NO GOD: But vampires yés escrita por Diego Farias


Capítulo 6
Capítulo 6: Repudiado


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo curtinho.
Vamos ver o que aconteceu com Daynian depois do ataque?



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“...E sou eu o guardador do meu irmão?” - Gênesis 4:9B

   A srta Mary havia acabado de ceder o seu depoimento sobre o ocorrido na primeira aula de laboratório do ano. Eu podia ouví-la relatando o que sabia aos inspetores e ao diretor Portman dentro da enfermaria.

  Eu sabia que a história dela teria lacunas, pois tudo aconteceu assim que ela saiu do laboratório. Para piorar a minha situação, o garoto que queria me matar/que me salvou permanecia desacordado no leito ao meu lado, mas mesmo que estivesse consciente, eu duvido que ele toparia montar uma história comigo para que ambos não fossemos culpados pela morte do veterano lá.

  E falando no desafortunado, ele estava do outro lado da enfermaria, sobre uma maca, coberto por um lençol branco, todo manchado com seu sangue ou o que restou dele.

 

  ― Noite Sinistra, Sr Dilan! ― a voz anasalada do Senhor Portman me fez quicar no meu leito de susto. ― Creio que o senhor está em melhores condições do que o senhor Solomon para nos contar o que houve.

  ― Por que o vampiro conseguiu despertar? ― eu precisava ganhar tempo para pensar numa estratégia. Não adiantava empurrar a culpa toda para o meu stalker, pois ele não permaneceria desacordado para todo o sempre. ― Ele não deveria... virar pó?

  ― Infelizmente, só temos tecnologia UV nos corredores, nos túneis e nos arredores da escola. Como as salas não possuem janelas, logo, o único acesso é pelos corredores, então, não julgamos necessário colocar esse tipo de tecnologia nos espaços educacionais.

  ― Que pena para o Scrith, né?

   Meu pai sempre disse que era uma espécie de dom, essa minha rebeldia em momentos de crise. Ele sempre disse que era um ótimo jeito de mascarar a minha insegurança e desespero.

  Já o Sr Portman ficou tão aflito e nervoso que afrouxou a sua gravata a procura de ar. Muito provável, para respirar fundo e não dar na cara de um dos seus alunos, como assim sugeria a sua veia têmpora que saltava em seu rosto.

   ― Seu depoimento é de suma importância para entendermos onde erramos e evitarmos que mais vítimas...

  ― Mas infelizmente não podemos mudar o passado. Imagino como os familiares desse pobre jovem vão...

  ― Sr Dilan! ― ele me cortou num tom grave e de aviso. ― Eu sou o diretor desta escola e assumirei tudo que acontecer nela. Você é o aluno e precisa me contar o que houve!

   Eu respirei fundo, ainda mais, quando vi que todos os inspetores miravam olhares suspeitos a nós. Eu dei uma última olhada no Petter e ele parecia tão vivo, quanto o pobre Scrith.

   ― Por que está hesitando tanto, Sr Dilan? Por acaso foi o responsável pelo incidente?

  ― Não! ― exclamei. ― É que... que... é muito ruim falar dos mortos.

   Sr Portman ergueu uma sobrancelha, encarou o corpo inerte de Scrith e começou a analisar a minha expressão facial, tentando captar qualquer sinal de mentira no meu rosto.

   ― Assim que a Srta Simpson saiu do laboratório, ele propôs para a turma que tirassem selfies com o neófito. Eu fiquei de longe e não vi ao certo, como alguém se feriu e o sangue gotejou sobre aquele cara.

  ― Entendo... Mas quando viu a situação, porque ficou na sala e não fugiu para um lugar seguro?

  ― Congelei! ― ele lançou mais um olhar cético na minha direção e tentei me manter o mais neutro possível. ― Por mais que vivamos nesse mundo esquecido por Deus, eu nunca tinha visto uma pessoa morrendo bem na minha frente. Acho que demorei pra reagir um pouco... Senão fosse pelo Sr Solomon, eu estaria numa maca ao lado do Scrith.

   O Sr Portman sacou um Ipad e começou a tomar algumas notas do meu relato. Ele abriu um sorriso falso, suspirou, falsamente, encarando uma última vez o defunto.

   ― Detenção! ― eu arregalhei os olhos. ― Amanhã, depois da aula.

  ― Mas... O.. que...

  ― Noite sinistra, Sr Dilan... ― eu saltei do leito e ia atrás dele, quando ele se virou abruptamente com seu dedo indicador erguido e rente ao meu nariz. ― E espero que não pense que seu status misterioso de repudiado lhe dará qualquer fama em nossa escola! Se o próprio Criador não se importou com sua mera existência, não seremos nós que acolheremos qualquer atitude violenta e indisciplinada.

   Eu pisquei como quem leva uma cabeçada bem na boca do estômago. Não acredito que esse filho de uma evangélica teve a coragem de sugerir que esteja me vangloriando do meu “belo status”de rejeitado pelo grande Pai dos céus.

  O almofadinhas saiu com seus funcionários e sequer fechou a porta. Encontrei o olhar da srta Simpson à minha direita e ela transbordava pena por mim. Cerrei os punhos e marchei em direção a porta, à principio, sem saber que o Sr Solomon havia recobrado a consciência e me encarava seriamente a caminho da porta.

   ― Eu vou é ir embora da merda desse lugar! ― e caminhando pelos corredores em direção à minha casa, eu desejei que essa merda de primeiro dia, estivesse melhor para Sany e Eddy.

   Que inocência a minha.


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Notas finais do capítulo

Esse primeiro dia ainda tem muito o que falar!
Aguardem ^^