Perjúrio escrita por Vanilla Sky


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, gente, especialmente para a nação Demolidorzeira, com o anúncio do Charlie Cox retornando ao papel!! Espero que estejam todos bem ♥ Max, obrigada pelos comentários!! Ainda não consegui responder mas prometo responder em breve :)

Agradecimento especial ao Shini e Areiko por lerem e sempre dizerem o que acham dessa fic! Ela é especial para mim por diversos motivos e ter o apoio de vocês faz a diferença ♥

Gente, estou fazendo uma agendinha com as minhas postagens e provavelmente essa fic vai ser atualizada as segundas-feiras :D geralmente eu coloco um prazo de quinze dias entre uma postagem e outra, mas, como esses capítulos costumam ser mais curtos, é provável que seja semanal mesmo as postagens. Mas só para deixar avisado que pode ser até 15 dias, então se eu não conseguir em uma semana ou no dia subsequente, na semana seguinte terá com certeza :)

Outro recadinho: para fins desse capítulo, o papel com "to grow old in" ficou no terreno de Westview. Eu não tenho certeza se a Wanda levou ou não depois que o hex se desfez, e nem revi esse detalhe na série, então, para manter o frama, vamos supor que ficou lá.

Enfim, boa leitura ♥



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O caminho até Nova Jersey estava tranquilo, e esse era o pensamento que tinha em mente praticamente o tempo inteiro de viagem.

Uma música dos anos 1980 tocava baixo no rádio, e, enquanto eu dirigia com somente uma mão no volante, tamborilando devagar no ritmo da melodia, o cotovelo do braço oposto restava no vão da janela completamente aberta, com o vento sacudindo meus cabelos para além do banco do motorista. Vez ou outra olhava com o canto dos olhos para Matt, o qual tinha o queixo apoiado na palma da mão e a bengala acima da coxa, perfeitamente equilibrada, mesmo com o balanço do carro.

Não posso evitar de sentir curiosidade com a presença de Matt, mesmo sabendo que, em sendo uma relação estritamente profissional, as chances de nos vermos de novo após o caso eram mínimas. Abro e fecho a boca algumas vezes, na esperança de perguntar algo, sendo eventualmente surpreendida quando a voz dele irrompeu no silêncio como um raio:

— Eu não nasci cego, se é isso que gostaria de perguntar.

Por um instante, esqueço de me concentrar na estrada e observo Matt, estupefata.

— Como você sabia que...

Ele torceu os lábios em um sorriso.

— Você apresentava hesitação. Sua mandíbula fazia barulhos de abrir e fechar, e você eventualmente olhava em minha direção. Provavelmente gostaria de começar um assunto, mas não sabia como sem querer parecer grosseira. – Matt balançou a cabeça. – O mais comum são as pessoas perguntarem se nasci cego ou se queria voltar a enxergar, então, apenas assumi o primeiro.

Engulo em seco. Aquilo era extraordinariamente preciso.

— Posso perguntar uma coisa? – É o que consigo me forçar a dizer, mantendo os dois olhos fixos na estrada vazia adiante.

— À vontade.

— Como... Como o Holliway sabe das suas habilidades?

Matt pondera por um longo momento, coçando o queixo com a ponta dos dedos.

— Ele era meu professor na Universidade. Em verdade, ele sabia da minha técnica de cross-examination, porém não sabe que eu escuto o coração das pessoas para saber se estão mentindo ou não. Por isso ele deve ter me convidado para esse caso.

— Não sabia que o Holliway dava aula em Columbia, achei que era só no NYU. – Respondo em seguida. – Quem mais sabe dessas habilidades? Seu sócio?

— O Holliway é um advogado famoso, dá aula em tudo que é Universidade para vender o nome. E meu sócio também não sabe. Eu só contei para você.

Sinto uma pedra na roda do carro provocar um solavanco, fazendo até mesmo a bengala de Matt cair no chão a frente de suas pernas dobradas, que ele rapidamente tateia procurando.

— Merda. – Sussurro. – Desculpa. – Acrescento em seguida, sem saber se pedia perdão por conduzir mal o carro naquele trecho e fazer com que seu pertence caísse, ou se pelo palavrão dito. Por sorte, nossas bolsas no banco de trás pareciam intactas, apenas tombando para frente.

— Tá tudo bem.

Aos poucos, começava a me sentir bem perto de Matt e, especialmente, notava que ele também estava um tanto mais confortável, até mesmo contando sobre as incríveis habilidades as quais possuía, algo que, pelo jeito, dificilmente comentava com as pessoas. Será que ele sentiu que poderia confiar em mim? Ou algum tipo de conexão pelo fato de eu ter poderes? Vejo que estou sorrindo por um momento e balanço a cabeça quando entro em uma rodovia em direção a Westview, mudando rapidamente de assunto:

— Então você nunca saiu de Hell’s Kitchen?

— Nunca. Esse deve ser um dos primeiros passeios que faço. – Matt virou o rosto em minha direção. – As pessoas acham que é porque eu sou cego e não posso observar as paisagens, mas, na verdade, eu nunca tive vontade, mesmo.

Ele fez uma breve pausa, percebendo que não o interrompi; de alguma maneira misteriosa deve ter notado que estava interessada no assunto, porque nem cheguei a ouvir muito do barulho do carro andando até a voz dele perfurar o ambiente novamente:

— Eu consigo enxergar, mas não da mesma maneira que você.

— E como você enxerga? – Questiono, um pouco insegura.

— Eu escuto o barulho dos pássaros, sabendo em qual direção estão voando. Eu sinto o cheiro das árvores e da terra molhada, indicando que deve ter chovido em algum momento das últimas quarenta e oito horas. Também ouço o pneu no asfalto e, mesmo sem dirigir, sei que está ficando gasto e que você logo deve trocar.

— Obrigada por lembrar que devo fazer a revisão no carro.

Ambos soltamos uma gargalhada animada.

— Eu consigo visualizar o local na minha frente se você o descrever para mim. – Diz Matt, quase em formato de sugestão.

Concentro minha mente apenas na estrada diante dos meus olhos, percebendo a quantidade de detalhes que não é possível perceber normalmente.

— Estamos em uma longa rodovia. O chão é cinzento, um tom mais claro devido ao sol constante. Por falar nele, ele brilha em um céu azul sem nuvens. – Deixo a música tocar um pouco para depois continuar: – Há árvores ao nosso redor, muitas delas, algumas com ninhos de passarinho. E há mais carros no sentido de Nova York que Nova Jersey.

Vejo que Matt absorve cada palavra que digo, concordando com a cabeça, e sinto vontade de falar algo que o faça gargalhar de novo. Lembro de algumas amigas as quais diziam o quanto eu era naturalmente engraçada, ainda que minha personalidade não fosse das mais extrovertidas; era algo que havia mudado desde que descobri poder virar uma mulher diferente. Contudo, quando estava na presença de Matt, eu quase sentia como se fosse Jennifer e Hulk, a mesma mulher, fosse eu humana, fosse eu uma gigante com o corpo verde.

Eu apenas era eu mesma.

— Isso é caído. Matt, um dia nós precisamos ir juntos até a Califórnia.

— Califórnia? – Ele estava incrédulo; notei as sobrancelhas erguidas pelo canto dos olhos, e sabia que estava indo na direção certa. – Você vai levar alguém que nunca saiu de Hell’s Kitchen para o outro lado do país?

— É óbvio! – Exclamo. – Você precisa conhecer o lugar onde eu cresci, onde eu me formei advogada. Posso descrever os lugares com cada memória afetiva que possuo. A gente pode ir na praia, também. Pode levar sua namorada, seu namorado... Não sei se você tem alguém especial.

O arrependimento vem no momento seguinte àquele comentário indiscreto, porém Matt parece não se importar, mantendo o sorriso fixo e apenas balança a cabeça em negação.

— Melhor ainda. – Eu adiciono logo em seguida. – Podemos ir aos beach clubs de Malibu para achar pessoas com grana e dormirmos com elas. De manhã a gente acorda bem cedinho e vai embora sem pagar!

Matt explode em gargalhadas altas, e eu explodo junto com ele, rindo tanto que não consigo sentir minha própria respiração por alguns instantes.

— Não parece ser algo que pessoas da lei fariam, Walters.

Faço um movimento rápido com a mão antes de secar as lágrimas que brotaram no canto do meu olho esquerdo, imaginando mais planos para comentar com Matt sobre uma viagem imaginária até a Califórnia. Talvez fosse a saudade da minha ensolarada Los Angeles, porém, algo em viajar na companhia de Matt parecia trazer um pouco de luz aos dias de incerteza com o caso Maximoff.

Antes que possa falar mais algo, contudo, o celular de Matt toca; a voz de um homem diz “Foggy, Foggy, Foggy...” repetidas vezes. Ele rapidamente puxa o aparelho do bolso, dizendo:

— Perdão, eu preciso atender. É meu sócio.

Digo que não há problema, e dirijo mais um pouco até notar, pelos aparelhos militares abandonados e até pela miserabilidade do lugar, que havíamos chegado em Westview.

Rua Sherwood Drive, 2800.

Estaciono o carro no meio fio e ajudo Matt a sair antes de observar um gigante lote vazio, não fosse por um veículo vermelho em um lugar que deveria ser a garagem de uma casa.

— Aparentemente, foi aqui que tudo começou. – Sussurro para Matt.

— Mas... Não tem nada aqui, correto? – Ele pergunta e eu confirmo em seguida. – Além do carro que você mencionou quando a gente chegou.

Por um instante, sinto medo de nossa vinda ter sido em vão, perdendo uma hora e meia de viagem apenas de ida, sem contar o trânsito na volta. Aquele medo se acumula em meu peito, e sinto meu coração descompassar, provocando uma sensação estranha que apenas vagamente reconheço. Contudo, noto que Matt, ao invés de comentar sobre a diferença em meus batimentos cardíacos, apenas abre sua bengala para se apoiar e caminhar na direção do automóvel; enquanto o sigo, checo os documentos para perceber que a placa correspondia ao cadastro de Wanda no órgão de trânsito.

— Tem algo por aqui.

Meu colega encosta a mão no carro e percebo que ele se concentra; busco ouvir qualquer coisa que ele esteja ouvindo, sem sucesso.

— Abaixo do carro. Um papel. – Diz ele.

Imediatamente me abaixo na grama, mentalmente xingando por sujar minhas tão bonitas calças de terra, e estico o braço o máximo que consigo para pegar um pedaço de papel preso nas engrenagens do carro. Puxo devagar para evitar de rasgar, e levanto para observar um papel tamanho A4 dobrado ao meio.

— O que tem aí?

— Um papel dobrado. Deixa eu olhar...

Quando o abro, percebo que é uma espécie de escritura perfeitamente desenhada sobre papel, talvez uma cópia, não saberia dizer sem uma perícia. Pelo endereço constante, era o desenho aéreo do local onde eu e Matt estávamos naquele exato momento, quase um mapa de tesouro; e, assim como o “X” marca o local, havia um coração exatamente no meio, dizendo:

Vamos envelhecer aqui. –V.

Uso de um minuto para suspirar enquanto Matt passa uma das mãos pelo papel.

— O que diz?

— Parece ser uma escritura de um terreno. Deste terreno. – Olho os nomes abaixo. – Era um terreno que pertencia à Wanda e ao Visão, Matt. Tem um coração no meio que mostrava o desejo deles viverem juntos. Eles iriam morar aqui se não fosse... Não fosse...

Engulo em seco, tentando não misturar minhas emoções ao caso. Na faculdade, os professores dificilmente explicavam o quanto era difícil se manter apático frente a certos casos, especialmente quando você começava a entender melhor o contexto de cada um. Matt percebe que não estou muito bem, e gentilmente coloca uma mão nas minhas costas para me reconfortar.

— Eu vou... – Digo respirando fundo. – Eu vou ligar para o Bruce e saber se ele tem alguma notícia sobre o paradeiro do Visão.

Mal preciso virar de costas, tampouco ter a audição de Matt, para ouvir um barulho na relva, que logo se tornou baixo, como se um fantasma se aproximasse de nós dois. Olho para o teclado do celular e sinto medo do que está por vir. Como se por instinto, talvez por prática de alguns anos de advocacia, escondo o papel com o coração desenhado na pasta junto com meus arquivos, podendo ser uma prova útil mais tarde, nunca se sabe. E Matt logo diz:

— Não precisa ligar para ninguém, doutora. – Ele segura meu braço. – Acabamos de encontrar o Visão.


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Notas finais do capítulo

Então, gente, esse capítulo já deveria ter introduzido um diálogo com o Visão branco MAS como a conversa entre o Matt e a Jen ficou mais pra longuinha, acabei optando para deixar para o próximo capítulo. Um pouco do diálogo entre a Jen e o Matt foi baseado levemente em uma cena da segunda temporada de Demolidor ;) conseguem notar a referência??

Eu não tenho muita noção de quantos capítulos essa fic vai ter ao total, mas espero que vocês, e outras pessoas posteriormente, sigam acompanhando até o fim :)

Em breve eu retorno com essa fic, espero que estejam curtindo! Um beijão e um abraço bem quentinho até nos vermos de novo ~ ♥ ~



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