PARADOXO - Seson 3 escrita por Thaís Romes, Sweet rose


Capítulo 15
Bonus II - Tim, Lunna e Connor


Notas iniciais do capítulo

Pois é, eu não me aguentei, me juguem!
Preciso me libertar do fardo de guardar esse bendito segredo da Dona Delphine. E como sei que vocês não são tão ferozes com Lunnor, como são com Damisis, nem estou temendo por minha vidinha (só um tiquinho de nada).
Espero que se divirtam!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/803003/chapter/15

LUNNA

—Não fica aí rindo, eu preciso de respostas! – Sara reclama e me controlo com esforço para não rir ainda mais. – Por que não me contou?

—Eu contei, disse que estava saindo com um cara – protesto diante de seu olhar cheio de acusação.

—Delphine, um batintegrante não é exatamente o que se deve descrever para sua melhor amiga, como “um cara” – desdenha entre o deboche e a revolta. – Quando isso acontece, você conta em detalhes e depois a gente ri do penteado padrão deles!

—Olha, minha vida não era exatamente a prioridade enquanto te ajudava a preservar a sua – bufo e sua carranca diminui um pouco. – Quer ou não saber da história?

—Quero muito mesmo saber dessa história – sorri cheia de animação, o incidente de mais cedo quase parecendo ter sido esquecido, ou era o que ela queria me fazer pensar. Sara é mesmo uma excelente amiga, então decido que é melhor fazer logo isso, e voltar para nossa realidade não muito promissora em seguida.

Começou como um favor para Isis, já tinha dois anos e meio que morava com o irmão dela. Bom, Isis tinha quinze, quase dezesseis anos na época e nesse momento gostar de alguém é confuso e frustrante, a pequena Queen não estava lidando muito bem com a situação toda. Eu havia acabado de ser promovida na QC, e me lembro de pensar o que Isis fazia com sacolas de butiques e arrumada feito uma princesa em minha sala. Com sandálias douradas e um vestido branco curtinho e rodado, era como se tivesse saído de um conto de fadas direto para me levar a perdição.

—Preciso de um favor -foi o que ela me disse, com seus olhos lindos brilhando em um desespero sem propósito que só a juventude nos dá.

—Claro, qualquer coisa -meu primeiro erro, certeza. Ela sorri radiante pousa três sacolas sobre minha mesa. Vejo um belo vestido vermelho, um tanto colado e sensual demais para meu gosto, mas ao menos não era curto, não que precisasse de mais isso para chamar atenção. Um par de scarpins, acessórios e maquiagem. Estava sendo comprada pela Pequena Queen.

—Tem um jantar na casa do Damian, preciso que seja minha companhia -engoli em seco, eu na mansão Wayne, em meio a família morcego. Não chega nem perto da minha definição de programa perfeito.

Bom, eu fui ao bendito jantar, ela estava apavorada e não posso enganar ninguém. Não sou exatamente a melhor pessoa para dizer não a um Queen. Dick e Jason não estavam, então comemos com Bruce, Tim e Damian. Tudo excessivamente fino para um jantar em família, praticamente. Não sei quando Damisis vai se assumir como um casal, nem tem mais tanta graça os ver se enrolando com os sentimentos que não compreendem.

—Sua cunhada consegue tornar o Damian quase em um ser agradável -foi a primeira coisa que ele me disse, me oferecendo uma taça de champanhe enquanto eu observava pela janela de sua biblioteca a noite de Gotham.

Tim Drak, o terceiro Robin. Conhecido por todos como o mais inteligente deles, sei por que sempre que abro a boca Damian brinca que Connor teve muita sorte por ter chegado antes. Acho que é a primeira vez que nos vemos à paisana. Devemos ter a mesma idade, mas seus olhos não se parecem com o de um garoto de vinte e três anos. Eram de um azul acinzentado, com uma marquinha de cicatriz no supercilio que ajudava a desbancar a carinha de bom moço dele. Bom, também não era tão alto quanto os outros, tenho 1,69 de altura, perto do Connor fico parecendo pequena, mas ele estava do mesmo tamanho do que eu em meu salto dez. Ainda assim seu corpo é o padrão de um vigilante de respeito e tem um ar nerd que dá certo charme.

—Não sou exatamente cunhada da Isis -me viro para observar Damian tentando enfiar algum canapé sem gosto na boca de Isis que estava vermelha de tanto rir. -O irmão dela é meu melhor amigo e colega de apartamento – explico em vão, ninguém nunca acredita.

—Claro, amigo – aí está o deboche, mas seu sorriso de sarcasmo chega a ser doce, o que é estranho. – Sabe onde está o erro disso? – o olho, seus olhos de acinzentado que vagam assim como os meus, talvez sua cabeça também seja tão confusa quanto.

—Por favor, Timothy – ele quase cospe o champanhe ao prender o riso quando digo seu nome. – Me conte onde meus erros estão – minha voz naturalmente baixa, fez meu sarcasmo ganhar uma conotação um tanto inapropriada, algo que não havia planejado. Reprimo a vontade de fazer careta e me encolher sobre seu olhar cortante em mim.

—Okay, vou deixar passar – fala sozinho antes de se virar também. -Vocês deveriam tem liberado a tensão no começo, quando não tinham nada além dos seus corpos atraindo um ao outro. E ao deixar acumular se colocaram automaticamente em um loop de sentimentos, que vai crescer a cada dia conforme a expectativa aumenta. É como dar munição ao prazo de validade de toda essa serotonina em seu cérebro.

—Está dizendo que ao não dormir com Hawke, acabei prolongando meus sintomas psicóticos e físicos além dos quatro anos? -pondero, considerando...

—Tarde demais – ele ri ao ver onde minha mente estava vagando. -Você se encheu de oxitocina e Connor transborda vasopressina.

—Fui para a fase três sem nem mesmo transar! -solto chocada, dando graças a Deus por possuir uma voz tão baixa.

—Frustrante, não é? -ele se volta para frente novamente, e parecia falar por experiencia própria.

—Uma droga -me junto a suas lamentações. -São realmente fofos -aponto para as crianças apaixonadas. Eles brigavam por alguma coisa e pareciam estar em meio a uma guerra de silencio. -Outros idiotas que vão perder toda a fase boa por causa da idade e patologia amorosa dos dois.

—Ninguém deveria encontrar a pessoa certa tão cedo -mais uma vez o tom de lamento. -É realmente uma droga.

—Existe um meio de retardar os efeitos? – penso alto, não era uma pergunta ao cara que estava ao meu lado, mas vejo um sorriso cafajeste se moldar em seus lábios que deixava muito claro a resposta.

—Está condenada Delphine, seu corpo e cérebro já estão viciados nas sensações que o Hawke induz só por estar em sua presença – pronuncia cada palavra calmamente, em um tom quase sussurrado que em sua voz grave consegue arrepiar todos os pelos do meu corpo. Merda. – Posso te sugerir doses de noradrenalina para aliviar os sintomas.

—Acho que isso deve ser o que ele faz – dou de ombros, aproveitando para dar um passo para o lado e ganhar alguma distância de Drake e seus feromônios.

—Acredito que convivendo com você, encontrar alguém que desperte isso nele pode ser um desafio fadado ao fracasso – murmura tão baixo que por um momento não sei se era realmente seu intensão me fazer escutar.

Naquele dia Tim me fez pensar em muitas coisas. Queria ver Connor, falar com ele, quem sabe colocar um fim nessa tortura auto infligida. Mas quando liguei uma garota atendeu seu celular. Escutei sua voz ao fundo rindo e perguntando se era o telefone dele que havia tocado, a mulher simplesmente negou e desligou na minha cara. Odeio sentir ciúmes, por que Connor e eu não temos nada, não deveria me importar com quem ele transa, isso é coisa dele.

Havia algumas taças de champanhe que precisei virar para me soltar o mínimo na presença do Batman, Bruce foi bem legal comigo, chegou a me deixar mexer em seus sistemas na caverna, e até mesmo assistiu uma batalha de hackers entre Timothy e eu. Todos vibraram com minha vitória, mesmo o Drake, sugerindo uma revanche no tatame que não aconteceria nessa vida dependendo de mim.

— Não sei por que você tem medo, sua versão sociável me parece completamente agradável – digo fazendo com que minha amiga se encolha ao meu lado.

—Fale por você mesma, aquele sorriso gela todos os meus ossos! – estremece. – E então, você foi direto para casa depois do jantar? – sua voz se enche de insinuações que ignoro ao voltar a contar minha história.

Quando cheguei ao meu apartamento vazio, onde Phill estava passando o final de semana com as mães e Connor entre as pernas de outra garota, passei a divagar sobre todas as escolhas que me colocaram nessa maldita situação. Drake está certo, sou uma viciada e talvez, só talvez, algumas doses de noradrenalina não me façam mal. Por um momento pensei que talvez fosse uma boa ideia, assim, só tocar meu comunicador e ver quem o atenderia.

‘Lunna, para onde quer que te mande?’ pergunta o Red Robin e sinto um sorriso em sua voz.

—Já te contei que meus pais eram franceses? – questiono me divertindo com o flerte bobo.

‘Suspeitei por seu nome’ comenta aparentando estar na mesma vibe que eu. ‘Um belo nome aliás.’

—Quão errado seria se eu usasse o teletransporte par ir beber no meio da noite? Assim, talvez na França?

‘Quanto em Euro você tem?’ sorrio com sua resposta pegando minha bolsa e calçando novamente meus sapatos. -Posso ver o que conseguimos pelo preço certo. -diz quando estou em sua frente na sede da Justiça Jovem.

Um hangar amplo com uma mesa redonda no centro. O local só estava iluminado pela luz refletida dos monitores que tomavam uma parede inteira, aquilo era como a Disneylândia e eu nem precisei enfrentar nenhuma fila para entrar.

—Nossa, isso é bem legal! -exclamo vendo sua rede de computadores. -Poderia haquear o presidente com esses sistemas.

—Sei que poderia fazer isso com o tablet no conforto de sua cama -me corrige, parando do meu lado.

—Não gosto de ser arrogante -dou de ombros e ouvimos uma movimentação, por instinto eu me escondo debaixo dos painéis em que ficavam os teclados e Drak faz o mesmo, por algum motivo pior do que o meu. -Por que está aqui? -sussurro para ele.

—Não sei -responde no mesmo tom, e sorrimos um para o outro.

Seu sorriso era realmente bonito, talvez por sempre que nos víamos ele estar com aquela máscara de seriedade que ser um líder deve o obrigar a manter. Seus olhos passeiam pelo meu rosto com o mesmo interesse que os meus estavam cravados em sua face. Então ficamos sérios. Perto demais, ‘felizes’ demais e com demasiadas lamentações em mente. Sua boca fica mais atrativa do que deveria e estava tão acessível, não que tivesse tido tempo de ponderar, Drake me beijou antes que um de nós terminasse de calcular os riscos que aquilo acarretaria. Um beijo quente e confortável ao mesmo tempo.

—Timothy – murmuro com meus lábios no dele.

—Delphine – responde sorrindo com os seus colados nos meus. – Acredite, é melhor liberar serotonina, não queremos nos ver em meio a um triangulo fadado ao fracasso – se afasta apenas o suficiente para conseguir ver meu rosto.

—Seria um desperdício de tempo e energia – concordo. – Sem contar que seriamos aliados realmente bons, um relacionamento mal resolvido pode arruinar isso – pondero pesando todos os lados.

—É reconfortante não precisar encontrar termos leigos a todo tempo antes de abrir a boca para falar – desabafa me fazendo rir da frustração em sua face. – Odiaria perder isso por estar apaixonado demais para lidar com qualquer outra coisa enquanto você claramente estaria totalmente presa a outro – engulo em seco com sua sinceridade.  

—E você preso a outra – digo e um sutil brilho de surpresa passa por seus olhos. – Só nos confundiríamos.

—Quando foi que percebeu?semicerra os olhos.

—Desde que começou a analisar meu relacionamento – dou de ombros. – Está tudo bem, acho que assim é mais seguro para os dois lados.

—Está sugerindo que tenhamos um caso, Delphine? – a diversão brilha em seus olhos.

—Talvez devêssemos encarar isso como uma contensão de danos a longo prazo – decido e o vejo assentir com um aceno.  

De alguma forma chegamos a seu quarto na sede. Era um cômodo simples, mas cheio de tralhas tecnológicas na prateleira oposta à sua cama, um computador de última geração na escrivaninha e uma cama de solteiro no canto oposto, suas armas estavam dispostas na parede ao alcance de suas mãos, tudo era impecavelmente organizado, mas não passei muito tempo vendo isso.

Drake tirou cada parte de seu uniforme enquanto eu olhava, com uma calma extremamente excitante. Descalcei meus saltos e quando ele se aproximou apenas com as calças de seu traje, descobri que nossa diferença de altura era perfeita para nos beijarmos. Suas mãos deslizaram por minha clavícula e delicadamente ele retirou o longo colar que usava, enquanto o meu de estrela estava bem escondido sob a roupa. Me virei antes que pedisse e afastei meus cabelos lhe dando acesso ao zíper do meu vestido.

—Nossa – o escuto sussurrar quando o tecido deslisa do meu corpo para o chão. – Ainda bem que estamos cortando o mal pela raiz, ou eu poderia me perder nessa visão para sempre – me viro descendo meus olhos por seu torso nu, ele era lindo, músculos definidos, mas não de forma exagerada como quem vive na academia, eram longos e perceptíveis, com um belo abdômen que me fez arfar por antecipação. – Você é linda, Lunna.

—Você também – respondo o puxando para que me beijasse.

 Mais tarde quando fizemos finalmente os malditos cálculos, sabíamos bem que aquilo não daria em nada. Mas era legal ficar com ele, e Connor estava realmente machucando meu coração naquela época, cada dia uma nova garota. Ele as levava a festas da empresa o que gerava diversas manchetes com meu nome já que a imprensa também não acreditava que éramos apenas amigos. E as vezes precisava lidar com alguma que durava mais do que uma noite, me ligando e tentando me tirar de sua vida, claro que Connor odiava quando acontecia e nunca mais via a garota, mas o estrago já havia sido feito. E seja quem for que estava fazendo o mesmo com Timothy, acabou com o coração do garoto.

Nos vimos outras vezes, sempre desejando secretamente que o outro fosse quem nós amávamos de verdade. Mas não preciso conversar tentando igualar minha inteligência quando estava com Timothy, as vezes quem nos visse em meio a uma conversa de verdade pensaria que estávamos falando outra língua. Era simplesmente fácil e cômodo para os dois lados, nunca nem mesmo cheguei a gaguejar com ele.

—Connor tem sorte por ter você o resto da vida dele. – Tim, segurou minha mão forte naquele dia. – Pela primeira vez entendo o que os outros vivem falando, eu realmente adoraria ter te conhecido primeiro.

—Seria tudo mais fácil – concordo com um sorriso doce e ele se inclina para beijar o alto da minha cabeça com um carinho reconfortante.

Steph, era o nome da garota dele, a que tinha seu coração. Ela precisava de ajuda, e era hora de pararmos com o que estávamos fazendo escondido. Não foi doloroso, nós já começamos sabendo do fim, não eram sentimentos reais, ambos sabíamos que estávamos substituindo nossos grandes amores, por que não estávamos prontos para eles. Eu sorri para Tim, que pediu que o chamasse pelo nome uma última vez, fiz sem nenhum protesto, ganhei um bom beijo como pagamento.

—Foi divertido -digo me afastando e soltando finalmente sua mão. -Adeus, Timothy.

—Adeus, Lu.

Sou teleportada para meu apartamento, e caminho pensativa pelo corredor. A porta de Connor estava entre aberta e me lembro dele saindo de toalha do banheiro, foi rápido, mas minha memória pegou cada detalhe de seu corpo perfeito. Uau, aquela maldita visão perturbaria meu sono essa noite. Minhas pernas estavam bambas ao segurar a maçaneta da porta do meu quarto.

—Lunna -o escuto me chamar e sinto a eletricidade me puxando em sua direção quando para ao meu lado.

—Pouca roupa, Hawke -murmuro tapando meus olhos teatralmente e escuto seu riso rouco, até isso é como um incinerador tacando fogo nos meus hormônios.

—Preciso de ajuda com um curativo – diz e só então vejo um corte em sua barriga, que me faz separar todos os sentimentos.

Entro em seu quarto e o coloco de toalha, deitado em sua cama. Era um corte não muito profundo, mas o suficiente para precisar de pontos. Aplico a anestesia com cuidado, Diggle tem me ensinado, mas não tenho muita confiança com essas coisas. O limpo rapidamente e começo a suturar. Depois percebo cortes menores em suas pernas e peito, e passo meia hora limpando suas feridas e fazendo curativos. No fim o entrego dois comprimidos para dor, que o deixariam altinho o suficiente para conseguir desligar.

—Por que não está falando nada? -questiona, com ar preocupado, então olha para o tubinho preto que usava e os saltos.  – Um encontro?

—O último que vou ter. -respondo sem rodeios, depois deixo a gaze e o algodão sujo de sangue em uma bandeja. – Cansei de dar voltas – olho em seus olhos azuis, sabendo que não se lembraria de nada que o dissesse naquele momento. – Vou esperar por você agora.

—É sério? – seus olhos brilham e um sorriso infantil ocupa seus lábios, é estranho por que ele não tem o sangue de Felicity, mas ao sorrir assim fica idêntico a ela.

—O mais sério que já falei até hoje – acaricio seu rosto e beijo o alto de sua cabeça. – Então se puder pegar leve com meu coração até lá, vou ficar imensamente grata – sussurro para ele, com meus olhos cheios de lágrimas. Connor assente de um jeito fofo e segura minha mão que ainda estava em seu rosto.

—Eu te amo, Lu -murmura já sonolento. -Vou me casar com você um dia.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pois é, Lunnos sempre vai ser fofinho, não importa a linha temporal abordada.
Super suspeita quando se trata dos meus bebês!
Me contem o que acharam gentes.
Bjnhos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "PARADOXO - Seson 3" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.