Titanium Man escrita por Gabriel Lucena


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Voltei, boa leitura!



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Márcio acabou acordando no meio da noite, sentindo-se confuso. Ao ver que o quarto estava escuro, percebeu que ainda estava escuro do lado de fora, então pegou seu celular e desbloqueou-o, a tela indicava 3:45 da manhã. Suspirou, precisava voltar a dormir logo. Então, virou-se para o lado no intuito de abraçar Karen por trás, porém, percebeu que a mesma não estava lá. 

Por um segundo, ficou frustrado, achando que ela tinha ido embora, por mais que aquilo fosse normal, afinal, eles já tinham terminado a transa, mas ele logo notou algumas peças de roupa dela ainda jogadas no chão, o que indicava que ela estava em casa. Foi então que ele ouviu o barulho do chuveiro. Karen estava tomando banho. Rapidamente, ele tratou de se vestir, colocou só a parte debaixo do pijama e deitou-se na cama, fechando os olhos, esperando-a voltar.

Alguns minutos depois, ela entrou no quarto, ele estava com os olhos semiabertos, mas devido à escuridão do quarto, que era iluminado apenas pelo brilho da lua refletido na janela, Karen não conseguiu perceber. Quando ela já havia colocado a calcinha e a blusa que usava, Márcio resolveu agir.

— Já vai embora? - sussurrou ele, fazendo a moça dar um pulo.

— Que susto merda! - reclamou ela.

— Desculpe, dama. - ironizou ele, sorrindo.

— Não tem graça... - irritou-se ela.

— Ok, desculpa. Agora responda minha pergunta.

— E qual era mesmo? Já me esqueci. - rebateu Karen.

— Já vai embora? - repetiu ele.

— Claro que sim, está tarde, era pra eu estar em casa há mais de cinco horas! 

— E por quê não passa a noite aqui? - ele sorriu, colocando as mãos atrás da cabeça.

— Como assim, "por quê"? Me deitei com meu chefe, isso não é certo, sabia? 

— Então por quê não caiu fora quando eu disse que adoraria passar a noite brincando de papai e mamãe com você? - ele franziu a testa.

— Porque faz muito tempo que eu não tinha essa sensação e muito menos acordar de madrugada ao lado de um homem. Eu não ia deixar passar essa né? - explicou ela, erguendo uma sobrancelha.

Claro que, para Márcio, aquilo não fazia a menor diferença. Afinal, ele também estava há anos sem se deitar com uma mulher, por causa do problema em seus ossos, mas não sentia nada de especial por Karen, estava também só matando sua saudade mesmo.

— Está bem, pode ir, mas antes quero te perguntar umas coisas. - disse ele.

— Pra quê? Vai me colocar no bolsa família? - ela riu.

— Não, porque você é a única funcionária minha que eu não sei nem metade da história. 

— E de todos os outros você sabe tudo?

Ele fez que sim com a cabeça.

— Até o número dos sapatos, as cores favoritas das peças de roupa íntima... - ele disse, mas Karen o interrompeu.

— Tá tá tá, pergunta logo! - bufou ela.

Márcio riu e deu um pigarreio.

— Bem, depois que você foi parar naquele colégio militar? - ele começou, a olhando.

Ela deu um longo suspiro antes de falar.

— Bem, os meus pais disseram pra mim que o meu bebê tinha morrido ao nascer. Eu não sentia que estava preparada para ser mãe, mas você é pai e sabe que conforme o tempo vai passando a criança vai crescendo mais dentro daquele espaço minúsculo, você começa a amar ele... - ela começou.

— Nem todo mundo. A mãe da Marina nunca quis ela, mesmo depois da gravidez. - bufou Márcio.

— E como conseguiu fazer sua filha lidar com isso? - quis saber Karen.

— Me responda primeiro e pergunta depois. - bufou ele.

— Então não me interrompa!

— Ok ok, continue...

— Pois bem, eu fiquei muito mal, depressiva, tentei avisar o pai dele o que havia acontecido com o bebê, mas meus pais insistiram que ele não devia saber de nada, pois o lugar dele era na cadeia. - ela sussurrou, dobrando os joelhos e abraçando o próprio corpo - Isso só piorou mais ainda, eles tentaram me colocar em um psicólogo, mas ele disse que tudo aquilo que estava acabando comigo, não era somente tristeza, era raiva. Raiva de tudo que eu havia passado. De ter aceitado ir pra cama com ele, da morte do meu filho, do que meus pais fizeram...

— Você foi mesmo pra cama com ele só para ele aumentar sua nota? - quis saber Márcio.

— Sim. Meus pais eram descendentes de uma família rica do século dezenove. Toda a fortuna deles era herança de família. E eles queriam que eu mantivesse essa tradição de ser uma menina inteligente, estudiosa, que iria suceder a família nos negócios. Mas acontece que aquele professor deixava a matéria difícil, era fácil entender em casa, mas na escola era impossível, nem meus colegas passavam direto na matéria dele.

Por incrível que pareça, foi a partir daí que Karen começou a se sentir mais aliviada, desabafando com Márcio, ela estava pondo pra fora tudo que foi guardado dentro de si durante todos esses anos e agora estava colocando tudo pra fora, o que estava fazendo bem pra ela naquele momento.

— Certo... Então, você acabou se tornando a ovelha negra da família, seus pais te mandaram para um colégio militar pra você poder ter boas maneiras. E depois? - insistiu ele.

Ela deu um longo suspiro antes de continuar.

— Lá no colégio, os alunos me detestavam, me chamavam de "vadiazinha", "safada", entre outros nomes relacionados ao que eu fiz com meu professor, sem contar que tentavam me seduzir várias vezes, eu nunca cedia, pois não era aquele tipo de garota. Tentaram abusar de mim várias vezes ao verem que as investidas não davam certo. Então, um dia, eu fui denunciar isso para o diretor, mas ele nem me deu ouvidos. - ela fez outra pausa - Depois de um ano, não estava mais suportando toda aquela situação, tentei o suicídio, roubando a arma calibre 43 de um dos seguranças de lá, me escondi em um canto e quando ia atirar, duas coisas me fizeram desistir: eu hesitei por vários segundos porque algo dentro de mim, uma sensação estranha, dizia que meu filho estava vivo e bem. E se eu morresse, nunca iríamos nos conhecer. E a outra coisa, obviamente foi que, pela demora de agir, alguém passou por perto e eu tive que me esconder. Mas guardei a arma para o dia seguinte e quando tentaram me abusar, atirei em um deles, num impulso. - ela confessou e Márcio arregalou os olhos.

— E você... o matou? - perguntou, incrédulo.

— Não, milagrosamente ele sobreviveu, mas ficou com sequelas, o lado esquerdo do corpo, que foi o lado que a bala pegou, não funcionava mais. - ela agora tinha lágrimas nos olhos. 

— Com certeza você atingiu algum órgão. - sussurrou Márcio, com a mão na boca.

— Sim... Aí, foi a gota d'água. Levei uma surra tão grande a ponto de quase morrer. A notícia se espalhou pela internet enquanto eu me recuperava no hospital. Até que um homem, líder de uma agência de espionagem que viu a matéria na televisão, disse que eu tinha talento e o perfil de uma mulher que ele tanto procurava e me fez uma proposta: eu trabalharia para ele e teria uma ficha limpa, com uma vida normal e eu aceitei. - finalizou ela, enxugando o rosto.

— E onde você chegar na minha empresa se encaixa nessa história? - perguntou Márcio.

— Ele está suspeitando de Adamastor há muito tempo, então, me pediu que me disfarçasse de funcionária sua para vigiar ele o dia todo e descobrir o que ele está tramando. 

Ela finalmente o olhou nos olhos.

— Gostaria de conhecer esse homem, quando possível. - pediu Márcio.

                                                             No dia seguinte, no presídio da cidade...

Adamastor caminha a passos largos do mesmo, com um sorriso confiante no rosto, sentindo que estava com seu plano misterioso navegando de vento em popa. Ele entra na sala do delegado e o olha.

— Bom dia senhores. - ele disse, olhando para o delegado e o segurança.

— Bom dia. - respondeu o delegado.

— Gostaria de falar com Maurício Diniz. - pediu ele. 

— Da parte de quem?

— Adamastor Nolasco. - identificou-se.

O delegado assentiu e levou Adamastor até uma sala, onde Maurício já o esperava, sentado na mesa, com as mãos algemadas. O mesmo segurança de antes, ficou na porta, os observando.

— Olá Maurício. - disse Adamastor.

— Olá. - Maurício respondeu, sem jeito.

— Eu sei que não quer saber quem sou mas... Sou Adamastor Nolasco e vim pedir sua ajuda em um projeto revolucionário. - animou-se ele.

— Projeto revolucionário? O senhor é cientista por acaso? - bufou ele.

— Não, mas trabalho nas empresa de Márcio Sterling. E estou com um projeto para apresentar para ele, mas preciso terminá-lo com precisão. E um homem como o senhor, que já deu aulas de física, deve ser muito inteligente, então quero sua ajuda para terminá-lo.

— E o que eu ganho com isso?

— A sua liberdade e ficha criminal limpa. 

Maurício ficou irritado.

— Ei, eu não cometi crime nenhum! - esbravejou.

— Levar uma menor de idade pra cama usando a desculpa de aumentar a nota é crime sim. Não se chama abuso sexual, mas se chama pedofilia. Então sim, você é um criminoso, mas poderá deixar de ser se me ajudar no que eu estou propondo.

Maurício ficou estático por algum tempo. Aceitar a oferta de um desconhecido para ganhar a liberdade ou cumprir pena de forma honesta para não se arrepender depois?

 


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Notas finais do capítulo

Pesado o passado da Karen viu? Até mais!



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