PARADOXO - Seson 3 escrita por Thaís Romes, Sweet rose


Capítulo 20
Capitulo 17 - Era Uma Vez Atravéz do tempo - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Eu sei que estou a mais de um mês atrasada com esse capítulo em especial, mas juro de dedinho que não foi de propósito, meu pc estragou e não havia como postar, espero sinceramente que estejam dispostos a continuar acompanhando a fic.
Aproveitem o capítulo!
Saudades de vocês!



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CONNOR

Aterrissamos no prédio mais alto de Star City, localizado na parte central da cidade, o local se torna perfeito para proporcionar uma vista panorâmica de toda a área. Isso é claro, na teoria. Me orgulho de conhecer cada maldita parte de Star, mas nada me preparou para o que estava diante dos meus olhos. Um arrepio involuntário percorre minha coluna, quando minha mente automaticamente tenta fazer a comparação dessa cidade com a minha. Era notável a diferença, essa Star City era tão sombria e visivelmente perigosa quanto Gotham. As pessoas caminham inseguras e apressadas, bolsas presas ao corpo, os olhos vagando ao redor do caminho que percorriam, não restava nem mesmo a mais vaga ilusão de segurança.

—Nossa! – solto chocado. – Se isso é a minha cidade, o que deve ser Gotham? – falo para Damian que demonstrava o mesmo estado de absorção.

—Meu palpite, o refeitório do Arkham – é, provavelmente.

Uma coisa ficou clara, não deveríamos continuar como civis, então chamo a casa e nos trocamos apressados em um cômodo escuro que estava por perto. De volta ao que deve ser o pior pesadelo do meu pai, pulamos em silencio por entre os prédios a procura de algo familiar que indique o caminho certo, quando um barulho reconhecido nos mostra por onde seguir, gerando um sorriso involuntário em meu rosto.

O canto do canário nos leva a parte norte da cidade, onde Laurel enfrentava cinco bandidos, nos misturamos as sombras no alto do prédio mais próximo, ambos contentes por presenciar algo assim. A expectativa de assistir uma luta de uma das mentoras mais letais da liga, faz com que mesmo Damian pareça quase animado.

E essa animação durou exatos sete segundos. Então se transformou em confusão, seguida por desgosto e uma pitada de vergonha alheia. Não podemos ter ido a um passado tão distante do meu tempo atual assim.

—Arqueiro, me responde uma coisa? – Dam murmura ao meu lado, os olhos cheios de horror, presos a cena que infelizmente estava se desenrolando diante de nós.

—Hum? – mal encontro minha voz.

—Que porra é essa?

 Boa pergunta, adoraria ter a resposta. Laurel parecia ter dificuldades, mesmo com sua habilidade óbvia. Estava longe da técnica impecável da Canário Negro que conhecemos e apanhamos por tantos anos.  Era impossível não reconhecer o soco que com tanto carinho recebi por não prestar atenção e me deixar ser atingido. Mas nem mesmo Don e Dawn apanhariam daquela versão da nossa mentora, a guarda era inconstante e frágil, a precisão falha. Leva mais tempo que qualquer um de nós levaria para derrotar os cinco sujeitos, apenas cinco! E para finalizar os amarra em um poste. Muito cena de filme B.

—Não tem como essa ser a Lance – Dam me olha confuso. –Será que o Oliver, - dá de ombros – é bem, o Oliver? – uma hipótese possível.

—A essa altura, fico feliz se ele ao menos existir - respondo não sabendo dizer se falava comigo ou com o morcego, enquanto seguimos a suposta Canário Negro pelas sombras dos prédios.

Aliás, seguir um vigilante nunca foi tão fácil. Ela era desatenta e desproporcionalmente confiante, toma o caminho comum, tornando o destino obvio. Ao entrar com a moto em um túnel, já sabíamos onde aquilo daria, desvio por um atalho, chegando a tempo de ver onde estaria a passagem, era a entrada mais distante que levava para o subsolo da prefeitura.

—Por algum motivo, não conseguiria olhar nos olhos da sua irmã agora – Dam murmura esfregando o rosto, quando paramos no alto do prédio mais próximo da prefeitura e montamos a tocaia.

—Entendo o sentimento – suspiro, tão confuso quanto ele. – Que merda.

Ainda não acredito que não vou ver o nosso pai” a voz cheia de mânha da minha irmãzinha surge em minha mente e vejo Dam fazer careta ao meu lado, parecendo a ouvir também.

—Aconteceu alguma coisa? – questiono com meus olhos no alvo.

Comecei a fazer o que pediu, e Deus, Lunna é dificil!” reclama exasperada. “Não tem como ganhar em argumentos contra ela, é pior do que a mamãe, Con!

—Por que estou escutando essa conversa? – Damian reclama, franzindo o nariz.

Não sei, desde que despertei vocês são gêmeos siameses, compartilhando tudo” dispara a falar, sem filtro e por um segundo consigo me desafundar de toda a preocupação. “Pensei que o novo melhor amigo tivesse alguma ideia de como me ajudar” lorota, ela queria mesmo era escutar a voz do morcego.

Eu sentia falta da Isis fofa, que não sabe esconder nada do que sente, e aparentemente o Robin também, ou aquilo em seu rosto era um sorriso contido, ou o inicio de um derrame.

Vamos, estou esperando!

—Você sabe ser bem chatinha as vezes – Damian murmura se aproximando, para ter uma visão melhor da entrada por onde a Canário entrou. – Comigo sempre funciona se eu falar das minhas preocupações – aconselha mesmo com a reclamação anterior.

Vocês falam sobre sentimentos?” posso sentir a confusão em sua voz e Robin revira os olhos ao meu lado. “Os sentimentos que você tem? Como se fossem irmãs?

Tudo bem, ela era uma pentelha quando queria ser. Prefiro interromper a resposta que Damian daria a provocação de Isis e intervir antes que parasse de ser divertido ver os dois tentando se fingir de amiguinhos descolados que não se amam.

—Lunna não gosta de ver ninguém com o qual ela se preocupe, angustiado, é a única coisa que pode sobrepor a teimosia irritante que ela tem – completo. – Não tive tempo de fazer isso, só quero que converse com ela, Isis.

Ouviu quando eu disse que essa mulher tem argumento para qualquer coisa no mundo?” bufa irritada. “É como discutir com o Google!

—Pode alugar os ouvidos da Delphine, e só parar de falar quando ela estiver prestes a fazer qualquer coisa para conseguir alcançar o doce alívio do silêncio – o Robin debocha. – Sempre funciona quando você quer me convencer a fazer algo que sabe que eu vou odiar. Tenta isso gatinha, por que mudar uma técnica de tanto sucesso?

Prendo o riso quando escuto um rosnado irritado em minha mente. Isis pragueja seus xingamentos vergonhosos, depois se ocupa em justificar como não manipula Damian, e que ele concorda com ela por livre e espontânea escolha. Tão absurdo que em algum ponto eu também cheguem a acreditar piamente em sua inocência.

— Desculpe interromper – Dam fala quebrando os argumentos sem fim de Isis, era fácil estar ao lado dele, quase havia esquecido de sua presença com a tagarelice da minha irmã em minha mente. –Mas eles estão saindo – aponta. – Pode me bater depois se quiser, Queen. Precisamos ir – diz encerrando o monólogo infinito da Isis.

Se cuidem!” ordena, antes de um zumbido sutil nos indicar que a comunicação havia se encerrado.

Duas motos saem pela mesma abertura que a da Canário havia entrado. A forma como o Arqueiro Verde acelera, parecendo beirar o desespero, coloca nós dois de pé. Algo ruim estava acontecendo naquele time, e o calafrio em minha nuca é quase um pressagio de que essa terra não vai ser tão mais fácil do que a próxima.

—Que merda – resmungo sabendo que não adiantaria mais esperar.

—Então, lá vamos nós – Damian não espera por ordens ele é o primeiro a pular. Pouso ao seu lado, e caminhamos para a entrada principal.  -Você tem o cartão do condomínio? – pergunta antes de seguir para a porta.

—Vamos tentar da maneira mais fácil – encontro um identificador de retina e espero que reconheça meu DNA, que para a minha surpresa e esperança o aparelho aceita a minha identificação.

‘Seja bem-vindo, William’ Ouço uma voz mecânica sair pelo alto falante quando cruzamos a porta.

—Sandra estava sem criatividade quando te gerou nesse mundo? –Damian implica entrando no elevador ao fundo, e apenas dou de ombros. Connor é bem melhor mesmo, devo concordar. Tem muito mais personalidade.

—Vocês foram rápidos...

 Uma mulher loira, com rabo de cavalo, sentada a frente de seus computadores nos recepciona sem nem mesmo se virar para nos ver. Seus dedos se moviam furiosamente pelo teclado, o rosto totalmente concentrado no desafio que estava travando. Ouço Dam soltar um suspiro de alivio, o que me faz notar que também estava segurando minha respiração e acabo por imita-lo. O primeiro pensamento ao ver meu pai correr daquela forma foi que ela estava em perigo, um peso gigantesco parece deixar meu peito, enquanto a vejo em segurança a minha frente.

 –Espero que a sorte de vocês seja diferente da minha... – Fel se vira e nos olha pela primeira vez, e realmente era ela, óculos emoldurando aqueles olhos azuis tão expressivos, que carregavam a ternura do mundo, mesmo já tendo vivido tantas coisas que alguém em sua idade não deveria ter visto. – Quem são vocês?  –  Se levanta pegando um tablet em mãos e passando pelos próprios computadores, os usando como escudo. Dam levanta as mãos em rendição e imito os seus gestos.

Vestíamos nossos uniformes de sempre, tínhamos os rostos cobertos pelo capuz e usávamos máscaras, para qualquer um que nos encontrasse pelas ruas a noite não seria uma visão agradável, mas essa era a ideia desde o começo não era? Por que então me sinto mal pela primeira vez em todos esses anos por usar esse capuz?

—Eu vou avisando, eu tenho esse botão aqui, - aponta para um botão em seu tablet – e se eu o apertar, em menos de três segundos vocês serão nocauteados – tenta aumentar a distância entre nós, enquanto damos passos cauteloso em sua direção.

—Não viemos arranjar encrenca – Damian se precipita, vendo que minha dificuldade para encontrar minha voz.

O problema é que aquela mulher é minha mãe, mesmo mais jovem, de outro universo e não se dando conta da minha existência. Aquela ainda era minha mãe, me tratando como uma ameaça. Não era algo fácil de lidar, agora entendo em partes o que Wally deve ter passado em sua primeira excursão que o fez encontrar nossos pais. Ser visto como um possível agressor, alguém que pudesse feri-la, estudado como um inimigo a ser detido por uma das pessoas que mais nos importamos... Bom, isso é tudo, menos fácil. Sinto uma fisgada em meu estomago, e me obrigo a ser o líder que ela, não exatamente ela, mas alguém bem parecida, me criou para ser.

—Nós viemos pedir ajuda – minha voz sai mais grossa que o normal, ela já é parecida com a do meu pai naturalmente, mas quando ficava rouco, como agora, era quase impossível diferenciar. Tento limpar a minha garganta, para não dificultar ainda mais as coisas.

—Estou avisando, nem mais um passo! – Fel solta quase um ganido desesperada.

—Ela já apertou o outro botão? – Damian pergunta, os olhos vagando de um lado a outro rapidamente.

O outro botão em questão era o botão que chamaria todos os heróis da redondeza, qualquer pessoa no raio de quinze quilômetros seria acionada a voltar para a caverna. Aquele que ela apontava como forma de restrição era o plano F, que naturalmente já pode ser deduzir que é F de Flash.

—Já –respondo ouvindo o elevador se abrir a nossas costas.

—Me sinto traído – murmura fazendo careta. – Esses caras vivem tagarelando sobre estudar uma situação, escutar primeiro... Bando de hipócritas – sua revolta me divertiria em qualquer outro momento, mas não tenho tempo para isso.

O Arqueiro Verde desse mundo e a pessoa que julgamos ser a Canário Negro saem do elevador juntos, e aquela história de bater primeiro e perguntar depois pode ser vista aqui e agora. Não seria uma boa contra atacar, ou seria?

Ele olha para mim e Damian, me julgando de imediato como o alvo mais perigoso, o que seria bem problemático a alguns anos, antes de Dam controlar novamente sua força depois de reviver. Movo meu braço esquerdo encolhendo as hastes afiadas ao redor do meu arco. E deslizo para sair do ângulo onde Felicity pudesse ser acertada mesmo que por acidente, o que esse Arqueiro percebe, erguendo rapidamente uma sobrancelha. Solto um longo suspiro ao constatar a determinação em seu rosto e aceno para Damian que estava estudando o avanço da Canário.

Por que Isis não foi escalada para essa missão? Acho que essa poderia ser a solução para um terço dos instintos rebeldes dela. Tento demonstrar que não quero lutar ao desviar de sua primeira flecha, e me vejo obrigado a desviar uma segunda com uma das minhas, ou ela acertaria no meio dos computadores da Felicity. Meu arco volta a se encolher ao meu comando, e um Damian ao meu lado parece travar uma breve luta moral, antes de decidir não sacar seu bastão e apenas defender os golpes que a Canário desferia.

—A imagem da hipocrisia – as palavras saem de sua boca como se fossem xingamentos, enquanto se lançava ao chão, para desviar dos pés da Canário. – Vai continuar o evitando? – se vira em minha direção por um instante, os olhos demonstrando a exasperação dos atos absurdos das pessoas que deveria ser nossos mentores.

 Claro que ele estava certo, mas aquele ainda é um cara com o rosto do meu pai. Encurto nossa distância e passo a defender seus golpes em uma luta corpo a corpo. Ele é definitivamente mais forte do que o meu pai, seus golpes mais potentes embora com menos técnica, sua força vinha da juventude. Apesar que julgando pelo que vi de seu time, seus padrões possam ser elevados se comparados aos outros, depois de algumas series de defesas ignoro as repetidas aberturas que via para um ataque.

—Arqueiro Verde! – Robin pragueja, perdendo a paciência comigo, e com essa Canário.

—Eu não quero fazer isso – digo tanto para ele, quanto para o Oliver que não se intimida ou reduz.

—Então apanha, mas não acho que ele queira nos escutar – Dam gritava, deixando clara sua desaprovação para que todos pudessem ouvir.

O Arqueiro deles chuta o meu peito me jogando em cima dos computadores de Felicity, não tem como ela gostar de ver um brutamontes jogado em seus bebês, nem aqui nem em nenhum universo conhecido. Dam também não está melhor, consigo ver ele espatifando um dos vidros que protegiam os uniformes, mas assim como eu, ele não está atacando. Me levanto, esquivando do próximo golpe do Arqueiro a minha frente, conseguia ver com antecedência seus movimentos, era uma serie repetida dos que o nosso Arqueiro já usava em nossos treinamentos. Já Damian não parecia ter mais dificuldade que eu mesmo, apenas sua parceira de dança parecia mais ansiosa, e menos treinada.

—Merda! – Dam, solta antes de ouvimos o grito da Canário.

 Realmente muito menos treinada que a nossa Canário. Laurel nunca faria isso em um lugar como o Bunker, se não fosse uma situação de vida ou morte. Oliver e eu paramos de lutar e nossos olhos vão direto para Felicity. Lançamos nossos corpos sobre o dela, a deixando espremida entre nós dois. Em uma tentativa de a proteger da chuva de cacos de vidro que o canto da Canário transformou qualquer superfície de vidro a nossa volta. Kevlar, acho que devo sugerir que as roupas da minha mãe passem a ser feitas com ele também, nunca pensei que nossa base pudesse ser um local onde ela seria exposta a esse tipo de risco.

Levo minhas mãos aos seus ouvidos, muito mais preocupado com Felicity do que comigo mesmo, já que suas mãos continuavam a segurar o tablet como se sua vida dependesse daquilo. Dam joga um objeto no peito de Canário, um disco minúsculo de metal, Lunna havia feito uma maratona de Star Trek quando veio com o protótipo daquela nova arma.

“É para titubear não vai ferir de verdade, mas pode deixar você com um certo enjoou depois, menos mortal que aquele raio de náusea que o Vertigo usa, mas pode nos dar uma vantagem em campo.”

Funciona! A Canário dele jaz caída. Inteira? Sim. Com dor de cabeça de ressaca amanhã? Com certeza.

—Chega! – declaro com o recém descoberto limite para minha paciência esgotado, me levanto com as mãos nos ombros de Felicity, a levando junto e vejo Dam dar de ombros, tirando o objeto dessa Canário e a levantando no colo. – Está machucada? – vasculho cada parte da versão mais jovem da minha mãe, em busca de algo que possa a ter ferido.

—Hum, não – respira fundo, o rosto cheio de confusão.

Solto o ar aliviado, antes de lançar um olhar ao melhor estilo ameaçador Oliver Queen, para o próprio. Damian ergue a sobrancelha, estranhando minha atitude, bom, eu mesmo estou achando estranho, mas não posso evitar meus próprios instintos, não se a segurança da minha família está sendo colocada em risco sem nenhum motivo que justifique.

—Terceiro andar ainda é a ala hospitalar? – Damian pergunta para Felicity, que responde sim com um aceno de cabeça, o tablet ainda cobrindo a boca, e os olhos espantados em sua face. – Ótimo, vou a colocar no soro – declara antes de subir com a Canário desmaiada em seus braços.

—Essa não é a Laurel não é mesmo? A Dinah Laurel Lance, quero dizer? – Falo por fim retirando o capuz e minha máscara, eu até teria feito isso antes, mas o lance de perguntar primeiro não aconteceu. Vejo o queixo de Felicity ir ao chão e dou alguns passos para trás, a fim de me afastar deles e ao mesmo tempo os dar alguma sensação de segurança.

—Parentes? – ela consegue por fim falar apontando do Arqueiro para mim.

—Não –Arqueiro finalmente tira o capuz, mas não sei se respondeu à pergunta de Felicity ou a minha. – A perdemos em batalha. –Ah... era para mim. Não consigo imaginar o que mataria a Dinah que conheço, a que me ensinou apanhar e manter o orgulho, ela em meu mundo é uma rocha, uma de nossas fortalezas, nossa família.

—Sinto muito – digo por fim, e percebo que começo a gostar de Isis não estar nessa missão. -Mas quando acordar, poderia lembrar a ela o que o grito pode fazer -não consigo evitar a pontada de acusação em minha voz, meus olhos se voltando mesmo contra minha vontade para essa versão da minha mãe.

—Poderia fazer as apresentações? – Oliver me olha impaciente sem saber se atira ou não uma flecha em mim, não posso evitar o sorriso que surge em meu rosto.

—Connor Hawke – falo para Oliver, e então me viro para Felicity. – Sim, no meu mundo vocês são meus pais. 

DAMIAN

Desço pelas escadas e sento no segundo degrau do vortex, observo Felicity sem saber como reagir a Connor, admirada e ao mesmo tempo apreensiva. Por fim ela simplesmente fica o olhando com cara de boba alegre, como Babs na apresentação de escola de Chloe e Al, cheia de orgulho. Aprende Thalia é assim que cuida da sua prole, não enfiando uma faca no bucho do seu filho.

O elevador abre mais uma vez e John, sai com seu revólver em punhos, preocupado com que iria encontrar. Quase sorrio, ele é realmente ameaçador. Não que o Espartano do meu tempo tenha perdido o jeito, mas aquele cara mais parece um armário a um ser humano.

—Barry, o que você fez agora? – observa os dois arqueiros ladeando Fel sentada em frente a seus computadores falecidos.

—Os velocistas dessa vez não são os culpados, John – falo o assustando, mas me lembro que Wally havia viajado para o futuro, e que no final talvez seja culpa dele mesmo. – Pensando bem, eles podem ter parte da culpa – pondero, fazendo Connor esboçar o mínimo sorriso pelo fato de que estou sendo mais simpático do que o ligeirinho merece.

—O que está acontecendo aqui? – se resigna e tira o capacete, colocando em uma cadeira cheia de estilhaços de vidro.

—Precisamos de ajuda –Connor me olha, levanto e paro a seu lado. –Nosso universo está correndo perigo, bom todos os universos estão...

—Não vai me dizer que tem mais algum doido querendo dominar o mundo – Felicity fala como se fosse uma reapresentação do desenho do Pink e o Cérebro.

—No final é sempre isso, vilões megalomaníacos com problemas de aceitação – sorrio ironicamente para ela, que concorda virando a cabeça para os computadores, ou o que restou deles.

—Vou mandar a conta disso tudo para o mundo de vocês – reclama rabugenta. Quase chego a pontuar que o time deles e não nós dois, foi o verdadeiro responsável por aquela destruição toda, mas seu olhar no momento é idêntico ao que Isis costuma ter antes de explodir e pular no pescoço de alguém.  -O que aconteceu? – Fel entrelaça seus dedos sob o queixo, enquanto Oliver ainda observava Connor com desconfiança.

Connor explica o que estava acontecendo em nosso mundo, omitindo alguns detalhes e pessoas, Oliver já sabia que aquele homem a sua frente era o seu filho, ou o filho de uma versão sua em outra terra. Mas saber além, poderia interferir o futuro dos dois nesse mundo também? Pouco provável, mas Connor claramente não está disposto a arriscar.

—E o que vocês precisam de nós? –John parece mais propicio a aceitar a nossa existência que o amigo que o olha com descrença. – Não adianta Oliver, esse não é nosso primeiro rodeio. Barry vive alterando o nosso futuro, eu deveria ter uma garotinha, e apesar de amar o JJ, nunca vou entender de verdade o que perdi – seu tom desce uma oitava, quase não noto, por que no final o que ele havia dito era muito mais chocante.

—Sara não existe na Terra de vocês? – Connor parece ter levado um outro soco no estomago, o rosto parecendo ameaçador um segundo antes de ele controlar suas emoções com um esforço maior do que o de costume.

—Ela existe na sua? – Oliver fala ao perceber que John havia perdido essa capacidade. Connor suspira com tristeza, sem saber o quanto do nosso mundo poderia interferir nesse.

—Se Sara existe? - Connor ri. – Ela só é – não consegue encontrar uma palavra que seja boa o suficiente para descrevê-la.

—A melhor! – sintetizo. – Corajosa, forte...

—Determinada, leal. Ela é a junção perfeita do nosso John Diggle e Lyla Michaels. – Connor parece decidir arriscar, olha para o alto e suspira antes de completar o que estava dizendo. – E uma mãe fenomenal. Em nosso mundo, em nosso tempo o senhor já é avó de uma menininha linda, John.

Nada seria negado de agora em diante, John tinha os olhos vermelhos, Fel já chorava silenciosamente, e até mesmo Oliver era menos resistente. Abro um holograma em um dos meus dispositivos de imagem e Sara aparece com seus cabelos rebeldes e sorriso magico. Os três observam a imagem com os olhos brilhando.

—Ela tem o mesmo olhar da Lyla – Oliver observa meio anestesiado com a imagem, assim como era impossível negar que Connor era filho de Oliver, a nossa Sara também era a mistura perfeita de Michalson e Diggle.

—Poderia ficar com isso? –John me pergunta, e era como reviver aqueles dias onde Sara precisou se fingir de morta.

 Não havia muito que eu negaria para evitar aquele olhar de tristeza em John, e aqui ainda havia uma tristeza maior, ele nunca saberia quem era a filha, o quão destemida e amedrontadora ela pode ser quando preciso. Ao mesmo tempo que Sara era o ponto de equilíbrio e abrigo do nosso time.

—Claro – respondo indo em direção a Felicity transmitindo o arquivo da foto da minha amiga para seu Tablet, que foi o único eletrônico a sobreviver a Canário Negro.

—Como podemos ajudar? – Oliver questiona após um longo suspiro.

—Batman – agora Connor chamou sua atenção. –Precisamos localiza-lo, ele está desaparecido nesse mundo, não é mesmo?

—Você conhece o Batman? – Felicity acusa Oliver que encolhe o ombro em temor. – Não vai me dizer que ele é mais um podre de rico dos seus tempos de adolescência – ri dá própria piada.

—Nunca andamos no mesmo grupo – dá de ombros. – Bruce nunca foi de se enturmar, ao menos não com alguma coisa que não usasse saia.

—Bruce? Que Bruce? – Felicity me olha e retiro a máscara e meu capuz.

— O Wayne – quantos Bruce’s bilionários haviam em Gotham afinal?

—Ai meu Deus! - leva a mão a boca.

— Nós precisamos de um cristal que está dentro do meu caixão - ainda faltava uma coisa. – Bom, do caixão da minha versão nessa Terra. Sou Damian Wayne, eu estou morto nesse mundo, mas isso não deve ter saído na mídia.

—Mortos vivos, filhos trocados e uma neta – John esfrega o rosto antes de se sentar em uma das cadeiras próximo a Felicity. – Não posso evitar a vontade súbita de ir a Central City socar a cara de moleque do Allen.

—Bom, ele é o outro avô da sua neta, então não seria um clima agradável para sua família – penso alto, e os três me encaram com olhos arregalados. – Mas o filho dele também não existe nesse mundo, não a versão que se casou com a Sara.

—Agora você já está soltando informações só para se divertir, Dam – Connor me repreende como se eu fosse sua criança levada, o que me faz dar a ele um grande sorriso irônico. – Quer chocar eles com mais alguma coisa? – claro que sim, mas me limito a negar. – Ótimo, mas vocês pareciam estar em meio a algo importante quando chegamos -se volta para o time.

—Sequestro em um banco – John responde ainda de olhos fechados, massageando as têmporas. – Susan estava sendo mantida refém, mas consegui resolver isso – ele olha diretamente para Oliver ao dizer a última parte.

—Quem é Susan? – Connor questiona franzindo o rosto e uma estranha expressão passa pela face de seus pais. Agora John tem os olhos abertos, e encara o amigo como quem diz “vai, explica isso”.

—Hum... – Oliver começa com cara de dor, e Felicity revira os olhos.

—Susan é uma repórter, que o Oliver namora – completa o que o Arqueiro Verde estava evitando dizer, Connor fecha a cara para o pai, se colocando em frente a Felicity como se estivesse pronto a tomar partido pela mãe. – Está tudo bem – ela toca o braço dele o puxando com delicadeza para traz. – Hey! – chama mais uma vez o fazendo quebrar a encarada mortal que estava dando ao Oliver.

—Isso é divertido – John comenta me olhando de lado, e balanço a cabeça concordando.

—Não estamos juntos, ele não me traiu ou algo do tipo – conta calmamente, Connor pela primeira vez não parece gostar nem um pouco do seu próprio pai.

—E ela não é minha namorada— Oliver diz com ar derrotado, Connor nem se vira, apenas respira fundo e continua a observar Felicity como se tentasse se lembrar de motivos para não socar aquele Oliver. Nunca o vi tão sem controle como nessa terra.

—Acho que agora é um bom momento para focar na missão – comento despreocupado, enquanto me levanto batendo os cacos de vidro que pudessem estar presos ao meu uniforme.

—Vou ligar para a Maria e pedir que durma em meu apartamento essa noite, e tentar falar com William – Oliver diz para Felicity, precisando se esquivar da parede que as costas de Connor eram a frente dela.

—Claro – concorda com um sorriso diplomático, ele se afasta retirando o celular do bolso.

CONNOR

Me mantenho afastado em um canto mais vazio do Bunker, enquanto Oliver estava usando um dos dispositivos remotos do Batman, com a ajuda do Damian para entrarem em contato com o morcego. Graças a destruição gratuita dos computadores da Felicity, isso vai demorar o dobro do tempo que ela levaria. Escuto passos firmes em minha direção e John se senta ao meu lado.

—Ano passado eu me sentei nesse mesmo lugar, com essa mesma expressão – Dig comenta. – Havia descoberto que Andy estava vivo, e trabalhando para um cara que colocou a Felicity em uma cadeira de rodas.

—Damian Dark – murmuro como se fosse um palavrão.

—Oliver ficou alucinado, colocando a cidade inteira a baixo e bem, não me orgulho, mas não era assim tão diferente dele.

—Está tentando me dar um conselho, John? – quase consigo sorrir, isso é algo que o meu John faria sem pensar duas vezes.

—Nós não temos muito controle quando o assunto é a Smoak – diz com certo carinho em sua voz. – E você parece decepcionado com Oliver.

—Um membro do seu time quebrou toda a sua base em uma luta que eles começaram e nós não estávamos fazendo nada mais do que nos defender, e evitar que suas coisas fossem destruídas -começo, mesmo sabendo que ele não tem culpa nesse sentido. -Felicity estava a alguns passos de nós dois, bem no meio do fogo cruzado.

—Você sabe que ela consegue se cuidar – me lembra.

—Sei, mas não espero que ele permita uma situação onde ela esteja em risco sem nenhuma necessidade – respiro fundo antes de continuar. – Felicity não é minha mãe biológica – olho minhas próprias mãos. – A conheci com oito anos de idade, e sou mais próximo dela do que de qualquer um dos meus pais. A verdade é que se qualquer um disser que não sou o seu filho, ela passa a tratar a pessoa como se fosse o Malcom Merlin – John solta uma risada divertida.

—Acho que você é a versão do William do seu mundo – conclui.

—Bom, o sistema de vocês reconheceu meu DNA como o dele.

—Oliver ama a Felicity, não que você mesmo não possa ver isso – aponta para onde os outros três estão, Oliver prestava atenção a cada movimento dela, enquanto Damian a passava o dispositivo, acho que Felicity perdeu a paciência ao esperar que os dois lidassem sozinhos com aquilo.

—Ele parece meio idiota – franzo o nariz e escuto a gargalhada do homem ao meu lado.

—Acho que você tem a inteligência dela – brinca parecendo se divertir com minhas reações, bom saber que alguém está se divertindo.

—Para o meu pai, ela é o centro do mundo dele – digo tentando sem sucesso evitar a tristeza em minha voz. – Nossa família é – concluo. – Acho que não tenho direito de estar tão decepcionado com seu Oliver, mas ver as diferenças entre os dois me faz desejar ter o meu pai aqui.

—Como ele é, a sua versão do Oliver Queen?

—O maior herói que conheço – respondo sem precisar pensar. – Oliver, não o Arqueiro Verde – enfatizo.  – A identidade secreta só complementa o herói que ele é, não o contrário. O senhor gostaria dele, no meu mundo John Diggle e Oliver Queen são quase uma coisa só -me viro e o observo sorrir. – Meu pai sempre nos conta a mesma história para qualquer problema pessoal que estivermos enfrentando – agora é minha vez de dar risada. – O final nunca é o mesmo.

—Qual história?

—Sobre como ele e Felicity ficaram juntos – retiro meu transmissor do bolso e mostro a John uma foto de família. Felicity e Isis estavam no centro, meu pai ao lado da minha irmã que tentava me afastar rindo, enquanto eu beijava o rosto da minha mãe e ele nos observava com uma adoração palpável. – Isis – falo ao ver o olhar deslumbrado em seu rosto.

—Ela parece uma mistura da Thea com a Felicity – declara admirado.

—Só fisicamente, é quase uma cópia do nosso pai em termos de personalidade e falta de paciência, com a casca da inocência da nossa mãe, apesar de ter a mesma petulância e propensão de ir contra as vontades do Oliver que Thea – John dá risada da minha explicação. – Mas a Pequena Queen é fascinante, e ver os dois aqui separados colocando em risco que minha irmãzinha exista me...

—Revolta? -sugere ao ver minha dificuldade em colocar aquilo em palavras.

—Basicamente.

—Não sei o que nossas versões do seu mundo fizeram – começa a dizer se levantando. – Mas tenho certeza que se orgulham da criação que conseguiram dar a vocês – me oferece a mão para me ajudar a levantar. – Acho que ela conseguiu alguma coisa – aponta para onde Felicity comemorava com uma espécie de dancinha.

—Ela é fofa – digo sorrindo.

DAMIAN

Não foi divertido ver Connor se despedir da versão de Felicity daquele mundo. Os dois se abraçaram por uns quinze segundos e quando finalmente se afastaram pareciam ter perdido uma parte do próprio corpo, não entendo nada quando o assunto é relação entre mãe e filho, mas aparentemente Felicity e Connor manteriam esse vínculo em qualquer universo que se encontrassem. Ela acariciou o rosto do homem que tinha quase o dobro do seu tamanho, como se ele não passasse de um bebê, depois sorriu sem tirar seus olhos dele, estava tentando guardar em sua memória cada detalhe do Hawke.

 Espartano e o Arqueiro Verde deles voltaram conosco para a Casa dos Mistérios, John parecia reagir a ela da mesma forma que Wally. Mas a casa ainda era o nosso meio de transporte mais eficiente e rápido para chegar onde Batman estava. Não encontramos ninguém na sala ao entrar, Constantine e Zatanna estavam em um cômodo escuro, parecendo muito ocupados com algum feitiço, então seguimos sem querer interromper.

Um cômodo afastado parecia nos convidar de forma sinistra para ele. Ao passar pela porta vemos Sara e Lunna no centro de um tatame. Wally estava as observando em um dos cantos, de braços cruzados e o rosto sério. Uma postura estranha para ele, mas levando em conta como essa casa mágica tem deixado seu humor, aquilo até faz sentido. Isis nos percebe e vem saltitante em nossa direção.

—Essa é a Isis? – escuto John perguntar ao Connor que confirma.

—Oi Dig! – ela abre um grande sorriso para ele, depois se vira na direção do pai. – O senhor se parece mesmo com Connor – comenta soltando uma risadinha musical, deixando Oliver confuso ao mesmo tempo que começava a reconhecer a familiaridade nos traços dela. Posso ver o instante em que a ficha parece finalmente cair, o fazendo engolir em seco.

—Ela é minha irmã – Connor explica superficialmente. – O que está acontecendo ali? – aponta para Lunna e Sara se enfrentando no tatame, Lu detesta lutar contra a amazona, e mesmo agora seu semblante contrariado demonstrava o quanto aquilo não era do seu gosto.

—Você me pediu um favor, e apesar de querer trancar as duas até que a história do uniforme se resolvesse – coça a cabeça. – Sara não quis colaborar – dá de ombros e acabo dando risada de sua expressão, é quando ela finalmente me nota. – Que bom que está inteiro! – sorrio para ela.

—Isis! – Connor volta a exigir sua atenção, a Pequena Queen revira os olhos antes de se voltar novamente para ele.

—Uma aposta, se Sara vencer a Lunna vai usar o uniforme sem reclamar.

—Isso vai ser divertido – solto minha mochila no chão e corro em direção ao Wally, deixando os três para traz. – John e Oliver estão aqui – conto parando ao lado do West que tinha seus olhos presos a todos os movimentos das garotas.

—Nossa, Connor deve estar odiando essa versão do Queen – murmura sem desviar a atenção.

—Não vai ir ver eles?

—Não gosto muito dessas versões também – dá de ombros. – Mas John até que é legal, o meu problema é lidar com o Oliver – estremece involuntariamente. – Chegou a conhecer a Canário Negro?

—Ela quebrou todo o bunker, a deixei no soro antes de sair de lá – conto e ele só balança a cabeça, como se entendesse o que havia acontecido.

—É melhor vocês começarem a levar isso a sério – diz mais alto para as meninas. – Lunna, para de fugir!

—Por que ela simplesmente não usa esse uniforme? – sinto os outros se juntando a nós, para ver melhor a partida.

—Lunna acha que estaria falhando com a Felicity de alguma forma – explica. – Bom, eu entendo. Connor e eu usamos os mesmos nomes dos nossos mentores, Sara é uma arqueira como Ollie, você segue os mesmos ideias do seu pai, até a Isis tem traços claros da Canário Negro em seus movimentos, sabe como as vezes ela parece respeitar mais Laurel do que os próprios pais.

—Mamãe se orgulha dela – Isis diz parecendo frustrada. – Lunna está no topo da lista dos motivos da Sra. Queen se gabar. Não tem por que pensar que sair a campo a deixaria decepcionada. E vocês dois deveriam usar a história de mentores para ver se apelando para o emocional ela muda de ideia – acusa apontando Wally e eu.

—Tentei, mas acho que ela já é acostumada com meu drama – Wally sorri, vendo as duas quase se equipararem, mesmo Sara não indo realmente com tudo só Lunna conseguir manter a luta por tanto tempo mostra que conseguiu adquirir muita habilidade. Pensando bem, Lunna também não estava lutando com toda a sua potência, o que de uma forma estranha me faz sentir uma pontada de orgulho.

—Vocês todos estavam perto quando eu fui falar alguma coisa a respeito – justifico quando o olhar mortal de Isis se volta em minha direção.

—Ela é incrível – John solta admirado, sem conseguir tirar os olhos da filha.

—É a melhor – West concorda com um sorriso em sua voz.

—As duas são muito boas – Oliver comenta e isso parece quebrar um pouco a barreira que Connor ergueu entre eles.

Então depois de alguns minutos e um xingamento alto do West, Sara decide parar de pegar leve e Lunna acaba deitada no tatame. Bom, menos um problema em nossa lista. Sara a ajuda a se levantar e elas caminham em nossa direção abraçadas. Leva alguns segundos para que nossos convidados sejam notados, Sara abre um sorriso gigantesco olhando para o pai como se estivesse em uma manhã de natal. Lunna parece confusa, tentando não focar seus olhos em Oliver por muito tempo.

—Essas são Sara e Lunna – Connor as apresenta quando param a nossa frente.

Dig dá um passo na direção da filha que parecia completamente fascinada pelo pai. Percebo Con oferecer uma mão para Lunna antes de puxá-la para um abraço apertado. Oliver prestava mais atenção nisso do que em como Diggle e Sara se estudavam. Um sorriso vacilante se abre em seu rosto ao ver a forma que o filho parecia se tornar outra pessoa ao simplesmente tocar em Lunna.

—Fico feliz por te conhecer – John diz com os olhos se enchendo de lágrimas. – Você é tão linda quanto a sua mãe.

—Acho que pareço mais com o senhor, na verdade – franze o rosto antes de abrir os braços receosa. – Posso te abraçar?

—É claro, querida – ele se curva a envolvendo em seus braços.

—Queria uma foto disso – Isis comenta com ar sonhador.

— Aqui – Wally oferece seu celular para ela que dá risada. Na tela uma foto perfeita da imagem a nossa frente, não chegamos se quer a perceber que ele havia se movido. -Pensei que Sara também pudesse querer – dá de ombros. – Passa para o lado – sussurra mais baixo para Isis que obedece.

Uma foto que pegava Connor enterrando seu rosto nos cabelos de Lunna enquanto a abraçava aparece, mas a esquerda deles, um homem parecido com Connor tinha os olhos cheios de emoção e um sorriso bobo no rosto. Olho para Wally que parecia não se dar conta do que fez, ainda de braços cruzados e um olhar distante. Ele vive fazendo isso, é pior que o Grayson e o Connor juntos, pois seu cuidado não tem nenhum alarde, foi como nossa última visita em Gotham. Acho que toda aquela infantilidade é só casca, West parece mais maduro do que todos nós juntos.

Claro que é, ele foi ao futuro e não disse uma palavra a respeito. Wally sabe melhor do que qualquer um de nós o que tem a perder se essa missão falhar.

Damian idiota. Como não cheguei a essa conclusão antes?

Deveria ter deduzido isso após o primeiro treinamento da Lunna, ou depois de presenciar um treinamento dele com ela. West é muito mais rígido do que eu poderia ser com a Delphine, mesmo disfarçando com leves doses de humor, ele deixa claro que ela pode morrer se falhar e se depender dele a preparando isso não aconteceria. Não importa quão rápida ele exige mais, se a precisão ameaçar falhar ele a faz voltar no básico. A garota tem o lado esquerdo mais forte do que já vi na maioria dos vigilantes, mais um ponto para Wally. Ele a força a superar qualquer ponto fraco que percebe, tentando tapar todas a brechas. Nossa, eu simplesmente deveria ter pego esses padrões antes, um arrepio estranho sobe por minha nuca e me obrigo a focar no que está acontecendo a minha frente.

—Hum, acho que deveria te apresentar para o Wally – comenta se afastando dos braços do pai, Sara limpa algumas lágrimas em seu rosto e para com John em frente ao marido.

—Como vai John? – West cumprimenta com familiaridade estendendo sua mão para Dig.

—Você é uma versão bombada do Barry – brinca apertando a mão do genro.

—Eu vivo falando para meu velho que não adianta só correr -devolve a brincadeira. – Não é mesmo, Ollie?

—Parece mais esperto que ele também – comenta Oliver se aproximando para conhecer os outros.

Ele aperta a mão de Wally e Sara o abraça sem se preocupar em pedir primeiro. O gesto o faz relaxar, só então me dou conta de como a atitude de desagrado de Connor o colocou na defensiva. Depois eles se voltam para a Lunna, ela sorri com timidez para os dois e Isis conta que ela é esposa do Connor, depois acrescenta que é a pupila da Felicity, o que faz um ar de admiração aparecer nos olhos de John.

 Minha garganta se fecha ao olhar para a Delphine e a forma que todos a encaram com uma certa reverencia. Wally estava completamente sério novamente, e aquela expressão não pode ser apenas por estar em uma casa mágica. Que inferno!

—Então, vocês vão atrás do Batman agora? – Lunna pergunta quando estávamos todos na cozinha, terminando de comer as batatas com queijo que Sara havia preparado.

—Conseguimos falar com ele – Oliver começa. – Não parece estar em seu melhor estado.

—Ele está em Gotham, vai interceptar o carro funerário que está levando o corpo roubado do Damian para Ra’s Al Ghul – Connor completa.

—E o que vão fazer? – Isis se senta ao meu lado, parecendo desconfortável com o rumo da missão. – Roubar o corpo antes dele? – franze o nariz, como se dizer aquilo a machucasse.

—Isso é loucura! – Sara protesta quando nenhum de nós conseguiu encontrar uma forma de explicar o plano.

—Vamos o ajudar – digo para tranquilizar as três garotas.

—Bruce não curte muito ser ajudado – Wally para atrás da cadeira de Sara, comendo a comida do prato da esposa.

—Para você ver o quanto ele não está em seu estado normal – assinala Oliver.

—Isis e eu deveríamos ir com vocês – Sara se volta para Connor. – Com a Katoptris e o dom da sua irmã em lidar com morcegos, isso pode nos dar uma vantagem.

—Certo Linda, mas como isso justifica a sua presença? – Wally implica, roubando outro pedaço de batata.

—Alguém vai ter que conter o pequeno Demônio caso ele seja revivido – sorri para mim com uma esperança assassina que quase me faz gargalhar. – Vocês são todos sentimentais demais – ninguém encontra nada para conseguir protestar seus argumentos.

—Isso é como ver a Lyla em minha frente – John solta chocado.  


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Notas finais do capítulo

É isso gente, espero ver vocês nos comentários!
Bjnhos!



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