O Melhor Aluno da Classe escrita por 4everCurds


Capítulo 3
Capítulo 2 - Meu Santo Darth Vader




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Quatro semanas depois

Freddie Benson

Eu faltei às três aulas seguidas da Srta. Puckett, porque eu sentia que não poderia olhá-la depois daquela foto que Jeremy a enviou contra a minha vontade; e eu só não fiquei tão apavorado com as faltas porque a matéria de Artes não era uma das mais essenciais. 

Porém, na quarta semana após o incidente, Jeremy, a quem eu obriguei a trazer para mim uma espécie de relatório falado após cada aula da Srta. Puckett, afinal era o mínimo que ele podia fazer após ter acabado com a minha reputação, que já não era das melhores; ele veio me dizer que estávamos todos intimados a comparecer na próxima aula, pois haveria uma atividade avaliativa. Então eu não tive outra alternativa, a não ser engolir a vergonha e ir dar as caras na aula da Srta. Puckett na sexta-feira.

Jeremy, talvez num desencargo de consciência, e Gibby, que raramente falava coisas que fazem sentido, disseram que a Srta. Puckett provavelmente nem se lembrava da foto mais. Eu queria acreditar neles, mas as minhas paranóias não deixavam. No fundo, eu tinha a estranha convicção de que, assim que ela batesse os olhos em mim, ela logo se lembraria da pitoresca imagem de mim de cueca segurando um sabre de luz. E o pior é que eu nem me lembro de qual foi a ocasião que tirei essa maldita foto.

Mas, de todas as maneiras, mesmo me sentindo uma aberração ambulante, eu fui à aula de Artes. A passos curtos, mas fui. Chegando lá, abri a porta da sala com receio e senti um tremelique no corpo quando vi que, como sempre, eu havia sido o primeiro a chegar.

—Bom… Bom dia…  - murmurei e caminhei até a minha mesa o mais rápido que pude, sempre mantendo a cabeça baixa para ela não perceber que era meu.

Mas eu reconheço que é muita ingenuidade da minha parte. Era óbvio que ela sabia que era eu.

De repente, a voz dela soou na sala, me fazendo levantar a cabeça:

—Você é o Eddie, não é?

—Freddie - corrigi com a garganta seca.

—Freddie. Isso! Você melhorou?

Ergui as sobrancelhas confuso, mas nem tanto. Àquela altura já passava pela minha cabeça as prováveis mentiras que Jeremy deveria ter contado. 

—Me-Melhorei do quê? - Tentei não gaguejar, mas não deu certo.

—Hã… Sei lá. O seu amigo disse que você teve um problema de hemorróida.

Fervilhei e quis meter minha cabeça no chão. Dava para ver no rosto da Srta. Puckett que ela queria rir. Maldito, Jeremy! Eu o mataria.

—É mentira dele! - Exclamei sem autocontrole.

—Eu imaginei - ela murmurou com um semblante engraçado e mordeu os lábios.

Okay, eu confesso, parte da minha raiva evaporou no momento em que vi a Srta. Puckett mordendo os lábios. O que era aquilo? Uma visão do céu certamente.

—Então, por que faltou em três aulas minhas?

Droga! Maldita pergunta. Era melhor ter confirmado a mentira de Jeremy. Apesar de que hemorroida é sacanagem. Mas mais sacanagem ainda é saber que eu já tive problema de hemorroida. Tenho que estar sempre vigiando minha mãe para ela não falar sobre isso em público. 

—Eu… - Hesitei tentando pensar numa boa mentira, mas eu sou um péssimo mentiroso.

—Eu sei que Artes não é uma matéria com grande peso e que você é ótimo nas outras matérias, mas… Assim você me ofende - a Srta. Puckett disse de repente interrompendo meus pensamentos.

Sim, é verdade que eu não estou tão preocupado com a matéria dela. E também é verdade que eu tiro A+ em todas as demais disciplinas. Mas em momento algum eu quis ofendê-la.

—Me desculpe, Srta. Puckett! - Apressei-me em dizer. - Eu fiz muito mal em matar suas aulas. Não vai acontecer outra vez.

Ela me fitou por mais alguns segundos após eu finalizar minhas palavras e, por fim, riu dizendo:

—Vou perdoar dessa vez apenas porque você é fofo.

Meu Santo Darth Vader! Quando a Srta. Puckett disse aquilo, eu queimei da cabeça aos pés e meu coração bateu tão rápido que eu senti ele nas minhas bochechas. Eu queria gritar para o mundo inteiro ouvir que a professora mais linda da escola me achava fofo. 

Querem saber? Que se dane essas garotas da minha idade. Elas não estão com nada. Tudo que elas querem é me humilhar. Então, já que é assim, partirei para outra. Meu negócio agora é mulheres mais velhas.

Ponto de Vista Geral

Na mesa do jantar, Freddie tomou coragem e, depois de muito cutucar um pobre brócolis com o garfo, perguntou a Marissa, sua mãe, que estava sentada outra ponta da mesa:

—Mãe, a senhora pode me dar 70 dólares?

Marissa deteve o garfo a caminho da boca imediatamente e olhou para o filho, espantada com a quantia que ele pedia:

—Para que você quer tanto dinheiro, Freddinho?

—É que… - O moreno coçou os cabelos, hesitante - Jeremy, Gibby e eu combinamos de ir ao cinema amanhã e eu me ofereci para pagar as entradas e as pipocas.

Marissa analisou a situação por alguns instantes, enquanto Freddie se segurava na cadeira. Ele sabia que sua mãe não era nem um pouco boba. Um descuido e ela poderia descobrir tudo.

—Qual filme vocês irão ver? 

Freddie engoliu seco diante da pergunta.

—Nós ainda não sabemos - respondeu ele com a voz até mais fina.

—Vão ao cinema e nem sabe que filme irão ver?

—É que nós não pensamos nisso ainda, mãe. Nós combinamos de que, quando chegar lá, nós iremos decidir.

Não muito convencida, Marissa ergueu as sobrancelhas. Mas, mesmo um pouco desconfiada, ela se levantou e foi buscar a quantia que Freddie havia pedido. 

—Quero você em casa antes das nove - Marissa avisou ao entregar o dinheiro.

Aliviado e feliz, Freddie assentiu e saiu apressadamente para o seu quarto. Agora, só precisava ganhar um “sim” de Sam.

***

Paul passou uma mecha do cabelo loiro de Sam para trás de sua orelha e tentou beijá-la, mas ela foi mais rápida e se levantou da cama, dizendo:

—Tempo é tempo, Paul.

—Eu não entendo porque você quer dar um tempo para nós dois.

—É justamente esse o motivo. Não tem nós dois, Paul. 

—Claro que tem.

—Não, não tem. Eu te disse que não quero nada sério e você concordou, mas agora você só tá faltando colocar um anel no meu dedo. Eu não quero isso, Paul.

O homem, que também era loiro e atraente, se levantou da cama e caminhou sereno até Sam, que evitava contato visual.

—Essas coisas acontecem, Puckett. As pessoas se apaixonam e eu me apaixonei por você.

Outra vez, Paul passou uma mecha para trás da orelha da loira, mas, assim como antes, ela desviou dos toques do amigo/ficante.

—Não me leve a mal, Paul. Eu gosto de você, você é um cara incrível, eu passei bons momentos com você, mas… Não é como se eu fosse querer me casar com você. 

—A gente foi feito um para o outro, você sabe disso.

—Paul, na boa… Eu não quero iludir você. Por isso, desde o início, eu te falei para manter o coração fora dessa. Eu não quero te machucar, embora eu já sinta que estou machucando… 

—Você nunca vai deixar de amar ele, né? - Paul perguntou interrompendo a loira.

Sam olhou na direção do criado-mudo e observou o porta-retratos onde havia uma foto sua junto a Steve, seu falecido noivo.

—Eu vou seguir em frente quando for o momento, Paul, mas não acho que seja agora - Sam disse por fim.

Então, meio decepcionado, mas compreensivo, Paul concordou e beijou a bochecha da loira, dando-a um longo abraço antes de dizer:

—Tudo bem, Sammy. Mas eu vou continuar te amando mesmo assim.

Paul beijou a bochecha da loira mais uma vez e depois foi embora.

Sam, quando se viu a sós no quarto, sentou-se sobre a cama e apanhou o porta-retratos. Observou-o por alguns instantes, até que abriu a gaveta do criado-mudo e o guardou lá dentro. Apesar de fazer 4 anos desde o acidente de moto que ceifou a vida de Steve, a loira ainda se sentia vulnerável diante daquela foto.

Então, assim que guardou o porta-retratos, ouviu seu celular apitar. Apanhou-o e leu rapidamente a mensagem que dizia:

“Oi, Srta. Puckett. Tudo bem?”

Sam riu diante daquilo. O garoto não desiste mesmo - pensou. Então, mesmo achando que não devia, respondeu:

“Eu tô bem.”

Hesitou, mas depois acrescentou:

“E você?”

Não passou nem 5 segundos e o moreno entrou online e respondeu:

“Eu estou bem também. Que bom que você está bem.”

Sam riu sem acreditar naquela conversa e até chegou a bloquear o celular, pensando em ir tomar um banho, mas o som da notificação soou antes que ela pudesse tomar qualquer decisão.

“Você tem planos para amanhã?”

A loira quase soltou um grito diante da pergunta. Não podia ser. Ele era mesmo corajoso… E obstinado.

“Depende” — ela respondeu sem querer dar chances.

“Se não tiver…”

Uma pausa nas mensagens. Demorou quase 1 minuto, mas, entre o status  de “digitando” e “online”, as palavras do moreno finalmente vieram:

“Quer sair comigo?”

Sam não sabia, mas, ao enviar aquela mensagem, Freddie deixou o celular em cima do criado-mudo e deitou na cama, embrulhando dos pés até a cabeça, enquanto encarava o telefone. Na sua mente, apenas como mecanismo de defesa, ele se convenceu de que ganharia um “não”. Assim, quando a realidade batesse à porta, ele não se assustaria demasiado.

Mas não foi bem um “não” que chegou até ele.

“Você não é muito novo para ficar atrás de mim, não?” 

Sam escreveu e na frente da mensagem, apenas para sinalizar que não estava sendo grossa, colocou um emoji que sorria de lado.

“Talvez” — Freddie respondeu em questão de milésimos.

“E como a gente resolve isso?”

“Você sai comigo e, se der certo… Deu. Se não der…”

A loira riu sozinha no quarto. É, ela tinha que reconhecer: ele era corajoso mesmo.

“Sua mãe é brava?” — Sam perguntou, brincalhona.

“Um pouco.”

“Olha só… Isso não é um ‘sim’, tá? Mas… Onde você me levaria?”

Ela queria ver até onde Freddie iria, mas talvez fosse arriscado demais chegar assim tão perto do fogo.

“Onde você quiser.”

De todas as respostas, aquela não era a que ela esperava. Ela esperava bem menos, mas aquelas palavras do moreno a fizeram erguer as sobrancelhas. 

“Onde eu quero, você não pode nem me levar, porque você não entra” - Sam respondeu e colocou um emoji malicioso na frente.

“Então… Onde você quiser, contando que eu possa entrar.”

A loira riu sozinha outra vez.

“Vamos fazer assim, você me paga um sorvete amanhã no shopping e, depois, tudo volta a ser como antes.”

“Tá perfeito para mim.”

“Ótimo. Então, te vejo amanhã na praça de alimentação às quatro da tarde”.

“Beleza. Boa noite, Srta. Puckett.”

Sam não respondeu, mas, se bem que depois de toda aquela conversa, dizer um “boa noite” para o garoto seria o menor dos problemas.

Onde ela estava com a cabeça? Carly falaria à beça se soubesse do encontrinho da loira no dia seguinte, mas Sam não pretendia estender aquilo por mais de 1 hora. 

Bem, pelo menos, esse era o seu plano. Mas existem coisas que não somos nós que planejamos.


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