Gwen estava recebendo pré-medicações no soro, e os bebês sendo monitorados.

                - Nós chegamos aqui, e nossas três meninas estão bem. Isso é maravilhoso. Amanhã a essa hora elas já estarão aqui, você já vai ter se recuperado consideravelmente, sem peso extra, mais fácil pra se movimentar, mais disposição, três meninas fofas pra nos fazer companhia... A Mulher Aranha de volta daqui uns tempos.

                Gwen riu e levou a mão dele aos lábios ao mesmo tempo que Peter beijava o topo de sua cabeça.

                - Eu quero tanto saber como elas são. A cor do cabelo, dos olhos, com quem se parecem.

                - Em breve, Garota Inseto. Se bem que... Eu tô ansioso pra elas crescerem e saber se pelo menos uma delas vai querer andar de skate.

                - São três. Temos muitas possibilidades aqui – Gwen respondeu.

                Ouviram a porta abrir devagar, e Philip apareceu sorridente, sendo seguido pelos dois irmãos menores, embora agora todos já fossem crescidos, e por Helen e May. Eles cumprimentaram o casal e se acomodaram nos sofás do quarto.

                - Mana, compramos algo pra vocês colocarem no quarto das meninas! – Simon falou empolgado.

                - Ele comprou igual pra ele também – Helen falou com uma expressão divertida.

                Pelo olhar de May, Peter soube que fosse o que fosse era algo interessante. Simon puxou uma caixa colorida de dentro de uma sacola, que os dois reconheceram como sendo de uma loja de pelúcia da cidade.

                - Obrigada, irmãozinho – Gwen agradeceu com um sorriso, puxando-o para ela para beijar sua bochecha – Vamos ver, amor – ela pediu a Peter, que tinha a caixa no colo.

                Ele retirou a tampa e vasculhou entre as folhas coloridas de papel manteiga, revelando um par de bonecos que ele não esperava ver hoje, e tornando inevitável que ele e Gwen sorrissem. Lá estavam o Homem Aranha, a Mulher Aranha, e uma aranha com um sorriso simpático, perfeitamente reproduzidos em pelúcia. Obviamente não eram tão detalhados quanto seus trajes reais, mas ainda muito bonitos. Fosse coincidência ou não, o animal de pelúcia era negro e marrom, exatamente com a aranha que picara Peter. Olhando para o adesivo de pelúcia grudado na caixa, eles puderam ver o nome da loja, Excelsior Plush.

                - Nós adoramos, Simon! – Peter falou.

                - Elas vão amar brincar com isso – Gwen disse – Só espero que as três não queiram o mesmo ao mesmo tempo.

                - Eu empresto os meus – Simon disse.

                - Eu disse que seriam bons tios – Gwen falou para o marido, que concordou, ainda sorrindo, enquanto guardava o presente e o deixava com tia May.

                - Eu vou colocar no quarto das meninas pra vocês quando chegarmos em casa – ela disse.

                - A aranha foi um brinde do dono da loja – Howard falou.

                - Sério? – Gwen ficou surpresa – Que gentil.

                - Era um senhor simpático de óculos escuros – Philip disse – Ele disse que se eram três bebês, era justo que fossem três brinquedos, e que esse era presente dele pra vocês. Tivemos a impressão de já tê-lo visto em algum lugar, mas não lembro onde.

                - Quando pudermos passamos lá pra agradecê-lo – Peter falou, de repente pensando no idoso que estivera na formatura deles em Oxford, elogiando o discurso de Gwen.

                Apesar de não falarem nada, Peter e Gwen lembraram de uma das questões que vinham discutindo mais conforme o nascimento se aproximava. Deveriam permitir que as filhas vissem e convivessem com suas habilidades desde sempre e ensiná-las a guardar segredo sobre isso? Ou esperar? Esperar terem idade, ou esperar para saber se elas tinham as mesmas habilidades? Mas se algo acontecesse nesse tempo? Tinham concluído que não seria um risco que as três vissem suas habilidades especiais ainda muito pequenas, pois certamente não lembrariam. Mas nem sempre crianças eram boas em guardar segredos antes de pelo menos sete anos de idade, e isso ainda os deixava com dúvidas sobre o que fazer. Tinham se decidido por esperar, esperar para descobrir se o casal de heróis se tornaria um grupo, ainda que ambos quisessem que as meninas tivessem vidas normais, sem o peso do mundo nas costas.

                A família ficou com eles por tanto tempo quanto possível, e os celulares dos dois começaram a acumular mensagens de boa sorte e felicidades de amigos da faculdade, vizinhos, e até pessoas que tinham deixado em Nova York. O casal sorriu ao encontrar uma mensagem de Flash entre elas, ele tinha ido ao casamento dos dois e mantinha contato de vez em quando, agora também já casado e com seu primeiro filho, ainda bebê.

                - Acho que nunca vamos terminar de responder tudo isso – Gwen brincou.

                - Vou responder o que falta depois que nossas meninas chegarem – Peter falou, agradecendo a Flash por entrar em contato e guardando o celular.

                - Gwen? – Uma das auxiliares chamou baixinho quando surgiu na porta - Daqui a pouco virei buscar você e o papai pra se prepararem. Vocês podem ficar enquanto não volto – ela informou à família com um sorriso gentil.

                - Tudo bem. Obrigada – Gwen agradeceu antes da mulher sair.

                - Você tá com medo? – Howard perguntou de repente.

                - Sim – Gwen respondeu – Embora eu já tenha sido operada antes, só que não me lembro. E tenho medo pelas meninas. Mas tem que acontecer. E Peter vai ficar comigo. Isso me acalma.

                Howard assentiu.

                - Nós vamos ficar por aqui esperando notícias – Helen disse.

                - Eu também consegui alguns dias de dispensa do trabalho – May falou – Vou em casa guardar o presente dos meninos, pegar algumas coisas e volto.

                - Nós três vamos pra casa, mas voltamos correndo se precisar – Simon falou.

                - É, ainda temos aula amanhã – Philip disse.

                Ele tinha concluído seus estudos básicos havia alguns anos, e estava do início para a metade da faculdade, enquanto os dois mais novos ainda estavam no colégio.

                - Eu sei – Gwen falou – Vão e não se preocupem. Nós vamos ficar todos bem.

                - Mandem fotos – Simon pediu.

                - Vamos tirar tantas que vamos precisar de cartões de memória exclusivos pra isso – Peter falou, fazendo a família rir.

******

                Peter segurava a mão da esposa, ambos já com roupas adequadas e cercados de médicos e auxiliares enquanto a cesariana começava.

                - Tudo bem? – Ele sussurrou para a amada, que olhou para ele, com um misto de medo, emoção e ansiedade em seus olhos – Sente alguma coisa?

                - Sinto um pouco, mas não dói. Eu tô bem.

                Peter assentiu, e Gwen viu em seus olhos a mesma preocupação e ansiedade que deveria haver nos dela. Apertou mais forte a mão do marido, e Peter beijou seus dedos, apesar da máscara entre eles.

                Foram alguns minutos até algo realmente começar a acontecer, e Gwen reclamar de sentir alguns incômodos.

                - É normal, Gwen – disse a médica que cuidava de Gwen desde o início – Precisamos posicionar corretamente as meninas pra puxá-las pra fora. Mas está tudo bem.

                - Ok.

                - Gwen, você sente enjoo ou algum mal estar? – Uma das enfermeiras perguntou – É comum acontecer por causa do jejum, da posição em que você está, e do procedimento. Gestações de dois ou mais gêmeos provocam mais pressão e incomodo nessa posição.

                - Não dói. Só incomoda quando mechem.

                - Isso é normal. Mutas mães ficam enjoadas ou sentem outras coisas, e você tem apresentado muito poucos incômodos durante a gravidez. E pra serem trigêmeas, é impressionante. Nenhuma delas está numa posição perigosa ou muito difícil também, você é abençoada.

                Gwen apenas riu suavemente junto com a enfermeira, sabendo que não podia revelar o porque de tudo isso.

                - Mamãe e papai, sua primeira menina está quase aqui – ouviram a médica dizer.

                Eles sorriram um para o outro, e Peter viu os olhos da esposa se encherem de lágrimas. Mas sequer tiveram tempo de falar sobre isso quando o choro de um bebê tomou a sala, e Gwen riu, agora realmente chorando, e sentindo Peter beijar sua têmpora, rindo junto com ela contra sua pele, e pelo som de sua voz, ela soube que ele também chorava.

                Ouviram sua garotinha chorar por algum tempo, antes de a trazerem para eles, já com o cordão cortado e enrolada num cobertor. Gwen a abraçou contra o peito, não fazendo qualquer esforço para conter suas lágrimas enquanto ela e Peter olhavam para a filha, que tinha cabelos escuros como o pai. A pequena parou de chorar quando a mãe beijou seus cabelos, e a mão de Peter cobriu protetoramente suas costas.

                - Ela é tão linda, Gwen! – Ele disse rindo e chorando ao mesmo tempo – E do jeito que você queria.

                - Sim... Igualzinha a você – Gwen respondeu no mesmo estado que ele quando Peter se inclinou para beijar o topo de sua cabeça.

                Os dois ficaram perdidos observando sua menininha, até mesmo distraindo Gwen das sensações incomodas do parto enquanto os médicos cuidavam de trazer a segunda bebê para fora. A criança encolhida no peito de Gwen finalmente abriu os olhos, e os dois viram belas orbes verdes, exatamente como sua mãe.

                - Mistura perfeita – ela ouviu Peter sussurrar.

                Gwen assentiu, quando ouviram a segunda criança chorar. Peter se ergueu para vê-la, e sorriu. Seus fios de cabelo brilharam sob a iluminação do teto enquanto um dos profissionais os secava.

                - Ela tem o seu cabelo, Gwen.

                Ela só conseguia continuar rindo e chorando, ainda não se preocupando com qual nome seria de quem, querendo ver as três juntas primeiro, mas já com uma ideia de qual seria a sugestão de Peter para a segunda menina.

                - Papai, você quer segurar a primeira enquanto trazemos a segunda para a mamãe? As duas estão bem, sem complicações – uma das auxiliares disse, e Peter assentiu imediatamente.

                A menina ameaçou chorar ao ser tirada da mãe, e Gwen a acalmou com a mão em suas costas até a filha ser acomodada nos braços de Peter, cujo sorriso aumentou, e ele precisou respirar fundo para manter o choro sob controle. Ela era tão pequena, e tão bonita, apesar de sua pele ainda estar numa cor incomum e manchada de sangue.

                - Oi, princesa – ele disse.

                Gwen se permitiu continuar chorando observando a cena, até sentir um segundo peso ser colocado sobre si, e fechou as mãos protetoramente em volta de sua segunda filha. Seu cabelo ainda estava um pouco molhado, mas era possível saber a cor pelos fios que já estavam secos, e uma vez que o seu ficava igualzinho nas mesmas condições. A pequena olhou para sua mãe com lindos olhos escuros quando parou de chorar, e Gwen respirou fundo para se conter.

                - Oi, meu amor – ela murmurou para a pequena – Seus olhos, Peter.

                Ele riu junto com a esposa, e encostou sua testa na dela por um momento, depois olhando para sua segunda menina, e já ansioso para segurá-la também.

                Passados alguns poucos minutos, Gwen começava a se preocupar sobre sua terceira menina quando a ouviram chorar.

                - Ela está bem?

                - Sim, Gwen – Escutaram sua médica responder – Estamos verificando, mas ela parece ótima, mesmo sendo a última.

                Os dois esperaram mais um pouco até ela também ser trazida para eles, e com uma surpresa. Além de ser absurdamente parecida com Gwen, assim como a primeira menininha era com Peter, e ter os mesmos olhos verdes da irmã e da mãe, seus cabelos pareciam fogo. Gwen sabia que sua família tinha alguns parentes ruivos, e que não era incomum pais louros terem filhos ruivos ou o contrário, mas realmente não esperava por isso. Se as mutações das aranhas tinham algo a ver, também não tinham ideia.

                - Nossa... – Peter falou surpreso e emocionado ao vê-la ser entregue a Gwen e parar de chorar quando a mãe falou baixinho com ela.

                - Elas são tão lindas! – Gwen ainda ria e chorava, enquanto ele fazia o mesmo, e olhavam para a enfermeira sorridente que estava tirando fotos para eles com o celular de Gwen.

                A médica que comandava a situação surgiu sorrindo ao lado dos dois após as fotos.

                - Tudo correu perfeitamente bem, no tempo esperado, sem complicações, e todas as meninas estão bem de saúde. A gestação correu bem até a 34ª semana pra fazermos a cirurgia. Algumas mães entram em trabalho de parto voluntariamente antes disso e precisam de procedimentos de emergência, o que felizmente não foi o caso. Vocês podem segurá-las enquanto terminamos o procedimento e fechamos a incisão. Daqui a pouco vamos ajudar você na primeira tentativa de amamentação, Gwen. Depois vamos cuidar das meninas, dar banho e colocar as identificações. Apesar de nascerem menores, e precisarem ganhar um pouco de peso, respiram bem e não estão em condições de risco. Vamos deixa-las na incubadora por alguns dias apenas por precaução, em observação, até ganharem um pouco de peso. Vocês vão passar bastante tempo com elas, não se preocupem, mesmo porque precisaremos dos dois lá, pra auxiliá-las no controle de temperatura do corpo, e pra que se sintam seguras.

                - Graças a Deus – Gwen falou aliviada.

                - Obrigado – Peter falou, vendo a profissional sorrir e voltar ao trabalho.

                - Quem você acha que deve ter cada nome? – Gwen perguntou ao marido.

                - Você fez todo o trabalho duro, então você escolhe primeiro.

                Ela sorriu, sentindo mais uma explosão de alegria e amor em seu peito.

                - Eu acho que a que se parece com você tem cara de Destiny. E eu não desejaria outro destino que não fosse você, Peter Parker.

                Gwen viu seus olhos castanhos brilharem quando ele riu baixinho e assentiu, olhando para o bebê acomodado em seu peito, fazendo Gwen acha-lo tão fofo quanto às filhas. E era uma habilidade de Peter Parker ser fofo, ela já lhe dissera isso.

                - Destiny então – ele disse para a filha, já sentindo uma enorme conexão com ela.

                - Agora é você – Gwen lhe disse.

                - Eu não consigo pensar na nossa lourinha se chamando diferente de Hope. Apesar de ter meus olhos, e de eu achar que é ela que se parece muito com nós dois ao mesmo tempo, eu só consegui pensar em você quando vi o cabelo dela.

                Gwen assentiu sorrindo.

                - Então nossa ruivinha será Emma.

                - Sim.

                Os dois passaram mais minutos agradáveis com as filhas, e em algum momento Peter devolveu Destiny para a esposa, para que Gwen pudesse segurar todas juntas e as quatro sentissem bem os primeiros momentos umas com as outras. A equipe médica finalizava os cuidados com Gwen, até finalmente a médica falar com eles outra vez.

                - Bem, a parte mais difícil acabou – ela disse com um sorriso – Gwen, eu continuo impressionada de como sua gravidez foi tranquila e de como tudo correu tão bem hoje, apesar de sempre ser o desejado. Normalmente mães de gêmeos, trigêmeos, ou mais, sentem muito mais dores e mal estar ao longo dos meses, e ficam enjoadas com facilidade durante o parto, mesmo tendo cumprido o jejum recomendado. E não é incomum que os bebês precisem de cuidados mais intensos por alguns dias, especialmente o último a nascer. Conseguimos adiar o parto até o máximo de tempo pra se desenvolverem bem, e elas não nasceram abaixo do tamanho e peso aceitáveis, embora ainda sejam prematuras pelo número de semanas, que pra apenas um bebê costumam ser 37.

                - E quanto à recuperação? – Peter perguntou.

                - Gwen deve permanecer em observação por no mínimo dois dias, esperar algumas horas pra levantar, e só fazer isso com ajuda. O efeito da anestesia deve passar em mais uma ou duas horas, então ministraremos medicação pra dor. Agora, vamos tentar amamentar? – Ela perguntou com alegria, recebendo um sorriso radiante de Gwen.

                O ambiente agora estava bem mais calmo e silencioso, enquanto os demais em volta organizavam o lugar ou apenas observam o casal com as crianças, a postos caso precisassem de ajuda ou informações.

                As auxiliares os ajudaram a segurar as meninas, e Peter finalmente pode segurar Hope, e depois Emma, enquanto suas irmãs eram alimentadas. Gwen olhou para ele com mil emoções em seus olhos, enquanto suas mãos seguravam e acariciavam os cabelos macios de Emma, que sugava o seio da mãe. Destiny e Hope já satisfeitas, estavam confortavelmente encolhidas uma contra a outra sobre a pele de Gwen. Peter olhou de volta para a esposa, sentindo mais algumas lágrimas deixarem seus olhos enquanto assistia à cena que era muito mais mágica do que sempre pareceu em seus sonhos, e agora os dois mal podiam esperar para poderem viver isso em casa, apenas entre eles.

******

                - Peter! Peter! Diga logo alguma coisa! – May levantou-se junto com Helen quando o viu no corredor, ainda usando parte das roupas da sala de parto.

                - Gwen e as meninas estão bem?!

                Peter abriu um sorriso enorme, enquanto ria e pegava o celular de Gwen, mostrando às duas as fotos que haviam sido feitas durante o procedimento. A primeira reação de ambas foi chorar e o abraçarem.

                - Elas são tão lindas, Peter! – May falou abraçada a ele.

                - Meu coração não pode com isso! – Helen dizia.

                Ele riu baixinho, acariciando as costas das duas antes de se afastarem.

                - As quatro tão ótimas. As meninas vão passar alguns dias na incubadora só pra observação e pra ganharem um pouco mais de peso. A médica disse que eu e Gwen vamos ficar com elas algumas horas todos os dias, pra aquele método canguru. Ela disse que vai ajuda-las a regular a temperatura do corpo, respirar melhor e ganhar peso mais rápido. E que é impressionante como tudo deu tão certo sendo uma gestação que em muitos casos é de risco. Nenhuma das quatro teve alguma complicação, o parto foi rápido. Elas já mamaram e nós dois já seguramos as três. Gwen vai pra um quarto agora, descansar enquanto passa o efeito da anestesia, e as meninas pra neonatal. Vocês vão vê-las já já. E daqui algumas horas nós dois vamos ficar com elas.

                - Quando Gwen poderá ir pra casa? – Helen perguntou.

                - Ela precisa ficar aqui pelo menos dois dias, e só se levantar com ajuda. Disseram que a recuperação total leva em média dois meses, mas depois do que vimos acontecer sete anos atrás, eu não vou ficar surpreso se Gwen se recuperar antes.

                - Tivemos nosso milagre daquela vez, Peter. E nunca tivemos explicações – Helen falou enquanto ele trocava um olhar discreto com May – É esse mesmo o tempo, então só vamos esperar.

                Os dois concordaram.

                - Papai – uma das enfermeiras sorridentes o chamou de onde ele tinha vindo no corredor – Venham os três.

                O trio obedeceu, e Helen e May precisaram respirar fundo ao se aproximarem e verem as meninas, cada uma num bercinho transparente portátil, todas já usando fraldas e envoltas em cobertores, para seguirem para a unidade de cuidados semi intensivos.

                - Qual delas nasceu primeiro, Peter? – May perguntou – E quem é quem?

                - Destiny é a mais velha – ele apontou para a filha de cabelos escuros, agora um pouco mais claros e parecidos com o seus já estando secos – E Emma foi a última – ele indicou a bebê ruiva.

                - A lourinha é Hope então? – Helen sugeriu emocionada, e Peter assentiu.

                - Peter – a médica chefe o chamou – Venha terminar de se arrumar para acompanhar, Gwen. Vamos mostrar a todos vocês ondem as meninas estarão, e depois leva-la para o quarto, não fica longe.

                - Eu já volto – ele disse à May e Helen, dando um beijo no rosto de cada uma antes de sumir dentro da sala enquanto as duas continuavam maravilhadas observando as netas.

                Passados mais alguns minutos, três membros da equipe empurravam os berços com as meninas para fora do corredor em outra direção do hospital, enquanto Peter acompanhava a esposa, levada numa maca portátil, já com os cabelos soltos e trajando outras roupas.

                - Gwen, sua mãe e tia May também estão aqui, só pra você saber – Peter lhe disse enquanto caminhava ao seu lado, sabendo que a esposa estava acordada, embora de olhos fechados, finalmente conseguindo relaxar, apesar da angústia de não poder ficar o tempo inteiro ao lado das filhas.

                Os olhos verdes se abriram, e ela olhou em volta, vendo May e Helen sorrirem para ela do lado oposto ao que Peter estava.

                - Mãe... – ela sorriu – Tia May.

                - Como se sente? – Helen perguntou.

                - Não sei... Tenho muitas coisas na cabeça agora pra decidir isso.

                - Então vá com calma – sua mãe lhe disse, estendendo a mão para afagar sua perna sobre o cobertor, ao que Gwen assentiu.

                - Elas são apaixonantemente lindas, Gwen – May lhe disse, e Gwen retribuiu o sorriso.

                - Onde estão as meninas?

                - Bem na nossa frente, não se preocupe – o enfermeiro gentil que empurrava a maca respondeu – Vamos mostrar a vocês onde elas vão ficar antes, e levar você até o quarto. E mais tarde vocês já vão ficar com elas. Você vai pra o quarto só enquanto passa o efeito da anestesia e observamos como você reage. Essa hora inteira que vocês ficaram com as meninas aqui foi de vital importância, e as próximas também. Bebês nas incubadoras ou que ficam na neonatal precisam da presença dos pais.

                Gwen assentiu, sentindo o coração um pouco menos angustiado ao saber disso.

                Depois de seguirem para outro andar por dois elevadores imensos, logo chegaram a uma ala que mesmo em sua estética parecia um lugar mais suave, pintado com cores pastéis e com alguns desenhos infantis nas paredes. Eles acompanharam por uma grande janela de vidro as trigêmeas serem acomodadas cada uma em uma incubadora, sem a necessidade de incontáveis máquinas ligadas a elas além de um monitor cardíaco, para o alívio dos dois, onde apenas seriam observadas e mantidas aquecidas com melhores condições que no berçário, até ganharem um pouco mais de peso.

Somente ao ver as três dormindo tranquilamente, mais algumas trocas de informação com a equipe médica, e uma promessa de Helen e May que se revezariam para estar perto das meninas enquanto ela e Peter não vinham, o coração de Gwen se acalmou o suficiente para que pudesse seguir para o quarto, onde ela e Peter conseguiram ficar um pouco sozinhos após Gwen estar bem acomodada, com soro e ainda alguns pequenos aparelhos ligados a ela monitorando suas condições.

— Ei... – ele sussurrou, puxando a cadeira em que estava para se sentar mais perto dela quando viu Gwen olhar para ele e chorar – Poucos dias. E se elas tiverem nosso DNA Aranha, vai ser ainda mais rápido. Imagina como vamos no divertir com o espanto dos médicos, que nem sete anos atrás.

Peter ficou satisfeito ao vê-la rir.

                - Também dói pra mim. Eu queria estar segurando as três agora. Ou olhando elas dormirem aqui do nosso lado. Mas são só algumas horas até podermos ficar perto delas. Nós vamos ficar bem – Peter falou, beijando o ponto entre o nariz e a testa da esposa, sentindo a pele dela se contorcer quando Gwen deixou que as lágrimas caíssem livremente.

                - É ridículo que eu me sinta assim mesmo com tudo dando tão certo numa gravidez que podia ter sido de risco?

                - Não! De jeito nenhum, querida! É como se... Você as carregou por nove meses, e agora que finalmente chegaram não podemos ficar com elas o tempo todo, mesmo sendo por uma boa razão. É como quando acabamos o colégio ou a faculdade. Supostamente devíamos ficar felizes, mas nos sentimos tristes por semanas. Eu também tô sentindo isso, embora obviamente seja muito mais intenso pra você. Você pode e deve chorar se quiser, e falar sobre isso. Daqui a pouco sua mãe e tia May virão pra cá, elas nos dirão como as três estão. Por mais que confiemos nos médicos, não há nada de errado em você se sentir assim, tenho certeza que eles diriam o mesmo a você. Você lembra das histórias que ouvimos, muitas mães passam por esses receios, e tá tudo bem.

                Gwen assentiu, respirando fundo e secando os olhos com a mão livre do soro enquanto se acalmava. Peter lhe deu um beijo suave nos lábios e a encarou.

                - Por que você não dorme um pouco? Quando acordar vai faltar menos tempo pra nos encontrarmos com elas.

                Gwen concordou.

                - Ficou muito feio?

                Peter levou um tempo para entender que ela estava falando da incisão em sua pele.

                - Não. O corte foi menor do que eu pensava, talvez por isso te incomodava na hora. É só o mínimo necessário pra conseguirem puxar os bebês e a placenta pra fora. Com o fator de cura você vai estar bem em duas semanas.

                - Espero que não queiram investigar isso.

                - Vamos enrolá-los do mesmo jeito que fizemos em Nova York.

                Gwen riu, aliviando a angústia que ele também sentia.

 


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Notas finais do capítulo

Inicialmente eu planejava que eles tivessem apenas Destiny e Hope, mas Emma Stone é tão incrivelmente linda com cabelo ruivo que não resisti a inserir uma terceira criança pra fazer essa homenagem. E achei que ficaria um oposto legal, os três filhos mais novos de Helen são meninos, os três mais velhos de Gwen são meninas. ♥



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