Ele admitiu para si mesmo que não sabia exatamente o que fazer para adquirir sua vingança.

Tinha ódio e raiva? Sim! Tinha vontade de matar todo mundo? Sim!

Mas percebeu que agir no impulso, como sempre agiu, só iria terminar com sua morte prematura.

Se qualquer uma das pessoas que ele odeia morrerem pela sua mão de maneira inexplicável ele seria ou condenado a morte ou jogado na Muralha.

Como ter uma ferramenta de vingança?

Ned...

Ned o traiu e ele não sabia como lidar com isso.

—Meu senhor, uma carta chegou, parece que é destinada a ti.

—Obrigada. -ele disse, dispensando a criada.
Ficou muito surpreso ao ver de quem era.

—Princesa Elia Martell?

Abrindo a carta, que pedia para que ela o encontrasse, que tinha muita coisa a explicar a ele.

Isso não aconteceu nas suas lembranças, ele nunca falou com Elia Martell pessoalmente.

Era uma mudança? O que estava causando isso?

Mas seja o que for, sua curiosidade foi despertada.

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Elia se sentou exausta, ainda pensando se realmente daria certo.

Robert Baratheon era um notório cabeça quente e era extremamente apaixonado pela noiva, isso era óbvio.

Como ele iria reagir a verdade?

Ela devia estar preparada para qualquer reação.

—Você está bem? -perguntou Ashara.

Elia pôs a mão na barriga.

—Só um pouco cansada, como fiquei com nas outras duas vezes que engravidei.

—Eu ainda estou zonza com tudo o que você me contou. Rhaegar... Que canalha maldito!

—Ele não pode mais me ferir, ou ferir meus filhos. Vai ser diferente dessa vez, não vamos ser pegos no turbilhão.

—Mas eu queria tanto dar um soco na cara dele!

—Calma Ashara. Talvez eu tenha uma surpresa.

Seu tio Lewyn a avisou de que seu convidado vinha.

—Querida, o Baratheon está vindo, se prepare.

—Obrigada tio.

Robert desceu do cavalo e ordenou a seus soldados descansarem um pouco.

Guiado até a princesa, que apontou para a cadeira a sua frente, ele se acomodou e foi direto ao ponto.

—Confesso que fiquei curioso ao seu pedido de falar comigo, minha senhora.

—O que eu tenho a dizer é de grande importância Lord Baratheon. E eu lamento desde já.

Elia puxou as cartas de Lyanna e as pôs na mesa.

—Sua noiva planeja a meses fugir com meu marido, Baratheon. Lyanna e Rhaegar estão apaixonados e dispostos a ir até as últimas consequências.

Elia separou em especial a carta que tinha vários xingamentos a Robert e que dizia o quanto a garota lobo estava louca para viver a aventura de sua vida com Rhaegar.

Robert leu, mas Elia ficou realmente surpresa que ele não teve um ataque de fúria.

—Eu já sabia. -ele disse, deixando a carta de lado.

Ela arregalou os olhos.

—Acredite se quiser, eu sonhei com isso.

Ela o olhou espantada.

—Você também?

Robert a olhou um pouco chocado.

—Como assim? Você também passou por isso?

—Eu vi minha morte. Minha e a dos meus filhos. Eu vi os dois em Dorne, o casamento e a anulação. A invasão de Porto Real, o que sofri por ordens de Tywin Lannister, tudo.

Então ela também sonhou com o que a esperava? Interessante, por isso essa mudança no rumo dos acontecimentos.

—Eu vi tudo o que me esperava no futuro e a verdade. Eu sei o que Lyanna e Rhaegar fizeram.

Elia sentiu um grande alívio dentro de si.

Se ele sabia então não precisaria lutar para convencer Robert a se aliar a ela.

—Eu tenho uma proposta, meu senhor.

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Então finalmente chegou o momento que destruiu Westeros para sempre.

Pouco antes do casamento de Brandon e Catelyn.

Elia e Robert, juntos cada um com os seus soldados e Ashara Dayne, viram Rhaegar pegar

Lyanna pela cintura e fugir, sumindo no horizonte com os guardas de Rhaegar.

Robert quase saiu do esconderijo tomado pela raiva, mas foi puxado de volta.

—Temos que impedir que a guerra ecloda. Não agora. -disse Elia baixinho para Robert.

—Aquela ali é Lysa Tully?

Lysa correu até o lugar onde o grupo de Rhaegar tinha sumido com um rosto pálido, mostrando estar apavorada.

—Então foi assim. -disse Robert, entendendo como tudo começou a dar errado.

—Ela deve ter achado que Lyanna foi sequestrada. Do ângulo que ela viu parecia mesmo. Ela não viu o sorriso de Lyanna como nós vimos.

—Então ela falou para Brandon. Que foi para a capital. -completou Robert.

—Menina idiota! -disse Ashara, batendo na própria testa.

—Vamos! Ela deve procurar o Brandon.

O Stark estava em fúria e preparava sua comitiva para ir a capital.

—Parem agora! -ordenou Robert.

Brandon até tomou um susto, ainda mais com o tom que Robert usou.

—Mas o que é isto?

—Ele está tentando evitar seu erro, Stark. Sua irmã partiu de boa vontade.

—Minha irmã jamais faria isso! Por que você está inventando isso sua dornesa? E como convenceu o noivo da minha irmã.

—BRANDON VOCÊ VAI ME OUVIR AGORA! -bradou Robert, se aproximando dele ameaçadoramente. Brandon recuou até encostar em uma árvore. - SUA IRMÃ, AQUELA CACHORRA NO CIO, FOI DE BOA VONTADE COM O LAGARTO ALBINO! ELA FUGIU COM ELE SIM! E FOI EMBORA SORRINDO! EU VI!

—Mas... Mas Lysa...

—Ela pensou que foi sequestro, mas não era. Se enganou. -apaziguou Elia, fazendo Robert recuar.

—Mas você simplesmente a deixou ir? Se você viu ela fugindo com ele porque não a impediu?

—Não era a própria Lyanna quem dizia que eu não respeitava a vontade dela? Estou respeitando!

Ela não é contra o nosso noivado? Pois agora é muito livre para fugir com o homem que quiser. Estou quebrando meu noivado com Lyanna!-disse Robert cheio de cinismo.

—Mas... Mas isso vai ser um escândalo!

—Sua irmã quis assim. Assim seja.

Brandon não sabia mais o que fazer, se sentia perdido.

Elia estendeu as cartas.

—São da sua irmã. Leia e veja com seus próprios olhos a verdade.

Brandon leu cada carta.

As jogou no chão e olhou para o horizonte, tomado de decepção.

—Brandon você vai fazer o que eu mandar. Chama o seu pai agora e o Hoster Tully também. Elbert. Chama o Jon. Precisamos todos conversar urgente.

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Nem era preciso dizer o quanto Jon, Hoster e Rickard ficaram furiosos e chocados com todo o acontecido.

E muito surpresos ao ver Elia Martell com Robert.

—Robert por que ela está aqui?

—Por que Elia agora também está dentro da nossa conspiração.

—Você contou para ela? -perguntou Jon com um tom de voz traído.

Elia ergueu o queixo com desdém.

—Suas ambições sulistas são muito evidentes no propósito. Eu não sou burra. Eu já tinha concluído para o que servia sua grande conspiração de alianças sem ajuda. Vocês pretendiam primeiro limitar o poder dos Targaryen com uma aliança capaz de ser um aviso caso cometam abusos de novo. Vocês primeiro iriam restringir o poder deles para depois derrubar a dinastia Targaryen quando chegasse a próxima geração. Vocês todos planejam fazer de todas as Grandes Casas famílias por casamento, aproveitando que a família Targaryen se isolou por duas gerações com os casamentos de Jaehaerys e Shaera, e Rhaella e Aerys. Se Lysa tivesse se casado com Jaime vocês também teriam os Lannister e com Elbert ainda solteiro poderiam casar ele com Janna Tyrell ou uma Hightower, obtendo a Campina. Assim eles ficariam sem aliados nenhum.

Eles sabiam que havia especulação mas não imaginavam que Elia seria tão certeira.

—Vocês buscam a independência. Essas são as verdadeiras Ambições Sulistas.

—E você... Vai nos ajudar? Mesmo contra a herança de seus filhos?

Elia pousou a mão no ventre. Pensou em Visenya, e em Rhaenys, e em Aegon, mortos por culpa dos erros de Aerys e Rhaegar.

—Que herança? Meus filhos foram despojados pelo próprio pai, para dar lugar a Lyanna e seis filhos.

Jon Arryn chutou uma cadeira.

—Aquela menina burra! Formamos uma aliança justamente para fazer frente ao poder dos Targaryen e aquela tola joga tudo pelos ares!
Ele se virou para Rickard.

—Por que você não contou para os seus filhos? O único que justifica você não falar nada é Benjen, que ainda é criança!

—Eu cometi um erro. Um grande erro. Devia ter criado minha filha melhor. Mas agora... Não tenho escolha se não a de deserdar Lyanna como filha. -diz Rickard com tristeza.

—Você devia era ter contado para ela as nossas verdadeiras intenções. Rickard, quando a gente tem planos por um longo prazo que envolvem nossos filhos e uma conspiração contra a família real subentende-se que precisaremos contar para eles quais são esses planos. Por que eles não são adivinhos, eles podem estragar o que planejamos sem querer, por pura ignorância.

Ele olhou para Elia.

—Você está disposta a desistir da corôa de seu filho para entrar na nossa aliança?

—Eu não preciso de Rhaegar para fazer dos meus filhos príncipes. Eu já sou uma princesa por mim mesma. Eles foram jogados fora. Eu preciso garantir que o pai deles nunca vai ter poder para prejudicar os três.

—Três?

Ela assentiu, pondo a mão na barriga com mais ênfase.

—Essa é a oportunidade que buscamos, meus senhores. Todos nós livres do jogo dos dragões quebradores de promessas. E Lyanna e Rhaegar nos deram a oportunidade perfeita.

—Como assim?

—Vamos esperar até que eles se casem e voltem se declarando casados. Eu vou fazer meu papel de indignada e Dorne vai pedir a independência. A Fé vai ficar em polvorosa por um príncipe jogar fora um casamento verdadeiro e com filhos. Enquanto eles se divertem em sua fuga da realidade vamos fazer alianças. Ofereça em segredo a Tywin Lannister uma corôa. Case Elbert com uma Tyrell ou Hightower para impedir que a família das flores dê seu apoio a Aerys. E sei lá, ofereçam um casamento para os filhos de Mace. Usem sua indignação com a quebra do casamento contra Rhaegar e seu pai e vamos declarar a independência todos ao mesmo tempo.

Robert gostava da ideia. Só de pensar nos dois achando ter triunfado mas ter seu tapete puxado sob os pés e ainda por cima rejeitados e humilhados publicamente, com todos lhe virando as costas ele sentia um imenso prazer.

—Para selar o acordo eu teria a união de seu segundo filho Ned com minha amiga Ashara e Stannis Baratheon com minha prima Isanne Gargalen.

Eles aceitaram.

A queda de Rhaegar, Lyanna e Aerys foi selada.

Todos levantaram seus copos de vinho (e Elia o seu de suco).

—Um brinde as Ambições Sulistas!