PARADOXO - Seson 3 escrita por Thaís Romes, Sweet rose


Capítulo 16
Capitulo 13 - Luta de Ressentimentos


Notas iniciais do capítulo

Bom dia povos, espero que curtam o capitulo de hoje!



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DAMIAN

É de se esperar que já estivesse conformado, após meus anos de vida e quatro em que passei morto. Nada pode ser bom, e o que parece ser, provavelmente é mentira. Um cara que morreu pelas mãos da própria mãe, não deveria perder tempo se surpreendendo pela garota que sempre ficou além do meu alcance, ter escolhido o tirar de sua vida. Mas já posso admitir que sou idiota e espero coisas absurdas. Poderia dar risada agora, se meu rosto não estivesse travado em uma máscara de fúria.

Ao voltar da morte, tudo estava confuso e nebuloso. Grayson deveria estar lá, mas Batman o convenceu a forjar a própria morte, ignorando o fato de o cara ter uma filha e um novo bebê a caminho. Então, esse é meu pai. Mas sem Dick, com Alfred em seus últimos dias e tendo que lidar com todo o tempo que perdi, a vontade de morrer me tomava a cada instante.

Suportei por pura teimosia, mas ao deitar em minha cama a noite, fechava meus olhos e confrontava a face insana de Thalia, enquanto o som de sua espada empalava meu peito. Mas as coisas melhoraram, um dia seguindo uma pista que me levou a Star City, a mansão de outro bilionário vigilante e quatro pessoas estranhas estavam em busca da mesma coisa. Me vi forçado a trabalhar com o time disfuncional que se formava.

Queen foi a primeira que me pareceu ser realmente boa, afinal, aquela garota deve ter a capacidade de assoviar e chamar os bichos da floresta para faxinar sua casa. Enquanto eu mantinha a marra e ar superior que geralmente seria o bastante para deixar todos menos o sem noção do Grayson de fora, ela vomitava minha ficha como se não fosse nada um garoto morrer pelas mãos da própria mãe, passar anos como um defunto e ser ressuscitado pelos poços de Lázaro. Isis foi arrogante de uma forma absurdamente adorável. Naquele instante a garotinha já me tinha em suas garras.

  Mas no fim das contas ainda sou eu, estou fadado ao fracasso de qualquer forma. Não importa se tento lutar todos os dias contra a pior parte do meu DNA, a única coisa que silenciou o som da espada cortando minha carne, que tomava minha mente todos as noites antes de adormecer, acabou sendo mais um desses momentos bons que só servem para lembrar que nunca vou ter esse tipo de coisa. Que não deveria esperar por elas.

Expectativa, é o que desgraça tudo ao nosso redor.

Morley: Se pegar um voo pela manhã, ainda pode esquentar minha cama a noite. Vou passar o dia no laboratório, mas estarei livre as dez.

Leio a nova mensagem de Phoebe, essa deve ser a decima. Não sei de onde veio essa carência, mas não faz o perfil dela, já dei diversas desculpas para não vir encontra-la em Gotham, mesmo eu estando exatamente no lugar onde ela anseia. E tem isso, não posso a ignorar só por ter me iludido em algum instante com a possibilidade de Isis e eu não termos chegado realmente ao fim. Seria um completo imbecil se fizesse isso, até onde sei, a própria Queen tem um namorado, por mais que esse termo nunca se aplique a Phoebe e eu. Merda, por que inferno estou me importando com o relacionamento de Isis com outro estar mais avançado do que um que nem tenho certeza se desejo manter?

Damian: Fica para próxima, problemas com a empresa. Mas prometo te compensar. digito a resposta me sentindo um merda.

Morley: Hum, gosto dos seus termos neto de Gotham. Sua resposta quase me faz sorrir, e posso lembrar do motivo de estar com ela. Phoebe torna as coisas simples.

‘Dam, onde você está?’ escuto Wally em meu comunicador, deveria ter deixado essa bosta na caverna antes de sair. ‘Robin, sabe que posso te encontrar em menos de um minuto, mesmo se não me responder.’ Reviro os olhos.

—Torre Wayne, só me dê dez minutos sozinho -olho para minha cidade, procurando alguém em quem bater.

‘Tudo bem, tome seu tempo.’ É Connor quem responde fazendo meu sangue ferver.

Que inferno de Arqueiro Verde Jr, irritante. Imediatamente metade das lições sobre direcionar minha raiva que ele vem me dando tomam minha mente. E aí está outra merda, não vai demorar e todos eles também vão escolher um caminho que me apague, é dessa forma que acontece repetidamente. Vou me tornar só mais alguém que passou pela vida deles, de todos eles.

Algo me chama atenção no topo de um prédio a distância, a Santa Casa de Gotham, que me faz pensar o que uma pessoa faria no topo de um hospital. Lanço uma corda e sigo na direção da movimentação. E na medida que me aproximo, tenho toda a fúria substituída por apreensão.

Um homem que deve ter quarenta e poucos anos, dentro de um terno amassado, com os olhos vermelhos e os óculos tortos sobre a face redonda, está parado no beiral do prédio. Percebo suas mãos trêmulas, me aproximo me mantendo a sua vista para que não se assuste e paro a certa distância.

—Isso é perigoso -falo alto o bastante para que me escute, o homem olha em minha direção, mas é como se não fosse capaz de me ver. -Pode me ouvir?

—Não se aproxime! -avisa quando dou mais um passo. -Só quero acabar com isso -sua voz é puro desespero, ele bagunça ainda mais os cabelos escassos e vejo o centro de sua cabeça que já era careca brilhar sobre a luz fraca do ambiente.

—Tudo bem, não vou me aproximar - sento no beiral, com minha atenção no homem, mas parecendo relaxado. -Só preciso conversar com alguém -dou de ombros e ele parece confuso por um momento.

—O Batman não serve para isso? -diz chocado e dou uma risada fraca, a ironia da situação quase me diverte.

—Cara, ficaria surpreso se contasse. Mas qual o motivo de querer se jogar daqui? -olho para rua imunda abaixo. -Não vai querer um velório, ou coisa do tipo?

Não sei se por minha casualidade, ou se ele simplesmente pensou que um cara com essa expressão não o impediria de morrer, mas o homem se sentou ao meu lado. Suas mãos estavam trêmulas e agora de perto vejo o sangue em suas roupas. Era como se não tivesse mais nada o prendendo no mundo. A representação mais exata do desespero que já presenciei.

—Não tem mais ninguém para ir a um velório em minha morte -conta com o semblante vazio. -Por que me importaria com a aparência do meu corpo?

—Quem o senhor perdeu? -ele pisca algumas vezes, então aponto para as roupas sujas.

—Minha esposa e meus filhos -responde com a voz embargada. -Acidente de carro, Lily, minha garotinha estava dirigindo pela primeira vez -para e limpa o rosto com as mãos, um sorriso triste aparece em seu rosto por um instante tão curto que não sei dizer se aconteceu mesmo ou acabei imaginando. -Deixamos Devon se sentar na frente, eles eram gêmeos e tinham acabado de tirar carteira de motorista, resolvemos comemorar os deixando no comando por uma noite -o homem soluça e chora enquanto narra o acidente. -Foi como minha esposa e eu decidimos os mostrar que nós os víamos como adultos. Foi só uma saída para jantar, só isso levou toda a minha vida embora -seu choro se intensifica e por algum tempo é o único som preenchendo a noite.

—Sinto muito -digo quando o barulho diminui. -Senhor?

—Paul Luccan. Mas me chame de Paul. -me estende a mão e rio aceitando o aperto frio e pegajoso.

—Robin -agora ele ri mesmo que sem humor.

—Quem morre em um acidente de carro em Gotham? -seu rosto se enche de indignação. -É Gotham, as pessoas literalmente explodem em meio a algum plano louco de um psicopata, mas não morrem em batidas -o ar parece faltar para ele. -Uma vez, uma de vocês, a garota de preto e amarelo...

—Batgirl.

—Isso, ela -continua. -Ela salvou Anna, minha esposa. Quando estava sendo feita de refém no banco, com uma arma em sua cabeça. -Paul ri e chora de forma insana -Às vezes nós, o povo dessa cidade -gesticula em volta. -Quase nos sentimos invencíveis, por que um morcego acaba aparecendo, mesmo que no último instante -desvio meus olhos da expressão de tristeza que surge em seu rosto, me lembram Wally no falso enterro de Sara. -Mas acho que vocês não podem fazer nada contra o cotidiano.

—É uma droga, não é? -respiro fundo olhando em volta.

—É sim Robin, é sim -ficamos em silencio novamente e procuro alguma forma de reverter a situação, qualquer coisa que faça esse senhor retroceder em sua escolha. Percebo que há um caminho, algo que a alguns anos seria incapaz de fazer com qualquer um fora do meu círculo mais próximo.

—Faz pouco tempo que passei a ter idade suficiente para dirigir -conto, e Paul parece confuso por um instante. -O que faz com que minha idade não seja muito diferente da dos seus filhos -olho para ele e coloco uma mão em seus ombros. -Tenho toda uma vida pela frente, o que no meu ramo podem ser anos, dias ou horas. Mas o que quero dizer é que se pular, vou passar o resto de meus dias, ou horas, me responsabilizando por não ter conseguido impedir. Olha Paul, se me conhecesse saberia que entendo quando diz que a vida é uma droga, mas só tem que levantar e viver um dia, depois outro -respiro fundo e tiro minha mão de seu ombro, o fazendo entender que a escolha é dele. -Garanto que continuar lutando é o que vai manter sua família a seu lado. E sei que é isso que Lily, Devon e Anna gostariam -me levanto e estendo minha mão para ele.

—Se lembra do nome deles -sussurra e dou um pequeno sorriso.

—Eu não pude fazer nada para salvá-los, vou me lembrar de seus nomes pelo resto dos meus dias, ou horas -confesso e ele pega minha mão. Desço do parapeito e faço que desça em segurança.

—Mas... Mas não são sua responsabilidade. -Paul olha para as próprias mãos, tremulas e sujas. -Eu deveria ter feito algo, deveria ter impedido, deveria ter morrido no lugar deles. Agora todos estão mortos Robin, e eu não tive nenhum arranhão se quer -seus ombros curvam com o choro de impotência que rasga sua garganta. Me aproximo e ele tomba seu corpo no que deveria ser um abraço desesperado, o deixo chorar por que não tem muito além disso que possa fazer. Não sei quanto tempo leva para Paul se recompor. -Precisa ir. -diz se afastando e limpa meus ombros com cuidado, ajeitando meu uniforme.

—Paul. -chamo e vejo seus olhos devastados. -Sabe que pode ser uma merda, mas precisa continuar lutando, por sua família. Precisa viver de alguma forma que os deixe orgulhosos. Me promete que vai fazer isso? -ele balança a cabeça concordando. -Então, vou confiar no senhor -seguro seu braço e começo a guia-lo para dentro do hospital.

—Onde vai?

—Te levar para dentro, vai se despedir de sua família e posso dar um jeito na papelada pelo senhor. Conheço algumas pessoas -dou de ombros.

—Obrigado meu filho, obrigado! -por isso não gosto de agradecimentos, não sei dizer quem veria esse tipo de situação e não tentaria fazer nada.

Paro na escada de incêndio e disco o número da Dra. Tompkins, uma das aliadas do meu pai, que mesmo conhecendo o segredo da família sempre acaba nos salvando quando necessário. Pouco tempo depois uma mulher em seus sessenta e poucos anos, com ar inteligente passa pela porta com os papeis da família Luccan. Peço que cuide do funeral e pago todas as contas hospitalares deles.

—Quer que te avise onde vai ser? -me olha com uma piedade estranha.

—Não acho que ele está esperando o Robin em plena luz do dia para segurar sua mão durante o enterro -respondo desviando meus olhos dos dela, essa mulher tem algo que me lembra o Alfred, como o jeito de julgar sem precisar usar palavras.

—Vou avisar -retruca ignorando meu comentário e entra novamente, dando a conversa por encerrada.

Volto para a caverna perdido em meus próprios pensamentos, e só me lembro do que me levou a sair de lá quando os olhos azuis de Isis me encaram a distância. Ignoro e me sento ao lado de Sara sobre uma mesa, esperando que a garota comece a contar o que aconteceu em sua jornada de Gremilim.

—Foi pouco antes da batalha contra o Brainiac -começa a dizer, mas olho para meus sapatos evitando encará-la. -Eu e... -para de falar, levanto meus olhos e vejo que estava evitando dizer meu nome. -Bom, nós fomos a um restaurante perto do meu Campus e...

—Por Deus, Isis -reclamo bufando. -Damian, pode dizer -ela me olha e vejo como tenta conter as expressões em seu rosto.

—Damian -repete com um bico petulante que quase me faz rir. -Precisou sair no meio, por que Jon Kent queria o consultar sobre o caso em que estava trabalhando.

—A pista que nos levou a Brainiac. -Tim complementa e ela assente.

—Havia uma garota que também estava sozinha na mesa ao lado da minha, e ela perguntou se poderia conversar até que nossas companhias voltassem.

—Seria um grande plot twist se dissesse ter negado agora. -Connor murmura com sarcasmo e contenho o riso com o olhar que Isis o lança. -Então essa garota te deu a dica da caixa? -encurta a história.

—Por algum motivo estávamos falando sobre mitologia grega, e ela comentou que o Rei Menelau, desesperado para fazer Helena o amar novamente, ordenou que seu oraculo encontrasse um meio. Ele fez diversos sacrifícios para os deuses, e finalmente conseguiu a atenção de Apolo. O deus o avisou sobre o preço, mas Menelau estava disposto a tudo para ter a esposa de volta.

—História fascinante -reviro os olhos e sinto uma fisgada forte em meu braço onde Sara belisca. -Ou! -reclamo a olhando irritado, seu rosto nem muda de expressão.

—Escuta calado, Wayne -fala para que somente eu escute.

—Ela me contou que com isso a arca da Katoptris foi criada, mas não sabia do resto da história onde os artesãos perderam seus sentimentos e personalidade -se defende. -Só precisei procurar um pouco e descobri que a arca estava na Casa dos Mistérios.

—Você roubou o Sr. Destino! -Drake exclama em uma atitude que esperava do Wally, mas dada as circunstâncias não posso julgá-lo. Connor, Lunna, Sara e Wally nem pareciam mais estar em orbita.

—Sim... -Isis responde cantarolando como uma criança envergonhada. -E não.

—Queen, vai direto ao ponto. -Sara perde a paciência e a olho só para lembra-la do que fez quando tive a mesma reação. -Posso fazer de novo se continuar me enchendo -ameaça e viro meu rosto rindo.

—É verdade que invadi a Casa dos Mistérios, encontrei e peguei a arca sem nenhuma permissão -olha para o irmão, como se estivesse se defendendo de alguma acusação, Con apenas a encara com uma sobrancelha levantada, tentando entender de onde aquela revolta passou a ser direcionada a ele. -Mas quando me virei para sair, Nabu estava na porta.

—Te deixou ir embora, assim do nada? -Lunna questiona incrédula.

—Ele falou que não pode evitar o destino, que não me impediria, mas me aconselhava a não fazer o que estava pretendendo.

—Mas escolheu ignorar um ser cósmico e quase onisciente, por que uma garota que nunca viu antes te contou uma história? -pergunto realmente curioso.

—Eu não sabia, Damian! -grita irritada. -Você mesmo vivia dizendo que queria jogar minha adaga no sol, pensei que era a nossa... A minha chance de não precisar esconder mais nada de ninguém! -Isis para e olha em volta com seus olhos marejados. -Fui perdendo a consciência pouco a pouco, não me lembro de ter estado em nada depois que você passou aquele fim de semana em que estava gripado em meu apartamento. Depois que voltei passei a ter as memorias da luta contra Brainiac, mas é como ver algo através de uma janela, sem participar de verdade. -me olha com tristeza, depois volta a se sentar. Me lembro daquela noite, mas nem eu percebi diferença, agora que sei que foi onde começou, posso ver como estava tudo debaixo do meu nariz desde o início.

Oito meses atrás...

Um som estridente me acorda no meio da noite. Isis estava esparramada, ocupando a maior parte da cama e com uma das pernas sobre meu corpo espremido contra a parede. Vejo nossos celulares tocando ao mesmo tempo, o que nunca é um bom sinal. Tento me livrar de sua perna, mas ela apenas reclama e joga metade de seu corpo sobre o meu.

—Queen, nós temos que levantar -a digo, afastando seus cabelos do rosto com cuidado. -É desse jeito que queria “cuidar de mim”, vamos trabalhar em suas desculpas esfarrapadas quando voltarmos dessa missão -dou risada da expressão de desgosto em seu rosto adormecido. -Desculpe -murmuro antes de usar um pouco de força para conseguir sair da imobilização que ela denomina como dormir abraçados. A foto de Connor estava no visor de seu celular e a de Lunna no meu, prefiro atender meu próprio telefone e para minha decepção é a voz de Connor que acabo escutando mesmo assim.

‘Damian, não podemos usar os comunicadores.’ Diz em tom de urgência. ‘A Torre foi tomada. Se livrem de tudo tecnológico que possa dar acesso a Liga e vão para Central City, vamos usar o QG do Flash como base temporária, o Arqueiro Verde já está em uma nave com Batman, Oráculo e Batgirl.’

—O que estamos enfrentando? -já começo a pegar comunicadores e cartões de acesso, os quebrando em seguida.

‘Brainiac. Preciso de vocês com urgência, Robin.’ Alguém diz algo ao fundo e Connor o responde impaciente. ‘Vamos escoltar a Gláuks até a torre, temos que neutralizar o Cyborg que está sobre domínio do Brainiac para dar uma chance aos outros.’

—Merda, estava torcendo para ser uma pista falsa -visto minhas roupas e me viro para Isis que não acorda por mais que tente. -Connor, sua irmã não levanta.

‘Só tem um jeito, e é melhor estar com força total.’ Bom, alternativa eu não tenho.

—Pode falar.

‘Carregue ela e a coloque debaixo do chuveiro gelado. Depois esteja pronto para conseguir se esquivar, por que Isis vai tentar matar você, antes mesmo de recobrar a consciência.’

—A melhor forma de acordar -murmuro com sarcasmo. -Vamos estar a caminho em dez minutos, Arqueiro.

‘Okay, e estou falando sério, a segure de uma forma que esteja imobilizada.’ Reforça o aviso antes de desligar.

—Então minha monstrinha, pronta pra tentar arrancar minha cabeça? -pergunto a seu corpo adormecido, antes de enfrentar a pior batalha do dia.

Agora...

Aquela que despertou nem era mais a Isis, e eu fui o primeiro a estar com a arca, sem nem me dar conta. Sempre julguei conhecer a Queen melhor do que qualquer um, mas no fim eu era um namorado que só tinha conhecimento do que ela queria me mostrar.

ISIS

Sei que devo muito a cada um aqui presente, mas quem disse que conhecimento é poder, com certeza não tinha em posse uma adaga Google o alvejando com milhares de informações que são impossíveis de lidar. Tudo bem, conhecimento é mesmo poder, e se soubesse o que sei hoje, minha vida teria sido bem mais fácil. Então vou atualizar meu argumento, ignorância não é uma benção. Por que a minha falta de saber me fez invadir a casa de um mago, tipo não qualquer mago, O mago, e fez trocar gradativamente minha alma por uma paz de espirito que só o conhecimento seria capaz de me conceder. Confuso? Minha cabeça dói só de tentar encaixar tudo onde se deve.  Não culpo as pessoas por me olhar como me olham agora, afinal eu era a Isis reluzente, que todos colocavam em um pedestal.

—Sei que não conseguiam me ver como uma pessoa normal, afinal era a garotinha dos olhos de boa parte de vocês, ou a luz para outros – não olho para Damian, por que querendo ou não, ele vai ser o mais atingindo com as minhas próximas palavras. – Mas sou culpada apenas pelos meus erros e não por quebrar as expectativas que tinham sobre mim. Não subi em um pedestal, vocês me colocaram lá. Nunca cobrei que fossem perfeitos, mesmo sendo os meus heróis, todos vocês. Lunna com sua mente ágil e poderosa, mas é sua fragilidade que me faz entende-la – olho para minha cunhada que tinha um sorriso tímido nos lábios e os olhos marejados. – Connor sem dúvida é sempre foi a minha tabua de salvação, mas nunca violei o espaço que precisa para lidar com seus próprios demônios. Só espero que mesmo com a decepção que causei a vocês, possam entender os motivos que me levaram a fazer aquilo. E saibam que por mais decepcionados que possam estar, não é nada comparado com o que sinto tendo todas minhas fraquezas expostas. – Lunna é a primeira a fazer alguma coisa, ela percorre o espaço que nos separa e me abraça. – Desculpa.

—O importante foi que voltou para a gente – segura meu rosto entre suas mãos. – Já te falei vai ser uma grande psicóloga?

—Virou tudo contra a gente. – Wally me observa a distância com um sorriso. – Danadinha -um alerta como o símbolo do Batman surge em todos os telões da caverna, para logo depois corta para um jornalista com o cabelo bagunçado, e gravata mal arrumada.

‘Notícia de última hora: Oswald Chesterfield Cobblepot, mais conhecido como Pinguim invadiu o fórum, e mantem dezenove reféns. A polícia já cercou o local, mas o Pinguim se recusa a conversar com as autoridades. Cobblepot fez apenas uma exigência, o Pinguim dourado.’ Uma imagem de uma escultura da ave dourada com olhos vermelhos aparece na tela. ‘O objeto é feito de uma peça de quinze quilos de ouro maciço, com duas pedras de rubi encrustada no lugar dos olhos. A peça tem valor inestimado e se encontra no momento no museu de Metrópoles. As autoridades das duas cidades estão em negociação, mas até o momento não houve um acordo.’

—Nunca lutei contra o Pinguim. –Wally pondera pensativo.

— Vai ser um passeio no parque. –Connor sorri pegando o arco.

—Uma missão simples, sem dor de cabeça. – Sara sorri esperançosa.

—Nem vou me meter, Lunna. – Tim indica a sua cadeira. – Hoje Gotham está por conta de vocês. Vai ser bom levantar as pernas e assistir uma serie policial com péssimos atores, será que eles ainda reprisam CIS Miame?

—Robin, o que precisamos saber? – Connor toma a sua posição de líder, enquanto Wally e eu colocamos nossas mascaras e Sara já estava com seu arco em mãos.

—Pinguim não é o grande problema, mas sim os capangas deles. – Lunna puxa as imagens, e a lista não era pequena, nesses últimos quatro anos já enfrentei boa parte, Vagalume, Crocodilo, Mariposa, Rei dos Condimentos. – é sério?

—Espera. – Sara para ao meu lado olhando sem entender direito. – Rei do Condimentos? Que inferno ele faz? Coloca ketchup e maionese no meu cachorro quente?

—E mostarda. – Damian e eu dizemos ao mesmo tempo.

—Pelo menos é envenenado? – Connor está perplexo.

—Não – seguro meu sorriso, enquanto vejo as bochechas de Damian corar. – Nem todo mundo pode ser um Coringa, não é mesmo? E ainda bem!

—Aleluia irmão – Wally dá risada.

—Amém – um coro de seis vozes responde ao mesmo tempo.

—Só saiam logo daqui! -Lunna reclama da heresia grupal, mesmo segurando o riso e vejo Tim listar as séries que queria assistir em sua folga, parecendo estar à vontade ao lado da minha cunhada.

Saímos os cinco com Lunna em nossos ouvidos. Gotham não muda, o que é bom e ruim ao mesmo tempo, nada aquece mais meu coraçãozinho do que a certeza da estupidez de um bandido em uma rua suja e escura, e nesse aspecto Gotham é como uma fonte de alegria interminável. Corremos pelos telhados em silêncio e já consigo ver a certa distância que o telhado do fórum está tomado por capangas, com as luzes de um helicóptero os iluminando como holofotes em um show. Quando começam os tiros o helicóptero só não é derrubado graças ao Flash e sua capacidade de fazer grandes tornados em questão de segundos.

—Sabe, faz tempo que não temos uma festa. – Wally para ao lado da esposa enquanto comia uma maçã. – Tipo, claro que os motivos das festas estavam ausentes – aponta nós dois. – Foram meses difíceis. Vocês todos não tinham muitas alegrias – sorri com uma falsa condescendência. – Mas voltamos, nas nossas melhores formas.

‘Temos que apresentar minha afilhada para o restante da família.’ Lunna concorda pelo comunicador. ‘Para os dois que não são os padrinhos da Nina e estão nos escutando, sim, Arqueiro Verde e eu fomos convidados, minutos depois de Wally voltar.’ Conta dando detalhes desnecessários.

—Convencidos. – Sara sorri sem negar o obvio.

—Al não vai ligar de ter que dividir o padrinho, nos últimos anos ele tem se interessado muito mais pela esposa dele. – Damian fala enquanto se abaixa para olhar através do binóculo os reféns no prédio.

—Não tem como negar que ele é mais inteligente do que a média. -Connor comenta armando a flecha que nos levaria ao outro prédio.

‘Já tenho domínio das câmeras e os computadores do fórum, agora é por conta de vocês.’ Lunna indica que podemos entrar. ‘O que vocês querem de comer para a festa, estou com um cardápio maravilhoso do novo restaurante que faz evento aqui na tela.’

—Vou tirar os reféns. – Flash fala enquanto deslizamos para o outro prédio e damos início a nossa festa.

Fico com minhas costas coladas as de Sara, no centro do fórum e nem sei quantos ninjas doidos enfrentamos, acho que tive uma queimadura leve do Vagalume. Vi Connor e Damian se revezando em chutar a bunda do Pinguim. Sara tocou o terror, era bom nos divertir despreocupadamente depois que Wally tirou os reféns. E tem o Wally, acho que ninguém no mundo consegue manter um sorriso tão grande quanto ele em uma batalha, o vejo jogar um capanga em outro e pisca em minha direção, com todos os dentes a mostra. É, a Katoptris estava mais uma vez certa, ninguém aguentaria doses seguidas de Isis e Wally sem um pouco de personalidades brilhantes como Damian e Sara quando quer.

—Que nojo, tem mostarda em meu capuz. –Sara faz cara de quem vai vomitar, quando já estávamos de volta a caverna do Batman.

— Festa no final de semana? – Wally sorri abraçando a esposa com mostarda e tudo.

—Pode ser, pode ser... se me disser que posso tomar um banho, acredite bonitão, vai conseguir qualquer coisa de mim agora -sorriem de forma que todos nós viramos o rosto com expressões de puro desconforto.

—Eca! -reclamo saindo do meio do casal mostarda e Ketchup.

—Parecemos um remake pior ainda de Carrie a Estranha. -Connor franze o rosto.

—Rei dos Condimentos. -Lu murmura com ar sonhador, nos vendo imundos a sua frente. -Acho que tenho um vilão preferido agora -nunca a vi se divertindo tanto, mas então olho em volta. Connor estava com parte do Capuz pregado a seu rosto, Sara mal podia ser vista por baixo de toda aquela mostarda, Damian tentava manter o pouco de dignidade que restou após ser soterrado em ketchup, sem muito sucesso. Wally é o único que estava limpo, mas estragou isso ao abraçar Sara. 

—Delphine. -Damian chama minha cunhada, e conheço aquele olhar. Passo minhas mãos em frente meu pescoço a olhando e murmuro para que corra, mas Lunna mesmo sendo superinteligente, ainda tem a inocência de confiar cegamente em seus amigos, pobre garota.

—Podemos chamar de batismo de fogo. -Connor dá de ombros e avançam os quatro em direção a ela, que só percebe o ataque no ultimo instante. Ainda assim desvia de Damian, graças a nova velocidade que adquiriu, esbarra em Sara, o bundão do meu irmão é enganado por um sorriso bobo dela, mas acaba batendo de frente com Wally que estava parado de braços cruzados com uma expressão serena no rosto. Aquilo não me parecia justo.

—Wally, olha, aquele não é um de seus suvenires? -aponto para uma direção aleatória, mas é distração que Lunna precisa. Lanço um bastão para ela, e pego outro.

—Isis, sua peste! -é tudo o que escuto antes de começar uma guerra civil de duas garotas subestimadas contra três brutamontes e... Bem, não precisa ser só nós duas.

—Sarinha, não acha que está do lado errado? -grito para Artêmis que sorri com piedade para Damian antes de avançar contra ele.

DAMIAN

As manhãs de Gotham são gélidas, havia me esquecido disso. Confiro mais uma vez a mensagem da Dra. Tompkins enquanto caminho pelo cemitério. Logo posso ver Paul, sentado sozinho em frente a um pastor com os três caixões de sua família dispostos lado a lado. Todas as cadeiras a sua volta vazias, sei que isso vai expor minha identidade e não vai ter que ser um gênio para descobrir que Damian Wayne é o Robin que o convenceu a não cometer suicídio na noite anterior, mas as vezes tudo se trata de uma escolha certa, e não deixa-lo sozinho agora, pode ser a forma de salvar sua vida.

Me sento a seu lado, em silêncio. O pastor parece estar esperando que mais pessoas cheguem, e temo que sua espera seja em vão. Mas algum tempo depois sinto a cadeira ao meu lado se mover, a essa altura da minha vida, não sei por que ainda me surpreendo. Meu pai se senta em silêncio com Tim a seu lado, e vejo Wally na fileira de trás. A cerimônia tem inicio e Paul está ainda mais devastado do que o dia anterior, no fim enquanto ele fala com o pastor, me viro para minha família sem entender.

—Só estamos protegendo sua identidade -meu pai dá de ombros.

—Pensei que não estivesse na terra -respondo olhando para frente, com mais peso em meus ombros do que havia me dado conta até aquele momento. Sinto sua mão em meu ombro, mas não consigo olhar para e ele e me manter sem expressão agora, então continuo de vendo Tim e Wally indo dar os pêsames a Paul, que parece o mínimo possível admirado com a presença daquelas pessoas.

—Nunca vou estar longe o bastante. -diz. -O que quer fazer com o Sr. Luccan?

—Podemos emprega-lo? -olho em sua direção pela primeira vez e um pequeno sorriso, bem parecido com o que vejo Oliver dando a Connor sempre que realiza algum movimento novo, está estampado em seu rosto.

—Parece que começar em uma nova cidade vai ser bom para ele -mexe em seu telefone e sinto o meu vibrar. -Se conhecer o CEO de alguma de nossas filiais, talvez o consiga o emprego -dá um tapinha em minhas costas e se levanta, vendo que Wally e Tim já tinham acabado.

—Foi você -falo para o cara ruivo que me olha sério demais para o que estou acostumado.

—Pois é, seus dez minutos foram bem longos -justifica por alto. -Pode relaxar que ninguém além de Bruce e Tim sabem.

—Obrigado por não dizer aos outros -fico esperando o choque ou alguma expressão engraçada, mas Wally apenas dá de ombros dispensando meu agradecimento e me incentiva a ir em frente e encontrar o Paul. Ando até ele e meu pai aperta sua mão, antes de sair nos deixando as sós. -Sr. Luccan -digo com esforço para soar claro e sem emoção.

—Combinamos que era só Paul. -quase perco o ar, mas ele segura meus ombros e me olha com algo bem parecido com afeto. -Seu pai deve ter muito orgulho do homem que você é. -contenho o que tornava minha visão turva e mantenho minha postura firme. -Não se preocupe garoto, vou fingir que não sei de nada. Só espero um dia poder retribuir -nego em um movimento lento com a cabeça, mas Paul me ignora. -Obrigado.

—Então, eu meio que não gosto de agradecimentos. -franzo o rosto em um movimento involuntário que o faz sorri com lágrimas nos olhos.


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Notas finais do capítulo

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