NO GOD: But vampires yés escrita por Diego Farias


Capítulo 10
Capítulo 10: As Quatro Irmãs




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 “O amigo ama em todos os momentos; é um irmão na adversidade”. Provérbios 17:17

 

  A iluminação estava bem baixa. Não era possível ver muito mais que um palmo do próprio nariz, mas aquela meia dúzia de bruxos miravam o altar improvisado sobre uma mesa de mógno, enquanto seguravam seus castiçais, portando uma vela branca de quarenta centímetros que queimava uma chama esverdeada.

  Uma bruxa lia as palavras ancestrais descritas num grimório negro de lacre vermelho, enquanto uma bruxa entoava um canto gregoriano que mais parecia um canto fantasmagórico.

 

  ― Que a deusa abençoe aos remasnecentes de Shadowville! ― anunciou Dinger Mcphee, dando um sinal com a cabeça para uma outra bruxa. ― Vamos entoar todos juntos o canto a grande Mãe!

 

  Um verdadeiro coral de vozes se ergueu, fazendo a torre abandonada vibrar. A bruxa que cantou sozinha, se dirigiu a um cesto de palha e pegou algo lá dentro que sibilava. Os presentes abriram caminho para a feiiceira desfilar com uma víbora negra nas mãos.

  A serpente deslizava pelo braço e chegou a acariciar o rosto da jovem com a sua língua bifurcada, até que a mesma a segurou com força, imobilizando a sua cabeça, no momento certo. Um segundo a mais e um bote peçonhento lhe feriria a face.

  A bruxa deitou a serpente sobre o altar, esticou o seu corpo escamoso e frio, retirou a sua adaga fina e pontíaguda e a fincou na cabeça da serpente. O sangue escorreu pelo altar e a bruxa tratou de decaptar a víbora com um sorriso ensandecido no rosto. Ela gotejou o sangue da víbora sobre um vaso de barro e um pequeno estouro se deu. Um cheio de ervas misturado à sangue subiu e parecia enebriar os presentes ao entrar por suas narinas.

 

  ― A víbora é considerado pelos tolos como um símbolo de perigo, graças a mitologia judaico-cristã, porém, foi a víbora que libertou a grande Mãe. Foi a víbora que mostrou a saída da prisão pintada de jardim, foi a víbora que contou a verdade sobre o amor. Por isso, o sangue de toda víbora é um deleite para a nossa mãe.

  ― Pena que temos uma víbora peçonhenta tentando roubar o que é nosso por direito!

 

  Dinger revirou os olhos e se virou para encarar a nova encapuzada que chegava ao culto da Torre Abandonada. Nataly ainda levava a carranca furiosa, pensando no que Sany revelara. Ela se aproximou do altar e fez o sinal da cruz invertida, dando luz ao seu amor a Grande mãe, mas mirando Dinger com autoridade e seriedade no segundo seguinte.

 

  ― Fique tranquila! Portman não sabe de nada! ― ela cruzou os braços e desviou o olhar. ―Ele acha que eu tenho inveja do penteado da Meyers.

  ― Que é invejosa, todos sabem!

  ― Esse punhal na sua mão não te protegerá se me tirar a paciência, sua bruxa maldita! ― a jovem que levou a víbora, riu. ― Vocês não podem estar de acordo com tamanho absurdo.

 

  Dinger pegou a mão da Nataly grosseiramente e sem aviso, furou seu dedo com uma tacha, arrancando um grito fino da bruxa, e gotejou o seu sangue sobre o vaso. A bruxa loira praguejou na língua antiga, colocou o dedo ferido na boca para sorver o sangue que escorria e observou as duas irmãs fazendo o mesmo sobre o vaso.

 

  ― O sangue das três irmãs revelará a veracidade da visão de Sany Meyers! ― disse Dinger abrindo os braços e convidando as duas bruxas para formarem um círculo ao redor do vaso. ― Que as quatro torres que edificaram Shadowville se reunam novamente. Os quatro portões de Avalon. Os quatro pontos cardeais. Os quatro elementos. As quatro faces da deusa.

 

  Todos os presentes caíram no chão, sentindo o ar incrivelmente pesado. As três bruxas penderam suas cabeças para trás, abriram a boca, mas não saía qualquer som. Seus cabelos descoloriam até tornarem se brancos, assim como os seus olhos.

  Até que finalmente suas consciências transcederam. As três irmãs invadiram o tempo e o espaço e alcançaram a visão dos alunos de Introdução a Wicca. Elas podiam sentir o vento, o cheiro da natureza, o prazer que corria pelas veias dos iniciados e a presença Dele.

  O trio chorava emocionado por ouvir a voz, assistir sua imponência e principalmente a sua bondade com aquela jovem que estava longe de merecer a honra que lhe foi dada.

 

  ― AH! ― exclamaram em uníssono quando a visão acabou.

  ― Está satisfeita, Nataly? ― perguntou Dinger. ― Não importa o que você acha! Sany Meyers é o último portão e precisamos ter certeza de que os amigos dela não são uma ameaça a ascenção da noiva.

  ― O melhor amigo dela, aparentemente, tem problemas de mais para lidar. Não acho que ele seja um impecílho.

  ― Nunca se sabe, Vina. Continue de olho nele. ― Vina Waleska assentiu. ― O sacerdote não parece ter uma boa relação com ela e ele não tem nenhum dom especial. Cursamos uma aula juntos e ele é completamente inofensivo.

 

  Nataly revirou os olhos ao ver que suas irmãs direcionavam um olhar de aviso para ela. Ela bufou, balançando a sua franja e xingou na nossa língua mesmo.

 

  ― Não se preocupem. O Sr Portman me encaminhou para um mês de detenção. Estarei ocupada demais para matar a irmãzinha de vocês.

  ― Ótimo! ― Dinger estendeu as mãos e as irmãs deram as mãos novamente. ― Começou a contagem! O Gamo Rei está esperando por ela! É nossa missão prepará-la para o seu casamento.

  ― O bom que terei tempo para emagrecer e entrar no meu vestido!

 

  As bruxas riram da piada da bruxa invejosa e sem que Dinger mandasse, elas sacaram seus punhais e foram degolar iniciante à iniciante, coletar o sangue deles com seus vasos de barro e ofereceram a um ser que estava escondido atrás do altar.

  Quando Vina puxou o pano que o cobria, ele baliu, assustado. Dinger acariciou os seus chifres, mas ele mordeu a sua mão. Ela pediu desculpas e apenas pôs o jantar para aquele bode temperamental com par de olhos vermelho-sangue.


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