Contrato de Casamento escrita por Emmy Alden


Capítulo 52
Cinquenta


Notas iniciais do capítulo

olaaaaaaaaa desculpa a demora :)



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"We never saw it coming,

Not trying to fall in love."

(The Very First Night)

 

OLIVIA

De alguma forma, os Fontana haviam se esforçado uma vez na vida para pedir algo próximo de desculpas...para a minha família.

Não para mim.

Não para a pessoa que sofreu com as insinuações deles.

E eu só soube porque Lucas tinha estado presente quando a ligação aconteceu.

— Você tinha que ver, Liv. Nosso velho estava irredutível. Raul deve ter puxado muito o saco dele e, ainda assim, papai terminou a ligação como se tivesse comido algo azedo. — meu irmão me contou à noite quando eu e o Sebastian voltamos para casa.

Ainda estava com o pé atrás porque pelo meu histórico com aquela família, afinal ninguém ali era minimamente decente.

Mas talvez Raul realmente tivesse algum tipo de respeito e camaradagem pelo meu pai e o problema fosse apenas eu.

Quer dizer, com certeza o problema era eu.

No entanto, minha mente estava surpreendentemente tão em paz que não deixei aquele afronte velado me abalar.

Eu e Sebastian estávamos num caminho bom e, para ser honesta, depois daquela tarde eu estava ocupada demais me lembrando que não estava vivendo algo surreal.

Quando a dúvida começava a espreitar, eu tirava o caderno do bolso — que havia convencido Sebastian a me emprestar um pouco, embora ele não soubesse ainda que não era um empréstimo — e analisava seus desenhos.

Cada vez, era como se fosse algo novo, como se eu descobrisse um detalhe tão ínfimo que só eu, ou alguém que tinha prestado bastante atenção em mim perceberia.

Ele tinha.

Aquilo significava alguma coisa, não era?

Parte de mim queria fugir porque gritava que qualquer que fosse o resultado positivo de toda aquela situação com Ferrante, eu não merecia.

Não eu.

Nunca eu porque, no fundo, Max estava certo e sua família estava certa também e eu não servia para nada daquilo.

Era fechada demais. Arrogante demais. Independente demais.

Julie mesmo havia dito que eu não era o que Sebastian precisava.

Crítica demais. Dona de si demais.

Ele precisa de alguém que o entenda e que o impulsione. Que o encoraje. Sabemos que você não é capaz disso.

Foi basicamente o que ela disse, só que com outras palavras.

Talvez Julie apenas tivesse dito isso por autoproteção. Porque talvez tinha visto algo que eu e Sebastian não havíamos percebido.

Talvez.

A outra parte de mim esquecia de tudo aquilo no minuto que meus olhos encontravam os dele. No momento em que Sebastian roubava um beijo meu. No momento em que eu...

— Sonhando acordada? Meu Deus, eu soube desde o dia em que você me contou que ia se casar com Sebastian que você era uma impostora. — Patricia disse, chegando do meu lado na pequena arquibancada. — Cadê a verdadeira Olivia Sartori?

Ignorei sua provocação.

— Por onde você tem andado, hein? Sebastian está praticamente criando uma fanfic sua com Hunter.

Patty fez uma careta.

— Cruzes! Aquele menino é insuportável. Hunter, no caso. Embora seu Sebastian pareça tão irritante quanto. Tão apaixonado por si mesmo que me dá náuseas. Ele é aquele clichê mal feito do qual a gente dá risadas nos filmes da Netflix. Ele... — Arqueei uma sobrancelha para seu discurso fervoroso anti-Hunter. — Não me olhe desse jeito. Ele só é...chato. Onde quer que eu vá, ele está como uma sombra e jura que é pura coincidência.

— Já parou para pensar que talvez, só talvez, ele esteja interessado em você?

— Caras como Hunter só estão interessados em uma noite casual de sexo e depois fingir que não te reconhecem do outro lado da rua. E caras como Hunter não se dão todo esse esforço.

— Esse exemplo foi altamente específico, mas, apesar de conhecer Hunter há pouco tempo, ele não parece ser esse tipo de cara.

Patty bufou.

— Só porque ele é o melhor amigo do seu namorado não quer dizer muita coisa e... argh, tire esse sorrisinho do rosto toda vez que eu me refiro a Sebastian como seu namorado. — Lutei para impedir meus lábios de se mexerem.

Não deu muito certo.

— É só que faz tanto tempo que não vejo você demonstrando interesse em ninguém, Pat.

— Não achei ninguém digno da minha atenção ainda e...

— Estão animadas, garotas? — Hunter praticamente se materializou entre nós e passou um braço pelo ombro da minha amiga que se desvencilhou como se tivesse levado um choque potente.

— Aff, vou pegar alguma coisa para beber. — Patricia disse emburrada.

Percebi Hunter acompanhá-la com o olhar, rindo.

— Por que está enchendo a paciência dela? — perguntei, cutucando-o e sua atenção se voltou para mim.

— Ela é uma graça e percebi que é muito gratificante vê-la sem jeito.

Dei uma risadinha.

— Acho que é a primeira vez que vejo alguém se referindo à Patricia como "uma graça", geralmente são mais adjetivos como "amedrontadora", "meio louca" e afins. Acho que isso foi o que nos juntou em primeiro lugar. Nossa semelhança.

— Duas garotas bonitas colocando os caras idiotas para correr. Com alguns elementos certos, daria um belo romance gótico.

— Por falar em caras idiotas, poderia tentar convencer seu amigo que participar disso é loucura. — Gesticulei para todo o espaço aberto à nossa frente.

— Se você não conseguiu esse feito, duvido muito que ele vá me dar ouvidos. Embora, realmente Sebastian parece não ter nenhum tipo de amor à vida.

Suspirei.

— Tentei convencê-lo de que saber montar em um cavalo é muito diferente do que apanhar coisas com ele, mas...O que foi? — perguntei quando Hunter esboçou um sorriso um tanto nervoso.

— Ele te disse que sabe montar?

— Basicamente. Disse que teve aulas e...

— Três aulas. Três de equitação. Quando ele tinha nove anos. Não creio que poderíamos contar isso como saber montar num cavalo.

Por um momento, me faltou ar e eu apertei o ossinho do meu nariz tentando me manter calma.

— Que droga Sebastian está fazendo em cima de um cavalo? — Julie desceu correndo os níveis da arquibancada para chegar até nós. — Ele não sabe andar a cavalo.

— Eu... acabei de descobrir isso. — comentei e ela me olhou estarrecida.

Minha cabeça estava praticamente girando cada vez mais forte a cada vez que alguém mencionava a palavra cavalo.

— Precisamos tirá-lo de lá. — Minha voz não passava de um sussurro.

— Ele nem deveria estar lá, para início de conversa. — Julie retrucou e antes que eu ou Hunter pudéssemos falar algo, ela foi para a portinha que dava acesso ao campo.

Eu ainda estava meio paralisada.

— Eu... realmente achei que ele...

Hunter colocou uma mão no meu ombro, me interrompendo:

— Não tinha como você achar algo diferente, Liv. Foi o que ele te disse e se ele se acha apto para estar lá, é um problema dele. Julie precisa parar de agir como se Sebastian fosse um garoto indefeso que precisa de proteção.

Ao longe era possível ver Julie desbravando o campo para chegar até onde Ferrante estava.

Sebastian se inclinou para ouvir o que ela dizia, mas pela sua linguagem corporal, Julie não estava tendo muito sucesso em dissuadi-lo.

— Eu deveria ir lá. Sebastian está fazendo isso pela competição ridícula de Max, que por sua vez só está acontecendo por minha causa.

— É só um jogo de pegar bandeiras no campo e ele que vai desempatar os pontos de Sebastian e Max. — Hunter apontou para Sebastian que testava as rédeas com uma confiança que eu não sabia se ele deveria ter o direito de esbanjar para quem estava naquela situação.

Julie voltava da sua "missão de resgate" fracassada parecendo estar completamente furiosa. Ela subiu as arquibancadas novamente e veio em minha direção. Para evitar uma cena na frente de todos que estavam presentes, Hunter se colocou discretamente entre mim e a amiga.

— Se algo acontecer com ele, — ela começou, baixinho e entre dentes, como se cuspisse cada uma das palavras. — A culpa vai ser inteiramente sua.

E, claro que aconteceu.

E a culpa foi minha.

 

SEBASTIAN

Achei que seria mais difícil, mas em poucos minutos encontrei meu equilíbrio em cima da Brisa de Verão, ou apenas Brisa, a égua que havia sido designada para mim.

Aparentemente ela era uma das mais dóceis, mas também uma das mais ágeis nas competições.

Era exatamente o que eu precisava.

Depois de inúmeras competições de tiro ao alvo, pescaria, resgate o prêmio, paintball, nado livre e corridas, meu placar e o de Max estavam iguais. Faltava apenas aquela competição e o troféu seria meu.

Não me considerava uma pessoa competitiva, pelo menos não no mesmo nível de Olivia, mas se o prêmio extra fosse tirar aquele sorrisinho presunçoso do rosto de Maximus, eu estava disposto a aceitar o desafio.

Mesmo que fizessem muitos anos desde que eu subira num cavalo que provavelmente era mais próximo de um pônei do que de uma égua de competição.

Eu sabia que Olivia só não estava ali participando porque queria evitar qualquer confronto com Max, então eu estava disposto a aproveitar ao máximo, por ela.

Brisa estava trotando suavemente enquanto eu ajustava a minha pegada nas suas rédeas quando Julie veio me dar um sermão sobre eu estar participando daquilo.

Tentei tranquilizá-la e dizer que apesar de agradecer sua preocupação, eu sabia o que estava fazendo. Ela me falou que aquilo era loucura e que Olivia estava me tornando imprudente e que eu não precisava ficar dando uma de herói só para levá-la para cama.

Aquilo me deixou um pouco bravo, mas eu precisava manter o foco, então eu pedi que Julie voltasse para a arquibancada ou que simplesmente não assistisse.

Ela foi, praticamente levantando poeira em seu encalço.

Fizemos a volta de aquecimento e parei bem onde Olivia, Hunter e Patricia estavam parados. A estrutura se erguia um pouco mais alta do que o tamanho dos cavalos, o que me fazia ficar na altura dos olhos deles.

— Você é louco, Sebastian. — Hunter me cumprimentou se inclinando na beirada para acariciar a égua.

— O que pode acontecer de errado. É só pegar bandeiras e dar uma volta no campo. Só preciso ser o mais rápido, certo? — disse, voltando meu olhar para Olivia que estava mordendo os lábios extremamente quieta. — Lili?

Patricia e Hunter fingiram engatar numa conversa enquanto eu me aproximava ainda mais de onde Olivia estava.

Ela esticou o braço para ajustar a trava do capacete no meu queixo.

— Tem certeza que está seguro? — Assenti com a cabeça.

Sua mão parou no meu ombro e eu a observei. Cada participante tinha uma cor e a minha era azul esverdeado — que na verdade era a cor dela quando estava competindo — para demonstrar apoio, ela havia colocado um vestido do mesmo tom: a gola era média e tinha um corte na frente formando um decote em formato de coração, a saia era quase rodada, mas não muito. O cabelo estava preso em um rabo de cavalo alto que destacava todos os traços elegantes do seu rosto.

Mal percebi que estávamos em silêncio apenas nos encarando, até o primeiro apito soar.

— Prometa para mim que não vai tentar ganhar?

Franzi a testa.

— Qual é o ponto de...?

— Você sabe até onde pode ir, só me prometa que não vai ultrapassar esse limite para ganhar. Quero que se divirta, mas não quero que se machuque.

Tirei sua mão do meu ombro e beijei os nós dos seus dedos.

— Você fica um amor quando está preocupada, mas não vou exagerar, eu prometo. Estive preparando algo para a gente esta noite e preciso estar inteiro para você.

Olivia estreitou os olhos e eu me inclinei, roçando os lábios nos seus, ou pelo menos tentando porque Brisa se mexeu, bufando.

— Tome cuidado. — ela disse baixinho..

— Sim, senhora.

Então, o segundo apito tocou indicando que era a hora de ir para as marcas.

Minha camiseta já estava grudada de tanto suor sob aquele sol escaldante.

O capacete já estava incomodando minha cabeça e eu mexia nele o tempo todo, afrouxando e apertando novamente, mas pelo menos nove das vinte bandeiras necessárias estavam na minha bolsinha.

Pensei que seria pior e, no começo, quase foi mesmo, o terreno por onde galopávamos não era tão arenoso assim. Havia algumas poças lamacentas que além de quase atolar os cavalos de tempos em tempos, ajudava a derraparmos sem mais nem menos.

Brisa, no entanto, estava sendo uma princesa comigo. Diferente dos pôneis que eu havia montado quando era pequeno, ela não tentava me jogar da sela a cada cinco minutos e me matar pisoteado, o que eu considerava bom. Nem todos os participantes poderiam dizer o mesmo de seus cavalos.

O único problema era que, o que me contaram do jogo era apenas uma versão bem básica do tipo: pegue 20 bandeiras, e dê uma volta no campo e vença.

A versão sem cortes era que a competição era quase um vale tudo: se você saísse derrubando seus oponentes do cavalo também teria o direito de pegar as bandeiras que eles tinham guardado. Se você passasse perto demais de alguém poderia "surrupiar" alguma bandeira da bolsa e, é claro, você poderia levar seus oponentes a campos bem acidentados do terreno e deixar que tivessem seu fim —pelo menos na competição — lá.

Não era surpresa que Max tinha conseguido todas as suas bandeiras de outros participantes.

Ele parecia um raio cortando o caminho. Seu cavalo era rápido e Maximus era extremamente ágil e estrategista. Para quem visse de longe, provavelmente ele deveria parecer um daqueles mocinhos de romances de época, charmosos e competentes, mas eu só reparava nele para fazer o possível para não cruzar o seu caminho.

Verdade fosse dita, eu não tinha know-how suficiente para encará-lo, porém sabia que quanto mais oponentes caíam mais próximo estávamos de um confronto.

E Max era implacável.

Eu precisava conseguir todas as bandeiras necessárias antes que aquilo acontecesse.

 

OLIVIA

Hunter assoviou.

— O safado está se saindo melhor do que a encomenda.

Eu não tinha mais unhas para roer, embora concordasse com o comentário de Hunter.

Sebastian estava...bem, ele estava...ótimo.

Ótimo mesmo.

Ele analisava bem sua situação e como chegar nos seus objetivos, mas além disso era claro que a minha atenção — e de várias outras garotas que achavam que eu não conseguia escutá-las falando — estava puramente em Sebastian. No sentido mais físico da palavra.

A roupa de montaria que colocaram nele era indecente de tão perfeita que ficava em seu corpo.

Seus bíceps estavam marcados e brilhavam de suor e a maneira como ele mordia os lábios quando estava concentrado sobre o que fazer...

Estive preparando algo para a gente essa noite...

Senti meu corpo se arrepiar lembrando do tom da sua voz e meu coração começou a bater mais forte.

Era assustador o quanto eu o desejava. Reconhecer aquilo me deixava envergonhada e ainda mais convicta.

Me sentia como uma adolescente prestes a dormir com alguém pela primeira vez. O estômago embrulhando e o receio de fazer tudo errado.

Meus pensamentos estavam tão malucos e imaginando como seria a noite que eu mal reparei que Max e Sebastian haviam conseguido as vinte bandeiras cada um e que se encaminhavam para volta ao redor do campo.

Mal reparei em como Maximus foi "gentil" em abrir o espaço para Sebastian.

O único problema é que aquele lado da pista era tão instável quanto uma estrada esburacada. Sebastian não sabia disso.

Nunca cavalguei com Brisa de Verão tão próximo assim da extremidade justamente porque ela ainda não tinha tido a oportunidade de conhecer o terreno.

A égua encontrou alguns buracos, mas Sebastian conseguiu estabilizá-la bem.

Mas, perto da linha de chegada, bem na frente da arquibancada, era possível ver um relevo no solo seguido de uma depressão camuflada.

Faltavam poucos metros para o fim e Max pressionou ainda mais Sebastian para a extremidade, quase encurralando-o.

Lembrava de ter aberto a boca e de "ouvir" todos a arquibancada ficando em silêncio no espaço entre dois segundos.

Lembrava que minha visão parecia fotos de momentos sequenciais, mas não exatamente próximos um do outro.

A pata de Brisa torceu e ouvi seu protesto de dor.

Vi a trajetória de Sebastian no ar e ouvi alguém gritar próximo a mim.

Vi o capacete assombrosamente ficar folgado e pensei em diversas tragédias, mas no fim ele permaneceu numa posição mais ou menos boa para amortecer a cabeça de Sebastian.

Eu só não sabia se aquilo seria o suficiente.

E, tão simples assim, no meio da preparação de um grito de vitória, eu paralisei e só fui voltar a notar o que tinha à minha volta horas depois, numa sala de espera do hospital.

✥✥✥


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Notas finais do capítulo

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS: Annabeth chase e Lolitacha que favoritaram a história! Espero que estejam gostando e sintam-se a vontade para comentar qnd quiserem!!

Heeyyy, meus amores! TO AQUI

Eu disse pra vcs aproveitarem os momentos fofinhos, vulgo migalhas. MENTIRA teremos momentos fofos ainda. E N NAO TEREMOS PERDA DE MEMÓRIA KKKKK acalmem-se

O QUE ACHARAM DO CAP???

(perdoem qualquer errinho, eu estou louca completamente biruta)

Não se esqueçam de comentar o que estão achando (pf preciso ver vcs por ai kkkkkk to carente), deixar aquele fave básico e compartilhar a história com os amigos ♥

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