A Blue Criminal escrita por Mayara Silva


Capítulo 3
Love Symbol


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, meu povo ♡

Vamos ver um pouquinho do passado da Annie com o Purple One!



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Departamento policial - 10:20 hrs

 

Luna havia chegado 10 minutos antes do combinado. Estava cheia de energia, pois havia passado a noite toda revirando papéis e fichas criminais, estava imersa nesse caso e queria solucioná-lo o quanto antes, era a sua prioridade.

 

Ao chegar, deu de cara com alguns peritos em frente ao escritório da delegada, e isso lhe despertou interesse imediatamente. O resultado da necrópsia, enfim, chegou.

 

— Delegada Diaz?

 

Disse, ao entrar.

 

— Luna, chegou em boa hora!

 

A garota se aproximou e prontamente teve acesso aos documentos que chegaram. Ela os folheou até chegar em alguns pontos interessantes.

 

— Descobriram o modelo da arma?

 

— Sim. Leia mais um pouco, vai entender o que quero dizer.

 

Luna assentiu e tornou a prestar atenção nos documentos, porém foi impedida pela chegada repentina de Calíope, que abriu a porta sem consentimento e acabou por assustar tanto os demais quanto a si mesma.

 

— E-eu sinto muito! Me falaram que podia entrar…

 

— Está tudo bem, senhora Holiday. Por favor, sente-se.

 

A mulher sorriu e se acomodou. Luna arqueou a sobrancelha, mas tentou disfarçar sua confusão, não entendia o que aquela mulher fazia ali. Carla, por sua vez, continuou organizando os papéis, quando seu celular tocou.

 

— Um momento.

 

Ela atendeu e se retirou rapidamente. Calíope cruzou as pernas e passou a admirar as unhas, enquanto Luna tentava inutilmente se concentrar nos documentos, mas era impossível com uma das suspeitas ali.

 

— Er… bom dia, senhora Holiday. Se me permite, o que veio fazer aqui?

 

A morena sorriu.

 

— Vim para um novo depoimento. Quero complementar algumas coisas que falei, acredito que vai ajudar.

 

Luna assentiu.

 

— Isso é ótimo. Bom… mas por que lhe interessa solucionar o caso de uma vítima que nem conhecia?

 

Indagou, queria apenas ver o que a mulher iria responder. Calíope foi rápida e incisiva, ou era muito boa, ou estava falando a verdade.

 

— Eu quase fui uma vítima de um dos suspeitos e estou convicta de que foi ele. Não quero que mais mulheres passem pelo que essa pobre menina passou, e pelo que eu provavelmente escapei.

 

Ao ouvir aquelas palavras, Luna fez uma expressão séria. Embora o fato dela ter sido suspeita ainda martelasse na mente inexperiente da jovem investigadora, suas palavras pareciam sinceras e ela sabia que não podia ignorá-las. Calíope poderia ser mais do que uma suspeita ou uma testemunha: ela podia ser uma vítima.

 

— Entendo…

 

— Gingerhood, a delegada Diaz está lhe chamando.

 

Disse uma secretária ao entrar na sala. Luna prontamente assentiu e levou os papéis consigo, em seguida se despediu da morena, que ficou no local junto a alguns outros funcionários. Ela suspirou e discretamente se aproximou daquela mesa, procurando por algum documento interessante, até que se deparou com um que a cacheada dos olhos azuis havia esquecido.

 

Seus olhos percorreram pelas palavras, pelas fotos da cena do crime…

 

Calíope sorriu.

 

x ----- x

 

Boate Moon Park (um ano atrás) - 02:07 hrs

 

Aquela era a boate preferida da máfia Púrpura.

 

Apoderada, era veementemente frequentada pelos membros da elite Púrpura, e, nela, entravam apenas os convidados pelo patrão. As luzes cintilavam em tons únicos e variados de roxo, as garçonetes eram todas formosas, os seguranças eram violentos e parrudos, e só as mais belas damas da noite e strippers trabalhavam no lugar.

 

Era naquele lugar cheio de cor e pecado que Annie havia conhecido o chefe.

 

Ela era garçonete e apenas havia aceitado o emprego porque iria para a rua se não conseguisse dinheiro imediatamente. Havia sido convidada para ser garota de programa, mas não queria entregar-se a esse tipo de serviço tão rapidamente, queria tentar outras coisas antes, ela tinha medo de terminar como sua mãe.

Felizmente encontrou algo que considerava mais digno, iria trabalhar como garçonete em uma boate badalada. Vestiu o uniforme indiscreto e passou a rodear o perímetro e a servir os convidados alterados. Tinha um corpo bonito, olhos angelicais, cabelos loiros e fofos como uma nuvem e lábios intensamente vermelhos, porém era muito pálida, o que provocava alguns comentários idiotas pelas outras garçonetes bronzeadas. Para além, ainda precisava suportar os assédios de alguns clientes, principalmente porque sabia que muitas daquelas pessoas eram ligadas à máfia, direta ou indiretamente. Não podia criar inimigos, temia ser facilmente morta por algum deles.

 

Até que passou pelos olhos do chefe.

 

Acenderam as luzes do lindo palco cujo símbolo denominado “do amor” fazia-se presente. No centro, um homem. Ela o olhou algumas vezes, mas seguiu com o seu trabalho, tentou não se distrair muito.

Ele iniciou uma canção, uma canção que a fez paralisar por alguns instantes para ouvir.

 

“Uh! You don't have to be beautiful to turn me on. I just need your body, baby, from dusk 'til dawn...”

 

As pessoas começaram a prestar atenção, em poucos minutos todos ali estavam imersos naquela melodia. Annie levou as bandejas para lá e para cá, limpou os balcões, pegou os pedidos com os barmans, tentou se distrair de alguma forma, mas sua mente e coração cantavam com aquela música, ela não entendia por que aquela apresentação estava lhe chamando tanto a atenção.

Cedeu e resolveu assistir um pouco. Fingiu estar limpando um copo, pelo menos não a julgariam de procrastinação no trabalho. Quando seus olhos azuis escuros alcançaram o palco, viu aquele homem com mais clareza.

 

“You don't have to be rich to be my girl. You don't have to be cool to rule my world...”

 

Era um belo moreno de olhos predatórios e presença avassaladora. Era um homem e era óbvio, mas havia um pouco da beleza feminina em seu olhar, em suas vestes, em suas joias, em seu corpo esculpido, em sua cintura fina e suas coxas delineadas sob aquelas roupas apertadas, o que havia a deixado intrigada. Seus brincos e seus anéis em cada dedo cintilavam com os seus movimentos e com as luzes brilhantes do palco, era o seu ambiente de caça e ele sabia muito bem o que estava fazendo.

 

“I just want your extra time and your kiss!”

 

Ao terminar essa frase, Annie levou um susto ao perceber que ele olhava para si. Apontou para ela, porém a mulher demorou a notar, achava se tratar da apresentação, precisava ser, ela não era ninguém ali e subir naquele palco só iria piorar as coisas. Annie não queria chamar atenção e temia incomodar aqueles homens perigosos com isso.

 

Mal sabia ela que o líder deles, o que tinha poder sobre todos eles, era quem estava exigindo sua presença.

 

“Your extra time and your kiss! Your! Your! Your!”

 

Logo todos entenderam do que se tratava. Abriram espaço e uma segunda luz surgiu sobre a mulher, que não sabia mais em que buraco se enfiar. De repente, todos estavam gritando “your”, incentivando-a a seguir em frente. Ela engoliu seco, não podia negar aquilo, aquele homem podia ser um mafioso também, então tratou de obedecer.

 

Correu até o palco, tentando segurar sua timidez, e subiu rapidamente. Ao se aproximar, ele a puxou pela cintura e a conduziu para uma dança ao background de “Kiss”. Annie, a princípio, estava se sentindo deslocada, mas ouvir os gritos de incentivo da plateia e a forma como aquele homem misterioso a fazia se sentir única e especial a fez lentamente se entregar àquela brincadeira.

Ela sorriu, um sorriso lindo e perfeito, e aquele homem coberto de desejo a puxou mais uma vez para finalizar aquela apresentação.

 

Aos poucos a música foi perdendo sua força até chegar ao fim. Já ele, a beijou exatamente como disse que queria.

 

x ----- x

 

Annie passou a se encontrar com Prince desde o ocorrido no palco.

 

Ela descobriu, no mesmo dia, que aquele homem era o líder da máfia Púrpura e que seu nome era Prince, mas foi ordenada a nunca chamá-lo dessa forma em ambientes abertos, ou mesmo contar sua identidade para as pessoas. Fora dos momentos íntimos, seu nome era Love Symbol.

 

Obviamente Prince fazia essas coisas para ver até que ponto as pessoas eram fiéis à sua palavra. Ele não se importava se ela contasse, sabia que se o fizesse, ela amanheceria morta no dia seguinte e ninguém mais falaria nisso.

Porém, Annie era muito cuidadosa e, sim, era leal. Além disso, estava perdidamente apaixonada. Ele a procurava para que saíssem juntos, ela ia sem questionar. Passavam a noite em claro, dormiam muitas vezes.

 

Mas Annie percebeu que tudo aquilo não era verdadeiro.

 

Ela nunca mais precisou trabalhar. Ela era presenteada com mimos, dinheiro e passeios. Ela podia ter ficado quieta e aceitado todas essas coisas, mas Annie queria ser sua mulher, e Prince queria ser seu amante.

 

Poucos meses antes de terminarem, Annie havia feito uma última tentativa. Pôs seu vestidinho branco, pintou seus lábios de vermelho, estava pronta para encontrar-se com o seu amor. Uma limusine estacionou na frente de sua casa e ela prontamente adentrou. Lá mesmo, com as janelas fechadas e a privacidade preservada, Prince estava a esperando.

 

— Minha Monroe.

 

Annie sorriu, as bochechas já vermelhas e o semblante tímido. Quando via seu amado, todas as suas preocupações desapareciam. Era com ele que ela queria entregar-se plenamente, mas, quando pensava nisso, lembrava-se de como ele já havia dito que a enxergava: amante. Ela odiava essa palavra.

 

— Meu… príncipe.

 

Ele deixou um riso curto escapar.

 

— É, você foi criativa hoje, meu amor.

 

A chamou para se aproximar e ela obedeceu. O abraçou, o beijou, por fim encostou o rosto em seu peito e sentiu sua respiração fluir. Prince acariciou sua cintura, desceu a mão pelas suas coxas e as apertou carinhosamente. Annie sorriu, adorava os seus afagos.

 

— Pra onde vamos hoje?

 

Prince lentamente desviou o seu olhar cor de caramelo para os olhos azuis dela.

 

— Para quem você se vestiu assim?

 

Annie mordeu os lábios.

 

— Pra você…

 

— Então… vou fazer com que seus esforços sejam recompensados.

 

Prince era enigmático e muito sedutor, só aquela frase já a fez tentar imaginar o que seria, embora desconfiasse de suas intenções. Seguiram em direção a uma das mansões do mafioso, próxima à praia Refugio Beach. Era um lugar calmo e isolado, perfeito para o sossego do casal. Prince lhe apresentou a casa antes de levá-la para o seu extenso quarto principal, um lugar faraônico, adornado de roxo e dourado. Annie sentou-se na cama e foi acompanhada pelo seu amado, que entrelaçou um dos braços em sua cintura e a puxou para um beijo apaixonante. Ela aproveitou desse momento para mostrar como estava apaixonada e como queria pertencer apenas a ele.

 

Se amaram. Anoiteceu e Annie acordou com o barulho do mar. Abriu os olhos e a primeira visão que teve foi de seu amado saboreando um pouco de vinho ao seu lado. Ela sorriu, beijou o seu peitoral, e o homem notou que estava desperta.

 

— Boa noite, minha linda…

 

— Boa noite. Eu adorei hoje… você gostou?

 

Ele sorriu.

 

— Por que eu não gostaria?

 

Annie mordeu os lábios, talvez esse fosse o momento perfeito. Lentamente se afastou e buscou o seu sutiã, ia se vestir enquanto conversava com o homem.

 

— Eu… você sabe que eu te amo, Prince. Eu te amo demais, o suficiente pra não conseguir levar essa relação desse jeito.

 

Por fim, o encarou.

 

— Eu quero ser sua, eu quero que seja meu. Você sabe… eu não quero ser sua amante, eu quero ser seu amor.

 

Com o decorrer daquela conversa, Prince já sabia do que se tratava. Ele suspirou, mas procurou manter sua postura e paciência. Eles já haviam tido aquela discussão, porém não se importava em reafirmar sua posição mais uma vez.

 

— Nós somos amantes.

 

Annie suspirou. Seu coração estava cansado de lutar contra isso, doía toda vez que ela pensava naquelas palavras. Quando estava sozinha, em seu apartamento, imaginava com que nova mulher Prince estava agora, quem era a garota que estava aquecendo o seu lugar. Ela detestava porque era a única naquela relação a se guardar, e porque era a única naquela relação que amava apenas uma pessoa.

Segurou as lágrimas. Foi forte.

 

— Então eu posso namorar outra pessoa?

 

Jogou a bomba e cruzou os braços. Prince arqueou a sobrancelha, em seguida deu ombros, sua reação foi bem diferente do que ela esperava.

 

— Sim.

 

Annie o encarou, confusa.

 

— Sim?

 

— Sim. Pode ficar com outro homem, mulher, tanto faz… Somos amantes, não vou te prender. Isso é um relacionamento aberto, minha linda.

 

Ela ficou inerte por um tempo, mas, enfim, entendeu perfeitamente no que havia se metido. Vestiu seu vestido branco e já estava prestes a sair, queria aposentar aquela noite por agora.

 

— Tudo b…

 

— Mas há uma condição.

 

Ela o encarou mais uma vez e arqueou a sobrancelha. Prince a encarava com seriedade, como se quisesse que ela prestasse toda a atenção do mundo em suas palavras. Tomou mais um gole do vinho e o saboreou, em seguida disse…

 

— Você não pode se relacionar com ninguém de outra máfia. Com ninguém da máfia Azul.

 


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:

Michael arqueou a sobrancelha e olhou para a direção que o homem apontava. No meio daquelas belas mulheres, também aguardando para falar com Prince, estava ela.

Calíope.

[...]

Michael já foi doce, gentil e bondoso, Calíope simplesmente mudou tudo isso. Ela foi a concepção pura da Teoria do Caos em sua vida. Ela foi a borboleta necessária para provocar um furacão em seu coração.

Afinal de contas, ela era má…

… ela era perigosa.



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