I - Herdeira da Noite: Êxodo escrita por Elizabeth Charpentier


Capítulo 12
Capítulo Onze




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Passaram-se alguns dias desde que haviam voltado para a casa de Bobby. Por mais que Castiel tivesse tido que nada mudaria significativamente a partir dali e que poderiam seguir com suas vidas normalmente, Nyssa ainda tinha receio de sair para caçar com os Winchesters, de que alguém a descobrisse ou, pior, machucasse os garotos por sua culpa. Então decidiu que ao menos ela ficaria na casa de Bobby por algum tempo até que tudo esfriasse.

Fisicamente, nada havia mudado, ao menos não que tivesse reparado. Seu corpo estava com um condicionamento melhor, tinha que concordar; sentia que podia correr uma maratona sem parar, sem se cansar ou precisar de qualquer coisa — e havia testado isso em um dia, correndo no enorme terreno de Bobby sem ao menos soar. Entretanto, mentalmente continuava uma confusão. Mesmo que já tivesse passado quase um mês desde o episódio com Banshee, não havia processado totalmente as informações e o sumiço de Castiel não ajudava muito. Ele era o único que sabia o suficiente sobre ela e sobre tudo — fora Banshee, mas a possibilidade de conversar com ela nem ao menos havia sido cogitada.

Aproveitou estas "férias" para continuar treinando e estudando o máximo que podia, maratonando uma série de livros no escritório de Bobby enquanto ele auxiliava os meninos nos casos. Por mais que lesse dezenas de livros, ainda tinha o sentimento de que haviam muitas outras coisas a serem descobertas que nem ao menos Bobby fazia ideia. Mas infelizmente a sua limitação em ler inglês e male mal latim limitavam um pouco suas pesquisas, por isso, dedicou parte de seu tempo a estudar outras línguas, mesmo que mortas.

Haviam tantos livros com símbolos diferentes na biblioteca de Bobby que não haviam sido lidos ainda por conta do idioma que Nyssa sentia a necessidade de aprender. Talvez houvesse algo ali sobre ela, quem sabe, ou pessoas parecidas com ela. A esperança é a última que morre nesses casos.

Entretanto, depois de um mês e meio trancada dentro da casa de Bobby, os garotos pediram a ajuda com um caso.

— Várias crianças e adolescentes estão sumindo em uma pequena cidade no norte de Phoenix, na Flórida. — começou Bobby. — Fiz algumas pesquisas e descobri que, a cada vinte anos, cerca de dez crianças, cinco de cada sexo, são sequestradas e nunca mais encontradas, todas da mesma cidade. Isso vem ocorrendo desde o século XIX e ninguém soube o porquê, mas tudo indica que esteja relacionado à bruxas.

— Então temos que ir para esta cidade e matar logo a bruxa, certo? Não parece ser tão difícil. — Nyssa falou sem entender muito o pedido de ajuda.

— Bruxas são espertas e gostam de brincar, Nyssa. Nem sempre é tão fácil. — repreendeu-me Sam.

— Mas ainda sim, mais fácil do que os outros casos. Precisam da minha ajuda mesmo?

— Sim. — Sam respondeu simplesmente.

— Ok... Então quando partimos?

— Agora mesmo. — informou Dean, já pegando as chaves do carro.

Depois de arrumar uma mochila às pressas, os três entraram no carro e começaram a viagem. Seriam quase 23 horas diretas, e estendendo por até 32 horas com as paradas para se alimentarem e dormirem, atravessando três estados até chegar ao Arizona. Quando chegaram a Phoenix, não demoraram para verem o primeiro cartaz de desaparecido e depois diversos outros colados nos postes e murais com os rostos de diversas crianças diferentes.

Chegaram ao hotel e foram direto para o quarto. Sam começou a pesquisando enquanto Dean ia comprar comida.

— Sam, como as crianças foram raptadas?

— Ao que parece foi durante a noite, enquanto toda a família estava dormindo. Segundo alguns pais, o único barulho que ouviram na noite foi um baque forte da janela se abrindo e depois mais nada. — disse enquanto lia algo na tela do notebook. — Os policiais não encontraram digitais, objetos estranhos ou qualquer outra coisa que possa dizer quem fez isso. A única coisa que encontraram foram a janela aberta e a cama das crianças desarrumada. Nada além disso.

— Isso não nos ajuda. — murmurei pensativa. — Será que podemos ter acesso a alguma cena do crime e tentar encontrar algum saquinho de bruxa? Quem sabe ela pode ter deixado algo parecido lá.

Sam maneou a cabeça, negando.

— Isso só ocorre quando há feitiçaria ou magia negra e o que tudo indica, esse não é o caso, as crianças foram sequestradas e por hora, até onde sabemos, nada aconteceu.

— Então estamos às cegas? — concluiu.

— Infelizmente sim.

Sam continuou pesquisando e Nyssa ficou vagando nas informações do caso. Havia um padrão, isso era certo, dez crianças a cada vinte anos, todas sem qualquer vestígio de vida ou morte. Todas da mesma cidade, o que indica ser a mesma bruxa, porém, para ela continuar fazendo isso desde o século XIX, ela deve ser imortal ou busca a imortalidade. Isto lhe deu uma ideia.

— Sam, você já pesquisou sobre rituais de imortalidade ou algo sobre absorver a vida de alguém? Se não me engano, existem alguns em que a bruxa, a partir do ritual que possui diversas exigências, consegue absorver a vida do sacrifício e ganhar mais alguns anos. Talvez esse seja nosso caso, pois há um padrão evidente aqui.

Sam assentiu e começou a digitar no computador, navegando por várias páginas da internet. Não demorou muito para que ele finalmente encontrasse algo.

— Tudo isso que você disse faz sentido. — começou. — Existem diversos tipos de rituais em busca de imortalidade, com objetos e sacrifícios diferentes, mas o que tudo indica esse é o ritual que a nossa bruxa está usando. —virou a tela do computador para Nyssa onde estava aberta em uma página gótica. Havia uma imagem de uma lua vermelha em um monte. — Ao que tudo indica, a bruxa precisa de dez crianças, metade de cada sexo, para poder fazer o ritual. Nesse mesmo ritual aqui há diversas formas, umas mais fortes que a outra. Ao que parece essa bruxa está usando o ritual mais básico, que é matar as crianças a cada tempo na lua minguante. Porém, neste mês há a famosa lua de sangue, que é usada para os rituais mais poderosos, onde a bruxa pode receber a imortalidade e invencibilidade, sem precisar fazer qualquer outro ritual em toda a sua vida.

— Então temos aqui uma bruxa tentando ser invencível e imortal? Se ela conseguir, estaremos ferrados.

— Precisamos avisar Dean. — disse pegando seu celular. — Não podemos saber onde a bruxa está ou quais crianças irá pegar, pois tudo é muito aleatório. Porém, a única coisa que temos certeza é o dia e possivelmente o local onde será feito o ritual. Podemos chegar um pouco antes e tentar impedi-la.

(...)

A lua de sangue seria dali um dia e estaria em seu pico às três horas da manhã, o horário perfeito para o ritual acontecer. Teriam tempo de se prepararem até lá. Sam ficou encarregado de pesquisar possíveis lugares na cidade e aos arredores em que o ritual poderia ser feito enquanto Dean e Nyssa preparavam as armas. Não haviam muitas coisas que poderiam matar uma bruxa, ainda mais uma aparentemente tão poderosa quanto aquela, mas ainda assim levariam tudo o que poderiam matá-la em qualquer sinal de fraqueza. Como Nyssa não tinha qualquer experiência e controle sobre suas novas habilidades — nem sabia quais eram —, teria que se virar com armas e facas.

No dia esperado pela lua de sangue, armaram o acampamento no alto de uma colina onde tinham visão do penhasco onde provavelmente seria o ritual. Sam descobriu que para que o ritual tenha total efeito, ele deveria ser realizado em um local aberto, no meio da floresta e que tivesse total visão da lua, e o penhasco em que estavam era o lugar perfeito para isso, ainda mais considerando que haviam poucos locais assim naquela cidade.

Nyssa ficou brincando com as facas enquanto o tempo passava. Já era quase meia noite e não havia sinal de qualquer alma viva naquela floresta, a não ser os três. A floresta estava em silêncio perturbador e estranho, já que deveria haver diversos barulhos de animais ao redor, porém, não havia nada.

Continuaram atentos a qualquer sinal quando uma mulher apareceu de repente no meio do penhasco. Ela estava trajando um sobretudo preto, tampando quase todo seu corpo, mas ainda assim podia ver a barra de seu vestido, também preto. Seu cabelo estava em um estado perfeito, liso e de um vermelho extremo, diferente do que Nyssa imaginava ser uma bruxa.

Ela gesticulou e as crianças andaram em fila até a sua frente; pareciam estar sendo controladas por ela. Se ajoelharam e ficaram quietas enquanto um círculo de fogo se fez ao redor após a bruxa proferir algumas palavras de olhos fechados.

— Essa não seria uma boa hora para atacá-la? Ela está vulnerável. — Nyssa sussurrou.

Dean assentiu e mirou na cabeça da bruxa. Engatilhou e, como se tivesse ouvido, a bruxa abriu os olhos. Respirou fundo, como se estivesse farejando o ar. Aquilo deu um arrepio em toda a espinha de Nyssa. A bruxa olhou ao redor e parou exatamente onde os três estavam. Abaixaram-se para atrás da pedra rapidamente, torcendo para que ela não os tivesse visto.

— Nyssa querida, estávamos à sua espera. Venha garota, aproxime-se. — chamou-a.

Sentiu como se cortas estivessem a puxando até ela e Nyssa se viu andando em sua direção. Passou por todas as pedras e gramas no caminho, de forma automática e robótica. Quando chegou mais perto dela, a bruxa lhe deu um sorriso diabólico.

— Precisávamos apenas de você agora, ficamos felizes que você tenha chegado. — disse abrindo seus braços e caminhando em direção a ruiva. — Você é um dos fatores mais importantes nessa equação toda. — murmurou. — Sabe, você possui umas das maiores fontes de vida que existem nesta terra, creio que já saiba disso. E além de tudo, você tem um dos corações mais puros. E eu preciso apenas dessas pequenas duas coisas.

A bruxa a levou até uma enorme pedra que havia na beirada do penhasco, prendendo-a nela com algumas correntes enferrujadas. Droga, será que eu não consigo ficar longe de rituais malucos, pensou. Olhou para o topo da colina e viu a cabeça de Dean sobre as pedras. Quando será que eles vão resolver agir?

— Não se preocupe, você sentirá apenas uma picadinha. — a bruxa falou enquanto vinha em sua direção com uma adaga afiada.

— Infelizmente eu já ouvi isso antes.

Ela se aproximou ainda mais, passando a ponta da adaga em seu peito, no lado esquerdo, ainda por cima da camisa. Colocou um pouco mais de pressão e a lâmina chegou à pele, rasgando-a, da clavícula ao centro do peito, na diagonal. Nyssa grunhiu, sentindo sua pele queimando e o sangue escorrendo por sua pele. Abriu seus olhos e encarou a bruxa. Nela, transmitia a excitação e animação por estar dilacerando o peito da outra.

Ouviu o gatilho da arma não muito ao longe, o que chamou a atenção da bruxa, mas não teve muito tempo antes que um tiro fosse disparado em suas costas. Ela deixou a adaga cair no chão, cambaleando para trás e tropeçando na barra do vestido, caindo de costas no chão. Aos poucos, sua pele se tornou acinzentada e suas veias ficaram pretas até o ponto de todo o seu corpo se tornar cinzas.

Sam apareceu no campo de visão de Nyssa, correndo em sua direção e a soltando das correntes. Assim que suas mãos estavam livres, tocou o local do ferimento.

— Você está bem. Eu podia jurar que tinha visto ela cortando você.

— Eu... Eu estou bem. — falou confusa.

Ouviram o bater de asas ao longe e Castiel apareceu.

— Essa é uma das situações que você pode enfrentar daqui para frente, Nyssa.

— Estou ficando muito animada por isso. — falou com ironia.

— Devemos começar seu treinamento o quanto antes possível. Você deve estar preparada para tudo.

— Você não disse que seria tranquilo?

— Infelizmente alguns sentiram a energia que emitiu quando recebeu sua graça.

— Ótimo. O que acham de voltarmos para a nossa linda casinha segura? Podemos começar quando chegarmos.

— Estarei esperando vocês lá. — Castiel disse e logo tratou de desaparecer.

— Vamos levar as crianças de volta para suas casas e voltamos para Sioux Falls, então vamos começar.

 


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