Perjúrio escrita por Vanilla Sky


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, gente! Peço desculpas por não ter atualizado essa fic ontem, mas infelizmente não deu tempo. Mas eu não podia deixar de trazer um pouco mais de Matt Murdock e Jen Walters tão perto de NWH. Vocês vão ver? Eu não vou ver agooora, mas quem sabe nas próximas semanas? :D só para lembrar que vocês podem sim comentar spoilers nos comentários a partir de quinta, porque meus amigos e meu namorado vão ver e me contar. Mas se algum leitor novo chegar por aqui, não olhem os comentários! E essa parte, bem como a fic, são spoiler free de NWH.

Um agradecimento especial para a Rox, uma leitora querida que sempre me apoia muito! ♥

Enfim, boa leitura!



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— Presumo que procuram por mim?

A voz de Visão era completamente diferente do que eu imaginava. Acostumada com robôs em ficção científica, mesmo sabendo da forma praticamente humana de Visão, não esperava que conversasse conosco sem o tom eletrônico tradicional, possuindo até mesmo um sotaque o qual vagamente lembrava o britânico. Devagar, viro em sua direção, e me deparo com um robô totalmente branco, salvo alguns detalhes em dourado nas roupas e límpidos olhos azuis os quais tinham o mesmo tom de um triângulo em sua testa.

Visão nunca fora a figura mais pública dos Vingadores. Não como Tony Stark, nem como Bruce, cujos experimentos científicos rendiam entrevistas ocasionais; mas eu tinha a mais absoluta certeza que ele não era assim. Meu primo não tivera muito contato com Visão, apesar de ter participado ativamente de sua criação, devido aos anos passados no espaço sideral quando os Tratados de Sokovia entraram em vigor e, ao retornar, o ataque de Thanos era iminente, fato que tornou seu contato escasso.

Balbucio algumas palavras, e Matt, percebendo minha hesitação, se apresenta:

— Meu nome é Matthew Murdock. Eu e a doutora Walters somos advogados.

— Jennifer Walters. Muito prazer. – Estico a mão para Visão, que a encara por alguns segundos antes de apertá-la. – Você é conhecido do meu primo, Bruce Banner.

— Doutor Banner, sim. – Ele responde lentamente. – Em verdade, ele conhecia uma outra versão minha. Uma versão que acredito estar morta atualmente.

Apesar do tom de voz monótono, suas palavras eram sombrias, e me vejo em um problema por não saber como lidar com ele. Olho na direção de Matt, e depois para Visão, antes de dizer:

— Somos advogados da sua... Da sua... – Me ocorre, por um momento, que não sei o atual status do relacionamento entre Wanda e Visão, apesar de o papel abaixo do carro ter demonstrado que gostariam de ter uma vida juntos. Portanto, apenas engulo um punhado de saliva e emendo: – Da senhorita Wanda Maximoff. O povo de Westview busca reparação pelos danos sofridos, não sei se você já sabe disso.

Visão absorveu cada uma das minhas palavras mantendo a mesma expressão neutra do momento em que nos encontramos até então. Ele lentamente concordou com a cabeça e deu um passo à frente.

— Eu não possuía conhecimento disto, não. – O sol brilhou em seu rosto por um momento, e pude jurar ter visto outra expressão nele, a qual se dissipou com as palavras seguintes: – Infelizmente, não posso ajudar vocês, senhorita Walters e senhor Murdock.

— Você não pode ou você não quer?

Minha voz soa ríspida, e sinto os dedos de Matt ao redor de meu braço, apertando meu bíceps delicadamente em uma tentativa de me acalmar. Qualquer tentativa pode ser fatal para me transformar na Mulher Hulk sem querer, portanto, tento respirar fundo e não me deixar levar pela emoção.

— Eu efetivamente não posso, porque não possuo lembranças concretas do período em Westview.

— Mas você sabe o que aconteceu antes. – Interveio Matt, sempre a voz da razão. – Você pode nos contar sobre a senhorita Maximoff.

Visão ponderou por um longo momento, mantendo um braço cruzado em frente ao peito e apoiando o queixo na mão oposta.

— Eu e a Wanda éramos colegas de equipe, depois nós tivemos um envolvimento. Então, Thanos veio à terra, e a joia da testa foi arrancada da minha composição corpórea. Depois, retornei e descobri Westview.

Ele contava esses momentos de maneira mecânica, talvez porque, para ele, fosse uma memória distante, de um tempo inacessível. Se para mim, que havia sido blipada, aqueles cinco anos eram uma área cinzenta que não sabia muito a respeito, imagino para alguém que tenha morrido e voltado à vida.

Morrido e voltado à vida.

— Acho que vale a pena ressaltar que isso não se trata apenas sobre a senhorita Maximoff. – Matt deu um passo à frente ao dizer aquelas palavras, e apontou para a minha mão. – Nessa pasta, existem muitas informações sobre você, Visão. Diversas, mesmo.

— Mas eu não posso fazer nada pela Wanda.

Me aproximo de Matt e ofereço meu braço para ele segurar, intrigada com a fala de Visão.

— Você e a senhorita Maximoff... – Hesito, porém, lembro do papel abaixo do carro e decido prosseguir: – ... possuíam um envolvimento romântico?

Meu assistente toca meu ombro e se vira, indicando que gostaria de falar algo em particular. Peço licença a Visão – com um olho na nuca para garantir que ele não saia voando sem avisar –, e observo Matt com o rosto levemente inclinado na diagonal.

— Diga.

— O Visão não tem um batimento cardíaco. – Matt engoliu em seco. – Preciso pensar em outras maneiras de notar como ele está ou não mentindo.

— Eu já imaginava que ele não tivesse um batimento, mas talvez alguma coisa no sistema interno dele mudasse quando mentisse. – Enquanto coço o queixo com a ponta dos dedos, escuto meu próprio coração ser arremessado contra o peito como uma bola de basquete no chão da quadra de esportes. Nessa altura, nem sinto medo que seja audível, porque Matt com certeza já notou como estou nervosa; além da arritmia, minhas mãos estão suadas e as pernas bambas como gelatina. – Veja se consegue captar alguma coisa.

Ele assente e viramos novamente para o robô, que ainda está parado na mesma posição.

— Então, o senhor e a senhorita Maximoff... – Prossigo, reiniciando o assunto. – ... Possuíam um relacionamento amoroso?

— Nós estávamos em alguma espécie de relacionamento romântico indefinido, o qual atualmente não existe mais. – Visão baixa o rosto e encara o chão por alguns instantes.

Aí está. Olhar para o chão.

— E o que o senhor faz aqui agora? – Pergunto.

— Eu compreendo que vocês queiram ajudar a Wanda, mas não posso ajudar em nada. – Visão voltou a nos encarar, e disse aquelas palavras de forma ríspida. – Eu estive dentro da realidade em que a Wanda esteve. Essa realidade existiu, e, por mais que tentem, vocês não conseguirão dizer o contrário. Eu não posso dizer o contrário, por mais que...

Ele hesita, e novamente olha para o chão. Isso não dura muito tempo, porque ele acrescenta em seguida:

— Mentir sobre isso seria perjúrio.

Engulo em seco, e noto que o semblante de Matt muda. Ele usualmente sorria ou mantinha a expressão neutra, contudo, dessa vez, as pontas de seus lábios se encontravam viradas para baixo em descontentamento.

— Com todo o respeito, não precisamos de alguém dizendo como fazer o nosso trabalho. – Diz ele, arqueando as sobrancelhas. – Nós acreditamos na Wanda e, mesmo que esse tal hex tenha sido real, queremos ajudá-la. Especialmente quando ela mesma não está aqui para se defender.

O sangue em minhas veias borbulha, das pontas dos dedos até o topo da minha cabeça. Respiro fundo algumas vezes para não me transformar na Mulher Hulk ali mesmo. Junto com a raiva pela falta de colaboração, meu peito se preenche de outro sentimento, uma espécie de insegurança com a tese de defesa inexistente cada vez mais perto da audiência.

— Acho que não há mais nada que eu possa dizer.

Quando Visão se vira para ir embora, grito:

— Espera!

Ele torna apenas o rosto para mim, encarando-me por cima do ombro, e, por um ínfimo de instante, ele parece gentil.

— Considere ir testemunhar na audiência. – Digo, enfim. – Valeria a pena ter seu depoimento, ainda que você ache ser impossível ajudá-la.

— Vou considerar, sim.

Visão desaparece em seguida, voando em direção ao céu e tornando-se um com as nuvens, sendo impossível distingui-lo na imensidão sobre as nossas cabeças.

— Matt, ele olhou para o chão algumas vezes. Acho que pode ser o sinal que estávamos procurando...

Sinto meu celular vibrar mais uma vez, atrapalhando nossa conversa.

— Não vai atender? – Pergunta Matt. – Parece urgente.

Pego o aparelho e o nome de Holliway brilha na tela. O dispositivo indica que ele tentara me ligar outras vezes, e o mero pensamento disso faz com que a boca do meu estômago vire um laço de presente, de tanto se contorcer. Com a ansiedade preenchendo todo meu corpo, atendo o celular:

— Alô, chefe?

— Walters, onde você se enfiou? – A voz dele não parece ser das mais animadas. Pelo contrário.

— Estou trabalhando com o Murdock. Precisa de mim para algo?

Do outro lado da linha, escuto apenas a respiração pesada de Holliway e alguns cliques no mouse de seu computados por algum período, além de ouvir minha própria pulsação no peito, reverberando até as orelhas. As próximas palavras dele fizeram minha espinha gelar:

— A promotoria quer falar com você, estou tentando ligar há horas. Vão pedir a prisão da Maximoff ainda esta semana.


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Notas finais do capítulo

O que acharam desse capítulo? Avisem se virem alguma incongruência, eu dei algumas mudadas nesse diálogo, mas, de maneira geral, eu gostei bastante de como esse capítulo saiu. Torço para que tenham gostado também :)

Aproveitando, queria dizer que eu postei uma fanfic focada no Matt chamada Chiaroscuro! Se vocês quiserem ler (só lembrando que ela é +18 e lida com assassinatos também), é só dar uma visitada no meu perfil :)

Um abraço bem quentinho, boa sessão de NWH aos que forem ver, se cuidem, levem máscara e mantenham distanciamento! E até breve ~ ♥ ~



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