Contrato de Casamento escrita por Emmy Alden


Capítulo 50
Quarenta e Oito


Notas iniciais do capítulo

boas noitesssss, espero que gostem do cap e não esqueçam de comentar oq estão achando!!



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"One touch, and I was a believer

Every kiss, it gets a little sweeter

It's getting better

Keeps getting better all the time, girl"

(They Don't Know About Us)

 

OLIVIA

— Aí está você! Quer dar um passeio na roda gigante? Ela fecha em...— Peguei meu celular no bolso para conferir o horário. — Cinco minutos.

Encontrei Sebastian encostado em uma das barracas da família de Patricia. As peças já haviam sido guardadas e o irmão dela apenas se preparava para cobrir a estrutura.

— Tá tudo bem? — perguntei, me aproximando de Sebastian e colocando as mãos no seus ombros.

— Ainda não consegui me acostumar com você em meu espaço pessoal. — ele disse com um sorrisinho de canto. E então arregalou os olhos e pôs as duas mãos sobre a boca: — Eu não acredito... isso seria facilmente algo que você diria em outro contexto.

Cutuquei seu braço com mais força do que o necessário.

— Eu não sou antissocial, Sebastian. — Ele me encarou, colocando as mãos na minha cintura.

— Você entra na sua salinha, põe os fones de ouvido e só sai se for para reclamar com alguém, geralmente reclamar comigo, ou tomar aquele café horroroso que a Angela faz e que um dia vai te matar.

Dei um risinho.

— Eu sou muito atarefada.

— Eu também? Mas a maior prova que tive que você é antissocial foi quando descobri esses dias que você fica ouvindo podcasts e audiobooks no fone. Quer dizer, você deve mesmo odiar pessoas para escolher isso à interação humana.

— Isso se chama otimizar tempo. Trabalho enquanto faço algo que me relaxa.

Sebastian fez uma careta e eu continuei:

— Por exemplo, enquanto me mato gerenciando coisas da sua equipe, fico ouvindo podcasts de true crime acumulando ideias de como matar você.

— Tsc tsc... Isso é um absurdo, Sartori. — Ele me puxou para perto, nossos corpos colados. Ferrante aproximou sua boca da minha. — Eu sou um anjo na sua vida.

— Um anjo caído...— sussurrei, roçando minimamente meus lábios com os seus e então me afastei no exato momento em que Sebastian pensava em avançar para me beijar. — Vamos perder a roda gigante.

— E depois eu que sou o demônio? Entendi.

Meia dúzia de pessoas também tinha decidido dar a última volta do dia na roda gigante e nós acabamos ficando no meio da pequena fila.

— E então? — chamei a atenção de Sebastian, que, no caminho da barraca de Patricia até ali, tinha ficado calado a maior parte do tempo. Ele me abraçava por trás, o queixo apoiado no meu ombro, mas completamente em silêncio.

— Hm? — Ferrante disse, voltando para o planeta Terra.

A fila andou.

— Você não respondeu se estava tudo bem, desviou completamente o assunto e agora parece estar tão presente quanto um pai que foi na esquina comprar um cigarro.

Sebastian soltou o ar pelo nariz, rindo.

— Eu estou bem. Só estou...pensando em algumas coisas.

Senti meu coração começar a acelerar. Minha mente começava a fabricar possíveis caminhos que a conversa de Julie com Sebastian poderia ter seguido.

Chegou a nossa vez de entrar na cabine colorida da roda gigante e o moço que controlava o brinquedo nos ajudou.

Sentamos lado a lado e a alavanca de segurança foi travada. A roda girou um pouco para ocupar as cabines que ainda estavam vazias, e embora a lateral do nosso corpo estivesse colada, eu sentia como se um espaço se abrisse entre nós.

Ou talvez seja só você pirando.

Num momento raro, minha mente estava conseguindo ser menos pessimista do que eu. E aquilo não era um bom sinal.

A roda gigante começou a girar pra valer. A lua cheia iluminava as barracas sendo fechadas lá embaixo.

Sebastian passou um braço pelos meus ombros.

— Daqui a uma semana estaremos casados. — ele disse, virando a cabeça para me olhar.

— Isso que vejo em seus olhos é medo de comprometimento? — provoquei, encarando-o de volta e Sebastian riu.

— Certamente, espertinha. — Então ele ficou sério. — Estou pensando em que pé estaremos depois do altar. Quero dizer, de verdade.

Era algo que eu também vinha pensando ultimamente. Na verdade, desde que fizemos aquele acordo.

Tínhamos um contrato que nos obrigava a passar aquelas duas semanas juntos, fazendo todo aquele teatro para nossas famílias, mas, após o casamento, o que aconteceria?

O que aconteceria agora que a situação entre nós estava totalmente diferente de quando nos comprometemos com aquela farsa?

— Onde você quer que nós estejamos? — Analisei seu rosto em busca de qualquer hesitação, mas Sebastian apenas se inclinou e capturou meus lábios com os seus. Da maneira mais gentil e doce possível. Como se fôssemos — como se pudéssemos — ficar ali em cima, na nossa bolha para sempre.

— Aqui. — ele sussurrou contra a minha boca. — Se isso for o que você quer também.

Me afastei minimamente para olhá-lo nos olhos. Tão vulneráveis. Tão diferente do que eu imaginaria, do que eu esperaria dele e não era como se fosse algo ruim.

Tudo estava diferente agora.

 

SEBASTIAN

— É o que eu quero. — Olivia sussurrou de volta e era como se um nó fosse desatado no meu coração. Porque de todas as pessoas no mundo, eu sabia que Olivia seria a última a renegar dizer a verdade para me agradar.

Ela continuou:

— Mas... não quero tornar isso desconfortável para você. — Ouvi sua voz vacilar um pouco. — Nem para Julie. Eu sei, eu sei... Vocês já conversaram antes e conversaram hoje novamente, é só que não quero, e não vou, ser a pessoa que vai estragar sua amizade ou ficar entre os dois. Por mais que diga que não é nada disso, sei que parte dessa situação é culpa minha. Sei que eu não deveria ter colocado palavras na sua boca e sei que com isso, eu indiretamente estou fazendo com que ela sofra. Julie te ama, Sebastian, e eu não quero ficar ressaltando que de alguma forma, eu te tirei dela.

Neguei com a cabeça e segurei o rosto de Olivia com as duas mãos. Era capaz de ver a angústia ali e eu meio que sabia de onde vinha aquele sentimento.

Sabia que no fundo de sua mente eram as dores que sentiu com Max e Rebecca que passavam na sua mente ainda que fosse uma situação diferente.

— Olhe para mim, linda. Se tem alguém que é extremamente culpado nessa situação toda, sou eu. Errei com Julie duas vezes. Uma quando Eloise me deixou e outra quando achei que seria uma boa ideia tentarmos algo. Quando abracei a ideia de Hunter de dar uma chance para Julie, foi apenas uma tentativa de enganar a mim mesmo. Todo mundo me dizia que eu deveria superar Eloise, mas, no fundo, superar Eloise nunca tinha sido um problema. — A roda gigante ia para sua segunda volta e a brisa da noite começava a soprar em nossos cabelos. Havia um traço de surpresa no olhar dela.

— Estou sendo completamente sincero com você nesse momento. — continuei. — Quando te conheci, foi como se você tivesse ofuscado todo o resto, Olivia. Eu tinha estado tão mal com o término porque tudo me lembrava dela, até mesmo o emprego que eu tinha arranjado justamente para planejarmos nossos futuros. — Tirei as mãos do rosto de Olivia e olhei para o céu. — No dia em que nos conhecemos, eu estava seriamente pensando em não aparecer ou no mínimo ferrar com tudo de maneira colossal para que o chefe me ligasse no dia seguinte me dizendo que eu não precisava voltar. Mesmo depois de todo o esforço que fiz para ser contratado. No entanto, eu te vi e, por mais clichê que fosse, pareceu que tudo estava se encaixando. Parecia que eu estava onde realmente deveria estar. Que tudo acontecia por um motivo. — Ri um pouco. — Eu te vi num dia e soube que faria o que fosse preciso para te ver nos dias seguintes. Na maior parte do tempo, eu me fazia esquecer que aquilo não levaria a nada porque você estava noiva, porém quando eu lembrava era como se estivesse levando um soco no estômago de novo e de novo. Você lembra do dia em que passamos pelo nosso primeiro teste de emergência e ficamos presos juntos na sala de segurança que conseguia ser ainda menor do que a nossa?

Olivia assentiu com a cabeça e sorriu.

— Ali eu soube que tinha que ficar o mais distante possível de você. — ela disse naturalmente e eu sabia o que queria dizer.

— Quase te beijei naquele dia.

— Eu sei. Veja bem, eu desconfiava, mas preferi dizer a mim mesma que era coisa da minha cabeça ou, no mínimo, nervosismo.

— Então não foi coisa da minha cabeça achar que foi depois daquele dia que tudo mudou entre a gente.

— Não exatamente. Embora tenha sido apenas um dos fatores. — Ela respirou fundo. — Eu estava com trocentos dilemas na minha cabeça. Gostava do jeito que me sentia quando estava com você, mas eu amava Max e ele me pilhava tanto que cada vez que batíamos papo, cada vez que você me fazia rir ou que saíamos para almoçar juntos, fazia com que eu me sentisse como se estivesse traindo-o de alguma forma. Max queria que eu largasse meu emprego para focarmos no nosso casamento, que voltássemos para cá e começássemos nossa família. Minha mente estava tão sobrecarregada que quando notei que você poderia ter me beijado naquele dia, senti que talvez eu de alguma forma estivesse te usando, mandando algum sinal de algo que, enquanto eu estivesse com Max nunca aconteceria. Como uma válvula de escape.

— Você não me mandou sinal nenhum, Olivia. Eu que, como sempre, quase fui um idiota emocionado.

— Eu nunca te imaginaria como um idiota emocionado. — ela sorriu. — De qualquer forma, eu não precisava criar mais nenhum drama na minha vida e não precisava envolver você naquela bagunça. Então eu me afastei. Foi mais fácil.

—E eu sabia que estava por um triz de fazer algo mais idiota, então aproveitei seu afastamento para me afastar também. Foi mais fácil lidar com o que quer que eu estivesse sentindo por você. Foi mais fácil ocupar minha mente com...outras pessoas.

— Alguém me disse uma vez que éramos essencialmente iguais, lembro que eu ri e achei loucura. Nesse momento, não estou achando graça. Para ser honesta, parece algo muito alarmante. — Olivia comentou tirando uma mecha de cabelo que caía na minha testa. — Embora não de um jeito ruim.

— Nunca contei a ninguém sobre isso, então todo mundo presumiu que Eloise era o motivo de tudo o que eu fazia. Eu passei a me convencer disso. Assim como tentei me convencer de que a melhor maneira de passar por esse acordo com você sem demonstrar o quão patético eu era, seria dando uma chance para Julie.

— Mais uma vez você preferiu sentir o que os outros presumiam que você estava sentindo do que averiguar por si mesmo. — Olivia me encarou e o que eu via diante de mim, no seu olhar, era como um espelho.

— Até agora. — disse baixinho.

— Até agora. — ela respondeu.

Ela desviou o olhar do meu quando a roda gigante parou com a gente bem no topo. Então começou a rir.

— Somos dois idiotas. Sério, olha a situação em que tivemos que nos colocar para revelar tudo isso?

— Você quer dizer em cima de uma roda gigante onde você pode a qualquer momento me jogar da borda e dizer "Ahá, te peguei" enquanto eu morro durante a queda?

Olivia gargalhou.

— Eu estava falando do nosso contrato, palhaço.

— Ah sim! Realmente, acho que talvez nunca teria dito nada disso a você se essa situação não tivesse acontecido.

— Idem.

— E então, o que faremos depois de casados? Depois da nossa lua-de-mel, é claro.

— Se eu me lembro bem, o nosso contrato era bem taxativo quanto a contato físico. — Olivia rebateu.

— Você devia ter pensado no contrato quando me chamou para tomar banho com você ontem à noite.

Ela escondeu o rosto entre as mãos.

— Pensando seriamente em te jogar mesmo daqui. — sua voz saiu abafada, mas ela logo se recompôs, embora não pudesse controlar o rubor em suas bochechas. — Ok, você quer saber o que faremos depois de casados, certo?

Assenti com a cabeça e ela respondeu, enfim:

— Começaremos do jeito certo. Como deveria ser.

 

OLIVIA

Em consideração à Julie e num acordo silencioso entre mim e Sebastian, nossas demonstrações em público tinham ficado demasiadamente mais brandas, embora eu conseguisse reparar pelo canto do olho que n'so dois ainda éramos objetos de sua observação.

Àquela altura, poucas eram as pessoas que precisávamos ser convencidas que, sim, eu e Sebastian iríamos nos casar na semana seguinte.

Isso não queria dizer que nós nos afastamos de alguma forma. Nossos toques e olhares eram muito mais sutis, mas também, muito mais intensos.

Cada encontro acidental de pele, cada olhar roubado era difícil de se afastar.

— É perturbador vê nossa caçula nessa safadeza toda bem na frente dos nossos olhos. — Otávio apareceu do nada às minhas costas e eu quase me engasguei com o caldo de cana que estava tomando. — Mas, de todo jeito, continue. Gostamos de te ver feliz.

— Você é a pessoa mais insuportável...da...face...da Terra. — respondi, tossindo. — Depois de Sebastian.

— Own. Tão fofos. — Meu irmão tentou apertar minha bochecha, mas eu dei um tapa na sua mão. — E, pelo visto, você continua agressiva. Mas, me conte, qual o segredo para manter o fogo da paixão? Quer dizer, se depois de três meses você ainda estão nessa, o negócio deve ser muito bom. Se é que você me entende...

Eu me engasguei novamente e Otávio deu tapinhas nas minhas costas.

— Pelo amor de Deus, — falei com a voz rouca. — Você mesmo não acabou de dizer que essa "safadeza" toda era constrangedora? Por que está puxando esse assunto?

— Porque gosto de te deixar sem graça, além disso, tenho que me acostumar que é natural e normal minha irmã mais nova estar engajada em atividades sexuais...

— Eu namoro desde os 15 anos, Otávio... — Tentei argumentar, mas ele nem me ouvia.

— Tenho certeza que papai já estava desacostumado depois do seu término e deve estar tendo um tempo difícil para... O que quero dizer é que com certeza passou pela cabeça do velho que essa pressa toda para se casar fosse devido a uma...

— Nós não...— Aquela peste continuava falando. — Nós não dormimos juntos. Ainda.

Otávio finalmente calou a boca. E me olhou com os olhos arregalados.

— Nãaaaao. Não creio. — Então ele começou a rir. — Eu sabia! Meu Deus, não me diga que ele está esperando vocês se casarem?

Balbuciei uma resposta afirmativa que era obviamente mentira. Eu e Sebastian estávamos numa linha de tensão que arrebentaria a qualquer momento.

E aquilo não tinha nada a ver com ter ou não uma aliança no dedo.

Mas era uma boa desculpa.

— Victor vai ficar louco quando souber que perdeu de vez o posto de genro favorito. De jeito nenhum, nosso pai vai deixar esse gesto cavalheiresco passar despercebido.

— Não ouse contar isso para nosso pai. Ou para qualquer pessoa.

— Ô, gracinha, se eu desconfiava, com certeza o velho já estava ligado. Porque acha que ele tem pegado leve nos últimos dias com seu prometido? — Otávio riu mais um pouco. — Por Deus, você é tão certinha, Liv. Eu não estou certo que teria tanto autocontrole com um homem daqueles. Bem, mas pelo menos ganhei 50 pratas fácil.

— Eu vou te matar, você apostou?

— Eu, Victor e Lucas. Colocaríamos o PJ também, mas ele daria um soco na gente.

— O único irmão sensato e decente que eu tenho, aparentemente.

— Mas eu sou o único que vai te oferecer uma pernoite grátis no melhor hotel da cidade caso vocês estejam se sentindo intimidados pela sensação de onipresença do nosso querido pai naquela casa.

Jesus tinha resolvido me colocar na família mais caótica que já existiu. Eu só queria saber o porquê.

— Ai, Otávio, por favor, cai fora.

Ele fez que ia dar meia-volta, mas no último minuto disse:

— Já está sabendo da novidade?

— Não e não tenho certeza se quero saber.

Otávio obviamente me ignorou.

— Peça para seu amorzinho se preparar. Depois de ontem, Max espalhou para a cidade toda que Sebastian o tinha desafiado para ver quem ficava em primeiro no geral das competições da feira.

Levei um minuto para assimilar suas palavras e quando isso aconteceu, minha têmpora começou a doer.

— Qual é o problema desse homem? Ele sabe que praticamente todos os anos é o primeiro.

— Aparentemente ele não curtiu você humilhá-lo colocando seu nome e o de Sebastian em cima do dele. — Otávio soltou o ar pela boca. — Às vezes, eu me pergunto se ele sempre foi assim e nós éramos cegos demais ou piorou depois que vocês se separaram.

— Sempre foi assim. Ele só disfarçava melhor.

— Estamos felizes de verdade por você, gracinha. — Otávio levantou a mão para bagunçar meus cabelos e dei outro tapa nele, mas nós dois estávamos sorrindo. — Agressiva.

— Também estou muito feliz por mim.

E acho que pela primeira vez, aquelas palavras realmente significavam alguma coisa.

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Notas finais do capítulo

Heeyyy, meus amores!

AIAIAIAIAIA AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ, NÃO É, SEBASTIAN E OLIVIA

e as descobertas que fazemos rsrsrs

ESPERO QUE TENHAM GOSTADO DO CAP!! ME CONTEM POR FAVOR O QUE ACHARAM OQ ESTÃO ACHANDO SE VCS ME ODEIAM MTO OU POUCO

como estamos nos sentindo?

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A gnt se vê amanhã!!

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