Contrato de Casamento escrita por Emmy Alden


Capítulo 51
Quarenta e Nove


Notas iniciais do capítulo

OLAAAAAAAAA 9 mil leituras iupiiiiii MTO OBG GENTE



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"Come back and tell me why

I'm feelin' like I've missed you all this time"

(Everything Has Changed)

 

SEBASTIAN

— O que está achando? — Olivia perguntou enquanto andávamos pela propriedade dos Sartori. Nossas mãos juntas balançavam para frente e para trás em um ritmo suave. — Da feira, quero dizer.

— É um evento muito organizado e bonito. E considerando que vocês já estão tão acostumados a planejá-lo que fizeram isso tudo dentro de uma semana, é surpreendente.

— É uma comunidade muito dedicada e solícita, mas sei que você não esperava ter que estar no meio de tudo isso. Desculpa.

Ela me olhou fazendo uma expressão de quem sabe que deu uma mancada.

O problema era que ela não tinha dado nenhuma.

Parei e me virei para encará-la.

— Eu não estou reclamando. Foi uma quebra de rotina boa para mim. Tenho certeza que meus pais estão definitivamente curtindo todo esse tempo juntos como se tivessem acabado de se casar, Hunter está de alguma forma de divertindo me infernizando e infernizando sua amiga e...

Quase abri a boca para mencionar Julie, mas eu saberia que estragaria a conversa, como sempre acontecia quando chegávamos naquele assunto.

Além disso, eu não havia esquecido um segundo sequer nossa última conversa. Eu poderia estar passando a conhecê-la melhor agora, mas Olivia não era Eloise. E eu não era o mesmo Sebastian de seis anos atrás.

Ainda assim, ela conseguiu me deixar pensando se, da minha parte, tudo aquilo não era intenso demais.

Se mesmo que Olivia e Eloise fossem duas pessoas diferentes, eu não estaria sufocando-a da mesma maneira.

Olivia não pareceu perceber para onde minha fala tinha quase ido porque disse:

— Com minha amiga, você quer dizer Patricia?

— Bem, Rebecca é que não seria, gatinha.

Olivia abriu a boca chocada e tentou puxar a mão da minha, embora tivesse um sorriso muito bem velado em sua boca.

— Suas piadinhas são absurdas. — Ela tentou se afastar, mas eu a puxei de volta, nossos corpos colidindo. Olivia continuou falando como se nem notasse: — Hunter e Patricia? Será?

Inclinei meu corpo para passar meu nariz na extensão do pescoço de Olivia, inspirando seu perfume suave.

Ela passou um braço pelo meu pescoço e suspirou.

— Não disse que eles estão se pegando, disse que ele está infernizando a vida dela, de alguma maneira. — comentei, com os lábios colados na sua pele. Olivia se arrepiou.

— Não vou tentar dar uma de cupido de novo, não deu muito certo da última vez, você sabe...

Me afastei para olhá-la e ela tinha um sorrisinho no rosto. Eu estava surpreso com o modo que Olivia estava se esforçando para não demonstrar que no fundo toda aquela situação era um peso a mais em seus ombros.

— Parece que você também tem suas próprias piadinhas. — comentei, tirando uns fios de cabelo que o vento insistia em jogar na frente do seu rosto.

Ela deu de ombros e me deu um selinho rápido.

— Você pediu por essa.

— Tem razão.

Nós voltamos para nossa posição inicial, lado a lado, com a mãos unidas.

— Você não precisa fingir para mim, sabe disso, não sabe? — falei, depois de alguns minutos.

Olivia olhou para mim. Esperei que perguntasse sobre o que estaria fingindo, mas ela não precisava que eu falasse muito para me entender.

— Não estou fingindo. É só que...estou tentando não me culpar tanto por essa situação. — Abri a boca para rebater, mas ela me impediu. — Eu sei sua opinião sobre esse assunto, mas não é algo que eu consiga controlar no momento. Parte de mim tem convicção que eu tenho culpa, e não consigo convencê-la do contrário. Essa é minha forma de tentar fazer isso. Embora possa parecer um tanto insensível, sou a Rainha Má, de qualquer maneira. Agora, venha. Disse que tem algo a me mostrar e eu sou curiosa.

 

OLIVIA

Seguimos o caminho para o que Sebastian chamava de meu "cantinho particular" e, como já se sentisse dono do lugar, sentou-se junto à maior árvore dali e bateu na grama ao seu lado para que eu sentasse ao seu lado.

— Acredita que há boatos por aí que estamos..hã... esperando o casamento? — perguntei me acomodando.

— Para transar? — Sebastian disse sem corar nem por um segundo.

— É, Sebastian... — rolei os olhos. — Para transar.

— Ah, sim. Foi eu que comecei o boato. — Encarei-o sem querer acreditar em meus ouvidos.

— Você o quê?

— Eu queria zoar o marido de Liz, porque ele aparentemente leva muito a sério o papel de ser o queridinho do seu pai desde que o Max saiu do páreo. — Continuei olhando para ele pasma. — Não precisa se preocupar, meu potinho de azeitona, eu não pretendo esperar até o casamento, se é isso que te preocupa. Quer dizer, a menos que você queira que eu espere. De qualquer forma, já é na semana que vem, para quem já esperou cinco anos o que é sete...dias.

Sebastian apertou os lábios.

— Devo ter medo da forma com que está me encarando?

— Muito. Você deveria estar molhando as calças porque nunca tive uma visão tão vívida de mim te assassinando como nesse momento.

Ele tocou a ponta do meu nariz, claramente sem medo nenhum de ir ver Jesus — ou mais provavelmente o capeta — mais cedo.

Fiz que ia me levantar, mas Sebastian me puxou pela cintura, fez com que eu me virasse para ficar cara a cara com ele e me posicionou sobre suas coxas.

— Podemos marcar esse evento...— ele comentou com a voz baixa. — Mas só depois da semana que vem. — Ele tirou uma mão da minha cintura e deslizou seus dedos do meu pulso até o meu ombro e quando pensei que ele faria o caminho inverso, seu toque subiu pela minha clavícula até a parte de trás do meu pescoço e ele segurou com firmeza me fazendo soltar um arfar involuntário.

Nossos olhos não se desgrudavam por um segundo.

Simples assim, todo o controle da situação, que eu achava que sempre tinha por padrão, estava nas mãos de Ferrante.

Meio que literalmente.

— Só depois da semana que vem...— Ele continuou aproximando seu rosto do meu. — Porque quero e vou provar você primeiro. — Sebastian roçou os lábios pelos meus e então beijou suavemente meu queixo, minha bochecha, a mão que estava na minha nuca inclinou minha cabeça e ele beijou o ponto sensível da minha orelha, fazendo com que todo meu corpo se arrepiasse. Sua voz agora era um sopro no meu ouvido. — Quero...quero saber tudo o que você gosta e não gosta. Te mostrar o que eu gosto e não gosto também. — Ele me puxou mais para cima em seu colo e eu tive quase certeza que meu corpo estava prestes a entrar em combustão. — Fazer você implorar, Sartori. E dizer meu nome de novo e de novo. E então, só então, você poderá fazer o que quiser comigo, me matar, me xingar, o que quiser, combinado?

Sebastian afastou o rosto para me olhar e lá estava aquele sorriso de cafajeste que me tirava do sério e que eu tinha visto por anos enquanto ele entrava na empresa depois de mais uma noitada, atrasado e desgrenhado.

Esperei a irritação vir, mas no lugar dela tinha algo muito mais abrasivo. E faminto. E um pouco urgente.

Ele pareceu perceber porque fez aquela expressão que dizia que estava muito satisfeito consigo mesmo.

Mas no instante seguinte ele ficou um tanto sério. A mão que estava no meu pescoço voltou para a minha cintura.

— Apesar disso, não te trouxe aqui para te desvirtuar.

— Ai meu Deus, você é ridículo! — ele fingiu não me ouvir e continuou. — Além do mais, esse lugar é meu, eu te trouxe aqui.

— Sinto ter que te informar que você está equivocada. Já reivindiquei o local.

— Como assim "reivindicou o local", eu cresci aqui, Sebastian.

— Essa possessividade com terra é coisa de latifundiário, Sartori. O rico aqui sou eu, você é a plebeia proletariada.

Dei um tapa no braço dele, saindo do seu colo.

— Sério, como você consegue nos fazer entrar em discussões sem sentido como essa?

— É um dom... Mas a verdade é que estou tentando aliviar a tensão porque estou nervoso. Há algumas possibilidades de onde tudo isso vai levar, entre elas você vai me denunciar para a polícia ou vai ficar tão chocada que não vai mais olhar na minha cara...e— Arqueei uma sobrancelha e Sebastian continuou: — Enfim, falamos esses dias sobre aquela vez em que te arrastei para tomar um café, certo?

Assenti com a cabeça.

Foi depois do jantar com os Fontana, quando revelamos coisas demais sobre o que pensávamos um sobre o outro. Sobre como aqueles anos tinham sido eternos desencontros.

— Lembra que você me perguntou naquela ocasião se usava meus desenhos para conquistar as mulheres? — Os pensamentos dele pareciam estar um tanto desorganizados e Sebastian brincava com a ponta da sua camiseta jeans.

— Sim, eu lembro. Isso tudo é para me perguntar se pode me desenhar pelada?

— O quê? Não! — Ferrante começou a rir e então franziu a testa. — Quer dizer, eu não tinha pensado nisso, mas se você estiver disposta...

Rolei os olhos.

— Vá direto ao ponto, Seb. Te conheço há cinco anos e infelizmente acho que não há nada mais que possa me mostrar que me faça querer te pôr atrás das grades.

— Engraçadinha. — ele retrucou e respirou fundo mexendo na parte de trás na calça.

Um pequeno caderno de couro apareceu na sua mão, um dos muitos que havia visto Sebastian carregar para cima e para baixo desde o primeiro dia de trabalho. Pelo o estado um tanto desgastado, imaginei que um tanto antigo.

Ele estendeu o objeto para mim.

Olhei do caderno para seu rosto.

Abri e fechei a boca alguma vezes antes de dizer:

— Vai me deixar ver? — ele confirmou. — De verdade?

Um sorriso se espalhou involuntariamente pelo meu rosto. Minha mente ainda se recordava como Sebastian era super protetor com aqueles cadernos. Nas primeiras semanas trabalhando juntos, eu perguntei se poderia ver e ele me respondeu como se o pedido tivesse sido uma ofensa.

Não o questionei mais desde então, porém continuava curiosa para saber o que ele tanto rabiscava nos intervalos e, bem, em todo bendito momento em que não estava fazendo nada.

Peguei o caderno e me ajeitei, encostando as costas completamente no tronco atrás de nós. Passei a mão pela capa e contracapa, notando como Sebastian parecia prender mais a respiração com cada movimento meu.

Abri na primeira página e não havia nada de especial além de um aviso:

 

PERTENCE A: SEBASTIAN FERRANTE

SE ENCONTRAR FAVOR, ENTRAR EM CONTATO PELO NÚMERO...

 

Mais abaixo, havia um "#27" e a data que provavelmente tinha começado a usá-lo.

Um dia antes de nos conhecermos pela primeira vez.

A página seguinte eram apenas rabiscos de quem testava o papel e as gradações de diferentes tipos de lápis.

E então, na próxima...havia um dos desenhos de olhos mais detalhados que eu já tinha visto.

— Uau. — Sebastian ficou tenso ao meu lado. — Parecem que estão presos dentro da folha e a qualquer momento vão piscar para mim. Que incrível.

Passei por diversas outras páginas, era como se ele estivesse fazendo um estudo de alguém pois todas as partes tinham certa semelhança apenas em ângulos, iluminação e poses diferentes. Lá para o meio do caderno dava para ter certeza que era uma única pessoa. Uma mulher.

O progresso dos desenhos era como um quebra-cabeça sendo montado, mas que quando chegava perto de ser finalizado — dando um rosto ao corpo — Sebastian interrompia. Como se ele ou tivesse receio de terminar ou como se quisesse manter a identidade dela em segredo.

Era possível ver carinho em cada traço dele, a delicadeza, a fluidez, como se ele quisesse retratar com perfeição algo que era humano e que por consequência era imperfeito.

Meu coração acelerou um pouco.

Talvez aquela fosse Eloise. Se a data do início correspondesse a aproximadamente o período em que desenhou todo o resto — e eu sabia que Sebastian podia ser bem rápido utilizando aquelas folhas — talvez fosse mesmo ela. Talvez desenhasse por saudade.

Eu estava feliz que ele queria compartilhar aquela parte dele comigo, mas não conseguia evitar o revirar do meu estômago.

Se a dedicação com aqueles desenhos fosse algum indicativo da intensidade de seus sentimentos por Eloise...Não, eu não me permitiria seguir por aquele caminho. Sebastian estava ali comigo e ele não era maldoso. Não me mostraria aquilo apenas com o intuito de despertar alguma reação em mim.

Se ele estava me mostrando aquilo...

Há algumas possibilidades de onde tudo isso vai levar, entre elas você vai me denunciar para a polícia ou vai ficar tão chocada que não vai mais olhar na minha cara, sua fala voltou à minha mente.

Não fazia sentido.

— Lili?

A menos que...

— Sei que não são o ápice da arte, mas...

— Não. Eles estão lindos...— continuei passando as folhas, agora observando cada detalhe. Cada pequena coisa que poderia me dar algum sinal. — Você deveria expor, ou colocar em algum concurso, não sei, e...

Então abri o desenho de uma mão, uma mão direita com uma pinta no dedo mindinho e um anel enorme no dedo anelar.

Ali estava.

 

SEBASTIAN

Eu tinha quase certeza que estava suando frio até o momento em que percebi que Olivia ainda não tinha notado que do início ao fim aquele caderno era ela.

Bem, pelo menos, até o desenho da mão com o anel de noivado que ela usava quando estava com o Max.

Lembrava exatamente o dia em que o desenhei.

Max poderia não se lembrar muito bem de mim, mas eu lembrava do dia em que eu e Olivia tínhamos combinado de almoçar juntos e ele apareceu com uma surpresa.

Era o aniversário de namoro deles e ele mandou entregar flores e deu um beijo digno de cinema em Olivia na recepção da empresa.

Eu fiquei esperando — observando — ao longe, junto ao elevador porque Max avisou que tinha escapado rapidinho do trabalho para fazer a surpresa e não poderia levá-la para almoçar, mas que compensaria à noite.

Olivia, obviamente, ficou sorrindo o almoço inteiro porque foi algo inesperado, de fato. Maximus nunca se importou com essas datas, segundo ela. Olivia sorria e girava e girava aquele anel ridículo no dedo enquanto conversávamos e aquele desenho foi para me lembrar que era inútil nutrir qualquer sentimento por ela.

Olivia olhou para mim. Eu já a encarava.

Afinal, era quase uma segunda natureza minha. Observar cada detalhe.

— É a minha mão. — ela disse se esforçando para manter o tom natural.

— E todo o resto.

Olivia soltou um risinho.

— Ha. De jeito nenhum. — Ela olhou para a folha de novo. Voltou algumas páginas, avançou mais algumas. — Não...não tem como.

— Não consegue ver que é você?

— Eu... eu não.... — ela colocou a mão sobre o peito sem nem se dar conta. — Eu só...eu não sei o que dizer. Isso aqui é de quando nos conhecemos, Sebastian. Você está brincando comigo.

— Pode me chamar de obcecado, eu acho que se eu estivesse no seu lugar faria o mesmo. Sairia correndo até.

— Como vou correr de você depois disso? Por que correria de você depois disso?

— Acabei de dar um motivo. Eu sou meio doido.

Ela nem parecia me ouvir, terminou as folhas e voltou tudo do começo, observando tudo com outros olhos, como se fosse a primeira vez.

— Você me disse que desenhava o que via. A perfeição da imperfeição, ou qualquer coisa assim. — Sartori comentou. — Mas eu não sou assim. Eles são lindos demais.

— E é a verdade. Eles são lindos porque você é linda. — Passei as costas da mão na lateral do seu rosto e ela fechou os olhos. — Para ser sincero, você é ainda mais, estou no processo de captar tudo fielmente.

Olivia me empurrou, suas bochechas ficaram vermelhas.

— Para. Você fez sim um Photoshop manual.

— É o jeito que eu te vejo. — dei de ombros. — É o jeito que você deveria se ver também.

— Está querendo me pedir em casamento, Sebastian?

Peguei a mão dela na minha e ergui para que ficassem bem na altura dos nossos olhos. Nossos anéis brilhavam juntos na luz da tarde.

— Já estamos noivos, não tem mais graça. — Fiz um biquinho. — Mas estou preparando o terreno para pedir aquele retrato nu que você colocou sem querer na minha mente.

Olivia gargalhou, e eu confirmei que estava muito ferrado por causa da minha inclinação a desistir de qualquer coisa para ficar naquele momento.

Com ela.

Julie disse que sabia como aquilo terminava porque já tinha visto aquela história.

Mas esperava que ela estivesse errada, porque eu estava disposto a criar uma totalmente diferente.

 

✥✥✥


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Notas finais do capítulo

Heeyyy, meus amores!

DEI UM CAPÍTULO FOFINHO DE SEBASTIVIA PARA VCS E QUEM TÁ AQUI DESDE A MADRINHA SABE O QUE ISSO SIGNIFICA NÉ HEHEHEHEHEHEHEHEHEHEHEHEHEHEHEHEH (cof cof cof)

ESPERO QUE TENHAM GOSTADO DO CAP!! eu to tipo: fui de ficar sedenta por eles para ficar boba com eles e quero guardar num pote proteger do mundo (de mim no caso rs)

(perdoem qualquer errinho, eu estou louca completamente biruta)

Não se esqueçam de comentar o que estão achando (pf preciso ver vcs por ai kkkkkk to carente), deixar aquele fave básico e compartilhar a história com os amigos ♥

A gnt se vê amanhã!!!

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