Chances escrita por Miss Johnerfield


Capítulo 4
Four




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“Se apenas pudéssemos voltar no tempo
De volta ao dia em que dissemos adeus
Talvez seu coração ainda seria meu”

(If Only - Andrea Bocelli feat. Dua Lipa) 

 

— O que? Você não pode estar falando sério! – exclamei surpresa. – Sel, por favor! O cara é doido por você!

— E daí? – a voz da minha amiga soou um pouco ressentida e chateada, e lágrimas rolavam pelo seu rosto. – Só porque ele gosta de mim eu tenho que me agarrar a ele feito carrapato, com medo de não conseguir alguém melhor porque fiquei presa nessa cadeira estúpida?

— Não! E você sabe que não foi isso o que eu quis dizer. Me perdoe, por favor – eu disse.

— Tudo bem – disse ela enxugando as lágrimas – Me desculpe também pelo chilique.

— Você tem todo o direito de se sentir chateada com isso. Mas o que eu quero dizer é que dá pra ver nos seus olhos o quanto você gosta dele, e não é justo vocês terminarem um namoro tão lindo por ficar pensando apenas no “se”: “se as coisas fossem diferentes”. Infelizmente elas não são então temos de aprender a conviver com isso. Você merece ser feliz amiga! Pare de tentar se sabotar!

— Obrigada, de verdade. – disse ela com um meio sorriso.

— Vem aqui – disse enquanto a puxava para um abraço. – Eu tive uma ideia: por que a gente não passa a tarde juntas? Assim você se distrai enquanto cria coragem de chamá-lo para conversar. Eu não o conheço como você, mas percebi ontem que ele gosta e se importa muito contigo.

— Tudo bem – disse ela concordando. – Por favor, nem comenta isso perto do Howie porque você sabe como ele é.

— Do que estávamos falando mesmo? – perguntei fingindo ter me esquecido de nossa conversa e Selena soltou uma risadinha.

— Só você mesmo pra me fazer rir num momento dramático desses – comentou minha amiga. – Ok, a gente ficou aqui falando do Nick e ainda nem tocamos no assunto sobre o amigo dele. Como foi ontem?

— Como assim? – perguntei.

— Depois a lerda sou eu. É lógico que eu estou falando de você e do Alex. O que rolou?

— Nada, oras – respondi dando de ombros.

— Quer dizer então que nós deixamos vocês sozinhos à toa? – perguntou Selena.

— Então que foi tudo de caso pensado? Safada! – dei um tapa em seu braço de brincadeira e ela riu.

— Não totalmente, eu juro! Quer dizer, aquilo dos fogos foi real, e eu fiquei assustadíssima! Mas aproveitamos a ocasião para que vocês se conhecessem melhor.

— Amiga, que furada! A gente já se conhece – respondi.

Selena me olhou com curiosidade e surpresa antes de perguntar:

— Como assim amiga?

— Lembra do dito-cujo com quem namorei na adolescência e me fez sofrer horrores quando a gente terminou? Pois é... É ele.

Minha amiga soltou um gritinho e me olhou com incredulidade.

— Amiga, pelo amor de Deus! Eu não sabia! O Nick tinha me dito que o nome dele era AJ, e eu nem me toquei que esse “A” era de Alex. Ou que ele pudesse ser o seu Alex. Além do mais, foi ele quem me perguntou sobre você. Quer dizer, perguntou ao Nick.

— Perguntou ao Nick? – repeti a pergunta um tanto confusa com o que acabara de ouvir.

— Sim! Lembra aquele dia que estávamos nos bastidores do show do meu irmão, no México? E Nick fez uma chamada de vídeo comigo e eu pedi para você dar um “oi” a ele?

— Claro! Até comentei com você que o cabelo dele era mais bonito que o meu – ri ao lembrar daquilo. Nick tinha cabelos loiros e lisos na altura da nuca, cortados em camadas desde a altura dos olhos. Lembro-me de invejar aqueles cabelos de comercial de shampoo por uns três dias.

— Então, AJ estava com Nick aquele dia e viu você pelo celular dele. Quando a turnê acabou e acertamos a festa na boate, Nick me pediu seu número de telefone dizendo que o amigo dele ficou interessado em você. Eu não te falei nada antes porque nem achei que ele estaria lá. Eu não fazia ideia, sinto muito.

Quando Selena terminou a história, a única coisa em que eu pensava era porque Alex tinha mentido para mim. Se a gente ia se encontrar de qualquer jeito, porque ele fez com que parecesse obra do acaso ou sei lá o que? Eu não fazia ideia do que estava acontecendo, mas precisava descobrir logo. Eu odeio ser a última a saber das coisas, e dado o nosso histórico, as chances de isso acontecer outra vez eram prováveis demais.

— Tudo bem amiga, você só estava tentando me ajudar. Obrigada – agradeci a ela com um sorriso franco.

— Ufa, achei que você ficaria com raiva. Mas já que vocês se conhecem e eu percebi que ele está interessado em acertar as coisas com você, depois vocês resolvem esse mal entendido.

— Concordo. Aliás, a tarde está só começando, e eu não quero desperdiçar esse dia lindo de sol falando só dos nossos problemas, que no momento tem nome e sobrenome. Vamos pra piscina? Eu trouxe roupa de banho e já estou me convidando porque esses meses confinada em estúdio de fotos e casas de shows me fizeram perder vitamina D.

— Nem me lembre! Essas férias vieram a calhar.

Ajudei Selena a se trocar, me arrumei adequadamente e fomos até à área externa da casa. Almoçamos a beira da piscina, tiramos diversas fotos e aproveitamos muito bem o dia de sol. Aquela tarde fez bem a nós duas, e após algumas horas ela parecia a mesma de sempre: despreocupada, leve e alegre. No final da tarde, Nick ligou para ela e disse que ficou preocupado porque minha amiga não havia respondido suas mensagens, apenas pela manhã. Lancei à Selena o mesmo olhar que Nari reservava para mim quando queria provar que eu estava errada em relação a alguma coisa.

Selena disse a ele que estava tudo bem, mas que os dois precisavam conversar sobre algumas coisas. Como aquele dia Nick teria um evento para organizar na casa noturna, combinaram de conversar outro dia em que os dois estivessem livres de seus compromissos. Mesmo estando bem, percebi a tensão de minha amiga e me prontifiquei a ajudá-la naquilo também.

— Obrigada, amiga. Você não existe – disse ela sorrindo.

— Irmãs mais velhas são para essas coisas – respondi sorrindo também.

Howard chegou da entrevista na rádio no final da tarde, lamentando por ter deixado Selena sozinha.

— Tudo bem Howie, Anna me fez companhia o dia todo hoje – disse Selena.

— Você devia ser canonizada por aguentar essa chorona o tempo inteiro – comentou ele em tom de deboche.

— Ridículo! – exclamou minha amiga jogando um de seus chinelos nele. Howard protegeu o rosto e o chinelo bateu em seu braço. Fingindo indignação ele correu até sua irmã, a pegou no colo e ameaçou jogá-la na piscina.

— Peça desculpas! – disse ele.

— Não! Me solta! – exclamou Selena dando gritinhos assustados, mas se divertindo com a situação.

Eu achava linda a relação entre os dois. Howard vivia pela irmã dele, e os laços de cumplicidade e amor fraternal eram algo sagrado para os Dorough. Eu esperava um dia poder construir uma família como aquela, que vivia para algo muito mais durável do que apenas interesse, como era em casa às vezes.

Depois de acalmarem os ânimos, Howard colocou minha amiga de volta na espreguiçadeira ao lado da minha e sentou-se conosco. Conversamos por um longo tempo, e ele me disse que havia falado de mim para um amigo que também era cantor.

— Você deve conhecê-lo, Anna. O nome dele é Brian Littrell, ele é cantor de música gospel.

— Claro! Eu fui a uma apresentação dele na igreja que Nari frequenta. Ela é uma grande admiradora, para não dizer fangirl – comentei em tom de fofoca. Howard riu e continuou seu comentário:

— Bem, encontrei com ele hoje na rádio e Brian me disse que está trabalhando em um disco novo, e precisava de uma consultoria sobre as roupas que deveria usar para a sessão de fotos do encarte e divulgação do CD. Eu tomei a liberdade de passar seu número a ele apenas porque estamos de férias, porque se ele pensa que vai roubar minha figurinista favorita, perdeu a vez.

— É claro que sou sua favorita, sou a única! – respondi em tom de brincadeira – Tudo bem, eu prometo que será temporário.

Howie sorriu e acrescentou em seguida:

— Pois é... Eu gosto de exclusividade.

Selena olhava de mim para ele e pelo brilho em seus olhos percebi que ela estava querendo aprontar alguma. Sorri meio sem jeito e desviei o olhar para meu celular, que coincidentemente começou a tocar na mesinha de centro.

— Falando no diabo... – comentou Howard.

Atendi a ligação e me surpreendi mais uma vez com a voz do outro lado da linha. Não era meu novo cliente. Era Alex.

— Oi, Anna. Será que a gente podia conversar? 


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