O Melhor Aluno da Classe escrita por 4everCurds


Capítulo 2
Capítulo 1 - Louca, Mas Nem Tanto




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 Uma semana depois

Debaixo do chuveiro, com a água caindo suavemente sobre suas costas, Sam e Paul chegaram ao ápice. A loira, mesmo com todo o prazer, não esperou muito e logo se afastou do sujeito alto, que ainda recuperava suas forças.

—Onde você vai? - Paul perguntou com a voz rouca.

—Trabalhar - Sam respondeu e caminhou até o quarto, nua, enquanto enxugava os cabelos.

Então, Paul desligou o chuveiro e apanhou outra toalha, amarrando-a na cintura; em seguida, seguiu a loira até alcançá-la no quarto, onde a viu se vestindo.

—Quando é que a gente vai conversar? - o homem, que também tinha cabelos loiros, perguntou cruzando os braços.

—A gente não tem nada para conversar, Paul - Sam respondeu, agora penteando os cabelos.

—É o que você acha? Porque eu tô cansado de não saber o que se passa dentro de você.

Um silêncio se seguiu às palavras de Paul e ele, sem saber o que mais dizer, observou Sam por longos minutos, até que ela, já pronta, apanhou sua mochila e disse com a mão na maçaneta do quarto, prestes a sair:

—Vamos dar um tempo.

Em seguida, a loira saiu do quarto de hotel, deixando para trás o amigo, mais bem ficante, confuso e com uma ponta de chateação. 

Sam nunca demonstrava o que sentia.

Freddie Benson

No corredor, em frente aos nossos armários, eu contava sobre a Srta. Puckett para Gibby e Jeremy. Tínhamos aula dela apenas uma vez por semana, mas a víamos quase todos os dias. Pelo menos, eu a via por aí, ora ou outra. Claro que aquela não era a primeira vez que eu falava dela para os meus amigos. Na verdade, eu confesso que tenho falado demais dela nos últimos dias.

—Tô achando que tem alguém apaixonado! - Jeremy cantarolou de repente, me interrompendo.

—Vocês não viram como ela é gata? - questionei.

Claro que nós três falávamos de garotas de vez em quando. Mas também é verdade que nós três nunca nem beijamos uma. Inclusive, andamos sempre tão pessimistas quanto a isso, que já estamos cogitando a ideia de comprar uma casa, quando formos para a faculdade, e morarmos juntos. Pois tudo indica que terminaremos como quarentões virgens.

—Justamente por ela ser gata e mais velha que você tem zero chance - Gibby falou.

Era ruim ter que concordar com ele.  Se eu não tinha sorte nem com as garotas feias da minha idade, quem dirá com uma bonita e, ainda por cima, mais velha.

Mas, nem por isso, eu pararia de falar sobre ela. Afinal, se não tenho chance com ela, ao menos fantasiar eu poderia.

—Já repararam que ela tem uma tatuagem pequena atrás da orelha direita? - perguntei para os meus amigos e eles reviraram os olhos. - O que foi?

—Vamos mudar de assunto - Jeremy sugeriu.

Então, tirei meus livros do armário e o tranquei em seguida, dizendo num tom de chateação:

—Vocês nunca ouvem quando eu tenho algo a dizer - falei e segui para a aula da Srta.Puckett.

Claro que eu sou grato por ter Gibby e Jeremy como amigos, mas, às vezes, eu sinto como se eles me atrasassem. Não com relação ao colégio, mas com relação à vida. Quero dizer, em grande parte do tempo, eles só querem saber de videogames. Tudo bem. Eu também sou aficionado por jogos, mas também quero… Sei lá, beijar uma garota. Mas eles parecem quase não pensar nisso. E aí, eu acabo ficando refém dos seus assuntos.

***

Mais uma vez, eu cheguei na sala e a Srta. Puckett estava escrevendo algo. Porém, dessa vez, não hesitei tanto e logo a saudei com um “bom dia”, que saiu mais firme do que eu esperava; e ela, para a minha surpresa, logo ergueu a cabeça e disse, ignorando minha saudação:

—Ah, já que você está aí… Vai colando essas figuras no quadro para mim.

Eu, imediatamente, aceitei. 

Deixei minha mochila sobre a minha tradicional carteira no canto e na frente e fui até sua mesa, onde comecei a cortar alguns pedaços de durex e colar no papel para, em seguida, pregar no quadro.

Era uma tarefa entediante, é verdade, mas, pelo menos, eu tive a chance de puxar uma conversa, por mais nervoso que eu me sentisse em fazê-lo:

—Foi você que fez esses desenhos? - perguntei quando percebi que todas as releituras de pinturas famosas haviam sido feitas à mão.

—Sim - ela respondeu.

—Uau! Ficaram muito bons! - elogiei.

—Valeu - a Srta. Puckett murmurou em resposta.

Novamente, eu preciso dizer: até conhecer a Srta.Puckett, eu nunca dei muita importância para  a matéria de Artes. Mas agora eu confesso que finjo sempre estar super empolgado, apenas para impressioná-la. Porém, ela parecia ser difícil de impressionar.

Então terminei de colar os papéis e fui me sentar, de frente para ela como sempre.

Eu já tentei ficar com algumas meninas, mas todas disseram “não”. Uma delas, querendo não ser tão mal, me deu um toque, dizendo que eu devia “trabalhar” o meu nervosismo, porque, segundo ela, eu não era feio, só não tinha charme. Eu ainda desconfio que ela quis me fazer de idiota dizendo todas essas coisas, mas, de todas as maneiras, talvez ela tivesse um pouco de razão quanto ao meu nervosismo.

Então eu fiquei longos minutos observando a Srta.Puckett sem que ela se desse conta. Às vezes, ela parava de escrever e passava uma mecha de cabelo para trás da orelha; ou, senão, ela levava a caneta até a boca e mordia a tampa.

Tudo bem. Eu confesso que, depois de tanto observá-la, eu já estava fantasiando aqueles vídeos indecentes que, vez ou outra, eu via na internet. Quero dizer, não é que eu seja um pervertido viciado em porno, mas a verdade é que, de vez em quando, eu vou parar nesses sites. E sendo a Srta. Puckett a minha nova professora, loira, sexy e, modéstia à parte, bem gostosa, era quase impossível não começar a imaginá-la em trajes menores, se insinuando sensualmente para mim.

Mas, de repente, eu precisei sacudir minha cabeça e espantar os pensamentos, quando o pessoal, incluindo meus amigos, chegaram na sala, fazendo o maior barulho.

De fato, é uma verdadeira dádiva os nossos pensamentos serem um segredo nosso. Imagina se todos soubessem o que eu estava pensando agora a pouco da nova professora? Todos me iriam achar um pervertido ou, na melhor das hipóteses, riram à beça de mim.

***

Meus amigos e eu estávamos sentados no estacionamento da Ridgeway esperando por minha mãe. Éramos vizinhos e, como o ônibus passava longe de nossas casas, sempre íamos embora com minha mãe, exceto quando ela estava trabalhando; aí teríamos que pegar o 68, pois nem a pau entraríamos no ônibus da escola. 

—Você vai entrar em call hoje para jogar, Freddie? - Jeremy me perguntou.

—Sim, - respondi - mas só depois das oito horas, porque aí minha mãe já vai ter ido para o plantão.

—Então, podemos colar lá na sua casa - Gibby sugeriu.

Dei de ombros e concordei. Não era uma má ideia. Mas, então, vi a Srta. Puckett vindo mexendo no celular e meus amigos, que perceberam minha distração, me cutucaram, zoando com a minha cara. E, como se não bastasse, assim que ela nos alcançou e ia passando por nós, Jeremy, que nem era tão atentado, mas, de vez em quando, me colocava em situações delicadas, disse na maior altura:

—Srta. Puckett! O Freddie quer saber se ele pode ser o seu namora…

Eu não deixei Jeremy completar, pois voei nele e tampei sua boca, enquanto Gibby morria de rir.

A Srta. Puckett não riu, mas também não pareceu ter outra reação. Tudo que ela fez foi continuar andando. Então, quando ela já estava numa distância segura, dei um soco não muito forte no braço de Jeremy e falei, com um misto de raiva e vontade de rir:

—Filho da mãe! Você é doido?

—Ué! Você fala tanto dela que eu pensei em dar uma ajudinha - meu amigo respondeu cinicamente.

Claro que eu fiquei com vergonha e até com uma ponta de raiva, mas não dava para negar que havia sido engraçado. Então soltei Jeremy e olhou na direção para onde a Srta. Puckett havia ido, e tudo que vi foi ela acelerando uma Harley preta e saindo em alta velocidade do estacionamento.

Puts! Ela era tão linda, mas tão inalcançável.

***

—Vocês acham que ficaria muito na cara se eu mandasse um convite de amizade para a Srta. Puckett no Facebook? - perguntei aos meus amigos que estavam jogados sobre a minha cama, jogando videogame, enquanto eu estava sentado na minha cadeira gamer, perto da mesa do PC.

Jeremy me olhou assim que me ouviu falar e, quando eu menos esperei, ele saltou da cama e veio tomar o celular da minha mão.

—O que você vai fazer? - perguntei me levantando e o segui pelo quarto.

—Vou te mostrar como se conquista uma mulher - ele disse e eu quis rir a princípio.

O que Jeremy sabia sobre aquele assunto? 

Mas quando vi, de relance, ele entrar na minha galeria de fotos e selecionar uma foto minha um tanto quanto vergonhosa, tentei agarrá-lo antes que ele compartilhasse aquela imagem humilhante com a Srta. Puckett pelo Messenger. Porém, como se tivesse sido combinado, Gibby me segurou enquanto Jeremy jogava a minha dignidade morro à baixo.

—Pronto! - Jeremy exclamou e jogou meu celular sobre a cama, sorrindo vitorioso logo em seguida.

—Cara… Você… 

Eu fiquei sem palavras.

—Não acredito que… - eu continuava tentando dizer alguma coisa.

—Fica tranquilo, cara! Agora ela não vai resistir.

Jeremy bateu no meu peito e se jogou na cama, apanhando o controle do PS4.

Eu queria matá-lo, mas eu estava tão sem reação e com tanta vergonha, só de imaginar a Srta. Puckett vendo minha foto de cueca segurando um sabre de luz, que eu mal podia movimentar as pernas. 

Mas o pior ainda estava por vir. Quando, finalmente, apanhei meu celular de volta, na vã esperança de apagar a foto, só pude exclamar essas duas palavras:

—Ela viu!

E, então, senti toda a minha auto-estima rolando ladeira à baixo.

Ponto de Vista Geral 

Carly olhou para a amiga e a viu rindo, enquanto tomava um pouco de vinho numa taça de cristal. Então, também sorriu, mesmo não sabendo o motivo, e perguntou com o olhar voltado para o artigo que digitava no MacBook:

—Do que tá rindo, Puckett?

—Nada demais - a loira respondeu entre um riso e outro. Em seguida, rodeou a bancada, onde, antes tinha os cotovelos escorados, e foi até a morena, mostrando-lhe a tela do celular.

Carly, que a princípio não havia entendido nada, olhou foto por alguns segundos e logo riu alto, perguntando:

—Que isso?

—Sei lá! Recebi no Messenger.

—Mas quem é?

—Bom, - Sam deu mais uma golada no vinho antes de prosseguir - se não me engano, é um dos garotos pra quem eu dou aula, mas como foi enviado pelo perfil dele, suponho que tenha sido sacanagem de algum amigo.

Carly riu mais uma vez e reparou que a loira ainda olhava para a foto. Então, não evitou a piada:

—Você parece interessada.

—Interessada?! - Sam soou como se fosse a coisa mais absurda do mundo. - Sai fora, Shay! Eu não sou babá.

—Não, né? - A morena riu, maliciosa. - Então por que tá aí encarando a foto até agora?

Sem uma resposta pronta para aquela pergunta, a loira bloqueou a tela do celular e encarou a amiga, que acabou provocando-lhe um riso quase inevitável.

—Que foi? - Sam perguntou entre uma risada e outra.

—Loira! Loira! Juízo, hein! - Carly exclamou com um meio sorriso.

—Eu sei que sou louca, Shay, mas não ao ponto de pegar um menino de… O quê? 17 anos? - A loira balançou os braços, como se rejeitasse a ideia.

—Aham, sei! - Carly exclamou, incrédula, e assistiu com um meio sorriso a amiga voltar para o sofá onde antes estava sentada.

De fato, juízo não era uma palavra muito corrente no vocabulário da loira.


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