Serein escrita por Lady Anna


Capítulo 3
III. In a land of gods and monsters, I was an angel


Notas iniciais do capítulo

Oie! Voltei!
Com as festas de fim de ano e o início de 2022, eu me afastei um pouco das fanfics, mas já estou de volta! Esse capítulo aqui é super importante para a história e logo vocês entenderam porque!



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❝In a land of gods and monsters
I was an angel
Living in the garden of evil

Screwed up, scared
Doing anything that I needed
Shining like a fiery beacon❞

♦ 30 de Dezembro de 1969

— Eu sinto muito, Jem. – Andrômeda apertou o braço do amigo, dando-lhe apoio. – Eu realmente queria poder evitar isso aqui.

— Está tudo bem, Andy. Poderia ser pior.

— Pior como? 

— Nossas mães nem nos chamaram para falar sobre o nosso casamento para os convidados. Isso com certeza seria pior. – Ela sorriu. – Vamos só beber alguns drinks, dançar algumas músicas e evitar ao máximo confraternizar.

— Excelente plano.

Andrômeda piscou para o amigo, puxando-o pela mão para o canto do salão. No caminho, Jem pegou duas taças de champanhe, oferecendo uma para ela e tomando a outra em seguida. Apesar da piada que havia feito há alguns segundos, ele parecia um pouco tenso. Seguindo o olhar dele, Andy percebeu que a mãe de Jem, Belvina Burke, andava até eles, com calma e elegância. Querendo tirar o amigo dali, puxou-o pela mão e os dois praticamente correram até a pista de dança.

— O que está fazendo, Andy? – Perguntou. – Essa dança já está na metade!

— Então nós dançamos a outra metade. – Ela se aproximou, abraçando o pescoço dele. – Qualquer coisa para fugir da sua mãe.

Ele riu próximo ao pescoço descoberto de Andy, o que fez os pelinhos de sua nuca se eriçarem. Certamente devido ao sopro de vento na área e não devido à proximidade.

A gravata de Jem era verde-escura, combinando com o vestido de mangas baixas que Andy usava. Por mais que já tivesse o visto mil vezes usando aquelas cores, em um blazer Jem ficava muito mais bonito e sério. Era extremamente atraente.

— Você ficou maravilhoso com esse terno. – Elogiou.

— E você está uma tentação com esse vestido.

Ela riu, sentindo seu corpo esquentar.

— Eu estou falando sério. – Ela espalmou sua mão no ombro dele.

— Eu também.

A sala queimava com os olhares de todos os convidados chiques em cima deles, o que deixava Andrômeda desconfortável. Ela conseguia ouvir todos os sussurros sobre eles serem um casal e como aquela união seria essencial para suas famílias. Não se importava de estar flertando com Jem – eles eram amigos e aquilo era algo normal – entretanto, sentir-se julgada e avaliada por aquelas pessoas a deixava menos a vontade a cada minuto.

— O que você acha de irmos lá fora pegar um ar? – Sugeriu Jem, percebendo o desconforto da amiga.

Andrômeda concordou, ansiosa para estar longe de toda aquela gente. Felizmente, Bella e Rodolfo iriam dançar a valsa naquele momento, o que lhes daria uma oportunidade de fugir. Já no enorme jardim da mansão Lestrange, Jem soltou a gravata e passou a mão pelos fios negros de cabelo. Andy apoiou-se em uma árvore, sentindo o tronco frio atrás de si acalmar seus nervos.

— Você detesta tudo isso tanto quanto eu. Até mais. – Avaliou Jem. – Olha, sei que combinamos de aceitar o casamento arranjado por nossos pais para conseguirmos fugir com o seu dote, mas, Andy, nós podemos ir agora mesmo. Se você não quiser nunca mais ver essa gente, se não quiser ter um casamento lotado de pessoas chatas e costumes arcaicos, nós podemos fugir agora. Nós podemos dar um jeito.

Andrômeda sorriu, seu coração se comprimindo com aquela proposta. Amava Jem por ser altruísta a ponto de largar tudo por eles, por se oferecer para sumir com ela mesmo sem nenhuma segurança que isso daria certo. Entretanto, não podiam fazer isso. Ela era racional demais para acreditar que dois bruxos menores de idade, sem dinheiro e sem aparatação poderiam ir muito longe. Fugir naquele momento apenas tornaria tudo pior. Eles precisavam voltar para Hogwarts e terminar os estudos, casar-se com toda aquela pompa idiota e somente depois deixar suas famílias idiotas.

— Você sabe que não podemos, Jem. – Ela segurou o rosto dele entre as mãos, tentando transmitir uma segurança que não sentia. – Isso somente faria nossos pais nos afastarem e arrumarem outras pessoas para casarem conosco, o que seria muito pior. Conviver com essas pessoas, estando sobre a constante avaliação delas, é horrível, mas ser separada de você seria muito pior.

Jem abraçou a cintura dela, aproximando-os mais.

— Você é a porra da minha galáxia, Andy. Não vou deixar que eles nos separem.

Andrômeda não saberia dizer quem extinguiu o espaço entre seus corpos e iniciou o beijo, mas tudo era tão intenso que, enquanto tinha seu corpo pressionado entre aquela árvore e Jem, ela não conseguia pensar em mais nada. Com a boca de Jem vagando por seu pescoço e voltando para os seus lábios, a única coisa que conseguia pensar era que queria mais daquilo. Mais daquela proximidade e daquele prazer.

Poderia ser apenas uma válvula de escape, ela não sabia, entretanto, enquanto Jem a abraçasse e continuasse a beijando, não importava. Tudo poderia ser resolvido depois, bem depois. 

▪︎♤▪︎

♦ 3 de Janeiro de 1970

Sonserinos eram ambiciosos, eram calculistas, eram inteligentes e, sobretudo, eram ótimos em fingir que nada havia acontecido. Quando voltaram para Hogwarts, Andrômeda sentia um frio na barriga, expectativa com o que aconteceria. Entretanto, Jem não comentou nada sobre o beijo ou sobre tudo que tinham conversado. Era como se ele não ligasse, como se não fosse importante para ele.

Então, Andrômeda decidiu agir da mesma forma. Afinal, eles eram amigos e estavam – provavelmente –  tentando manter a amizade, certo? Ela tentou não pensar muito sobre isso e, com o passar dos dias, as coisas entre eles realmente voltaram ao normal. Ela ainda sentia os fios de sua nuca se eriçarem sempre que ele a abraçava, mas isso era apenas devido às lembranças dos beijos que compartilharam naquela noite. 

Eles funcionavam melhor como amigos, decidiu. Nunca havia se apaixonado antes e duvidava que aquilo que sentia por Jem fosse mesmo paixão. Ela só gostava – demais— dos beijos dele e não se importaria de repetir isso de novo. Porém, quando uma garota lufana pediu para que Andy falasse com Jem para ir em Hogsmeade com ela, a Black não sentiu ciúmes. Isso a confundiu e revirou os sentimentos dentro de si. Ela deveria sentir ciúmes? Ou não? Eles haviam ficado e eram amigos, mas ela queria beijá-lo de novo. O que caralhos estava acontecendo? Quando conversou sobre com Hellen, a grifinória disse que aquilo era apenas atração e que Andy deveria aproveitar, afinal “Jeremy Burke era um pedaço de mal caminho”. 

Todavia, ela não achava que era correto beijar Jem apenas por se sentir atraída por ele, sem saber se o amigo possuía sentimentos por ela. Como perguntar diretamente não era uma opção – fora a sugestão de Hellen, mas Andrômeda não se sentia tão corajosa assim – ela simplesmente falou com ele sobre o convite da lufana e esperou sua reação. Jeremy simplesmente sorriu de lado e disse:

— Eu ia com você, como sempre fizemos. Você não se importa se eu for com ela?

Andrômeda semicerrou os olhos, aquilo não a ajudava em nada a saber como ele se sentia.

— Não sabia que eu tinha que me importar. – Deu de ombros. – Nós sempre vamos juntos a Hogsmeade quando nenhum de nós possui um encontro. 

Jem a encarou por alguns segundos, franzindo o cenho.

— Então eu tenho um encontro?

— Me diga você, Jem. A garota veio falar comigo porque sou sua melhor amiga e eu só estou repassando o recado. – Ela já estava perdendo a paciência com aquela conversa. – Acho que é melhor você ir respondê-la.

— Eu vou. – Respondeu. – Obrigado pelo recado.

Ela sorriu, sarcástica.

— Mande a Agnes quando enviar sua resposta. Não sou sua coruja.

No fim, aquilo não foi realmente uma briga. Eles estavam acostumados com o sarcasmo e com discussões. No dia seguinte, Jem sentou-se ao seu lado no refeitório e disse “bom dia”, como se nada tivesse acontecido. De novo. Aparentemente, ele era realmente bom naquilo de fingir. Andrômeda também teria de ser.

— Bom dia, Jem. – Sorriu, beijando a bochecha dele, como sempre fazia. – Qual nossa primeira aula?

— Poções. 

▪︎♤▪︎

♦ 20 de Janeiro de 1970

Andrômeda gostava de andar pelo castelo à noite. Era um costume estranho, mas o frio na barriga gerado pelo desconhecido a cada nova curva no corredor deixava-a mais calma. Não fazia muito sentido para outras pessoas, entretanto, quanto mais sua mente precisava estar ligada no ambiente à sua volta, menos ela se preocupava com os sentimentos dentro de si.

Para ser sincera, ela não sabia nem mesmo com o que estava confusa. Poderia ser a aproximação de Ted após o feriado de Natal, afinal agora eles poderiam ser considerados quase amigos e ela já havia percebido que isso deixava Jem enciumado. O sonserino não falara nada, porém era impossível não notar a constante nota de frieza em seu rosto sempre que Ted estava presente. Apesar de os dois interagirem normalmente e nunca terem sido nada menos do que perfeitamente educados um com o outro, Andrômeda já havia constatado que o lufano também não se sentia muito à vontade na presença do outro.

Isso tudo a estava deixando intrigado e, por vezes demais, pensando no que aquilo poderia significar. 

Então, andar nos corredores escuros e assombrados de Hogwarts não parecia uma má escolha. Era bom sentir seu coração acelerado a cada barulho desconhecido, sentir seus sentidos ligados e seus passos ressoando baixos pelo caminho. Aquilo a fazia identificar uma sensação de desligamento de si mesma, o que era muito bom… até o momento em que uma varinha encostou-se em sua nuca.

Agora, ela só conseguia pensar no quanto parecia suspeita: estava de roupas pretas e de capuz, tentando ao máximo passar despercebida. Aquela pessoa era provavelmente um monitor que estava fazendo sua ronda e lhe daria uma bela detenção ou, no pior dos casos, algo que ela não queria imaginar. Lentamente tentou pegar sua varinha no bolso, entretanto, o estranho segurou sua mão antes que ela a alcançasse e, com um movimento rápido e fluido, pegou a varinha no bolso de Andrômeda. A Black sentiu o suor frio se acumular em sua nuca e o frio gostoso em sua barriga se transformar em medo. Sua família era confiante demais na própria magia para deixar que qualquer um dos descendentes fizesse aula de defesa pessoal – como outra famílias puro sangue permitiam – e nesse instante, Andrômeda percebeu o quanto aquelas aulas fizeram falta.

— Vire-se devagar e com as mãos para cima. 

Ordenou a voz, a qual Andrômeda reconheceu instantaneamente. Alívio inundou o seu corpo, o que a fez se virar rapidamente – uma péssima ideia. Sentiu seu corpo ser jogado contra a parede e uma varinha pressionar seu pescoço, as costas doloridas do baque e a respiração faltosa.

Que merda você está fazendo, Andrômeda? — Ralhou – Se escondendo pelos corredores, como um larápio. Eu poderia ter te machucado, por Merlin, você está bem? Por que não virou devagar? Eu não sabia que era você, porra!

Sua cabeça girava diante de tantas perguntas, mas conseguiu focar seus olhos na figura alta a sua frente, nos olhos azuis angustiados.

— Me desculpe, eu gosto de andar pelos corredores à noite. Eu estou bem.

— Você tem ideia de como eu me sentiria se tivesse te machucado? Tem certeza que está bem?

— Sim, Ted, não foi nada.

Antes que ele pudesse respondê-la, algo se lançou contra Ted, fazendo-o gritar e bater contra a parede do outro lado do corredor. Andrômeda sentiu vontade de rir ao ver Polaris, o gatinho que Jem lhe dera e que agora a seguia por todo o castelo, atacar corajosamente o garoto. Aquele filhote era leal ao extremo e possuía uma propensão a arranhar qualquer um que a incomodasse. O mais rápido que conseguiu, Andrômeda puxou Polaris das vestes de Ted, percebendo que um arranhão já cobria o pescoço dele e uma fina camada de sangue se formava no local.

— O que foi isso? – Ted perguntou, abismado.

— Esse é Polaris, meu gato. Ele é um pouco protetor. – Deu de ombros. – Provavelmente pensou que você estava me atacando. 

Andrômeda pensou que ele brigaria com o filhote por atacá-lo, mas Ted apenas balançou a cabeça e acariciou os pelos negros da barriga de Polaris, o que fez o gato olhá-lo com menos desconfiança.

— Protegendo a Drômeda? Muito bem, garotão. Com ela achando aceitável andar sozinha à noite pelos corredores de Hogwarts em tempos como esses, você terá muito trabalho.

Aceitando o gracejo, Polaris logo estava se inclinando na direção de Ted, o que a fez sorrir. Percebendo que eles haviam se aproximado um pouco, Andrômeda focou seu olhar no pescoço de Ted.

— Polaris te arranhou todo. – Ela tocou o pescoço de Ted, percebendo como ele ficou arrepiado e engoliu em seco. – Fique parado que eu vou te ajudar.

Com um movimento ágil, apontou a varinha para o pescoço dele, sussurrando “episkey” e observou a pele se curar até restar apenas um fio avermelhado, que desapareceria com o tempo. 

— Pronto. – Disse, tocando o local onde antes existia o arranhado e sorrindo ao perceber que ele se arrepiou de novo.

Ele assentiu, olhando-a atentamente. Ted segurou a mão dela, abaixando-a, mas não a soltando. Em seguida, entregou a varinha de Andrômeda e fez sinal para que ela caminhasse ao seu lado.

— O que estava fazendo por aqui? – Ele questionou.

— Apenas andando. Me ajuda a não pensar. – Um sorriso apareceu no rosto do lufano. – E você? O que estava fazendo aqui?

— Sou monitor da Lufa-Lufa. Estava apenas fazendo a ronda.

— Eu não sabia.

— Existem muitas coisas que você não sabe sobre mim, Drômeda. – Piscou, fazendo-a sorrir com o flerte. – Se quiser pode me acompanhar na ronda.

— Isso não é contra as regras? 

Andrômeda franziu o cenho diante do sorriso travesso que Ted abriu.

Regras existem apenas para serem quebradas, querida. – Ela riu com a justificativa. – Além disso, meu colega de ronda faltou hoje. Estou precisando de boa companhia.

— Me mostra algo legal que você pode fazer na ronda, então.

Ted pensou por alguns segundos, antes de puxá-la pela mão pelo corredor iluminado com o brilho fraco da varinha dele.

— Você já foi à Sala Precisa?

— Ela realmente existe? – Andrômeda arregalou os olhos. – Pensei que fosse apenas uma lenda.

— É quase impossível de se encontrar, mas existe sim. Eu a descobri quando Hellen e Lizzie começaram a namorar e queriam um local para se encontrarem escondidas.

Andrômeda arregalou os olhos, pensando no quão difícil havia sido localizar aquela lugar. Ted pareceu ler seus pensamentos, pois apenas deu de ombros enquanto dizia:

— Não foi tão difícil assim. Eu… pesquisei em alguns livros e… usei algumas rondas para conseguir investigar.

Ele estava um pouco envergonhado, o que Andrômeda achou fascinante.

— Podemos ir lá agora?

— Podemos fazer o que você quiser, Drômeda.

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Notas finais do capítulo

Eu amo esse capítulo porque gera um belo contraste com o foco em tedromeda do capítulo passado. Team Jem ou Team Ted? Já está na hora de começar a escolher hahahha me contem nos comentários!!



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