The Mystery of The Tower escrita por Morgan


Capítulo 2
Primeiro ato




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Rose subiu as escadas da Torre de Astronomia tão rápido que qualquer um ficaria surpreso com o fato de a garota não ter tropeçado nem uma vez sequer. Era isto que a raiva fazia com as pessoas, aparentemente. Correu para o parapeito da torre, respirando o ar frio do fim de tarde.

— Como você é infantil, Rose Weasley – murmurou ela, logo corrigindo a si mesma. – Como Scorpius Malfoy está te deixando infantil!

Era sempre mais fácil culpar Scorpius, embora, dessa vez, Rose achasse mesmo que tivesse motivo para tal.

— O que Scorpius fez desta vez?

Rose virou-se depressa ao som da voz cristalizada do fantasma que já era mais do que familiar para a ruiva.

— Max!

A garota sobrevoou até o lado de Rose. Ela era alta e tinha longos cabelos de uma cor que, infelizmente, a outra não conseguia mais identificar. Era fácil encontrá-la. Todas as noites estava na Torre de Astronomia. Se a Weasley chegasse tarde demais, algumas vezes a encontrava dançando balé sob o luar. Era bonito. Rose tinha certeza que Max Jones havia sido muito bonita quando viva, pois ela ainda o era.

— Então? O que ele fez?

Rose suspirou.

— Ele está cheio de conversinha com Meredith Zabini. Quero dizer, não temos nada, ele pode conversar com quem ele quiser, eu sei, mas não foi ele quem disse que gostava de mim?!

— E não foi você quem disse que não queria namorar sério agora?

A ruiva cruzou os braços.

— Os fantasmas têm uma memória diferente ou o quê?

— Só estamos mortos, Rose, não paramos de pensar – Max respondeu sorrindo. – Se você também gosta dele, por que não vai lá e diz? Que mania é essa de complicar todas as coisas?

— Não estou complicando, Max. Estou sendo prática. Sabe o que aconteceria em casa caso eu trouxesse um Malfoy como namorado? Meu pai já fez um show apenas quando descobriu que éramos amigos. Sem contar que...

— Você quer focar nas notas finais para poder se tornar uma medi-bruxa – interrompeu Max, caminhando devagar até a mesa da professora e sentando-se. – Já ouvi essa história antes.

— Bem, é a verdade!

— Se é a verdade, por que está tão incomodada? É você quem não quer namorar, Scorpius não tem nada a ver com isso.

— Merlin, Max. Você é péssima.

A garota riu abertamente.

— Não é a primeira vez que ouço isso de um Weasley.

Rose franziu o cenho, porém, antes que pudesse perguntar o que o fantasma queria dizer com isso, Max balançou a mão e desapareceu.

Ela nunca se despedia. Rose conversava com o fantasma há uns bons meses, e ela nunca havia se despedido. Talvez soasse um pouco estranho dizer que era amiga de um fantasma, entretanto, Max era divertida e inteligente. Rose nem sequer pensaria isso se ela não fosse... bem, um espectro transparente e brilhante voando por aí. Ela costumava encontrá-la em praticamente todos os locais do castelo, mas a torre e a biblioteca eram definitivamente os favoritos de Max. Ela gostava de fazer Rose pegar livros de dança para que pudesse ler. Rose não era a maior fã de passar as páginas para outra pessoa, no entanto, jamais conseguiria dizer não.

Por isso, o comentário dela deixou uma pulga enorme atrás da orelha da ruiva. Será que algum de seus primos também estava incomodando a pobre Max?

Foi essa dúvida que fez Rose esgueirar-se para a mesa da Lufa-Lufa no café da manhã do dia seguinte. Não havia ninguém melhor que Lucy Weasley para fofocar com ela. Claro que havia Albus, mas Rose não queria falar com ele no momento. Albus tinha a mesma opinião de Max sobre Scorpius, exceto que o Potter conseguia ser muito mais rude ao ser sincero quando estava sem paciência para os dramas entre os seus dois melhores amigos.

Ok, talvez fosse Albus quem não quisesse falar com Rose no momento. Ou com Scorpius. Bom, Rose tinha certeza que Benjamin Chang, o namorado do primo, resolveria isso em algum momento. Ele era o equilíbrio do grupo, embora parecesse ser justamente o contrário para pessoas de fora.

De qualquer forma, Rose sentou-se ao lado da prima mais nova e imediatamente recebeu um sorriso amigável. Lucy era sempre um doce com todos.

— Oi, Rosie. Aconteceu alguma coisa?

— Tenho uma pergunta – disse. – Você conhece a Max? É um fantasma da Lufa-Lufa. Ela costuma dançar balé de madrugada na Torre de Astronomia.

— É claro que conheço a Max – respondeu Lucy tomando um gole de seu suco de abóbora.

— Todos da nossa família também?

Lucy pareceu pensativa.

— Bem, eu não sei se todos. Max gosta de andar pelo castelo, mas não é tão sociável assim. Por quê?

— Ela disse uma coisa engraçada para mim – Rose suspirou. – Sempre nos encontramos por aí e acho que... Acho que somos amigas, sabe?

Lucy arqueou as sobrancelhas.

— Pelo menos o máximo que um fantasma pode virar amigo de alguém. Então eu fiz um comentário sobre ela e ela disse que não era a primeira vez que um Weasley dizia aquilo para ela. Mas pareceu tão... – Rose parou de falar, lembrando-se do olhar perdido de Max, como se aquilo significasse muito mais do que ela poderia imaginar – Pessoal. Pareceu tão pessoal.

— Lamento, Rosie, mas não converso com ela tanto assim. Nunca vi nenhum de nossos primos conversando também.

Rose estava prestes a voltar para a mesa da Grifinória quando sentiu um pedaço de pão acertar o seu rosto. Ela soltou um grito baixo e indignado antes de ver o responsável.

— Ben!

Benjamin Chang abriu um sorriso largo. Estava sentado praticamente em frente a Rose esse tempo todo e a garota não notara.

— Weasley, você é um pouco burrinha, não é?

Lucy soltou uma risada, afastando o próprio prato quando Rose quis agarrar uma batata inteira para jogar no amigo.

— Você realmente não sabe de nada que aconteceu em Hogwarts antes de você? – Benjamin balançou a cabeça fingindo estar desapontado enquanto esticava-se para pegar a jarra de suco de laranja e suspirava. – Não que o egocentrismo entre os filhos dos heróis do mundo bruxo me deixe tão surpreso, mas ainda assim...

Lucy quase se engasgou, contudo, Rose se limitou a um revirar de olhos. Se fosse qualquer outra pessoa, poderia levar a sério e até iniciar uma briga, mas fazia alguns anos que havia aprendido a reconhecer o sarcasmo nas falas de Benjamin. Ou a dramatização. Tudo dependia do contexto.

— Fala de uma vez.

— Max morreu em 2014, Ross. Ela era a melhor amiga de Teddy.

— O nosso Teddy? – Indagou Rose.

— Existe algum outro Teddy? – Ben balançou a cabeça. – Provavelmente ouviu o que quer que seja da sua prima Victoire.

Rose estava congelada no lugar. Nem um milhão de anos pensaria nisso. Será que o talento em atuar de Ben era tão bom assim? Ele não parecia estar mentindo, porém como aquilo poderia ser real e ela nunca ter ouvido falar sobre?

— Tem certeza? – Lucy perguntou por ela.

— Minha irmã me contou. Ela também estudava aqui naquela época. Ela disse que foi horrível. Todo mundo ficou muito mal, especialmente os alunos da Lufa-Lufa. Teddy foi um deles.

— Como... como ela morreu?

— Ela se matou – respondeu ele. – Vocês lembram daquele garoto no começo do ano? Peter Jones? De Ilvermorny?

Rose assentiu. Peter era um garoto alto e moreno que havia se transferido para Hogwarts em setembro para terminar o sétimo ano. Havia sido colocado na Grifinória. Rose se lembrava claramente dele, pois, embora ele parecesse uma pessoa boa e gentil, não conseguira trocar mais de cinco palavras com alguém em todo o castelo. Quando outubro começou, Peter partira. Rose apenas presumiu que ele havia desistido de tentar se adaptar e resolvera voltar para a antiga escola, onde passara praticamente toda a vida.

— Peter era irmão de Max.

— Você só está brincando comigo.

Benjamin não respondeu, apenas continuou comendo enquanto Rose deixava a história toda descansar dentro de si. Trocou mais um olhar com o amigo lufano e isso foi o bastante para saber que ele não estava mentindo ou aumentando nada. Despediu-se dos amigos e saiu em direção ao quarto andar, onde teria aula.

Os seus passos eram automáticos, sabia o caminho tanto quanto sabia ler, no entanto, a sua mente vagava distante, rodando e rodando, como os passos de balé clássico que já havia presenciado a dona de seus pensamentos fazer.

Rose não conseguia explicar a sensação desconfortável que tomava conta de si. Talvez fosse o fato de saber que Max havia cometido suicídio ou que havia tanto sobre o fantasma que ela não sabia, a questão era que tudo que Rose conseguia pensar era na história de Max e como aquilo tudo fazia o seu coração pesar. Peter, o irmão, conseguia deixar tudo ainda mais confuso. Por que ele viera para a escola onde a irmã morrera? E por que fora embora em apenas um mês?

Como se adivinhasse que os pensamentos da ruiva estavam lotados de questionamentos sobre si, Max despontou no fim do corredor, na curva que separava o quarto andar do quinto.

— Max! – Gritou involuntariamente.

A saia da ex-aluna parou de se mexer e ela congelou no lugar, virando-se para Rose. Havia um sorriso pequeno em seu rosto quando a ruiva ergueu o braço em um pedido silencioso de espera. Deu um passo em direção ao corredor quando uma voz a parou.

— Srta. Weasley, chegou cedo para a aula! – Rose se virou, tentando ao máximo soar solícita, como sempre havia sido com todos os professores. Mesmo quando eles a encontravam nos piores momentos. – Não é à toa que você é monitora-chefe, não é?

Ela sorriu.

— Ahn, olá, professor Stewart.

— Veio ajudar a preparar a sala para o teste? Que gentileza a sua.

— Eu... Na verdade... – Rose gaguejou, encarando o homem atarracado e sua barba, que começava lentamente a se encher de fios brancos, à sua frente. A Weasley desviou o olhar, procurando por Max, apenas para se dar conta de que nenhum lugar nunca esteve mais vazio do que o corredor onde o fantasma estava há poucos segundos. Rose franziu o cenho, confusa.

— Na verdade?

A voz aguda do professor a despertou. Rose forçou um sorriso educado.

— Na verdade, acredito que sou monitora-chefe apenas para tentar controlar os meus primos mais novos. O senhor conhece os filhos dos meus tios Fred e George.

O homem soltou uma gargalhada alta, abrindo a porta da sala.

— Infelizmente devo dizer que os conheço, Srta. Weasley.

Rose lançou um último olhar para onde Max estava antes de entrar na sala. Provavelmente, foi uma coisa boa ter sido interrompida dessa maneira. O que poderia dizer a ela? “Olá Max, fiquei sabendo que você era melhor amiga dos meus primos antes de se matar. Por que não me contou?”. Rose sentiu todo o seu corpo arrepiar com a força desse pensamento ao passo que pegava os pergaminhos que o professor gentilmente a entregou para serem posicionados nas mesas. Ela suspirou, balançando a cabeça devagar. Não.

A vida e história de Maxine Jones não era um livro que Rose poderia ler e fazer anotações nas notas de rodapé. Não era um mistério que Nancy Drew resolveria e muito menos poderia tirar dúvidas com a protagonista.

Contudo, talvez pudesse tirar com a amiga dela...


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