Sebastian bateu na porta do escritório de seu mestre e esperou. Um resmungo na forma de um "entre" foi ouvido do outro lado. Ele então fez como ordenado e abriu a porta.

Ciel não fez questão de erguer os olhos do documento enquanto Sebastian trazia o carrinho de chá. Entregou-lhe um pires e xícara, seguido por uma pilha de cartas endereçadas a ele.

"Pode se retirar." Disse ainda sem levantar os olhos.

O mordomo apenas se curvou e saiu silencioso. Ciel enfim conseguiu olhar para cima, encontrando sua porta fechada. Há uma semana ele e Sebastian se evitavam. Desde o acidente em que o conde foi parar em outra realidade e foi consolado pelo mordomo logo depois, a relação entre eles tinha ficado estranha. Então trocavam palavras só quando necessário.

Tomou um gole de seu chá. Depositou a xícara sem pressa, então decidiu-se por olhar a correspondência. A primeira das cartas estava em um envelope branco com um selo vermelho cravado nela. O selo real.

Como o cão de guarda da rainha, sua prioridade era e sempre seria a própria rainha Vitória. Esquecendo das demais, apressou-se em abri-la:

"Meu bom garoto, espero que esta carta te encontre bem. É com grande tristeza que escrevo estas linhas. Gostaria de dar-lhe boas novas, contudo, os crimes atuais têm afligido meu coração de tal maneira que não consigo mais sorrir.

Homens, homens bons, trabalhadores e respeitados vêm matando suas esposas, mães e irmãs. Como imagino, não é um simples caso. A Yard tem feito sua parte, mas tratando os crimes como casos isolados. Meu coração, porém, insiste por ser algo mais.

Peço humildemente que investigue por mim, e faça tudo a seu alcance para parar esses bárbaros.

Rainha Vitória"

Ciel leu e releu a carta. Para ele, casais aparentemente insatisfeitos encontraram a maneira mais rápida, embora não correta, de dar fim a seus contratos de casamento. Apesar de suas dúvidas, como era um pedido da rainha, deveria ao menos investigar.

"Sebastian." Chamou. Em instantes o mordomo estava à sua frente. "Prepare a carruagem. Nós iremos a Londres imediatamente."

Sebastian assentiu. Saiu logo em seguida, sem esperar por algo mais. Ciel teria alguns minutos até sua carruagem ficar pronta. Ele até pensou em abrir as demais cartas, mas decidiu por manter seu foco apenas em seu dever.

Quando Sebastian chamou, guardou a carta no bolso do casaco e saiu. Ele iria para Londres. Seja o que for que acontecesse, descobriria. Afinal, ele era Ciel Phantomhive, o cão de guarda da rainha.