A Jornada da Fênix: O Ressurgir das Cinzas escrita por FoxFlameWarrior


Capítulo 3
Aprendice


Notas iniciais do capítulo

Estou postando essa fic no Spirit e no Wattpad também, a única diferença é que lá tem imagens nos capítulos. Bom, vamos a leitura.



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      Pelo Gris acordou com alguns aprendizes trocando o musgo da toca dos guerreiros, dentre eles estava Fênix, a qual carregava uma peça de presa fresca na boca, ela caminhou em sua direção e colocou um pequeno coelho morto em sua frente:

—Fênix: Bom dia. Onde você foi noite passada? Fiquei preocupada, e você perdeu minha nomeação de aprendiz.

—Pelo Gris: Aprendiz? Quer dizer que você... (Interrompido)

—Fênix: Sim. Bom não foi exatamente uma nomeação já continuo me chamando Fênix, mas Estrela de Fogo me aceitou como aprendiz aqui, e você teria sido meu mentor se não tivesse sumido ontem. Onde estava?

—Pelo Gris: Só fui dar uma volta. Quem é o seu mentor?

—Fênix: O próprio Estrela de Fogo. Isso não é demais? (Fala empolgada).

      Pelo Gris não deu resposta, estava feliz por ela, mas não pode evitar de pensar que mais um gato de gente estava sendo aceito no Clã do Trovão, por mais que precisasse se concentrar no plano que ele e Geada de Falcão executariam naquele dia e que aquela jovem não fosse mais de sua conta, Pelo Gris gostaria muito que existisse uma barreira entre os gatos domésticos e os gatos selvagens, porque se tinha uma coisa que o guerreiro azulado não suportava eram gatos de gente.

      Além disso, quando Estrela de Fogo fosse morto naquele dia, Fênix ficaria muito abalada, ela parecia muito orgulhosa de si mesma, afinal era um grande passo pra ela, e caso descobrisse que Pelo Gris fazia parte daquilo, o que era bem pouco provável, a aprendiz certamente o deduraria para os outros. Mas nada disso importava mais, só o que Pelo Gris queria era fazer Voo de Esquilo sofrer do mesmo jeito que ele estava sofrendo.

—Fênix: Enfim, trouxe essa presa pra você, cacei esta manhã. Acho que sou boa nisso. (Diz orgulhosa).

—Pelo Gris: Obrigado e parabéns, você tem muita sorte em ter Estrela de Fogo para te ensinar. Tenho certeza de que você trará muito orgulho a ele.

—Pata de Cinzas: Vamos, Fênix. (Fala saltando animada para perto dela). Se formos rápidas, teremos tempo de terminar isso antes do sol a pino e poderemos treinar juntas antes de saímos com nossos mentores.

—Fênix: Certo, eu já vou. (Se vira para Pelo Gris). Te vejo depois?

—Pelo Gris: Sim, não se preocupe com isso. Agora vá, sua amiga está esperando.

[...]

       Fênix e Estrela de Fogo estavam caminhando lado a lado em uma patrulha de caça, enquanto o mais velho explicava sobre o código dos guerreiros, a mais nova se encantava com as enormes copas das árvores, que eram tão grandes que deixavam o céu quase impossível de se ver, deixando apenas alguns raios de luz passando por entre as folhas e galhos.

       Haviam saído para uma ronda no sol a pino, Estrela de Fogo escolheu este horário por ser o mais iluminado do dia, além disso, antes de sair, enviara outra patrulha para olhar locais próximos a aqueles que ele levaria Fênix naquele dia, para garantir a segurança, não que tivesse medo da filhote, claro que não, mas precisava se precaver caso ela fizesse parte de algum plano de outro clã ou algo assim.

       Já era a segunda vez eu saíam em um só dia e não fizeram exatamente uma pausa, apenas voltaram para o acampamento para colocar as presas recém caçadas na pilha, claro que Estrela de Fogo também tinha suas questões de líder para resolver, como responder as dúvidas de alguns de seus colegas de clã sobre a aceitação de Fênix no Clã do Trovão, por tanto demoraram um pouco para sair de novo, mas o líder rubro observou sua aprendiz e Pata de Cinzas lutando juntas na clareira do acampamento, então não foi como se ela tivesse descansado de fato.

       Até podia parecer exagero, mas a verdade era que Estrela de Fogo estava nervoso, ele mesmo se comprometeu em treinar a jovem para que ela não se sentisse como ele se sentia quando entrou no clã. Ele se identificou com a jovem naquela noite, ela estava perdida e assustada, tinha medo de cada gato que rosnava pra ela ou lhe dirigia uma palavra grosseira. Estrela de Fogo se sentira exatamente assim quando Estrela Azul o levou pela primeira vez para o território do Clã do Trovão.

       Só o que ele queria era evitar uma briga desnecessária, assim como aconteceu com ele e Rabo Longo no mesmo dia em que chegou, podia fazer um longo e considerável tempo, mas ainda se lembrava de todas as vezes que este o chamou de “gatinho de gente”, da forma como apanhou de Rabo Longo só por causa da ambição e orgulho de um recém nomeado como ele. Estrela de Fogo queria poupar Fênix disso tudo.

      Ao contrário do que Estrela Azul pensava sobre ele, Fênix não precisaria provar nada para entrar no clã, não seriam necessários sinais do Clã das Estrelas ou algo assim para que ela pudesse ser digna de uma vida feliz com os gatos selvagens. Ele a treinaria como guerreira e a criaria como sua própria filha, e esperava que seus colegas de clã a aceitassem como tal.

       Seus pensamentos foram cortados quando Estrela de Fogo ouviu um ruído, parecia algo sendo mastigado ou quebrado. O líder deu uma pausa na caminhada, fungando o ar algumas vezes, acompanhado por Fênix, a qual repetiu o ato. Estrela de Fogo se abaixou um pouco e sussurrou para a aprendiz:

—Espere aqui abaixada. Quero te mostrar uma coisa. (Disse antes de seguir em frente com passos leves e largos, em posição de ataque).

        Fênix obedeceu, se deitando na grama cuidadosamente e observando cada passo de seu mentor, guardava cada mínimo movimento, mantendo os olhos atentos ao que ele ia fazer, mas a demora só aumentava sua ansiedade e expectativa. Seu coração quase errou uma batida quando Estrela de Fogo deu um pulo brusco para dentro de uma moita e um som agudo e alto ecoou no ambiente.

        O líder rubro retornou com um rato silvestre na boca, caminhou até Fênix e colocou a presa aos pés de sua aprendiz. Ela cheirou a presa, logo voltou os olhos para o mentor com um ponto de interrogação na testa, não entendendo o que devia fazer agora.

—Estrela de Fogo: Guarde bem o aroma de uma presa, assim pode identificá-la da próxima vez. (Disse sugestivamente).

—Fênix: Todas as presas têm cheiros iguais. (Falou meio emburrada). Quando vamos começar a lutar?

—Estrela de Fogo: Não se apresse. Uma grande virtude de um guerreiro é a paciência. Nunca tente acelerar o ritmo das coisas ou pode ter certeza de que algo ruim vai acontecer. (Disse calmo e pacificamente).

—Fênix: Como consegue ser tão sábio, Estrela de Fogo? (Perguntou após um suspiro bem audível).

—Estrela de Fogo: Sabedoria é algo que vem com o tempo. Você vai entender quando for mais velha e tiver suas próprias responsabilidades.

       A jovem abaixou a cabeça e o olhar voltou-se para a presa, mas não estava encarando de fato a peça, só estava refletindo sobre tudo aquilo: agora era aprendiz de um clã, ou seja, havia sido aceita pelo o que e quem era realmente, tinha um mentor incrível e sábio que lhe ensinava tudo com uma paciência e calma de dar inveja, e já tinha até um amiga, uma amiga de verdade, só essas três coisas já eram o bastante para que Fênix tivesse um motivo para sorrir e se sentir bem. O mundo que ela sempre quis estava bem diante de seus olhos e incluído na sua vida, e faria de tudo para mantê-lo intacto.

[...]

        O dia passou, na beira do rio, Geada de Falcão já estava pronto para fazer sua parte, enquanto Pelo Gris foi buscar Voo de Esquilo. Tudo estava acontecendo conforme Geada de Falcão planejava, Estrela de Fogo já estava preso a armadilha e perdendo uma vida.

       Se não fosse pelo fato de que Garra de Amora Doce havia trocado de lado e resolveu lutar contra o irmão, já que sua lealdade ao clã e Estrela de Fogo eram mais valiosos do que a glória e o poder de alguém que não planejava o bem.

[...]

       Fênix viu Pelo Gris sair do acampamento com Voo de Esquilo, ela sabia o quanto ele amava a filha do líder, mas também sabia que esta já tinha um parceiro. Então, foi atrás escondida para ver o que Pelo Gris iria fazer.  

      Até que chegaram ao rio, e Fênix se deparou com a cena de Garra de Amora Doce enfiando uma estaca na garganta de Geada de Falcão, com Estrela de Fogo caído no chão.

     Fênix logo correu para ver se seu mentor respirava, enquanto Voo de Esquilo agradecia a Garra de Amora Doce por ter salvado seu pai. Estrela de Fogo se levantou e sua aprendiz o ajudou a ficar de pé, mas esta percebeu que Pelo Gris ainda estava atrás da moita.

      Mas é claro que ele devia ter algo a ver com isso, afinal seu mentor não teria se prendido sozinho em uma armadilha que ele sabia que era mortal e que deveria manter distância, um estrangeiro como Geada de Falcão não teria conseguido armar uma cilada como essa sem ajuda, e Pelo Gris não tinha motivos para ficar “escondido” atrás de uma moita e não parecer surpreso com o que acabara de acontecer.

        A gata negra então se dirigiu a ele, não podia afirmar nada ainda, mas também não tinha motivos para se fingir de calma para com o guerreiro azulado como se não sentisse uma ponta de desconfiança sobre ele.

—Fênix: Pelo Gris?

—Pelo Gris: Agora não, Fênix. (Respondeu seco e frio).

—Fênix: Você sabia dessa tramoia, não é? (Insistiu séria).

—Pelo Gris: Como sabe? (Questionou surpreso).

—Fênix: Eu fui te checar ontem à noite enquanto dormia, senti o cheiro do Clã do Rio em você, e hoje vi você tentando levar Voo de Esquilo a todo custo na mesma direção em que Estrela de Fogo estava sendo atacado, eu sei que não foi por acaso que veio pra cá. (Falou com a voz seca e com uma ponta de ódio).

—Pelo Gris: Você é mais esperta do que eu imaginava, mas e agora? Vai me dedurar para Estrela de Fogo? (Desafiou).

—Fênix: Eu posso fazer isso, mas não quero fazer. Você poderia ter me matado quando me encontrou na floresta naquele dia, mas não fez, então vou te devolver o favor e não contar a ninguém, mas nunca mais me toque, nunca mais fale comigo e nunca mais olhe pra mim, senão eu te mato! Entendeu? (Falou violenta e suas pupilas estavam em fenda, claramente estava bem irritada).

       Pelo Gris ficou sem palavras, nunca imaginou que uma gatinha tão pequena pudesse ser tão ameaçadora, com certeza perdeu o medo de gatos selvagens e estava pronta para mostrar suas verdadeiras cores.

       Fênix não esperou resposta, deu de costas e voltou para o acampamento, onde Estrela de Fogo era tratado na toca de Poça de Folhas, com Voo de Esquilo e Tempestade de Areia sentadas na boca da toca, logo ela correu até lá para ver como seu mentor estava:

—Fênix: Estrela de Fogo, como está? (Perguntou preocupada).

—Poça de Folhas: Ele vai ficar bem, só precisa descansar.

—Fênix: Desculpe, se eu tivesse ido com você, nada disso teria acontecido.

—Tempestade de Areia: Está tudo bem, Garra de Amora Doce estava lá, devemos tudo a ele. E acho que você não poderia ter feito nada, Geada de Falcão era mais experiente e poderia ter te matado.

       Fênix ficou um pouco deitada ao lado do líder enquanto Voo de Esquilo e Poça de Folhas tinham saído para conversar, Tempestade de Areia já tinha voltado aos seus afazeres, e Pelo Gris estava isolado em canto do acampamento. Fênix até queria conversar com ele, mas ainda estava brava e chocada demais para falar sobre isso, além disso, depois da ameaça que fez a ele, não tinha mais coragem nem para olhá-lo na cara.


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Notas finais do capítulo

A partir do próximo capitulo as coisas vão se complicar na vida da nossa Fênix, tadinha, é só um filhote de nove meses e já tem um monte de problemas. Me digam o que estão achando, estou aberta a sugestões.



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