Diário de Rosalya escrita por TiaManda


Capítulo 12
Strawberryoska


Notas iniciais do capítulo

Ei, como vão vocês?
Antes de começar o capítulo, tenho uma pergunta aleatória:
Como vocês imaginam a voz do Lysandre cantando?
Eu consigo imaginar de diversas formas! Alguém que acredito se encaixar na voz dele é o Peter Manos, conhece? Vou deixar o link de uma música dele nas notas finais.



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Castiel e Debrah dançavam abraçados ao som de alguma música eletrônica que não reconheci.

Incapaz de segurar um suspiro involuntário, sai de perto. Ficaria o mais afastado possível do campo de visão deles.

Aquela seria uma noite tranquila. Eu definitivamente não brigaria. Para cumprir este acordo interno, usaria de todas as formas para não esbarrar com eles.

Em meio ao aglomerado de pessoas, fui guiada para todos os lados, concentrei-me apenas em não ser pisoteada, porque talvez, em alguma espécie de sorte repentina, a muvuca me levasse para o bar.

Ao alcançar a parede, colei a ela, convicta de que seria mais fácil me nortear escorada. Contudo, as luzes piscantes se apagaram por completo, e a música parou de tocar. Gradativamente um som de guitarra soou, seguido por outro instrumento de corda e uma voz suave, baixinha.

Ah meu Deus! Era Lysandre! Ele estava se apresentando e eu precisava vê-lo nitidamente!

Disparei para o monte de gentes novamente e corri entre elas, desnorteada, em busca do palco. As luzes voltaram a piscar freneticamente e o som estralou.

Seguindo a melodia, e sem me importar em empurrar as pessoas, cheguei ao palanque.

Lysandre estava lá, deslumbrante. Encantador com seu traje incrível, sua presença de palco e principalmente sua voz fascinante.

A platéia pulava loucamente no ritmo das canções, e logicamente eu também.

Repleta de orgulho, gritava para Lysandre o quanto ele estava sensacional, mas sem saber realmente se ele ouvia.

Fotografei todos os momentos que lembrei da câmera. Lysandre era muito expressivo quando cantava, tornava-se completamente outra pessoa.

Após muitas e muitas músicas, o grupo agradeceu e saíram de cena. Em seguida a balada eletrônica voltou a preencher o ambiente, e junto a ela minha vontade de beber refrigerante.

Lysandre devia estar cansado, faria bem pegar refrigerante para ele também.

Sem ter noção de onde ir, tentei alcançar a parede mais próxima, porém alguém segurou meu braço.

Era Debrah.

Ela falou alguma coisa, mas eu não entendi nada porque a barulheira estava muito alta. Fiz um sinal com a cabeça para ela notar que eu não havia escutado.

— Eu perguntei se você é a novata da escola - Debrah gritou em meu ouvido.

— Aaah! Agora eu ouvi - respondi - Sim, sou eu! Por quê? - perguntei receosa. Ela queria tirar satisfação ali? Entre aquele bolo de gente?

— Eu tava voltando do banheiro e te vi, achei seu rosto familiar. Legal te encontrar aqui - ela gritou e depois olhou para o além, como se caçasse algo - Aqui tá muito lotado! Você não quer conversar em um canto mais vazio?

— Na verdade estou procurando o bar - gritei - Sabe onde fica?

— Eu te levo até lá! - ela disse por fim, antes de me puxar para qualquer direção.

Fomos parar em uma parte na qual eu não havia me perdido ainda. E ali estava o almejado bar. Felizmente não tão cheio quanto previ.

— É a primeira vez que vem aqui? - Debrah perguntou.

— Sim.

— É legal - disse ela - Sempre que eu posso, arrasto o Castiel pra cá.

Era impossível não estranhar a simpatia de Debrah quando na verdade devia me odiar. Ela não sabia dos boatos?

Nos aproximamos da bancada.

— Por gentileza - eu disse para o barman - dois refrigerantes e... - olhei para Debrah como incentivo para dizer o que queria, mas ela fez um gesto negativo com a cabeça - E só. - completei. - Não vai pedir nada?

— Ah, não se preocupe! - respondeu - O Cas... - parou de falar.

Olhei na mesma direção que ela, e avistei Castiel com dois copos na mão.

— Obrigada, gatinho - Debrah o agradeceu com um selinho. - Ó quem tá aqui - apontou para mim - Ela é da escola, não sei se a conheceu.

Castiel desmanchou o sorriso bobo ao me ver.

Pela expressão confusa de Debrah, concluí que ela, certamente, não ouvira os boatos.

Não seria eu que daria a notícia. E muito menos ficaria ali quando recebesse.

— Me desculpem - eu disse pegando os refrigerantes do balcão - Preciso encontrar o Lysandre.

— Você veio com ele? - perguntou Debrah - Fala que eu adorei o show.

— Ele foi sensacional, né - falei sentindo uma ponta de orgulho.

— Demais - ela riu e levou seu copo a boca.

Por descontração, dei um gole no refri incrivelmente aguado.

— Isso tá horrível! - deixei escapar.

— Haha! O Cassy me contou sobre os refrigerantes daqui - ela riu - Desculpa, esqueci de te avisar.

— Tudo bem - eu disse possivelmente fazendo careta. Precisava limpar a língua em algum lugar.

— Você devia pegar outra bebida - falou ela - Toma! - estendeu seu copo - Prova, talvez goste.

Sem hesitar, bebi uma porção daquilo. O gosto era forte, misturado com morangos, e queimava a garganta.

— É bom - bebi mais um gole - o que é?

— Strawberryoska.

Arregalei os olhos.

— Tem álcool nisso? - ela assentiu - Aqui vendem bebidas para menores? - perguntei indignada.

— Claro que não! - Debrah riu - Foi o Tiago que pegou para a gente.

— Quem é Tiago?

— Eu! - alguém falou em meu ouvido. Dei um pulo, surpresa.

O garoto saiu de trás de mim. Ele usava uma camiseta preta por baixo da camisa xadrez aberta. Seu cabelo castanho estava arrumado em um topete. Devido a iluminação, não pude ver com clareza a cor de seus olhos.

— Foi mal, gatinha - disse ele - Não quis te assustar.

— Tiago - disse Debrah - pode pegar uma dessas para ela?

— Quê? - falei - Ah não, obrigada.

— Tem certeza? - perguntou Tiago - Vai ficar com essa coisa ruim?

Minha mãe sempre falava sobre não aceitar bebidas de estranhos, todavia eu asseguraria de que ele não batizaria ela.

— Tá - me rendi - mas vou junto pegar.

— Nem precisa pedir duas vezes - ele sorriu e foi para a outra ponta do bar. O segui.

— Dois, por favor? - falei.

Tiago pareceu confuso.

— Vou pegar para o meu amigo também - expliquei.

Ele assentiu e falou com o barman.

— De duas, uma - disse ele - ou você quer ficar sozinha comigo ou...

— Quero me certificar de que não colocará drogas na bebida - falei francamente. Ele esboçou um sorriso.

— Ah sim, faz bem - disse Tiago - Fico aliviado por não precisar partir seu coração.

— Você é sempre tão convencido assim?

— Só quando a birita tá no sangue - riu - Por que tá tão séria?

— Precaução.

— Ah, gatinha, curte a festa - disse ele.

O barman voltou com o nosso pedido.

— Tó - entregou os drinques - E não se preocupa, não estou te cantando - sussurrou em meu ouvido - Da fruta que você gosta eu como até o caroço.- disse Tiago e depois sumiu na multidão. 

(...)

Eu necessitava cumprir meu segundo objetivo daquela noite: encontrar Lysandre.

Já havia acabado com meu copo e começava a bebericar o de Lysandre. Acredito ter andando em círculos por cerca de dez minutos, antes de decidir voltar ao bar.

Queria ter chegado ao palco, mas a luminosidade do lugar me impediu por completo. Então me fixei em um local no qual Lys fofo possivelmente procuraria.

Quando terminei o segundo copo, Tiago surgiu como um fantasma.

— Pare de me assustar - falei com a mão no peito.

— Foi mal, gatinha - disse ele e se direcionou ao barman - Vim pegar mais disso - apontou para algo e voltou para mim - Quer mais strawberryoska?

— Sim, por favor - respondi rápido. Aquilo era delicioso.

— É isso aí - Tiago gargalhou sem razão evidente - Você devia se soltar mais, garota - me deu as bebidas e desapareceu novamente.

Encostada na parede, observando a movimentação, tudo de repente tornou-se mais interessante. Não sei ao certo se era devido ao som ou ao show de luzes coloridas, mas fui tomada por um sentimento alegre. Tinha de me mexer, de pular, estava inquieta.

Voei para a pista e deixei a euforia me conduzir. As pessoas ao redor dançavam em câmera lenta. Era engraçado e contagiante. Tentei dançar como elas, mas meus pés não obedeciam o cérebro.

Cérebro. Quando eu tinha dez anos, achava que se pronunciava "célebro", e não "cérebro". "Cérebro" era complicado para mim.

— Rosalya - ouvi alguém dizer.

Olhei ao redor, confusa. Precisei segurar a cabeça para focar a visão, a paisagem borrava cada vez que me mexia.

— Rosalya! - chamou novamente.

Consegui identificar a figura.

— Lysandre! - corri para seus braços - Finalmente te encontrei! - eu disse, emocionada. O abracei com força - Que saudade, meu amigo! Pensei que nunca mais nos veríamos!

— Não exagere, Rosa. - disse ele, me afastando gentilmente para olhar nos olhos - Fiquei preocupado com você.

— Ah, você é uma graça, Lys fofo! - acariciei seu rosto com uma das mãos. - Mas está tudo bem! Inclusive, peguei isso pra você! - ergui o copo - Desculpa por estar pela metade, você demorou tanto que acabei não resistindo.

— Gentileza sua - disse ele, fazendo uma cara estranha. - Rosalya, isso é álcool?

— É - sorri. Que pergunta besta, ele queria que fosse o quê? Ah! Talvez estivesse com a mesma dúvida que tive - Não se preocupa, o Tiago é de maior.

— Você bebeu isso? - ele perguntou, sério.

— É, mas é como eu tava dizendo... - não fui capaz de continuar a falar sem rir, minha língua embolava e as palavras saíam hilárias.

— Rosalya, pelos céus, você não devia... - o discurso de Lys dissipou a medida que Tiago se aproximava.

— Gatinha - disse Tiago.

— Oi? - virei para ele, ignorando totalmente o Lysandre.

— Prova isso - mostrou um copo pequeno, com um líquido transparente dentro - Sério, é muito bom. O mundo inteiro devia provar isso.

Mamãe havia dito para não aceitar bebidas de estranhos, mas, a aquela altura, Tiago não era mais estranho.

Virei a bebida de uma vez. Ela ardia muito a garganta e o gosto amargo piorava tudo.

— Você me enganou! - gritei fazendo careta - É horrível!

— Rosalya, por favor me ouça! - só então percebi que Lysandre continuava a falar, no entanto não ouvi nenhuma de suas falas. - Não...

— Hahahaha - com delay mental, Tiago gargalhou alto o suficiente para atrapalhar Lys - O melhor vem depois, bobinha - piscou.

— Pode, por favor, nos dar licença? - disse Lysandre para Tiago. Este, que ria, partiu, inabalado.

— É irresponsável beber álcool desta forma - disse Lysandre.

— Desta forma como? - rebati, indignada - Eu tô normal!

— Rosalya, você mal consegue emitir uma frase coerente! - falou firmemente.

— Você tá louco! - disse eu - E chato! Me devolve isso aqui, porque você não merece! - peguei o copo que havia dado.

— Rosa...

— Tchau! - saí sem escutá-lo.

Ele estava um saco. Eu não era obrigada a suportá-lo.

Bebericando o stramseilaoque, caminhei sem rumo. Era divertido olhar para as pessoas, elas passaram de silhuetas para borrões, e agora eram manchas ambulantes.

Minhas pernas fraquejavam conforme a distorção do cenário. Tive de me apoiar em um canto qualquer, já não distinguia mais nada.

Senti meu corpo cair no chão e tudo escureceu.


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Notas finais do capítulo

Música Peter Manos:
https://youtu.be/ownPILUah_8
Peter Manos também:
https://youtu.be/aXPfKMQI4Lc



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