Blood Crowns escrita por Débora SSilva


Capítulo 3
Capítulo 2 - Pov Empregada Kim Umji




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Minhas mãos já doíam de tanto que eu lavava aquelas roupas naqueles velhos tanques. Sequei o suor da minha testa na manga de meu velho vestido acinzentado. Pelo menos era esse tipo de vestido que uma criada recebia, até mesmo no melhor Reino do mundo, no Reino dos Kim, as criadas eram as piores pessoas.

Olhei para o alto vendo o céu azul acima de nós, todas as criadas do interior do castelo estavam reunidas no pátio de serviço, lavando mais lençóis que o habitual e aerando louças. O Campeonato da Moeda iria começar e o palácio Kim ficaria cheio de príncipes de todo lugar e cavalheiros com suas espadas.

— Umji!!! — gritou minha amiga mais antiga, Heejin, correndo até mim. — Umji, os príncipes começaram a chegar, você tem que vê-los, são tão lindos.

— Eu tenho muito o que fazer para perder tempo com príncipes que nunca irão olhar para mim — disse com um sorriso no rosto. Minha amiga continua a sacudir meu braço e fazer uma careta.

— Olhar não mata, Umji, vamos.

— Mata se você não cumprir todas as suas tarefas — sorrio para ela e volto a esfregar o último lençol branco, agora só faltava mais 12 lençóis azuis e 6 lençóis rosados, e aí eu terminaria os lençóis. Pensamentos positivos!

— Quem é Umji? — escutei a voz da governanta do castelo gritar para o pátio principal. Ela era nossa chefe, dentro do palácio ela só estava abaixo do rei e da rainha e de seus príncipes. Qualquer pessoa há mais estava debaixo de seus pés. Engoli em seco.

— O que você fez? — minha amiga sussurrou para mim e eu me encolhi.

— Nada, eu juro! — Suando frio, sussurrei de volta.

— Kim Umji, apareça logo, não tenho o dia todo! — a governanta gritou novamente. Heejin se colocou na minha frente, mas eu a empurrei.

Se fosse para ser punida ou até demitida eu iria sozinha. Apesar de precisar muito desse emprego, eu era sozinha. Não tinha mais ninguém, ao contrário de minha amiga que precisava do salário para saciar a própria fome e a de mais 5 pessoas em sua casa.

Sequei as mãos no avental do vestido e segui a frente, a governanta com seus olhos negros me localizou no meio da multidão, indo em sua direção.

— Então é verdade — ela disse e remexeu a cabeça em uma afirmativa —, você é bonita. Ótimo! Venha comigo, você irá cobrir uma criada que está doente, vai para a linha de frente e ajudará os príncipes a se acomodarem.

— Ah, meu Deus — escutei Heejin comemorar atrás de mim, mas eu fiquei em choque.

Não vou embora? Posso ficar e..cuidar dos príncipes? Porque cuidar dos príncipes? Não, chegar perto de homens que se acham? Não, não, não! Nem pensar, eu passava a vez. É isso, farei isso.

— Se mexa, garota — a governanta gritou.

— Sim, senhora — dei dois passos para alcançá-la.

Tchau, tchau livre arbítrio.

Segui a governanta e logo fui jogada em uma sala por ela e mais duas empregadas, que normalmente cuidavam da arrumação das camas.

— Você precisa de um banho e se arrumar, rápido — a governanta voltou a gritar, e pela primeira vez alguém me ajudou a vestir roupas. Um vestido limpo e cheiroso, com o qual eu poderia ser vista em qualquer canto sem sentir vergonha de algum buraco no tecido.

 

******

 

Ainda estava me olhando no espelho do banheiro, o vestido preto caia pela minha silhueta e uma faixa branca passava pelo meu cabelo, ele está trançado agora e eu pisco para mim mesma no espelho. Estou arrumada e cheirando bem. Não que desse para cheirar mal lavando roupas o dia todo, mas mesmo assim é diferente.

— Umji, venha logo — uma das outras criadas do palácio, que já servia na linha de frente, sussurrou e eu acordei do torpor.

Eu não fui pega da lavadora porque queriam me vestir, fui pega porque eu tenho uma aparência boa o suficiente para servir aos príncipes...os príncipes! Puff!

Como se eu quisesse que eles estivessem aqui. Como se eu quisesse assistir alguma demonstração de força, tudo isso por moedas douradas e cobiça, grande coisa. Deixo meus ombros caírem e arrasto meus pés para o corredor, onde as outras meninas estavam enfileiradas. Recebi um empurrão da governanta, indicando minha postura e a arrumei.

— Respeito, modos e eficiência, é tudo que suas altezas necessitam ver em vocês — a governanta falava enquanto andava para a frente da fileira das meninas, todas arrumadas como eu. — Não tentem ser espertinhas, meninas, eles são da realeza e não são pessoas que devem ser perturbadas por pessoas como vocês. Um cabelo fora do lugar, e serão demitidas.

Eu engoli em seco e arrumei meu cabelo novamente. Foi então que entendi o que ela queria dizer quando vi uma das meninas soltar uma risada. Ah, dar em cima dos príncipes.

Tirei as mãos do meu cabelo. Zero interesse. Príncipes ali significava mais trabalho para mim. A governanta começou a andar e a fileira começou a segui-la. Suspirei quando saímos ao ar livre, no pátio principal onde todas as visitas da nobreza chegavam com suas carruagens e cavalos.

E lá estavam dois príncipes rodeados de seus cavalheiros aguardando no pátio. Todas nós saimos e ficamos de cada lado da porta principal, novamente enfileiradas uma ao lado da outra. As meninas ao redor começaram a se agachar um pouco e, apavorada olhei ao redor, percebendo que elas faziam uma referência. Fiz o mesmo, quase caindo e sujando meu lindo vestido.

Ao levantar a cabeça me deparei com um homem de armadura brilhante montado no cavalo, cercado de dois escudeiros, e o homem de olhos de mel. Ele estava montado em um cavalo, como todos os outros. Usava uma vestimenta qualquer, tão puída quanto meu vestido. Deveria ser um cavalheiro, é claro. Quando os reinos não tinham herdeiros legítimos, mandavam seus melhores cavaleiros para o Campeonato da Moeda.

O cabelo dele estava meio caído em seus olhos, e ele não tirava os olhos de mim. De mim! Meu Deus, um cavalheiro estava me encarando e...Umji!!! Foco!! Desviei o olhar, voltei meus olhos para meus pés e suspirei. Acalme seu coração, acalme. Esse não é o tipo de homem para você. Ele é de outro reino, e ainda é um cavalheiro honrado. 

Todos escutamos cavalos trotando, levantei o olhar para a porta do pátio e verifiquei que mais príncipes chegavam com seus escudeiros e uma carruagem também.

— É tão esplêndido revê-los — um homem, com toda sua roupa revestida em couro preto, com o cabelo amarrado na nuca se aproximou. O rosto dele era grande, mas bonito, digno de uma estátua em um palácio. Era certeza, ele tinha a postura de um rei, e o sorriso devastador.

Eu tinha quase certeza de ter visto todos fazerem uma careta para ele e, o cavaleiro que havia admirado soltar uma palavra imprópria pelos lábios. Logo, a carruagem chegou, e foi aberta pelo próprio príncipe que de lá saiu. Loiro com cabelos para frente, usava uma roupa muito parecida com o do príncipe de preto, mas suas vestes de couro eram marrons e sua calça de tecido que parecia ser muito macio.

— Príncipe Park Jimin — o de preto gritou em direção ao loiro da carruagem —, não sabia que suas pernas haviam amolecido tanto que necessitaria de uma carruagem. Uma pena que não possa correr em busca do prêmio por si mesmo.

— Uma pena que você permaneça entre nós, Principe Jeon Jungkook — o loiro, Príncipe Park, respondeu com sarcasmo. Ele olhou para dentro da carruagem, sussurrou algo lá dentro e voltou a fechar a porta, se mantendo de pé a frente da carruagem, com mais dois homens desmontando de seus cavalos e ficando a seu lado, como uma escolta.

Então outra carruagem veio em direção a entrada do pátio do palácio.

— Outro molenga? — O Príncipe Jungkook disse, bufando — Vocês não sabem mais cavalgar? Aguentar por algum tempo em cima de um cavalo, céus, e acham que podem me vencer?

— Cale a boca, Jungkook — O cavaleiro que eu havia admirado falou, com voz séria e profunda. — Sua voz já está me dando nos nervos.

— Bom saber que lhe afeto — o principe respondeu de volta, gargalhando com sua voz também grossa demais.

A carruagem parou próximo dos outros príncipes e cavaleiros. Dessa vez um dos escudeiros, com cabelo castanho caindo até a nuca, desceu do cavalo e abriu a porta da carruagem, oferecendo a mão para quem quer que estivesse lá dentro. E, com muito tecido à vista, ouvi exclamações vindas de toda parte.

— Ora, ora — o Principe Jungkook sorriu, apoiando os braços na cabeça de seu cavalo, chegando mais para frente —, o que temos aqui, hein?


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