A Blue Criminal escrita por Mayara Silva


Capítulo 2
Senhor Jackson


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, bem vindos a mais uma fanfic nova ♡

Quem vcs acham que é o culpado? >:)



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“Você foi atingida por

Você foi golpeada por

Um criminoso ardiloso”

 

Apartamento de Annie (21 de outubro) - 00:45 hrs

 

Pela primeira vez, Michael não se sentiu preparado com o que estava para presenciar.

 

Era noite. O simplório quarto cor de bege da ex-garçonete, agora, estava parcialmente pintado de tons vinhos. A penteadeira velhinha havia sido substituída por uma mais vibrante e com detalhes em rosas e ouro, e o seu guarda-roupa estava abarrotado de presentes. Annie não estava acostumada com tanto carinho, mas era assim que Michael gostava de relembrá-la o quanto ele a amava.

 

Ela sentia-se em uma corda bamba. Estava amando um gangster.

 

Annie era uma linda moça loira, de cabelos curtos e pele clara. Seus olhos eram azuis escuros, os seus lábios eram rosados e suas bochechas eram coradas. Ela era doce e parecia frágil como uma boneca, mas tinha plena consciência do mundo que estava habitando ao se relacionar com aquele homem.

 

Michael Jackson, líder da máfia Azul.

 

Ele disse que queria vê-la, ninguém jamais havia negado os seus pedidos e ela não queria ser a primeira a fazê-lo. Disse que estaria em seu apartamento e ele foi ao seu encontro.

 

Naquela noite, eles tiveram alguns momentos românticos. Michael a puxou para a cama e deixou que os seus lábios vermelhos explorassem a pele aveludada de sua amada, porém eles não estavam tão inspirados, Annie parecia triste. Michael beijou os seus lábios uma última vez antes de se afastar e remover a camisa social que vestia, permanecendo apenas com uma camiseta branca e simples que usava por debaixo das roupas. Já a mulher, usava uma camisola curta e cheia de bordadinhos.

 

— O que foi, Annie?

 

Indagou. Levou a mão ao seu rosto e a fez olhar para si. Ela deu-lhe um sorriso fraquinho.

 

— Só estou com frio…

 

Ele balançou a cabeça em negação e lentamente a abraçou, permitindo que ela se aquecesse em seu corpo.

 

— Eu sei que não é isso…

 

Sussurrou.

 

— Me diga. Detesto quando mente pra mim.

 

Ela suspirou e retribuiu o abraço com um pouco mais de força.

 

— Eu preciso te contar uma coisa… eu… eu não… não posso me casar com você.

 

Murmurou, apertando sua roupa com os dedos, prestes a chorar. Michael a encarou, um pouco contrariado.

 

— P-por que não? Você disse que me amava, Annie.

 

— Eu amo!

 

— Então qual o problema? Me diga! Eu te amo…

 

— Eu também, mas… não… não posso, Michael…

 

Bruscamente se afastou do homem, o deixando ainda mais confuso. Annie estava estranha e a sua experiência no mundo obscuro das organizações criminosas dizia que ela parecia estar se sentindo ou sendo ameaçada. Ela também poderia estar o traindo, mas Michael não conseguia acreditar nessa possibilidade. Ele a amava demais para julgá-la dessa forma.

 

Ele suspirou.

 

— Ao menos me diga o porquê.

 

— Eu… eu não quero mais me envolver com o crime.

 

Ela murmurou, mas Michael não conseguiu acreditar naquelas palavras.

Ouviram um barulho na cozinha, ele estava com a mente em coisas mais importantes, mas tudo o que Annie queria era sair dali, não sabia se conseguiria continuar encarando seu amado nos olhos depois do que disse, logo encontrou no barulho a oportunidade perfeita.

 

— Espera um segundo… devo ter deixado a janela aberta, sempre entram alguns gatos idiotas.

 

Disse. Annie cobriu-se com um casaquinho e saiu, deixando o pobre homem solitário.

Ele suspirou e sentou-se na beira da cama. Levou as mãos ao rosto, segurou as emoções. Michael era um homem frio e calculista, ao menos era para ser assim, mas Annie havia amolecido o seu coração como mais ninguém o fez. Ele não queria perdê-la de forma alguma.

 

Olhou em volta e viu, ao lado da cama, a garrafa de vodka que havia trazido para saborear com sua amada. Iria usá-la para fazer alguma bebida doce, mas o clima ruim do momento não o deixou mais se importar com essas coisas.

 

Tomou a garrafa em mãos, abriu, levou o gargalo à boca. A vodka pura desceu pela sua garganta de forma lenta, quente e áspera. Ele parou bruscamente e emitiu um chiado, sentindo o ardor subir. Ligou o "dane-se" e bebeu mais uma vez, aquela sensação definitivamente era menos pior que um coração partido. Temia mais uma vez ter amado a mulher errada.

 

Suspirou. Já estava na metade da garrafa. Michael soltou a vodka em qualquer canto e adormeceu.

 

x ----- x

 

Um tiro.

 

Pela quantidade que havia bebido, era para dormir pelo resto da noite, mas Michael conseguiu acordar com o barulho de um tiro.

 

— A-Annie…

 

— Não!! Por favor!!

 

Ouviu-a gritar, e então teve a certeza de que sua amada estava em perigo.

Catou sua arma de fogo, não seria um gangster se não tivesse uma. O único problema era atravessar o quarto até a porta e, em seguida, o corredor. Sua mente girava, seu corpo cambaleava, mas estava o mais consciente possível e iria até o fim com isso.

 

Levantou-se rapidamente, com um gesto brusco, e correu até a porta. Deu de cara na parede, apalpou até achar a maçaneta. Enfim, saiu.

Desceu as escadas em uma velocidade surreal. Tudo o que via no caminho eram espirais escuros e móveis turvos, mas conhecia aquele apartamento e sabia de onde havia ouvido o barulho.

 

Ouviu outro tiro. Este, dessa vez, quase o acertou. Michael percebeu que havia sido encontrado, então jogou-se atrás da parede e a fez de escudo. Estava no corredor, e o malfeitor na cozinha. Tiros e mais tiros. Michael empunhou sua arma e retribuiu na mesma intensidade. Não estava enxergando nada.

 

Um vaso estourou próximo de si, e ele percebeu que precisaria usar os ruídos para se guiar.

Se aquele criminoso conseguiu atingir um alvo tão exposto, que ficava no centro da entrada entre o corredor e a cozinha, então ele muito provavelmente não estava escondido pelas laterais, ele estava no centro e usava algo de barricada.

 

Com esses pensamentos, Michael usou o braço para esfregar os olhos e passou a focar nos móveis da cozinha. Empunhou a arma, atirou no que se mexia. Viu um vulto correr para a janela e, sem pensar duas vezes, o seguiu.

 

Mas era tarde demais. Ele havia fugido.

Michael conseguiu chegar até o parapeito e ver aquele bandido virar a esquina. Iria segui-lo se não fosse pelos gemidos que ouviu logo após a poeira baixar.

 

Ela.

 

— Annie!

 

Ele exclamou. Correu até a garota e tentou buscar qualquer possível ferimento de bala em seu corpo.

 

— Annie, você está bem? Me diga! Onde você foi atingida? Annie!

 

De sua boca saía o fluído escarlate, o que o fez perceber que ela já estava em estado crítico. Seus lindos olhos azuis o encaravam com medo, ela estava com medo de morrer.

 

— M-me perdoa, Michael…

 

— Não, não, poupe fôlego. Eu vou chamar o médico…

 

Ela chorou, e foi quando seus olhos brilhantes se apagaram que ele havia entendido a situação.

 

Annie estava morta.

 

x ----- x

 

Ruas de Santa Barbara (atual) - 00:04 hrs

 

Com as mãos nos bolsos, Michael assumia uma postura despreocupada enquanto caminhava pelas ruas desertas de Santa Barbara. Isso porque não eram os marginais nem os policiais que o preocupavam, mas sim pensamentos obscuros.

Seu olhar era vazio, seus olhos negros e profundos perderam o brilho desde aquela fatídica noite, e a situação na delegacia apenas havia o relembrado aquelas cenas dolorosas.

 

Seguiu em direção à cidade grande, que estava plenamente acordada. Os bares e stripclubs estouravam suas cores com placas brilhantes e desenhos sugestivos, a música abafada permitia notar que o som em seu interior estava amplificado e as pessoas do lado de fora eram a prova de que a festa não terminaria nem tão cedo. Michael continuou a caminhar pelo lugar, familiarizado com aquela vida, quando se deparou com o seu braço-direito.

 

Chris Tucker.

 

— Mike?!

 

Michael não havia o reparado, estava perturbado demais para prestar atenção nas pessoas à sua volta. Chris, que estava acompanhado de duas mulheres, mandou-as passear para dar um oi ao seu amigo. Isso era comum, gangsters tinham respeito e prestígio, sobretudo naquela área onde a máfia Azul dominava. Felizmente Michael escondia bem sua identidade como líder daquela alcateia, o que o permitia passear pelos lugares sem ser incomodado, mas sabia que infelizmente alguns dos seus inimigos já conheciam o seu rosto.

 

— Ei, Mike! Tá vendendo droga?

 

— Não! Eu não tô vendendo droga!

 

Exclamou o homem, franzindo o cenho. Chris gargalhou e o cumprimentou.

 

— Aí sim! Eu pensei que tivesse vindo a trabalho.

 

— Eu não trabalho vendendo droga, Chris…

 

— Shh shh, mas ninguém aqui pode saber, né, meu filho? Vamos tentar fingir que você não é o poderoso chefão, beleza?

 

Ele sussurrou. Michael suspirou e assentiu.

 

— Não estou vendendo droga hoje…

 

— Aí sim! O que veio fazer aqui? Você não tinha ido à polícia?

 

— Sim… quase fui pego.

 

Eles começaram a caminhar. Chris estava usando um terno preto com a camisa e detalhes em azul violeta, enquanto Michael o acompanhava com um terno preto em detalhes azul royal. Os trajes, junto às armas que empunhavam na cintura, era a marca de suas patentes, o poder que tinham em mãos e que fazia os demais os respeitarem como governantes e os temerem como tiranos.

Ao ouvir as palavras do homem, Chris fez um sinal de negação com a cabeça.

 

— Eu falei que era furada, cara…

 

— Eu queria ir. Talvez eu descobrisse algo a mais sobre o que houve com ela…

 

Chris suspirou.

 

— Essa mulher mexeu muito contigo. Acho até que mais que a outra…

 

Ao ouvir aquelas palavras, Michael encarou seu amigo, como se suplicasse para que ele não prosseguisse. Chris havia entendido.

 

— Foi mal, Mike…

 

— Está tudo bem, tudo bem. Vamos esquecer a outra… o que me importa é a Annie.

 

Ele assentiu.

 

— E você descobriu algo a mais? Eles te falaram alguma coisa?

 

— Sim. Descobri que o Prince está envolvido nisso.

 

— Quê??!

 

Michael fez um sinal rápido de zíper para que ele baixasse o tom, era algo que não podiam sair comentando por aí.

 

— Menos, Chris!

 

— Eu sei, eu sei!

 

Sussurrou.

 

— Mas cara… o Love Symbol? O que ele tem a ver com isso?

 

— É isso que eu quero saber. Mande um espião lá, eu quero mais detalhes.

 

— Mais um?

 

Indagou o homem, arqueando a sobrancelha. Não era o primeiro espião Azul que iria se infiltrar na máfia Púrpura e, pelo jeito, não seria o último. Michael deu ombros.

 

— Mande um espião e um hacker, Chris. Antes, eu não sabia exatamente o que estava procurando, mas agora preciso de respostas. Preciso saber por que ele é um suspeito e como conhecia a Annie.

 

— Ele conhecia a Annie? Que história…

 

— Tem mais. Calíope também foi chamada para depor.

 

— O quê??

 

Michael suspirou e o encarou com um olhar tedioso.

 

— Chris…

 

— Michael, são as duas pessoas que você odeia, tá óbvio que um deles ou os dois armaram pra você!

 

— Não é tão preto no branco assim. Eu preciso ter certeza antes de seguir para o próximo passo…

 

Os homens se aproximaram de um bar a céu aberto e Chris pagou duas bebidas para que desfrutassem, minimamente, daquela noite.

 

— Qual passo?

 

Michael tomou a garrafa e não esperou o copo, virou o gargalo e saboreou a bebida.

 

— Matar o desgraçado do culpado.

 


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:

— Gingerhood, a delegada Diaz está lhe chamando.

Disse uma secretária ao entrar na sala. Luna prontamente assentiu e levou os papéis consigo, em seguida se despediu da morena, que ficou no local junto a alguns outros funcionários. Ela suspirou e discretamente se aproximou daquela mesa, procurando por algum documento interessante, até que se deparou com um que a cacheada dos olhos azuis havia esquecido.

Seus olhos percorreram pelas palavras, pelas fotos da cena do crime…

Calíope sorriu.



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