Diário de Rosalya escrita por TiaManda


Capítulo 5
Não deixe mais a toalha cair!




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QR, bom dia, tudo bem?

Ontem cheguei meio tarde em casa, quase uma hora depois dos meus pais. Eles estavam bem preocupados porque sumi sem avisar.

Expliquei para eles a situação, com exceção da parte em que me perdi. Eles ficariam mais bravos do que já estavam. No fim de tudo, compreenderam. Só não entendi a parte do:

"Rosalya com fome? Tá explicado."

Ontem encontrei novamente o garoto de uma loja, longa história. Ele se chama Leigh. Não conversamos muito, ele é meio quieto. Me ajudou a encontrar uma lanchonete. Eu quis ficar lá, mas Leigh falou que era tarde e meus pais estranhariam, então apenas pedi o lanche para viajem e voltei comendo em silêncio. 

No final, ele me acompanhou para eu não me perder de novo.  

Apesar de ser calado, tem algo nele que me intriga. Não de um jeito ruim, apenas diferente. Talvez as roupas? Ou o modo de olhar? De se portar? 

Não sei!

Enfim, 

Soube que amanhã começo as aulas. A-MA-NHÃ. E sabe quando minha mãe me avisa isso? Hoje. Isso mesmo. Então tenho que sair às pressas atrás de material.

Ela me matriculou em uma escola chamada "Sweet Amoris". As aulas já começaram, mas, de acordo com ela, eu não perdi nada importante, somente apresentações de professores, de como seria o ano, essas coisas. Mesmo assim ainda é ruim.

(...)

— Mochila, confere, cadernos, confere, estojo, canetas, okay... — falei riscando na lista que havia feito — Tudo certo. 

Após ter pego o necessário na papelaria, aproveitei para comprar decorações para meu quarto. Não aguentava mais acordar e ver aquele branco sem graça.

Comprei papel de parede e alguns quadros. Pretendia pegar mais coisas, porém percebi que eu não tinha mãos suficientes para carregar tudo aquilo de objetos. 

Maldita hora para estar sozinha.

Saí da loja LOTADA de sacolas, daquelas grandes. Segurava três em cada mão, além de duas em cada antebraço. Todas pesadas.

— Vou perder a circulação do braço! — exclamei enquanto andava para casa. Vinte minutos de caminhada era o que restava — Apenas vinte minutos Rosa, você aguenta.

O Sol estava se pondo, e, devido a isso, o céu ficou num laranja muito forte, misturado com rosa. Não reparei que o encarava quando trombei com alguém na rua.

— Me desculpe, estava distraído... — o olhei, ele sorriu assim que me reconheceu — Olá, senhorita Rosalya.

— Oi Leigh — sorri de volta — Eu também me distraí, desculpa.

— Não precisa... — reparei na mochila pendurada em suas costas.

— Está indo para a escola? — o interompi.

— Sim, é meu último ano! — não sabia que ele estudava, muito menos que o fazia a noite. Na verdade não sabia quase nada a seu respeito — e você? Para onde vai com esse monte de coisas?

— Pra casa. São materiais de estudos e algumas decorações. 

— Precisa de ajuda? — na verdade sim, precisava, mas não queria parecer desesperada.

— Não — forcei um sorriso. Meu braço estava ficando roxo e formigava — Mas obrigada.

Ele me encarou por alguns segundos, olhou para meu braço e pegou as sacolas, me deixando apenas com uma.

— Ei! — exclamei.

— Com todo o respeito, senhorita, mas eu seria terrível se deixasse você carregar tudo isto sozinha — sorriu. Meu coração acelerou — Vamos, eu te acompanho até sua casa.

— Leigh, você vai se atrasar para a aula.

— Estou adiantado, não se preocupe.

— Ao menos me deixe levar sua mochila! — ele negou com a cabeça. Cruzei os braços e fechei a cara — Isso não foi uma pergunta — riu antes de colocar as sacolas no chão e retirar a mochila das costas — Obrigada! — sorri, colocando sua mochila.

"Así soy yo, así soy yo, así soy yo" — Meu celular tocou.

— É a minha mãe — falei lendo o nome no aparelho — um minuto, Leigh... Alô, mãe?... Acabei de sair, tô voltando pra casa agora... Sim, como você sabe? — olhei para o Leigh corada. Ela perguntou se eu estava com ele. Ele me olhou confuso — Claro que não vou passar o telefone... Mãe... Você pirou... — falei enquanto me afastava um pouco dele, não queria que ouvisse as teorias dela sobre nós dois — Olha, eu adoro conversar com você, você sabe, mas... Não é isso... Não quero ficar sozinha com ele! Para de gracinhas! — sussurrei, me afastando mais. Olhei de relance para Leigh, ele se aproximava falando algo, não prestei muita atenção — Mãe, posso te ligar daqui a dez minutos?... Mas mãe... — um barulho alto, semelhante a uma buzina, soou, desviando minha atenção do telefone.

Vi Leigh soltando as sacolas rapidamente no chão e correu na minha direção. Me dei conta de que estava praticamente no meio da rua, mas não havia carros passando, com exceção de um, estava perto, muito perto. Paralisei. Não sei o que deu em mim, não consegui me mover, não dava tempo, então só esperei o pior.

Antes que eu me desse conta, senti algo segurando minha cintura e me puxando para longe. O carro passou em seguida, muito rápido. Foram questões de segundos. 

Eu estava de costas para Leigh, ele ainda mantinha os braços em mim, me levando até a calçada. Curiosamente meus pés não tocavam o chão, e pelo como como eu estava erguida, ele provavelmente andava de costas também. Pude ouvir um suspiro dele, talvez de alívio? Me soltou gentilmente.

— Leigh... — falei virando para ele, constrangida.

— Não faça mais isso — respirou ofegante — Por favor.

— N-não sei o que deu em mim...

— A senhorita, por favor, poderia ficar ao menos um dia sem correr risco de vida? — falou ainda ofegante.

Sorri, surpresa. Então ele tem senso de humor?!

— Essa pergunta seria engraçada se não fosse trágica — eu disse — Muito obrigada, de verdade — o olhei nos olhos — você me salvou — ele abriu a boca para falar — e antes que você diga qualquer coisa, preciso agradecer sim. Você tem sido meu cordão dourado.

— Cordão dourado? — questionou com o semblante confuso.

— É um termo usado entre meus amigos. Significa pessoa que te ajuda ou te dá sorte — expliquei — Longa história.

Ele sorriu.

— Tudo bem — eu disse novamente — Chega de emoções por hoje! Vamos logo levar essas coisas — coloquei a mochila ao mesmo tempo em que ele pegou as sacolas.

(...)

— Muito obrigada, mais uma vez! — sorri o entregando a mochila. Ele colocou as sacolas na frente da porta de casa.

— Era o mínimo que eu podia fazer, Rosalya — disse sério — só não deixe sua toalha cair novamente.

Fiquei confusa com a frase, antes de lembrar da senhora e sua toalha.

— Pff... Hahahahaha... Mas que expressão é essa?

— E-eu inventei agora... Digo... Achei legal a frase interna de seus amigos, então pensei que seria legal criar uma também... — disse, corado. Eu só conseguia rir — É ridículo, não é?

— Não, hahahahah.... É... Hahahahah... É genial! — respirei fundo — Pode ser nossa piada interna! — o encarei ainda rindo. Nossos olhares se encontraram. Fiquei sem graça de repente, e ele aparentava ainda estar também.

Ouvimos um som vindo da cozinha. Constrangida, desviei o olhar.

Era minha mãe, certeza.

— Preciso ir — ele disse, quebrando o silêncio.

—É, eu sei —respondi — se cuida! — beijei sua bochecha.

Quando entrei em casa, minha mãe me esperava com um sorriso malicioso.

— Nem começa! — falei, corada.


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