When Darkness Shines Brightest escrita por darling violetta


Capítulo 6
Fome, parte II




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Apesar do frio dos primeiros dias do outono, Elizabeth encontrava-se radiante. Seu sorriso parecia capaz de iluminar o coração mais gélido. A garota dos cabelos loiros usava um vestido rosa elegante, por baixo de um casaco branco e luvas também brancas. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo.

Paula, sua dama de companhia vinha alguns passos atrás, equilibrando algumas caixas.

"Devagar, milady." Pediu.

Elizabeth sorriu, girando como uma criança feliz na noite de natal.

"Não posso, ainda não encontrei luvas. Tudo tem que estar perfeito para esta noite!"

"Eu sei, mas neste ritmo não consigo acompanhá-la."

"A carruagem está ao dobrar da esquina e…"

Ela não conseguiu terminar, como se chocou numa parede de músculos. Entretida como estava, não percebeu o rapaz em sua direção. Antes que pudesse cair, o desconhecido segurou seus braços.

Os dois se encararam por poucos segundos, enquanto se recuperavam do choque inicial. O rapaz soltou seus braços, dando um sorriso sem jeito.

"Desculpe." Elizabeth disse.

"Eu que peço desculpas, senhorita. Não deveria ser rude com uma dama."

Elizabeth retribuiu o sorriso do rapaz. Ele tinha cabelos castanhos e olhos expressivos. Não aparentava ter mais que vinte e anos. Carregava uma grande bolsa marrom e vestia um terno cinza. Pegou a mão da moça e a beijou.

"Sou Daniel."

Mais que depressa a loira puxou sua mão, andando o mais rápido que podia. Paula seguiu atrás dela.

"Espere, milady."

Daniel foi atrás dela.

"Eu te ofendi? Se o fiz, peço perdão por minha atitude rude."

"Esta noite será meu aniversário, e também a noite em que meu noivo pedirá minha mão." Respondeu sem diminuir o ritmo. "Não devo falar com homens estranhos."

Elas enfim chegaram à carruagem. Paula abriu a porta e depositou as caixas. Elizabeth estava prestes a entrar quando Daniel segurou-lhe a mão.

"Ainda imploro seu perdão, mas gostaria de saber o nome de uma dama tão doce."

"Este cavalheiro a incomoda, Elizabeth?"

Elizabeth abriu um grande sorriso diante da voz conhecida. Ambos se viraram na direção do som, apenas para encontrar Ciel e seu mordomo logo atrás. O Conde mal chegara em Londres quando viu sua noiva ser seguida por um outro homem. Mesmo que não sentisse nada por ela, era seu dever saber o que se passava.

A garota mais que depressa pulou nos braços do noivo. Dando um abraço apertado ao qual ele não conseguia respirar. Mesmo mais velha, Elizabeth não mudou seu jeito.

"Este é Ciel, meu noivo." Disse, orgulhosa.

O conde o encarava de cima a baixo, imponente. Daniel olhou o casal por uns instantes e decidiu se retirar.

"Sinto se fui mal interpretado. Se for o destino, nos veremos novamente." Com um sorriso, saiu sem olhar para trás.

"É tão bom te ver, Ciel! Mal posso esperar por hoje a noite!"

O garoto piscou.

"Hoje a noite?"

"Não me diga que esqueceu." Fez beicinho. "É meu aniversário. Não recebeu o convite?"

"Claro, claro. Eu me lembro. Mal posso esperar."

"Bem, ainda tenho que terminar minhas compras. Nos vemos à noite."

A menina entrou na carruagem e a mesma partiu. Com um aceno, Ciel viu a carruagem se perder mais a frente. Quando não era possível vê-la, sua expressão mudou.

"Ah, droga, eu me esqueci completamente."

"A que se refere, mestre?"

"Hoje Lizzie faz 19 anos. Foi acordado que eu deveria pedir sua mão hoje à noite. Mas eu me esqueci e não tenho roupa, nem uma aliança adequada."

"Entendo." Sebastian levou a mão ao queixo. "A investigação ficará para depois. A prioridade no momento é se preparar para o evento da noite."

Embora não gostasse da idéia de se casar, como o conde Phantomhive era seu dever. Ao assumir o lugar do irmão, o noivado com Elizabeth Midford era também seu compromisso.

 

********************

 

Encontrar uma roupa adequada era fácil, afinal Nina Hopkins vestia sua família há anos e até então nunca decepcionou. No entanto, encontrar uma jóia que agradasse sua noiva era mais complicado. Desde que o falecido príncipe Albert presenteou, na época de seu noivado, a rainha Vitória com uma aliança, tornou-se costume dar um anel às noivas.

"Não me parece ao gosto de lady Elizabeth." Sebastian deu sua opinião ao anel escolhido por Ciel. Era simples, com um diamante quadrado solitário, numa cadeia feita de platina. Eles estavam na terceira joalheria, e o conde não gostava nada da tarefa. Para ele, era uma grande perda de tempo.

"O que você entende de alianças?" Retrucou.

O mordomo colocou a mão no queixo, observando as opções. Uma delas chamou sua atenção. Tinha um grande diamante redondo no centro, rodeado por diamantes menores. Finos arabescos foram gravados de ambos os lados, com pequenos cristais brilhantes. Sebastian o pegou entre os dedos.

"Creio que Elizabeth gostará bem mais deste aqui."

"Excelente escolha." Sorriu o joalheiro.

"Tanto faz." Resmungou Ciel. "Quanto mais rápido acabarmos com isso, mais rápido posso cuidar do que realmente interessa."

Ciel não gostava quando outra coisa interferia em suas missões para a rainha. Especialmente se tratando de algo tão frívolo quanto compras. Mas logo ele pagava e saía com a jóia em mãos.

"Deveria ao menos fingir que se importa." Sebastian disse ao saírem da joalheria.

"Por quê? Eu espero cumprir minha vingança antes de precisar realmente me casar. Não vejo sentido nenhum em tal ato."

"Mas a lady…"

"Senhor…" Uma jovem de longos cabelos vermelhos os interrompeu. Estava vestida com roupas esfarrapadas, pés descalços. Não deveria ter mais de 15 anos. "Gostaria de comprar um perfume? Ou flores para sua esposa ou namorada?"

Ela os guiou até uma barraca improvisada. Uma cesta de palha estava cheia de flores coloridas, com alguns pequenos frascos com um líquido vermelho ao lado. Continuou.

"Eu os vendo para pagar o tratamento de minha avó."

"Não obrigado." Sebastian tomou a palavra. Ele ergueu a mão para afastar a garota, contudo ela pegou um dos frascos.

"Por favor, eu preciso de dinheiro. Sinta o cheiro, são bons."

Borrifou o perfume no ar. Por instinto, Sebastian se colocou entre a garota e seu mestre. O cheiro penetrou suas narinas. Respirou fundo, absorvendo o quanto podia. A garota pareceu confusa.

"Oh, eu sinto muito."

Ciel piscou, a cena acontecendo como um borrão. Ao recuperar a compostura, ajeitou a roupa e voltou a andar.

"Vamos, Sebastian."

Mais que depressa o demônio o seguiu. O cheiro persistia em suas narinas. Era familiar, forte e algo mais que não podia identificar. Mas muito bom.

Viu seu mestre metros à frente. Suas costas charmosas, seu casaco se movendo com o suave caminhar do rapaz. Seus cabelos brilhavam. Seu coração batia. Inspirou mais uma vez. O cheiro havia grudado em Ciel, e Sebastian precisava dele.

Apressou-se em apanhá-lo. Quando estava perto o suficiente, aproximou o rosto dos cabelos do rapaz. Inspirou profundamente, um rosnado inconsciente escapando de sua garganta.

Ciel parou, seu coração congelando, assim como seus olhos aumentaram. Ele percebeu o demônio atrás dele, a estranheza se fez presente como ele sentiu Sebastian cheirando-o, sem falar do som que saiu de sua garganta. E pior, eles estavam em público.

"Co-como se atreve?"

"Perdão, mestre. Não sei o que deu em mim."

"Apenas… não o faça outra vez." Continuou andando, tentando ignorar as batidas de seu coração. "Demônio estúpido."

Sebastian permaneceu parado uns instantes. Sentia o sangue de seu mestre correndo nas veias, o coração acelerado. Lambeu os lábios. Quase oito anos de servidão. Poucos contratos duraram tanto. Mas apenas Ciel tinha aquela alma preciosa. Sua escuridão e luz formando algo incrível e único.

E o cheiro…

O coração pulsante.

Era hipnótico. Apenas agora Sebastian se deu conta do quanto estava faminto. Lambeu os lábios outra vez. Seus olhos piscaram magenta.

"Sebastian!" A voz irritada o trouxe de volta, mesmo que em parte.

Como uma borboleta atraída para as chamas, Sebastian o seguiu, sem nem ao menos pensar.


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